Doenças respiratórias, mais frequentes no frio, pioram doença na
córnea. O clima seco facilita a reprodução dos vírus.
Não é só a pandemia que aflige o Brasil. A falta
de ar por asma atinge 1 em cada 4 brasileiros, enquanto o nariz entupido pela
rinite afeta 26% das nossas crianças e 30% dos adolescentes segundo a ASBAI
(Associação Brasileira de Alergia e Imunologia). A situação fica pior no
inverno. Isso porque, a estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de
que o clima seco triplica a gripe, resfriado, rinite, sinusite, bronquite e
asma nesta época do ano. Todas estas doenças predispõem à alergia ocular.
Pesquisa
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz
Neto do Instituto Penido Burnier diversos estudos mostram que coçar os olhos é
o maior fator de risco para a evolução do ceratocone, doença degenerativa que
faz a córnea tomar a forma de um cone e responde por 70% dos transplantes no
País. O problema, afirma, é que a maioria dos pacientes não consegue abandonar
este hábito que faz a visão ficar cada vez mais
desfocada para perto e longe. Um levantamento realizado pelo oftalmologista
no último inverno com 315 portadores da doença mostra que metade dos
participantes tinham alguma alergia respiratória acompanhada de processo
alérgico nos olhos.
A boa notícia é que segundo Queiroz Neto a maioria
dos pacientes faz tratamento da alergia com colírio lubrificante, antialérgico
ou corticóide. Embora o corticóide não seja indicado para tratar Covid-19,
pesquisa da EAACI (European Academy of Allergy and Clinical
Immunology) que acaba de ser divulgada, revela que o
uso das três classes de colírio estão liberadas durante a pandemia. Só não há
consenso médico sobre o tratamento com imunossupressores sistêmicos. Isso
porque, podem reativar a infeção de qualquer vírus e dificultar o combate à
Covid-19.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que o ceratocone não tem cura.
A evolução pode ser interrompida com crosslinking, uma cirurgia ambulatorial
que associa radiação UV e riboflavina, vitamina B2, para fortalecer a
reticulação das fibras de colágeno da córnea. Por isso, o mais importante é o
diagnóstico precoce que é feito com a tomografia da córnea e o acompanhamento
periódico. A evolução da doença, comenta, geralmente é mais rápida entre
crianças e indica necessidade do crosslinking. Durante a pandemia as dicas do
médico para evitar a contaminação ocular são: não tocar os olhos,
frequentemente lavar ou higienizar com álcool as mãos, não compartilhar
toalhas, fronhas ou
maquiagem, higienizar computador, celular e teclado com
álcool isopropílico.
Conjuntivite viral
Queiroz Neto afirma que os olhos sofrem em dobro
no inverno. Isso porque, são externos e a baixa umidade do ar diminui sua
principal defesa, a lágrima que tem a função de lubrificar e proteger a
superfície. “O frio também cria condições para a maior reprodução de todo tipo
de vírus, inclusive do novo coronavírus”, afirma. Resultado: Nesta época do ano
aumentam os casos de conjuntivite viral, inflamação da conjuntiva, membrana que
recobre a esclera, parte branca do olho e a face interna das pálpebras,
explica.
Sintomas e tratamento
Os sintomas elencados pelo médico são: pálpebras
inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos,
lacrimejamento, secreção transparente e fotofobia (aversão à luz). Inicialmente
o tratamento é feito com compressas frias. Caso os sintomas não desapareçam em
dois dias é mais prudente consultar um oftalmologista. Isso porque, o tipo de
colírio indicado depender da gravidade do quadro. Os mais graves são tratados
com corticóide que exige acompanhamento médico porque a retirada antes da hora
provoca efeito rebote. Já o uso prolongado causa glaucoma, maior causa de
cegueira irreparável no mundo.
Prevenção: Covid-19 e conjuntivite
Em tempo de pandemia, adverte, mãos contaminadas
em superfícies pelo sars-cov-2 transformam o olho em via de acesso do novo
coronavírus ao sistema respiratório através do ducto lacrimal. Mas a
conjuntivite dificilmente é decorrente desta cepa. Geralmente é causada pela
influenza e H1N1
Para evitar contrair a covid-19 pelos olhos e a
conjuntivite viral as recomendações do médico são: evitar levar as mãos aos
olhos. Lavar as mãos com frequência, evitar o contato com os olhos, não
compartilhar toalhas fronhas ou maquiagem são as principais medidas para evitar
a contaminação através dos olhos.
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