Mais de 140 mil brasileiros, neste momento, não possuem mais seus rins funcionando normalmente e sobrevivem apenas por terem acesso a um tratamento que substitui a função renal: a diálise. O número de pacientes com doença renal crônica vem aumentando consideravelmente a cada ano e neste 11 de março, Dia Mundial do Rim, autoridades de saúde do mundo todo estão apelando: cuidem melhor dos seus rins e previnam-se das doenças renais no futuro.
De acordo com Ana
Beatriz Barra, nefrologista e diretora médica da Fresenius Medical Care,
empresa líder mundial em produtos e serviços para diálise, o aumento da doença
renal se justifica pelo envelhecimento da população e pela crescente
prevalência de obesidade, diabetes e hipertensão em grande parte da população.
"Na maioria dos
casos, são os maus hábitos no dia-a-dia que indiretamente estão relacionados ao
desenvolvimento da doença renal no longo prazo. A má alimentação - com alta
ingestão de gorduras, açúcares e sal e poucos líquidos -, o sedentarismo, o
tabagismo, a automedicação - sobretudo com drogas nefrotóxicas, como os
anti-inflamatórios - e a falta de acompanhamento médico são inimigos dos
rins", alerta a nefrologista.
Os rins têm muitas
funções, dentre elas: filtrar o sangue, eliminando as toxinas do corpo, manter
a normalidade da composição corporal, como os níveis de potássio e o pH,
controlar a quantidade de sal e água do organismo, regular a pressão arterial,
produzir hormônios que evitam a anemia e as doenças ósseas, entre outras. De
acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal crônica (DRC)
se caracteriza por lesão nos rins que se mantém por três meses ou mais, com
diversas consequências à medida que a doença progride. Já a Doença Renal Aguda
é a que aparece repentinamente, normalmente em hospitalizados, como ocorreu em
até 30% dos pacientes atingidos pela Covid em estado grave.
Exame de creatinina - Um simples exame
de sangue com dosagem de creatinina, pode indicar se os rins estão falhando e
em que estágio da doença renal o indivíduo está. "Mas se as pessoas não
fazem checkup, principalmente aquelas de maior risco, que são os diabéticos, os
hipertensos, os idosos e os que têm história familiar de doença renal, elas nem
ficam sabendo. E a doença renal não costuma dar muitos sinais, principalmente
nos estágios mais precoces, onde seria possível evitar a progressão para a
diálise. Quando a pessoa descobre, muitas vezes, infelizmente já está tarde
para recuperar seus rins", alerta.
A taxa de mortalidade
de doentes renais ainda é muito elevada, cerca de 20% ao ano no Brasil. "A
doença renal não é simples. E no Brasil, a condição se agrava por falta de
acesso tanto à hemodiálise, sobretudo para pessoas que vivem em cidades
pequenas, onde muitas vezes não há clínicas especializadas, como pela
dificuldade em se oferecer no país as melhores terapias existentes no mundo
atualmente. A hemodiafiltração online, por exemplo, já é utilizada pela grande
maioria dos pacientes em Portugal, no Japão e em outros países. Mas no Brasil,
a terapia ainda não estava no rol dos tratamentos obrigatórios que os planos de
saúde devem cobrir, determinado pela Agência Nacional de Saúde (ANS).
Felizmente, acabou de entrar na semana passada", relata a médica.
Cleanta da Silva, de 55 anos, dialisa há 4 anos e há dois iniciou a hemodiafiltração. "Tive muita melhora de vida, é como se nem tivesse dialisando. Faço academia, passeio, não sinto mais nada. Não fico amarela, fraca, é uma terapia excelente. Antes eu era uma pessoa cansada, sem disposição. Começava um exercício e já queria parar. Agora dou dez voltas na praça e ando 3,5 quilômetros. Vários amigos na clínica relatam a mesma coisa. Alguns viajam sem medo", afirma.
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