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quinta-feira, 2 de julho de 2020

Casa para todos os momentos da vida, inclusive o envelhecer


Arquiteta Isabella Nalon afirma que o projeto de uma residência deve ser pensado para a vivência de longo período, inclusive o envelhecer;

Projeto de residência no interior de São Paulo agrega questões que garantem a segurança e evita acidentes de pessoas na vida adulta e na terceira idade

Térrea e com amplos vãos, residência assinada por Isabella Nalon evidencia um projeto com cuidados para o bem-estar de toda família, inclusive na fase que requer precauções redobradas para mobilidade | Foto: Julia Herman

Conforme envelhecemos, é normal que o corpo físico apresente algumas questões pontuais relacionadas a saúde. Pode ser alguma diminuição dos sentidos, como visão e olfato, como problemas de mobilidade. Imaginando um projeto arquitetônico construído para uma vivência a longo prazo, o profissional de arquitetura trabalha com pontos que visam eliminar riscos de futuros acidentes, manter o conforto e, sobretudo, a segurança dos moradores.
A arquiteta Isabella Nalon, à frente do escritório que leva seu nome, ressalta seu apreço em projetar residências que serão palcos para histórias de vida. As normas de edificações e o olhar apurado para aprimorar soluções permitem adaptar a casa para garantir um futuro tranquilo de acordo com a rotina dos moradores, inclusive daqueles que já estão na terceira idade. Segundo a profissional, o processo de criação deve contemplar o estudo de um dia a dia, tendo em vista a facilitação e, ao mesmo tempo, a manutenção da independência e autonomia do morador. “Dentro dessa análise, conseguimos encontrar respostas que nos permitam desenvolver uma residência sem estereótipos e promova uma rotina ativa, dentro da realidade individual das pessoas”, destaca a profissional, com mais de 20 anos de experiência em arquitetura.
Para uma casa segura é necessário dedicar atenção a fatores que vão desde a concepção de escadas, a atenção com desníveis, a não especificação de pisos escorregadios e a escolha de móveis confortáveis – prevendo, inclusive, sofás, cadeiras e poltronas com dimensões e características específicas para famílias que contam com idosos em sua constituição. “Uma escada segura, por exemplo, é importante para crianças e até mesmo adultos, que podem, por algum descuido, sofrerem quedas graves”, expõe Isabella Nalon.

Dependendo de alguns fatores, como o tamanho do terreno e as necessidades da família para a nova residência, a arquiteta ainda destaca que quando o projeto de arquitetura da residência é iniciado do zero, costuma-se considerar a possibilidade de optar pela construção de uma casa térrea, eliminando a necessidade de acesso ao piso superior.

Sobre a disposição dos ambientes, a melhor opção é manter os cômodos integrados com circulação livre e simplificada. “Circulação estreita é um perigo para esbarrões e desequilíbrios”, alerta Isabella Nalon, que também reforça a necessidade de observar a altura do sofá, de forma a permitir que os pés de quem sentar fiquem firmes no chão durante o movimento de sentar e levantar.


Na sala de estar localizada em Itu, interior de São Paulo, Isabella especificou os itens de forma a garantir a proteção dos moradores idosos. Decoração: Sula Miranda | Foto: Julia Herman

Na cozinha projetada por Isabella Nalon, a mesa mais baixa, contígua a bancada do chef da vez, permite estacionar cadeira na ponta da mesa com mais facilidade | Foto: Julia Herman


Bastante ampla, a cozinha, assim como os demais ambientes como sala de estar, jantar, área gourmet, dormitórios e banheiros devem ser construídas no mesmo patamar. Um projeto ainda mais seguro requer do profissional de arquitetura a concepção de ambientes sem desníveis, para facilitar a locomoção e o movimento entre essas áreas. “No caso de crianças e adultos, é muito comum acontecer quedas por falta de atenção. Os pequenos ainda não apresentam a percepção necessária e, além do mais, hoje em dia, quem não se locomove dentro de casa olhando para a tela do celular? É muito comum tropeções por pequenos momentos de distração”, reforça a arquiteta.

