Antes de abordarmos esse tema, é importante voltar um passo e explicar o que é saúde financeira. De forma bem objetiva, podemos falar que ter saúde financeira é saber administrar bem seu dinheiro e conseguir evitar dívidas. Pode até ser uma explicação simplista, chegando a parecer óbvia, mas achar esse equilíbrio entre o que você ganha e o que pode gastar não é uma tarefa fácil e, atualmente no Brasil, é algo bem distante da realidade da maioria da população. De acordo com os dados de um estudo do SPC Brasil e CVM (Comissão de Valores Imobiliários), apenas 10% dos brasileiros estão preparados para lidar com alguma despesa inesperada, 27% temem que o dinheiro não dure o mês todo e 64% vivem no limite do seu orçamento.
Os números são alarmantes e tratar desse assunto é urgente. O estresse
financeiro tem um impacto direto em questões emocionais, pode causar
irritabilidade, fadiga, falta de sono, entre outros sintomas. Podemos dizer que
a saúde financeira é um pilar importante para o nosso bem estar geral e devemos
olhar para ela com o mesmo cuidado que olhamos para a nossa saúde física e
mental. Ter problemas em qualquer uma delas, significa afetar diretamente outra
área.
Entrando no âmbito de como a saúde financeira do seu colaborador pode afetar o
desempenho dele na organização, a primeira pergunta a se fazer é: O que está
acontecendo com ele e como posso ajudá-lo? Ter esse entendimento da situação e
saber como orientá-lo é fundamental para que o problema comece a ser resolvido.
Um colaborador que vivencia um estresse financeiro apresenta impactos negativos
em sua produtividade, pois sua falta de concentração causa maior distração no
trabalho e por consequência diminui a sua entrega. O ciclo é ainda maior, pois
ele sabe que não está apresentando seu potencial máximo, resultando em baixa
autoestima no ambiente de trabalho, ansiedade, irritabilidade, falta de
motivação, entre outros. Um estudo realizado em 2019 pela PWC, mostra que 49%
dos colaboradores gastam cerca de 3 horas por semana lidando com questões de
finanças pessoais - ou seja, são 20 dias por colaborador a cada ano, dedicados
exclusivamente a questões financeiras.
Com base nesses números, e na minha experiência, quero reforçar o quanto é
necessário criarmos programas de orientação financeira direcionados aos
profissionais. Queremos ampliar esse discurso e facilitar o processo para
outras instituições, por isso, lançamos em meados deste ano, um programa de
orientação financeira dentro do Xerpay. Para quem não conhece, o aplicativo de
salário sob demanda tem como proposta dar ao colaborador o acesso imediato ao
salário dos dias trabalhados, fazendo com que ele evite recursos bancários
abusivos. A ideia do programa é dar mais um passo na educação financeira
durante a jornada, melhorando de forma intuitiva a vida da equipe.
Por fim, gostaria de deixar uma mensagem importante. Para fazer tudo isso
acontecer, é preciso ter uma gestão próxima e atenta aos sinais que o time está
demonstrando, pois oferecer benefícios práticos, acessíveis e transparentes,
faz a empresa ajudar o colaborador de forma rápida e eficaz.
Mirian Travain - Diretora de RH, da
Xerpa. Psicóloga de formação pela PUC de Campinas, possui Certificate in
Business Administration pelo Insper e estuda Neurociência e Comportamento pela
PUC-RS. Tem experiência em áreas, como recrutamento, Employer Branding,
desenvolvimento organizacional, treinamento e cultura.
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