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domingo, 11 de abril de 2021

Busca por saúde e bem-estar impulsiona o turismo em áreas naturais

Contato com a natureza favorece hábitos saudáveis, reduz angústia e estresse e alia descanso e entretenimento. Turismo de bem-estar deve representar 18% do turismo global até 2022

 

A relação entre saúde, bem-estar e natureza é objeto de estudo em diferentes áreas do conhecimento. De maneira geral, há evidências científicas de que a maior conexão com a natureza pode oferecer inúmeros benefícios tanto para a dimensão física quanto para a saúde mental dos indivíduos. Tais experiências favorecem hábitos e alimentação saudáveis; realização de atividades físicas que ajudam a reduzir a pressão, a angústia e o estresse; além de trazer tranquilidade, elevar as emoções positivas e aliar descanso e entretenimento.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Em 1948, criou o Dia Internacional da Saúde, comemorado neste 7 de abril, justamente para promover a consciência sobre a importância destes diversos aspectos.

No Brasil, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein conduz uma iniciativa que investiga os efeitos positivos da natureza nos seres humanos. O projeto e-Natureza já demonstrou efetivo potencial para a promoção de emoções positivas entre pacientes internados em hospitais. Por meio de um banco de imagens submetido a mais de 27 mil avaliações, a pesquisa comprovou que os elementos que compõem uma paisagem natural evocam emoções como alegria, paz e tranquilidade, assim como melhora da autoestima. “Essas imagens têm influenciado a experiência de pacientes em quimioterapia, tanto em nível físico quanto emocional. São estudos pioneiros no país que sinalizam o potencial de pesquisas nessa área, tendo em vista nossa biodiversidade, diferentes biomas, possibilidades de intervenções baseadas na natureza em nosso meio”, explica a coordenadora do projeto, Eliseth Leão.

O e-Natureza entra agora em uma segunda fase, que visa ampliar a conexão e o engajamento dos profissionais da saúde e da população com a natureza, com foco na promoção da saúde e bem-estar. Esta etapa, que conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário, desenvolverá um manual de boas práticas para o turismo de bem-estar em ambientes naturais, que inclua ações como cursos de formação on-line para gestores de unidades de conservação e profissionais de saúde, além de atividades contemplativas, observação de aves e natureza, banhos de floresta e interpretação ambiental. Com isso, espera-se qualificar, com fundamentação científica, o setor em expansão de turismo de bem-estar na natureza.

A pesquisadora aponta que o interesse pelo turismo de bem-estar tende a aumentar no pós-pandemia. “Estar com a natureza é uma forma de autocuidado. Pela situação de isolamento social, as pessoas parecem estar com um novo olhar, mesmo aquelas que não tinham essa prática antes. Observamos esse interesse mesmo a partir das próprias casas, por meio da jardinagem, da observação do céu, dos pássaros, do pôr-do-sol. Muita gente percebe que existe aí um mecanismo de respiro, de restauração”, salienta.


Turismo de bem-estar

Pesquisa realizada pela Wellness Tourism Association (WTA) no segundo semestre de 2020 apontou que o desejo de estar na natureza e a melhoria da saúde mental serão os dois maiores impulsionadores do turismo de bem-estar no pós-quarentena.

“A natureza faz parte da nossa essência e, portanto, o contato com áreas verdes é fundamental para nossa saúde e bem-estar. É comprovado que esse tipo de experiência reduz níveis de estresse e depressão, melhora a imunidade, a qualidade do sono e estimula a criatividade”, afirma a gerente de Conservação da Natureza da Fundação Grupo Boticário e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Leide Takahashi.

O turismo de bem-estar é definido pelo Global Wellness Institute (GWI) como "viagens associadas à busca por manter ou melhorar o bem-estar pessoal". Segundo dados da entidade, de 2015 a 2017, o mercado global de turismo de bem-estar cresceu de US$ 563 bilhões para US$ 639 bilhões, cerca de 6,5% ao ano (mais que o dobro do resultado do turismo em geral). A previsão é de que até 2022 o faturamento desse mercado chegue a US$ 919 bilhões, o que significa 18% de todo o turismo global. Serão mais de um bilhão de viagens individuais em todo o mundo.

Segundo o sócio-fundador da agência Vivalá, Daniel Cabrera, o interesse por expedições na natureza é cada vez maior entre os viajantes brasileiros. “As pessoas buscam experiências mais profundas e mais autênticas de viagem. Por incrível que pareça, boa parte dos brasileiros ainda não conhece o Brasil, apesar de toda a beleza e diversidade do nosso território. Pouco a pouco, estão ficando mais atentas à riqueza de vivências que o turismo de bem-estar pode proporcionar”, ressalta.

A Vivalá promove expedições de turismo responsável para unidades de conservação, com foco na interação com a natureza e com as comunidades locais. Ao proporcionar o contato intenso com a natureza e a troca de experiências com pessoas que vivem em realidades muito diferentes, as expedições também contribuem para a melhoria da qualidade de vida e da saúde mental. “Existem muitos estudos que associam viagens à felicidade. Acredito muito no poder transformador que as experiências em áreas naturais e o contato com as comunidades podem gerar nos viajantes”, aponta.


Criança e natureza

O contato com a natureza e o livre brincar são essenciais para o pleno desenvolvimento de meninos e meninas. A chegada da pandemia em 2020 acentuou ainda mais as consequências da privação destes momentos. O aumento da ansiedade e do déficit de atenção na infância são alguns dos impactos da vida nos grandes centros urbanos em crianças e adolescentes.

“É importantíssimo que a criança esteja em contato com a grama, com a terrinha, com a pedrinha, com o tronco, porque isso vai alimentar a sua imunidade, as suas defesas, para que ela se torne mais saudável”, explica o pediatra sanitarista Daniel Becker, no mini documentário Saúde e Vida Lá Fora, produzido a partir do filme O Começo da Vida 2 - Lá Fora.

“A natureza é reconhecida e recomendada pelos pediatras e profissionais da área da saúde como forma de incentivar a adoção de hábitos salutares no cotidiano das famílias, como forma de oferecer experiências e momentos que contribuam com a formação saudável das crianças”, declara a coordenadora do programa Criança e Natureza, Laís Fleury, que também é membro da RECN. A infância, mesmo antes da pandemia, já sofria um certo confinamento, trazendo impactos negativos na saúde. É importante trazer luz a este tema e mostrar que as crianças e adolescentes precisam da natureza tanto quanto a natureza precisa deles para permanecer viva”.

Confira alguns benefícios que o contato com a natureza traz à saúde das crianças: 

  • reduz sintomas de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e do estresse;
  • melhora a nutrição: crianças que plantam seus próprios alimentos são mais propensas a comer frutas e vegetais, têm um conhecimento maior sobre nutrição e mais chances de manter hábitos alimentares saudáveis por toda a vida;
  • estimula a atividade física: brincar em diferentes ambientes naturais as torna mais ativas fisicamente, mais conscientes sobre sua alimentação e mais cuidadosas com o outro;
  • inspira momentos de concentração: proporciona a experiência do belo, aumenta o equilíbrio e a autorregulação em jovens que vivem na cidade;
  • estimula os sentidos e a criatividade.
    (fonte: projeto Criança e Natureza)

 

 

Fundação Grupo Boticário

 

Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN)

www.fundacaogrupoboticario.org.br

 

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