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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Coronavírus: complicações em crianças e adolescentes surgem até oito semanas após a infecção

O novo aumento de casos de contaminação pelo coronavírus acende mais uma vez o alerta sobre os rumos da pandemia no Brasil e no mundo. Além do crescimento dos números de infectados, a preocupação se deve também às complicações posteriores causadas pela doença em crianças e adolescentes, ou seja, os indivíduos com até 19 anos, segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A cardiologista infantil e médica do exercício e esporte do Hospital Edmundo Vasconcelos, Silvana Vertematti, explica que este grupo, de forma geral, apresenta uma resposta ao vírus diferente da verificada entre os adultos, com menor frequência de quadros mais graves da doença durante a infecção, mas em alguns casos o paciente pode ficar suscetível a complicações posteriores. “Nesta parcela da população, em alguns pacientes, o sistema imunológico tende a responder e apresentar complicações no período de 4 a 8 semanas após a infecção e não na fase aguda da doença”, esclarece.

Neste intervalo, as manifestações podem ter diferentes graus e afetar ao mesmo tempo diferentes áreas do organismo, sendo, por isso, classificadas como multissistêmicas, por isso recebe o nome de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pós-COVID 19 “A covid-19 pode ocasionar, mesmo que posteriormente, problemas em diversos órgãos e sistemas, como lesões na pele, no coração e no sistema nervoso”, cita. “Mesmo que a criança ou adolescente não apresente sintomas da covid-19 na fase de infecção, o risco destas condições clínicas existe e por isso é preciso atenção e cuidado”, reforça.

Entre as condições clínicas que podem ser desenvolvidas está a miocardite, uma inflamação do tecido muscular do coração por ação do vírus que tende a enfraquecer o órgão. Segundo a especialista, o volume de casos relatados da doença se ampliou de forma considerável durante a pandemia e é motivo de atenção. “O coração pode ser acometido de forma grave, perdendo a função com arritmias importantes. Em casos extremos, isso abre a necessidade de transplante do órgão”, alerta.

Para evitar a evolução dos efeitos negativos da covid-19, Silvana Vertematti chama atenção para dois pontos: a necessidade de manter as medidas de prevenção e a atenção para qualquer alteração de saúde das crianças e adolescentes. “Os cuidados devem ser seguidos à risca. É preciso manter o distanciamento, usar máscara de modo correto, higienizar as mãos sempre e, se possível, ficar mais em casa”, lembra. “Caso a criança ou adolescente venha a ser diagnosticado com covid-19, ou mesmo seja percebida alguma alteração no organismo, não retarde a ida ao médico”, conclui.

 


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