A pandemia trouxe diversos desafios para todos, principalmente para pais e mães que precisaram adaptar a rotina em casa com os filhos. Com o retorno das aulas presenciais nas escolas, surgem muitas dúvidas relacionadas à saúde das crianças como um todo e, também, sobre os cuidados com a higiene bucal, já que a Covid-19 é uma grande ameaça e a boca torna-se uma porta de entrada para o vírus.
No que envolve as crianças, o recomendado é
realizar ao menos duas escovações diárias com creme dental infantil fluoretado
(com, no mínimo, 1000ppm) na quantidade de “1 grão de arroz”, para crianças em
fase pré-escolar, e “1 grão de ervilha”, para os demais grupos de crianças,
sempre com supervisão dos responsáveis. “Nas escolas, isso sempre foi
recomendado para após as refeições e lanches. Porém, muitas escolas, neste
momento, estão ponderando a introdução das escovações, uma vez que, devido ao
cenário atual, a maioria das crianças deva retornar às aulas em sistema híbrido
e com horários reduzidos”, explica a cirurgiã-dentista Ivy Bassoukou, membro da
Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia de São
Paulo (CROSP). Com as novas adaptações curriculares, as escolas não conseguem
cumprir a regra da quantidade de escovações, a não ser que a criança esteja
matriculada em período integral. “O importante é sempre ressaltar a necessidade
de manter a rotina da higiene oral em casa”, completa.
As máscaras se tornaram item obrigatório no
cotidiano de todos e não será diferente no ambiente escolar. A
cirurgiã-dentista Silvana Frascino, que também é membro da Câmara Técnica de
Odontopediatria do CROSP, explica que a higiene oral deve ser mantida
principalmente após o almoço escolar, “mas é preciso orientar constantemente a
criança quanto à importância da lavagem das mãos antes da manipulação da
máscara, bem como atenção para colocá-la no rosto depois da escovação,
manuseando apenas os elásticos laterais”, afirma. Outro fator de suma
importância é o local onde se deve deixar a máscara, enquanto se escova os
dentes. “Hoje, existem até cordões porta máscaras que a criança pode pendurar
no pescoço na hora da higiene bucal, lembrando que esses acessórios não são
recomendados para os menores de 3 anos”, alerta.
Além de todos esses cuidados é importante que os
pais das crianças não deixem de lado o acompanhamento de um profissional de
Odontologia. A Associação Brasileira de Odontopediatria (ABOPED), bem como a
Associação Internacional de Odontopediatria (IAPD) recomendam que a primeira
visita ao odontopediatra ocorra entre 6 meses até 1 ano de idade. “A mãe deve
ainda, durante a gestação realizar consultas de pré-natal odontológico, onde
receberá orientações específicas para o cuidado da saúde oral do bebê. A
higiene oral pode ser lúdica e estimulada pelos pais, tornando a hora da
escovação um momento divertido e prazeroso”, explica Frascino.
Hora do lanche
Lanches saudáveis como frutas, castanhas e legumes
como, por exemplo, minicenourinhas cruas sempre são as melhores opções de
merenda para as crianças. “Deve-se evitar produtos e alimentos que contenham
açúcar refinado como doces industrializados, bolachas recheadas, balas e
confeitos. Não é recomendada também a ingestão de salgadinhos, pois os mesmos
aderem bem aos dentes dificultando a higiene. É bom sempre lembrar ainda da
garrafinha de água para reforçar a hidratação”, explica a cirurgiã-dentista Ivy
Bassoukou.
O ambiente escolar também pode contribuir com ações
de conscientização sobre a importância da saúde bucal das crianças. As
especialistas indicam algumas ações que podem fazer toda a diferença na hora de
auxiliar as famílias nesta empreitada de cuidar do sorriso da meninada. Veja a
seguir:
- Escolas
que oferecem lanches e almoços devem ter nutricionista para elaborar os
cardápios com opções equilibradas e saudáveis para seus alunos;
- As
escolas que disponibilizam cantinas e/ou lanchonete, onde o aluno pode
escolher seu lanche, devem optar por opções saudáveis como sucos naturais,
frutas etc.. É importante evitar a comercialização de salgadinhos, doces e
refrigerantes, pois dependendo da faixa etária da criança, ela ainda não
saberá escolher o alimento mais nutritivo. A orientação dos pais também
nesse sentido de incentivar as melhores escolhas é fundamental;
- A
saúde oral também pode e deve ser trabalhada como um conteúdo transversal
do currículo escolar, com abordagens em temas que permitam a discussão da
saúde como um todo, evidentemente que sempre adequado às diferentes faixas
etárias e capacidade cognitiva dos alunos e das turmas.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo
(CROSP)
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