Preservativo diminui o risco de contaminação pelo HPV, que é responsável por tumores no útero, pênis, entre outros
Provavelmente você não associaria a camisinha
com prevenção ao câncer. Mas ela é uma importante aliada para evitar o
surgimento de tumores nas mulheres e também nos homens, aponta o médico Andrey
Soares, do CPO/Oncoclínicas. Isso porque, além de proteger das Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs), o preservativo evita o contágio do papiloma
humano (HPV), que é o principal responsável pelo câncer no colo do útero. Mas
não só ele. Nos homens, há uma forte relação também com o surgimento de tumor
no pênis.
"Além da vacinação em meninas e meninos
contra o HPV, a camisinha ainda é a principal barreira de transmissão e, embora
se conheça melhor essa relação entre o tumor no útero com o contágio do vírus, ainda
é grande o desconhecimento em relação ao câncer peniano. Os homens, em geral,
tendem a se preocupar menos com a saúde, fazer menos exames, e etc, até por uma
questão cultural mesmo. Então, informar sobre a importância do uso da camisinha
também na prevenção do câncer masculino é fundamental e dever dos agentes
públicos", cobra o oncologista.
E a fala dele é apoiada por números. Segundo
pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a relação entre o
sexo desprotegido e câncer não é conhecida pelos brasileiros: entre 1500
entrevistados, quase 30% dos brasileiros não imaginam que usar preservativos
pode reduzir o risco de desenvolver câncer. E são muitos os tipos que podem
sofrer influência da contaminação do HPV:
"Os preservativos estão comumente
relacionados à proteção contra o HIV, mas também são o modo de combate a formas
de tumor que têm relação com o HPV, como colo do útero, vagina, vulva, pênis,
ânus, boca e garganta", explica o especialista.
O câncer de pênis é considerado raro, mas seu
prognóstico pode ter consequências devastadoras para a vida do paciente. Em
muitos casos, é necessário fazer a amputação do órgão, embora quando
diagnosticado em estágio inicial, apresente elevada taxa de cura. No entanto,
segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) mais da metade dos pacientes
demora até um ano após as primeiras lesões aparecem para procurar o médico, o
que diminui a sobrevida e as chances de um tratamento com menos consequências
físicas. Segundo os últimos dados disponíveis, 402 homens morreram em
decorrência deste tumor no ano de 2015.
Já o tumor no Colo do Útero é o terceiro mais
comum entre as mulheres. Também causado em grande parte pelo HPV, ele pode ser
detectado no exame preventivo ginecológico, que deve ser realizado anualmente
por todas as mulheres sexualmente ativas. Através do exame, é possível ver se o
vírus sofreu alguma mutação que poderia levar ao câncer, tratando o local antes
mesmo de malignidade. São mais de 6 mil óbitos por ano por conta do tumor.
Desconhecimento e preconceito atrapalham prevenção
O desconhecimento leva à desproteção: 59% dos
brasileiros não usa preservativos como medida de prevenção à doença. Outra
aliada importante é a vacinação de meninos e meninas contra o HPV, que ainda
sofre bastante preconceito e resistência na sociedade brasileira. Além, é
claro, da falta da informação sobre ela. O assunto é tão sério que a
Organização Mundial de Saúde (OMS) precisou se pronunciar, afirmando que a
vacina é "segura e indispensável".
"Os rumores infundados sobre as vacinas
contra o HPV seguem adiando ou impedindo de modo desnecessário o aumento da
imunização, que urgentemente necessário para a prevenção do câncer
cervical", disse em evento no começo de 2020 Elisabete Weiderpass,
diretora do Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (CIIC), vinculado
à OMS.
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