A cultura dos povos indígenas traz muitos benefícios para a aprendizagem e ajuda os estudantes a desenvolverem uma consciência maior sobre a sociedade brasileira
A
celebração do "Dia do Índio” em 19 de abril surgiu como um marco para
preservar a memória e valorizar as culturas formadoras de nosso país. Embora a
data possa trazer contribuições significativas sobre o assunto, quando
discutida de forma superficial nas escolas pode reforçar estereótipos e reduzir
os povos indígenas a imagens caricatas e exóticas, sem que haja uma proposta para
reflexões mais críticas e aprofundadas.
Para
Cristine Takuá, autora do material da BEI Educação e especialista em cultura
indígena, é importante que a temática permeie o currículo escolar ao longo de
todo o ano letivo, e não apenas no mês de abril. A autora relembra que, apesar
de já existir uma lei determinando o ensino obrigatório de história e cultura
indígena em todas as escolas brasileiras, na prática o assunto ainda é
invisibilizado dentro das instituições. Pensando nisso, a especialista destaca
5 motivos para trabalhar a temática indígena em sala de aula. Confira:
- É uma forma de combater o preconceito e o racismo contra
indígenas
De
acordo com Takuá, uma das formas de combater o racismo contra povos indígenas é
por meio da visibilidade. Ela reforça que, atualmente, os povos indígenas
representam mais de trezentas etnias diferentes em todo o país, povos que
resistem há mais de 500 anos no território brasileiro e, ainda sim, são grupos
marginalizados nos espaços sociais. “Para que não haja mais preconceito é
preciso ter conhecimento. O contato com a cultura indígena no ambiente escolar
sensibiliza os estudantes, e é da sensibilização que surge a conscientização”,
explica a autora.
- Permite uma abordagem interdisciplinar e plural
Na
escola, é possível explorar a temática indígena em diversas áreas do
conhecimento, seja por meio da arte, da história, das ciências ou das
linguagens. Takuá explica que a abordagem interdisciplinar, além de trazer
benefícios para a aprendizagem ao articular diversos saberes, também
possibilita visões mais plurais e diversas sobre a história do Brasil. “Abordar
cultura indígena em sala de aula ajuda os estudantes a ampliarem seu
conhecimento sobre a sociedade brasileira para além do foco eurocêntrico. Ela
abre possibilidades para adentrar novas formas de ver e pensar o mundo”,
explica.
- Ajuda a entender não apenas nosso passado, mas também nosso
presente
Estudar
o passado de dominação e violência que construiu a história do Brasil é um
passo importante para refletir criticamente sobre o assunto. As influências
indígenas, no entanto, não se limitam ao período colonial. A cultura indígena
não está distante de nós, ao contrário, ela se faz presente todos os dias.
Muitos dos costumes e crenças que temos hoje são herança direta dos povos tupi
guarani, como o hábito de andar descalço e a alimentação baseada em mandioca e
farinha. Além disso, muitas palavras que nomeiam rios, viadutos e ruas ao nosso
redor têm origem indígena, como “ibirapuera”, “anhanguera” e “tietê”.
- Proporciona dinâmicas mais interativas em sala de aula
Cristine
Takuá afirma que a internet e as tecnologias digitais são grandes aliados nesse
processo, já que permitem o acesso a formatos diversificados para introduzir o
tema. A autora também defende que o contato com a arte indígena é uma boa forma
de tornar as aulas mais interativas e dinâmicas, já que o educador pode criar
projetos e atividades utilizando elementos, como a música, a pintura, a
cerâmica, a tecelagem, a literatura e o cinema.
- Traz reflexões sobre sustentabilidade e meio ambiente
A
natureza tem um significado muito forte para os povos indígenas. O cuidado com
a terra, com os animais e com as florestas transmitidos de geração para
geração, hoje, tentam resistir à ameaça de destruição do meio ambiente e dos
recursos naturais. A cultura indígena tem muito a ensinar sobre
sustentabilidade e, muitas vezes, esses aprendizados são deixados de lado ou
até inferiorizados dentro do ambiente escolar. Por isso, é importante que os
educadores busquem sempre ampliar as fontes trabalhadas em sala de aula,
prezando pela diversidade e pelo respeito a todas as formas de cultura.
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