Responsável técnico pelo Serviço de Medicina Nuclear do HCor destaca que esses procedimentos fazem o mapeamento preciso de órgãos comumente afetados pelo coronavírus
Pulmões, coração, rins, sistema vascular. A
Covid-19 é uma doença sistêmica que pode comprometer diferentes órgãos,
deixando algumas sequelas.
Apesar de as notícias nessa área continuarem sendo
atualizadas constantemente, o que já se sabe é que pacientes que foram
acometidos pelo coronavírus – sobretudo com quadros mais graves – precisam
estar atentos a seu processo de recuperação fazendo acompanhamentos pós-Covid.
De acordo com Rafael Lopes, responsável técnico
pelo Serviço de Medicina Nuclear do HCor, nessa direção, o campo da Medicina
Nuclear detém técnicas de exame precisas e seguras, como a cintilografia
(SPECT) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que permitem o estudo da
maioria dos órgãos, facilitando o rastreamento e avaliação dessas sequelas.
“O Brasil já ultrapassa a marca de 13 milhões de
casos de Covid-19. Temos uma média móvel de 70.787 casos registrados por dia
nos últimos sete dias, por isso, além de garantirmos os cuidados a essas
pessoas durante a infecção pelo vírus, precisamos ter o acompanhamento dos
recuperados como uma prioridade de saúde”, ressalta o médico.
Segundo o especialista, um artigo de revisão
publicado recentemente – do qual é co-autor – demonstrou que a cintilografia e
o PET podem vir a ser grandes aliados nesse processo. Ambos têm a possibilidade
de serem aplicados para avaliar sequelas funcionais e/ou complicações, como nos
rins, onde medem a função renal, ajudando no tratamento e avaliação
prognóstica; e no coração, observando a macrocirculação e microcirculação
coronária, inflamação do tecido e disfunção ventricular, entre outros quadros.
Os exames também auxiliam no mapeamento de sequelas
pulmonares e o acompanhamento da resposta terapêutica pela evidenciação do
volume do tecido pulmonar afetado e os focos ativos de inflamação.
“Fenômenos tromboembólicos têm sido frequentemente
associados à Covid-19, e as cintilografias de perfusão, sejam elas pulmonar,
cerebral ou até miocárdica, são excelentes ferramentas, já comumente utilizadas
para avaliar este aspecto em outras situações, como em doença cardíacas
(infartos), cerebrais (demências) e pulmonares (tromboembolismo pulmonar -
TEP)”, explica.
Carlos Alberto Buchpiguel, líder do Serviço de
PET/CT do HCor, esclarece que o exame de PET/CT já tem sido utilizado para
identificar as complicações decorrentes da infecção pela Covid-19, seja
detectando em caráter complementar o processo inflamatório pulmonar ou
detectando outros focos de inflamação ativa no corpo inteiro.
O especialista conta que coordenará um novo
protocolo de pesquisa com o objetivo de investigar os motivos pelos quais
pacientes que se recuperam da Covid-19 podem desenvolver distúrbios psicológicos
ou cognitivos, com alterações de memória, humor, dentre outros distúrbios
funcionais neuropsiquiátricos, utilizando o método de PET/CT.
Queda no rastreamento de outras doenças
Além de importantes para o rastreamento de sequelas
da Covid-19, os exames de Medicina Nuclear também são fundamentais no
diagnóstico de outras doenças, tais como: tumores primários e metástases em
pacientes oncológicos ou mesmo arritmias e anormalidades da estrutura e função
do coração em cardiopatas.
Segundo um levantamento do HCor, grande parte
desses procedimentos apresentou queda na procura no ano de 2020, se comparados
ao período de 2019.
As cintilografias, por exemplo, mencionadas por
Lopes, caíram 33,1%. Os ecocardiogramas e as tomografias de coração tiveram
baixa de 27,4% e 22,8%, respectivamente. Também houve redução nos números de
eletrocardiogramas (12,5%) e ressonância magnética do coração (5,4%).
De acordo com Buchpiguel, esse movimento já
demonstra que, ao retardar o diagnóstico de câncer, por exemplo, muitos pacientes
estão retornando com a doença em estágio mais avançado, quando o tratamento já
não oferece oportunidades de cura ou mesmo de prolongar sua sobrevida com
qualidade. “O exame de PET/CT tem essa finalidade de permitir um diagnóstico
mais efetivo e precoce, e de avaliar se o tratamento está sendo eficaz ou não,
auxiliando o oncologista no melhor planejamento terapêutico do seu paciente com
diagnóstico de câncer e, assim, impactando de forma mais favorável em melhores
desfechos clínicos”.
“Sabemos que o avanço da Covid-19 assusta e a
preocupação com a propagação do vírus é legítima. No entanto, é fundamental que
a população saiba que os hospitais e centros diagnósticos estão preparados para
atender suas demandas com segurança. Muitas outras doenças também não podem
esperar, por isso os pacientes devem continuar suas investigações e
acompanhamento, de forma a não perderem a janela de tratamento e evitarem
complicações ou agravamento de suas patologias”, pontua Lopes.
Segundo ele, no HCor, por exemplo, os fluxos de
atendimento a esses pacientes são totalmente apartados desde o início da
pandemia. O hospital também é certificado pelo Instituto Brasileiro para
Excelência em Saúde, com o selo de Melhores Práticas de Prevenção e
Enfrentamento à Pandemia de Coronavírus.
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