Quando o desnível do terreno necessitar a construção de degraus, avalia-se a substituição por rampas. Em ambos os cenários, deve-se considerar a colocação de corrimãos nas duas laterais, especificar revestimentos antiderrapantes para os pisos e sinalizar início e fim, sejam dos degraus ou da rampa.

Em áreas molhadas, como cozinha e área de serviço, Isabella chama atenção para os cuidados relacionados à presença de água e produtos químicos – itens que podem ser perigosos para pessoas de todas as idades. No tocante ao piso, é valioso especificar um material antiderrapante, evitando a sensação de escorregadio no contato com a água. “Com a presença de idosos, devemos considerar também a instalação de barras de apoio”, afirma. 

Com relação aos armários e bancadas, a proposta é promover a instalação em alturas acessíveis, que eliminem a demanda pela utilização de bancos e escadas para o acesso. Dessa forma, as alturas indicadas – considerando como referência o piso –, são 0,90m para instalação de bancadas e até 1,50m para armários. “No projeto, trabalhamos os armários superiores em uma disposição que possibilidade o alcance com o braço. Essa medida protetiva é válida para todos”, reforça Isabella.

Hall espaçoso para toda a família | Foto: Julia Herman

No banheiro generoso, o box com porta de correr tem abertura ampla | Foto: Julia Herman


O mesmo preceito de ambientes mais amplos aplica-se ao banheiro. Com a possibilidade de um espaço mais aberto e fluído, evita-se esbarrões, que porventura possam machucar, e viabiliza-se a entrada de cadeiras de roda e a de banho dentro da área do box. O mesmo critério de apoio empregado na cozinha também é aplicado ao banheiro: a disposição de barras e pontos de apoio no ambiente de banho, bem como ao lado da bacia sanitária e bancada.

No projeto de Isabella, a área do box conta com dimensões que propiciam um banho sentado, um cuidado primordial para idosos ou mesmo em situações de um pé enfaixado ou pós-cirúrgico. A abertura de um nicho (com 35 cm de altura), que facilita a acesso aos itens pessoais de banho.


Quarto com passagens facilitadas são essenciais. Decoração: Sula Miranda | Foto: Julia Herman


Em um olhar apurado para os dormitórios, as camas devem ser escolhidas por meio de critérios que promovam o conforto para a coluna vertical. A opção por modelos articulados com regulagem de altura da cabeceira e peseira são benéficos para o bem-estar dos usuários, diminuindo tonturas e dores de cabeça. “Caso não seja possível escolher uma cama com base articulada, mantenha a parte da cabeceira do colchão ligeiramente mais elevada”, explica Isabella. Em um olhar apurado para os idosos, recomenda-se camas mais baixas, com uma altura entre 45 e 65 cm, de forma a posição de sentar-se com os pés apoiados no chão sirva de alavanca para o movimento de levantar-se.

Uma boa iluminação é imprescindível para toda a família! Além de privilegiar o uso da iluminação natural acessada com janelas e portas de vidro, a instalação de abajures e arandelas ou especificação de lâmpadas mais fortes resulta em um ambiente com perfeito campo de visão e que pode ser complementado com a instalação de sensores nos banheiros e corredores de passagem. “Os sensores funcionam de forma a detectar ondas de calor e ativar as luzes automaticamente, facilitando o ir e vir em casa, principalmente em momentos noturnos”, detalha.



Sem degraus e com direito a horta, áreas externas são feitas para todas as idades, oferecendo bem-estar e entretenimento | Fotos: Julia Herman


Na viabilidade de incluir espaços de lazer, terraços e jardins são perfeitos para que os moradores possam tomar sol. Assim, um paisagismo concebido para realizar pouca manutenção facilita o dia a dia. Esse espaço também pode contar com aparelhos para atividades físicas moderadas, sempre levando em conta as restrições físicas dos moradores.





Isabella Nalon
Instagram: @isabellanalon
Linkedin: Isabella Nalon
Tel.: (11) 94453-5500


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