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Para ajudar os profissionais da educação a lidar com essa carga emocional
intensa, o Programa Soul - voltado ao ensino socioemocional e à
meditação - desenvolveu uma metodologia de apoio com base no acolhimento nas
escolas. A iniciativa recebeu o nome de "Semana do Acolhimento" e
traz uma proposta de conteúdos estruturados com foco socioemocional para alunos
do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
De acordo com Flávia Sato, especialista em gestão emocional e diretora de
conteúdo do Programa, uma abordagem estruturada para trabalhar a gestão
emocional dos alunos durante a retomada será crucial para gerenciar diferentes
emoções que estão potencializadas: ansiedade com o novo começo, alegria de ver
os amigos, preocupação com as novas regras da escola e dúvida com relação a
nova rotina.
"Muitos alunos podem ter vivido perdas significativas nesse período de
isolamento. À medida que se adaptam à rotina escolar, eles podem ter emoções e
sentimentos fortes, especialmente nas primeiras semanas na escola. Por isso, é
essencial trabalhar o acolhimento com o olhar atento aos recursos emocionais e
de forma planejada", frisa.
Por onde começar: segundo a especialista, a proposta é que, logo nos primeiros
dias de aula, os alunos se sintam em um ambiente seguro, respeitoso e
solidário, um espaço para a afirmativa de identidades e perspectivas. "O
primeiro passo, portanto, é refletir sobre o que é necessário para criar esse
ambiente. Fica claro que é essencial, por exemplo, que os professores sejam
acolhidos para também poderem transmitir essa segurança aos seus alunos",
comenta.
Para ela, uma vez os professores se sentido equilibrados e prontos para
reconstruir uma rotina presencial com os alunos, o segundo movimento é
reconhecer a "paisagem emocional" de cada criança: quais os desafios
que podem existir dentro e fora da escola e que demandam apoio e suporte afetivo
e emocional dos educadores? "Questões como essa são cruciais para o
acolhimento efetivamente acontecer", completa.
Como funciona
A metodologia da Semana de Acolhimento apresenta uma proposta de reconstrução
das relações, com conteúdos que promovam a conexão entre todos da comunidade
escolar. "Desafios como esse que estamos vivendo, algo totalmente
inédito para a maioria de nós, evidenciam o quanto somos interconectados e o
quanto o nosso bem-estar está diretamente atrelado ao bem-estar das pessoas ao
nosso redor são fundamentais neste momento", diz. "É essencial
que nós tomemos tempo para perceber a preciosidade das nossas relações e
cultivá-las da melhor forma", reflete a especialista.
As atividades são separadas em três grupos por faixa etária e trazem um passo a
passo para guiar o professor na condução de cada etapa.
Ao primeiro grupo é proposto, por exemplo, a elaboração de um autorretrato, uma
oportunidade de se expressar e identificar o que há em comum com os colegas,
assim como valorizar as diferenças. No segundo, os alunos são incentivados a
fazer perguntas para aprender mais sobre os outros usando a arte. Já quanto ao
terceiro grupo, um dos desafios é descobrir conexões, entre elas o que seus
colegas de classe também devem estar sentindo.
"O fato de ajudá-los a descobrir que está tudo bem sentir todas essas
emoções e tranquilizá-los de que suas preocupações são normais incentiva a
criação de uma mentalidade positiva", Completa.
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