Aspectos
importantes da Geografia Física e Humana podem auxiliar no levantamento de
hipóteses na hora de construir a argumentação do texto
Não é de hoje que a interdisciplinaridade vem sendo
discutida por especialistas de diversas áreas, incluindo a Educação. Definir um
conceito para essa palavra passa por inúmeras interpretações, que podem variar
dependendo do ponto de vista, mas uma coisa é sempre certa: ensinar de forma
interdisciplinar significa integrar métodos e análises de um mesmo tema por
vários componentes curriculares. O que faz com que determinado assunto seja
abordado sob múltiplas perspectivas, enriquecendo o aprendizado. De acordo com
a assessora pedagógica de Geografia do Sistema Positivo de Ensino, Rafaela
Dalbem, é preciso romper as gavetinhas do conhecimento escolar e tratá-lo como
um só, numa única gaveta. "Quando se trata de produção de texto, essa
ideia de interdisciplinaridade já supera a segregação do conhecimento há algum
tempo, uma vez que as produções textuais exigem a abordagem de temas ligados à
cultura, ao cenário político, a questões científicas ou sociais", afirma.
A assessora lembra que a Geografia que o Enem cobra
hoje é bem diferente daquela que os exames traziam quando ela fez a prova pela
primeira vez, em 1999. Segundo ela, a disciplina é mais contextualizada e tem
como área de análise principal o Espaço Brasileiro. "Ou seja, aqueles
conceitos tradicionalmente cobrados em avaliações de Geografia Física
(Climatologia, Movimentos de Massas de Ar, Correntes Marítimas e etc.) ou de
Geografia Humana (problemas socioambientais urbanos e rurais, Demografia,
Geografia das Redes, Geografia Agrária, etc.) estão geralmente espacializados
no Brasil - e quero reforçar: espacializados e não especializados",
detalha Rafaela.
A professora reforça que, quando se tem uma boa
compreensão do Espaço Brasileiro, o aluno consegue não só responder as questões
de Geografia, mas também, e na mesma escala de importância, essa compreensão
espacial permite dar corpo e consistência à construção de argumentos e de uma
proposta de intervenção. "Afinal, uma intervenção implica localizar a
ação; e localizar estrategicamente demanda conhecer o terreno", pontua.
Rafaela lembra ainda que a construção de uma intervenção
pode implicar na necessidade de se levantar hipóteses para os possíveis efeitos
de uma ação (que deve respeitar os Direitos Humanos), o que destaca um
conhecimento prévio de ações já existentes e, não à toa, os temas da redação
nos últimos anos têm uma ligação bastante evidente com projetos de lei.
"Esse tipo de conhecimento e leitura de país é exaustivamente trabalhado
pelos professores da Geografia e dos outros componentes curriculares das
Ciências Humanas (História, Filosofia e Sociologia)", completa a
professora.
Conhecer seu país faz parte do repertório
sociocultural, habilidade tão importante quanto apresentar excelente domínio de
um texto dissertativo-argumentativo. "É o que defende o Inep ao
estabelecer a competência 2, que irá garantir mais 200 pontos na nota final da
redação", explica Rafaela. E pensando não apenas na realização da prova de
Geografia, mas também em garantir um ótimo desempenho na redação, a assessora
dá dica de dois assuntos que devem ser revisados para o exame dos próximos
dias:
- Redes Geográficas Brasileiras. "Nesse
tema, os alunos podem revisar conceitos ligados à infraestrutura das
nossas redes de telecomunicação e transportes, às nossas redes financeiras
e informacionais (informação é mercadoria, e mercadoria cara) e, claro,
atualizar suas discussões e argumentações sobre os processos de
globalização".
- . Demografia do Brasil. Nesse assunto, os alunos revisam os conceitos clássicos de demografia aplicados ao Brasil, além de aspectos característicos da formação do povo brasileiro. "Dentro dos conceitos clássicos, no entanto, quero chamar atenção para a População Relativa (ou Densidade Demográfica): conhecer onde (e por que) nossa população está concentrada e onde estão os nossos vazios demográficos pode ser uma boa argumentação da sua proposta de intervenção porque, de novo, vai demonstrar um bom repertório sociocultural. Além disso, conhecer nossas tendências demográficas possibilita relacionar mais os argumentos selecionados e, de novo, dar consistência ao texto".
2.
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