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terça-feira, 13 de abril de 2021

Estudo da Unifesp revela sintomas de transtornos alimentares associados às vítimas de bullying e usuários de drogas na adolescência

Trabalho utilizou dados de 5.213 estudantes do 8.º ano de escolas públicas em três diferentes cidades brasileiras


Os adolescentes estão cada vez mais envolvidos na busca de padrões sociais, associando a magreza ao sucesso. Em busca desse ideal, muitos usam estratégias equivocadas para controlar o peso, o que resulta em danos à saúde, incluindo diversos transtornos alimentares, como a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a compulsão alimentar. Para aprofundar entendimento sobre fatores que podem estar associados a esses males, o grupo Previna, do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), em parceria com o Departamento de Psiquiatria e com financiamento do Ministério da Saúde, realizou um estudo com mais de cinco mil estudantes brasileiros. Entre as descobertas, os pesquisadores constataram que há muitos sintomas comuns entre os transtornos e o uso de drogas, assim como transtornos em adolescente vítimas de bullying.

"Entre esses sintomas comuns entre os transtornos alimentares e o uso de drogas, inclui-se a perda de apetite e saciedade, a preocupação com comida, o comportamento autodestrutivo, além da negação e graves consequências médicas, sendo essa associação mais observada nas formas de transtornos alimentares que apresentam compulsão alimentar e/ou comportamentos compensatórios", explica Patrícia Galvão, nutricionista e doutoranda do estudo.

A pesquisadora destaca que, além disso, a insatisfação corporal costuma ser um fator importante para os jovens que sofrem com o bullying no ambiente escolar. "Alguns estudos relatam que crianças e adolescentes vítimas de bullying apresentam risco aumentado de sintomas de anorexia nervosa e bulimia nervosa. Assim, considerando que ambos os comportamentos, uso de drogas e bullying, parecem estar associados aos transtornos alimentares, vimos a necessidade de realizar uma avaliação integrada desses três comportamentos entre adolescentes brasileiros, buscando entendimento de modo mais aprofundado".

"Os resultados apontaram que meninas com idade média de 13 anos têm mais sintomas de transtornos alimentares do que meninos da mesma idade e que, para ambos os sexos, ser vítima de bullying, praticar binge drinking e usar remédios emagrecedores sem prescrição médica são fatores associados a maior quantidade de sintomas desses transtornos", ressalta Patrícia. A pesquisadora também revela que "para as meninas, ainda foi encontrada associação entre uso de drogas ilícitas e os sintomas de transtornos alimentares".

De acordo com a pesquisadora, "o fator mais associado em ambos os sexos foi o uso de medicamentos para emagrecer, sem prescrição médica. Já o sintoma de transtorno alimentar mais prevalente tanto entre meninos quanto em meninas foi a preocupação com a perda do controle sobre quanto se come."

O estudo foi orientado pela professora Zila Sanchez e recentemente publicado no International Journal of Eating Disorders. Nele, os pesquisadores utilizaram dados de 5.213 estudantes do 8.º ano de escolas públicas em três diferentes cidades brasileiras.

Para Zila, "de modo geral, esses achados sugerem que os sintomas de transtornos alimentares são mais prevalentes entre meninas e estão associados ao bullying e ao uso de drogas durante a adolescência. Isso nos faz observar quão fundamental são as intervenções escolares para promoção de saúde que se proponham a intervir em mais de um comportamento de risco, visto que eles ocorrem de forma concomitante nesta faixa etária."


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