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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Enem: como a Geografia pode ajudar na hora da redação

Aspectos importantes da Geografia Física e Humana podem auxiliar no levantamento de hipóteses na hora de construir a argumentação do texto


Não é de hoje que a interdisciplinaridade vem sendo discutida por especialistas de diversas áreas, incluindo a Educação. Definir um conceito para essa palavra passa por inúmeras interpretações, que podem variar dependendo do ponto de vista, mas uma coisa é sempre certa: ensinar de forma interdisciplinar significa integrar métodos e análises de um mesmo tema por vários componentes curriculares. O que faz com que determinado assunto seja abordado sob múltiplas perspectivas, enriquecendo o aprendizado. De acordo com a assessora pedagógica de Geografia do Sistema Positivo de Ensino, Rafaela Dalbem, é preciso romper as gavetinhas do conhecimento escolar e tratá-lo como um só, numa única gaveta. "Quando se trata de produção de texto, essa ideia de interdisciplinaridade já supera a segregação do conhecimento há algum tempo, uma vez que as produções textuais exigem a abordagem de temas ligados à cultura, ao cenário político, a questões científicas ou sociais", afirma.

A assessora lembra que a Geografia que o Enem cobra hoje é bem diferente daquela que os exames traziam quando ela fez a prova pela primeira vez, em 1999. Segundo ela, a disciplina é mais contextualizada e tem como área de análise principal o Espaço Brasileiro. "Ou seja, aqueles conceitos tradicionalmente cobrados em avaliações de Geografia Física (Climatologia, Movimentos de Massas de Ar, Correntes Marítimas e etc.) ou de Geografia Humana (problemas socioambientais urbanos e rurais, Demografia, Geografia das Redes, Geografia Agrária, etc.) estão geralmente espacializados no Brasil - e quero reforçar: espacializados e não especializados", detalha Rafaela.

A professora reforça que, quando se tem uma boa compreensão do Espaço Brasileiro, o aluno consegue não só responder as questões de Geografia, mas também, e na mesma escala de importância, essa compreensão espacial permite dar corpo e consistência à construção de argumentos e de uma proposta de intervenção. "Afinal, uma intervenção implica localizar a ação; e localizar estrategicamente demanda conhecer o terreno", pontua.

Rafaela lembra ainda que a construção de uma intervenção pode implicar na necessidade de se levantar hipóteses para os possíveis efeitos de uma ação (que deve respeitar os Direitos Humanos), o que destaca um conhecimento prévio de ações já existentes e, não à toa, os temas da redação nos últimos anos têm uma ligação bastante evidente com projetos de lei. "Esse tipo de conhecimento e leitura de país é exaustivamente trabalhado pelos professores da Geografia e dos outros componentes curriculares das Ciências Humanas (História, Filosofia e Sociologia)", completa a professora.

Conhecer seu país faz parte do repertório sociocultural, habilidade tão importante quanto apresentar excelente domínio de um texto dissertativo-argumentativo. "É o que defende o Inep ao estabelecer a competência 2, que irá garantir mais 200 pontos na nota final da redação", explica Rafaela. E pensando não apenas na realização da prova de Geografia, mas também em garantir um ótimo desempenho na redação, a assessora dá dica de dois assuntos que devem ser revisados para o exame dos próximos dias:

  1. Redes Geográficas Brasileiras. "Nesse tema, os alunos podem revisar conceitos ligados à infraestrutura das nossas redes de telecomunicação e transportes, às nossas redes financeiras e informacionais (informação é mercadoria, e mercadoria cara) e, claro, atualizar suas discussões e argumentações sobre os processos de globalização".
  2. .   Demografia do Brasil. Nesse assunto, os alunos revisam os conceitos clássicos de demografia aplicados ao Brasil, além de aspectos característicos da formação do povo brasileiro. "Dentro dos conceitos clássicos, no entanto, quero chamar atenção para a População Relativa (ou Densidade Demográfica): conhecer onde (e por que) nossa população está concentrada e onde estão os nossos vazios demográficos pode ser uma boa argumentação da sua proposta de intervenção porque, de novo, vai demonstrar um bom repertório sociocultural. Além disso, conhecer nossas tendências demográficas possibilita relacionar mais os argumentos selecionados e, de novo, dar consistência ao texto".

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