Sondagem mensal realizada pelo Sebrae e pela FGV detecta que recrudescimento da pandemia e interrupção temporária do auxílio emergencial contribuíram para esse resultado
A confiança dos empreendedores das micro e pequenas empresas despencou no último mês de março, de acordo com o estudo inédito “Sondagem Econômica MPE”, realizado pelo Sebrae em Parceria com a FGV. A queda pode ter sido causada pelo fim de programas emergenciais e pela adoção de medidas mais restritivas nos estados brasileiros. Tanto o Índice de Confiança do Comércio de Micro e Pequenas Empresas (ICOM-MPE) quanto o Índice de Confiança de Serviços de Micro e Pequenas Empresas (ICS-MPE) atingiram praticamente o mesmo patamar da recessão de 2014 e a níveis semelhantes a meados de 2020.
O ICOM-MPE caiu 21,6 pontos entre fevereiro e março desse ano, passando de 89,9 para 68,3 pontos. Já o ICS-MPE recuou, na variação mensal, 6,1 pontos passando de 81,2 para 75,1 pontos. Se comparados com os números detectados desde o início da pandemia, o Índice de Confiança do Comércio atingiu um patamar próximo ao de maio do ano passado, um dos piores meses de 2020, e o do Serviços, o mesmo de julho, interrompendo uma melhora que vinha sendo detectada desde o segundo semestre do ano passado.
De acordo com o presidente do Sebrae, Carlos
Melles, todos os indicadores que orientam a sondagem estão em queda e sinalizam
um alerta. Para Melles, há a possibilidade de que os resultados continuem a
piorar nesse mês de abril, mas existe a expectativa de que a nova rodada do
auxílio emergencial e a vacinação atenuem esse impacto. “Após a criação de
políticas de facilitação ao crédito e do auxílio emergencial, em 2020,
verificamos que houve uma melhoria no Índice de Confiança dos Pequenos
Negócios, * uma recuperação em formato de V. Porém, com o fim das medidas
emergenciais e de apoio aos Pequenos Negócios, começou a cair novamente a
confiança*. Enquanto não temos uma vacinação em massa, precisamos de mais
remédios como esses, que mostraram resultados positivos na recuperação do
segundo semestre de 2020 ”, pontuou o presidente do Sebrae.
Comércio
As micro e pequenas empresas do Comércio são as mais impactadas e as que sofreram perdas mais expressivas se comparadas com as médias e grandes empresas desse setor, após a eclosão da pandemia. “Mais uma forte demonstração de que os pequenos negócios são mais sensíveis às crises”, afirma o presidente do Sebrae.
Em março desse ano, enquanto as médias e grandes
empresas apresentaram uma queda de 18,5 do ICOM, as micro e pequenas viram seu
Índice de Confiança cair 21,6. “Esse é mais um sinal de alerta para os pequenos
negócios, que não têm capital de giro suficiente para se manter durante tanto
tempo. Além disso, os consumidores estão mais retraídos, pensam mais antes de
gastar e estão se preocupando em poupar para evitar impactos mais profundos no
futuro”, ressaltou Carlos Melles.
Serviços
Apesar de no setor de serviços, as quedas de fevereiro para março de 2021 terem sido mais amenas se comparadas com o Comércio, as micro e pequena empresas de serviços foram as que mais sofreram com a pandemia, durante 2020, vindo, portanto, de uma base mais deprimida. Assim, enquanto elas apresentaram uma queda no ICOM-MPE de 6,1, o Índice de Confiança das Médias e Grandes Empresas retraiu 5,6. “É importante lembrar que esse foi o setor que, em 2020, foi o mais afetado pela pandemia porque o isolamento social ocorrido ano passado prejudicou enormemente segmentos como o de turismo, hotéis, bares e restaurantes, academias de ginástica, cuidadores e, por isso, também mostra resultados preocupantes. Eles vêm de uma base mais deprimida”, frisou o presidente do Sebrae. A maior dificuldade do setor de serviços, em relação ao comércio, decorre das limitações de circulação impostas pela pandemia, levando consumidores a gastar relativamente mais em bens industriais, comprados pela internet que em serviços onde a presença física do cliente é indispensável e a poupar de forma precavida.
A pesquisa inédita da parceria Sebrae-FGV mostra
também que a queda do ICS-MPE em março de 2021 foi motivada não apenas pela
piora da percepção sobre situação atual, mas também pelo pessimismo em relação
às expectativas, o que os empresários esperam para os próximos 3 a 6 meses.
“Com a interrupção do auxílio emergencial, o aumento do número de casos da
Covid-19 e as medidas mais restritivas de circulação frente a nova onda de
contaminação, prevê-se muita dificuldade para as MPE do setor nos próximos
meses”, complementa Melles.
Sondagem Econômica MPE
A Sondagem Econômica MPE para os setores da
Indústria de Transformação, do Comércio e de Serviços é um novo estudo que
passa a ser realizado mensalmente, a partir de março (2021), pelo Sebrae em
parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). As séries históricas iniciam
em 2010 e todos os resultados, anteriores a março desse ano, foram gerados a
partir das Sondagens de Tendência do IBRE considerando o desenho amostral
construído para gerar estatísticas nacionais e agregadas de cada setor. Para
edição de março foram pesquisadas 435 empresas de comércio e 738 empresas de
serviços entre os dias 01 e 24 de março. A Sondagem tem o objetivo de preencher
uma lacuna de indicadores que retratem as micro e pequenas empresas, servindo
de base à tomada de decisões tendo por referência o comportamento do conjunto
de empresas que representam 99% dos estabelecimentos e 54% dos empregos formais
da economia.
Veja a edição completa da songaem aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário