Projeto
estima que 500 mil pessoas foram infectadas pelo vírus na capital mineira,
cerca de 20% de sua população total. Testes clínicos confirmam menos de 7 mil
casos na cidade
Estimativa
apresentada pelo projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos no Boletim de
Acompanhamento nº 07/2020,
divulgado nesta sexta-feira, 17 de julho, aponta que cerca de 500 mil pessoas
foram infectadas pelo novo coronavírus em Belo Horizonte (MG), o que equivale a
20% de toda a população da capital mineira. A estimativa foi feita com base em
amostras coletadas na 27ª semana epidemiológica, entre 29 de junho e 3 de julho.
O projeto Monitoramento COVID Esgotos é uma iniciativa conjunta da
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT
ETEs Sustentáveis/UFMG), em parceria com a Companhia de Saneamento de Minas
Gerais (COPASA), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e a Secretaria
de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
O objetivo do projeto é permitir o monitoramento indireto da pandemia,
utilizando informação sobre a carga viral contida nos esgotos. No mesmo período
que a análise das amostras de esgoto apontou que cerca de 500 mil pessoas foram
infectadas, a contagem oficial de casos confirmados foi inferior a 7 mil
pessoas.
“As estimativas do número de pessoas infectadas feitas a partir das
concentrações virais determinadas no esgoto foram cerca de 45 e 75 vezes mais
elevadas que os casos confirmados pelos testes clínicos entre as semanas
epidemiológicas 24-25 e 26-27 respectivamente”, afirmam os pesquisadores no
Boletim de Acompanhamento.
Nas últimas cinco semanas de pesquisa, 100% das amostras coletadas nas
duas bacias que recebem esgotos de Belo Horizonte e de Contagem (MG), dos
ribeirões Arrudas e do Onça, continham o novo coronavírus.
A quantidade estimada de pessoas infectadas pelo vírus veio crescendo
aceleradamente. Segundo o levantamento, entre as semanas epidemiológicas 24 e
25, a população infectada estimada passou de cerca de 35 mil para próximo de
230 mil pessoas. Já na semana 27 tal população alcançou cerca de 500 mil
pessoas.
Esse patamar de 500 mil infectados sugere que a Região Metropolitana de
Belo Horizonte pode ter atingido o pico da doença na semana epidemiológica 27,
que vai ao encontro das previsões da Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais.
Sobre o projeto-piloto
O projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos tem o objetivo de monitorar
a presença do novo coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes
pontos do sistema de esgotamento sanitário das cidades de Belo Horizonte e
Contagem, inseridos nas bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e do Onça.
Assim é possível gerar dados para a sociedade e ajudar gestores na tomada de
decisão.
O trabalho, que terá duração inicial de dez meses, é fruto de Termo de
Execução Descentralizada (TED) firmado entre a ANA e o INCT ETE Sustentáveis/
UFMG. Com a continuidade dos estudos, o grupo pretende identificar tendências e
alterações na ocorrência do vírus nas diferentes regiões analisadas para
entender a prevalência e a dinâmica de circulação do vírus.
Os pesquisadores participantes no estudo reforçam que não há evidências
da transmissão do vírus através das fezes (transmissão feco-oral) e que o
objetivo da pesquisa é mapear os esgotos para indicar áreas com maior
incidência da doença e usar os dados obtidos a partir do esgoto como uma
ferramenta de aviso precoce para novos surtos, por exemplo.
Com os dados obtidos, será possível saber como está a ocorrência do novo
coronavírus por região, o que pode direcionar a adoção ou não de medidas de
relaxamento consciente do isolamento social. Também pode possibilitar avisos
precoces dos riscos de aumento de incidência do COVID-19 de forma
regionalizada, embasando a tomada de decisão pelos gestores públicos.
Futuramente os resultados preliminares da pesquisa serão divulgados na
forma de mapas dinâmicos, que possibilitarão acompanhamento da evolução
espacial e temporal da ocorrência do vírus.
Outras ações de comunicação do andamento dos trabalhos também estão em
curso. No dia 22 de maio foi realizado o webinar COVID-19: Monitoramento do
Esgoto como Ferramenta de Vigilância Epidemiológica. O vídeo com as palestras e
as apresentações está disponível no canal
da ANA no YouTube.
Sobre os parceiros do projeto-piloto
ANA
Criada pela Lei nº
9.984/2000,
a ANA é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de
Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco
legal do saneamento básico pela Lei nº
14.026/2020,
também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços
públicos de saneamento básico.
Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento,
gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a Agência Nacional de
Águas e Saneamento Básico emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em
especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais,
transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela
fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas
pela instituição.
INCT ETEs Sustentáveis/UFMG
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações
Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões
sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma
a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos
serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional,
desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades
nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos
governamentais e empresariais.
IGAM
Criado em 1997, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) é
vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável. Integra o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(SINGREH) na esfera federal. Na estadual, faz parte do Sistema Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA). Entre as responsabilidades do IGAM estão
a proteção, gestão e controle dos recursos hídricos; monitoramento da qualidade
da água; autorização e acompanhamento de obras que interferem nos cursos
d'água; emissão de alertas de tempestades; fiscalização, monitoramento e
elaboração de relatórios técnicos.
COPASA
Criada pelo Estado de Minas Gerais, em 1963, com a denominação
Companhia Mineira de Água e Esgoto (COMAG), em 1974, com a incorporação do
Departamento Municipal de Águas e Esgoto (DEMAE), teve o nome social
alterado para Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA).
Com sede em Belo Horizonte, a Companhia é uma sociedade de economia
mista, de capital aberto, controlada pelo Governo do Estado de Minas Gerais,
que tem como objetivo planejar, projetar, executar, ampliar, remodelar,
administrar e explorar serviços públicos de abastecimento de água e de esgoto,
podendo atuar no Brasil e no exterior.
Atualmente, a COPASA detém a concessão do sistema de abastecimento de
água de 641 municípios, sendo que destes, também, detém a concessão do sistema
de esgotamento sanitário de 311 municípios mineiros.
SES-MG
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) é responsável
pela gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Estado. Além disso, uma
das metas da SES-MG é apoiar os municípios no processo de planejamento,
fortalecimento e gestão do SUS para o desenvolvimento de políticas de saúde
focadas no cidadão e em consonância com as especificidades regionais, com transparência
e participação social. Para outras informações sobre saúde, acesse: www.saude.mg.gov.br.
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