Os últimos anos e, especialmente neste século, o descortinar da mulher começou a ser visto em resultados. Começo este artigo externando de como tenho muito orgulho de ser mulher e privilégio de viver neste momento do nosso desbravar. Por muitos anos, culturalmente a mulher era colocada em segundo plano, com poucas oportunidades e com campo restrito para crescer, aprender e, muito menos, se destacar.
Mesmo com tantos
desafios, principalmente com a administração do tempo, a mulher tem conquistado
e consolidado seu espaço. A jornada da evolução da mulher não foi nada rápida e
muito menos fácil. É notório o avanço da mulher, principalmente quando falamos
em mercado de trabalho, em ela estudar e ter acesso as oportunidades de
mercado, mas também ainda é inegável que os desafios estão presentes como
resquício de uma mentalidade ultrapassada que ainda influência na discriminação
da mulher.
Até a década de 1940,
quando a industrialização começou a acontecer no Brasil, a maioria das mulheres
recebia a denominação de "do lar", pois várias delas cuidavam da
casa, marido e filhos, sem acesso ao mundo de fora, sem direito de escolha. A
indústria começou a demandar trabalho e as mulheres iniciaram sua tímida
entrada nesse mundo, mesmo com desigualdade, por meio da diferença de salários.
Ganhavam menos porque eram consideradas menos capacitadas, sofriam com a
mentalidade rasa da época.
Mas não desistiram e,
somente a partir dos anos 70, começaram, de fato, a ocupar outros espaços fora
das casas, passando a exercer funções consideradas um pouco mais relevantes
pela sociedade, como de costureiras, professoras ou funcionárias do comércio.
Tudo é uma construção,
não existem atalhos, ainda mais falando de mudança de cultura, mas as mulheres
foram conquistando seu espaço ao longo das décadas e fazendo-se presentes,
mostrando seus resultados.
Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos de 14% das mulheres tinham
emprego nos anos 1950, e o último censo (2010) mostra que esse número passou
para 49,9%. Hoje, muitas mulheres no Brasil perfazem consideravelmente o
orçamento da família, trabalham em diferentes áreas do mercado e possuem os
próprios planos de carreira . Além disso, elas estão sempre em busca de mais
qualificação para conseguir vagas de emprego melhores e com mais benefícios.
Porém, mais do que
isso, elas estão sendo vocais com o direito de exercer suas escolhas e serem
elas, com sua autenticidade, de acordo com suas competências e forças
primárias.
Ninguém para uma
mulher determinada e com propósito. Os desafios ainda são grandes, mas não
intransponíveis. Ainda existe a desigualdade de Cargos e Salários e,
para exemplificar, um estudo realizado em 2018 mostra que o rendimento
financeiro médio das mulheres com emprego foi 20,5% menor do que o dos homens,
além da disparidade de cargos ocupados por ambos.
Um grande desafio da
mulher, sem dúvida, é a administração do tempo, com sua jornada dupla. Embora
as mulheres tenham passado a ter trabalhos remunerados, isso não as isentaram
do trabalho doméstico. De acordo com pesquisa do IBGE, as mulheres gastam o dobro
de tempo dos homens em atividades domésticas. Enquanto eles gastam em média
10,9 horas por semana, as mulheres gastam 21,3 horas.
Quando escutamos falar
que mulheres são guerreiras, não entendo como romantizar o status mulher, eu
levo ao pé da letra mesmo: guerreiras, que buscam resiliência para conciliarem
suas tarefas sem comprometer a qualidade de entrega.
Mas a maior
desigualdade ainda está relacionada ao lugar ocupado por homens e mulheres na
hierarquia das empresas. Tanto que isso é o que justifica parte da desigualdade
salarial. Mesmo já sendo maioria em algumas profissões, os homens ainda dominam
os cargos mais altos. Porém, é impossível fechar os olhos para a importância da
participação feminina no contexto socioeconômico. É uma contribuição importante
para a expansão da economia global e uma das pautas da reunião do G20, grupo do
qual o Brasil faz parte e que estabeleceu metas para a redução da desigualdade
de gênero no mundo.
Até 2025, o Brasil
precisa reduzir a diferença entre homens e mulheres em 25%. Ainda que leve um
tempo para superar todos os desafios da desigualdade, a mulher não desiste e
vem ganhando espaço graças aos próprios esforços.
Grande parte das
conquistas das mulheres no mercado de trabalho está ligada ao maior nível de
qualificação. Por isso, elas continuam a investir na sua educação para voar
cada vez mais alto.
O empoderamento da
mulher do século XXI vem descortinando um novo palco a ser experenciado. Na
minha visão, o empoderamento não tem a ver necessariamente com dinheiro, cargo,
status, condição social. O real empoderamento é a mulher viver o seu potencial
pleno, ter o direito de decidir e viver para ela e não viver pelo outro,
submissa e, em alguns casos, machucada ou paralisada pelo outro. Empoderamento
é a consciência da capacidade da mulher em desenvolver-se e escolher ser ela
mesma. Essa conscientização tem feito uma grande diferença em vários aspectos
socioculturais.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) , o Brasil poderia expandir sua
economia em até R$ 382 bilhões ao longo de oito anos. Isso dependeria de
aumentar em 1/4 a inserção das mulheres no mercado de trabalho até 2025. Por
trás dessa meta, está uma questão lógica: um país só é capaz de se desenvolver
se houver igualdade e justiça social.
Hoje nos deparamos com
um movimento presente e relevante de homens apoiando as mulheres, homens que
não enxergam concorrência e, sim, a cooperação, tanto no ambiente doméstico
quanto profissional.
Empresas com mindset
de crescimento inovador já entenderam que as mulheres dominam uma série de
competências que podem ser muito úteis para tornar as corporações ainda mais
produtivas. É um movimento que tende a crescer para que mais mulheres ocupem
cargos de liderança. E para finalizar, compartilho algumas palavras da
apresentadora norte-americana Oprah Winfrey: "Crie a melhor, a mais
grandiosa visão possível para a sua vida, porque você se torna aquilo que você
acredita”.
Shirley Fernandes - diretora Comercial da
N1IT, empresa do Grupo Stefanini.
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