Pandemia
aumenta casos de ansiedade; confira dicas para não utilizar a comida como
válvula de escape
Depois de um 2020 desafiador por conta de uma
pandemia que ainda deve durar alguns meses, buscar alternativas para manter a
saúde física e mental em dia é ordem. Mas, nem sempre é fácil. Em meio à crise,
passar por situações que levem ao estresse, decepção, apatia ou momentos de
grandes incertezas, as pessoas tiveram dificuldade em discernir onde acaba o
apetite e começa a ansiedade.
De acordo com a pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde neste mês, em uma amostra de 19.826
entrevistados, 74% apresentaram sintomas de ansiedade durante a pandemia do
novo coronavírus (covid-19).
Maria Julia Coto,
consultora em nutrição da ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de
Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados), explica
que em situações de nervoso e ansiedade, liberamos um hormônio chamado
cortisol, produzido pela parte superior da glândula supra renal, que está
diretamente envolvido na resposta ao estresse. "Ao aumentar o nível de
cortisol, o corpo tende a mobilizar rapidamente as reservas de energia,
ocasionando mudanças no metabolismo e fluxo de sangue. Por consequência,
algumas pessoas acabam comendo exageradamente como um mecanismo de fuga",
diz.
É importante ficar atento à alimentação nos
momentos de nervoso e ansiedade. "Mesmo na correria cotidiana, é possível
encaixar um plano alimentar que seja prazeroso, nutritivo e saboroso",
destaca Maria Julia. Para permitir que todos esses benefícios sejam atribuídos,
é preciso entender os sinais do corpo seguindo alguns passos simples:
•
Sem neuras
Saia
de perto das dietas da moda e restritivas. A privação causada por elas, além de
aumentar o estresse, podem gerar deficiência de alguns nutrientes. Procure um
profissional da saúde capacitado, que possa te ajudar com uma reeducação
alimentar específica para suas necessidades.
•
Entenda os sinais de fome e saciedade
Muitas vezes estamos tão focados na rotina que
não paramos para pensar se estamos nos alimentando da forma correta. Antes de
começar a comer, pare e pense: "quanto de fome eu estou hoje?".
Durante a refeição, coma sem pressa, sentindo o sabor do alimento e a saciedade
que o mesmo irá trazer aos poucos, e assim quando estiver satisfeito você
saberá. Isso evita consumo em excesso ou em pouca quantidade, o que muitas
vezes acaba causando desconforto durante o dia e descontentamento com o corpo.
•
Não desconte seus sentimentos na comida
Em dias estressantes, muitas vezes acabamos
comendo sem pensar na quantidade, e no final, estamos passando mal e nos
sentindo para baixo, preocupados com o efeito que os exageros vão causar no
peso e na estética. Acabamos colocando alguns grupos ou alimentos, por exemplo
os carboidratos, como "vilões", mas na verdade a questão está nos
nossos hábitos de uma forma geral.
•
Identifique se o que está sentindo é realmente fome física ou se é uma
tentativa de fuga emocional
A ansiedade é manifestada de muitas formas, e por vezes, por
meio de uma vontade exacerbada de comer - conhecida como fome emocional. A fome
emocional acontece quando nos alimentamos a partir de emoções como tristeza e
ansiedade, como uma tentativa de fugir dos sentimentos que não conseguimos
encarar. Assim, descontamos essas insatisfações emocionais na comida buscando
um atalho fácil e prazeroso de forma inconsciente.
Embora seja um momento inicialmente prazeroso, ele não dá uma satisfação por
completo em virtude das emoções que permanecem ali, e tendemos a nos alimentar
de forma exacerbada.
•
Conheça o Mindful Eating
O Mindful Eating (Comer Com Atenção Plena) é uma
vertente da nutrição que propõe atenção ao momento presente e busca entender os
mecanismos de fome e de saciedade.
Essa abordagem pode ajudar a lidar com a fome
emocional, visto que ajuda a criar relações mais conscientes com a comida. É
uma visão mais holística da forma como devemos nos alimentar, sem classificar a
comida como "permitida" ou "proibida". A alimentação é
tratada sem culpa e a mente é dedicada à atenção plena aos sinais internos do
corpo.
•
Pratique exercícios físicos e durma bem
Caminhar ao ar livre diariamente e fazer
atividades de relaxamento, como praticar ioga e meditação, além de uma boa
noite de sono, ajudam a aliviar o estresse e reduzir a produção do excesso de
cortisol do organismo.
Por fim, coloque como suas prioridades a saúde e
a alimentação. Busque formas diferentes de eliminar todo o estresse, que não
seja causando prejuízos a si mesmo. Use o tempo livre para fazer as coisas que
gosta e evite levar trabalho para os momentos pessoais.
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