Pais e
responsáveis devem incluir na nova rotina atenção para proteger meninos e
meninas e evitar violação de direitos
O isolamento social é considerado uma das medidas
mais eficazes para conter a disseminação rápida do novo coronavírus (Covid-19).
Atualmente, a maioria dos brasileiros convivem com a nova rotina, que já foi
adotada por diversos países para reduzir o contágio e a letalidade do vírus. O
fato de famílias estarem reunidas em suas residências não significa que
segmentos mais vulneráveis, como crianças e adolescentes, estejam protegidos.
Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos (MMFDH), as denúncias de violação aos direitos humanos
cresceram nos últimos dias. De acordo com o ministério, foram registradas 1.133
denúncias entre 14 a 24 de março de 2020 – período que coincide com medidas de
confinamento, como o início da suspensão das aulas em vários estados. As
principais violações registradas foram exposição de risco à saúde, maus tratos
e ausência de recursos para sustento familiar.
“Com as escolas temporariamente fechadas e crianças
em casa, a atenção de pais e responsáveis deve ser redobrada na proteção de
crianças e adolescentes. Residências que passavam por tensões intrafamiliares
podem ter no confinamento um gatilho de violências contra crianças e
adolescentes”, diz Roberta Rivellino, presidente da Childhood Brasil. “Existem
algumas violações que não deixam marcas físicas, como agressões verbais ou o
abuso sexual. Conversas inapropriadas, espiar o corpo da criança ou do
adolescente, fotografias e vídeos divulgados na internet com nudez, dentre
outras, também configuram violências sexuais.”
A internet está sendo amplamente utilizada
positivamente pela população para manter a proximidade entre as pessoas, para
educação, entretenimento e trabalho remoto. Mas requer cuidados, segundo a
presidente da Childhood Brasil. Conversar sobre o uso da ferramenta com
crianças e adolescentes é mais importante do que impor proibições rígidas.
Assim como todo processo educativo, há limites que precisam ser definidos e que
devem estar claros.
Estranhe se crianças e adolescentes passarem a
permanecer por muito tempo no celular ou em chats com pessoas que até então não
faziam parte do círculo social. Ou se passarem a agir como se estivessem
escondendo algo, como fechar um aplicativo quando um adulto se aproxima.
“A velha regra ‘não fale com estranhos’ também serve para a comunicação
virtual”, conclui Roberta. E é recomendável lembrá-los que nenhum aplicativo
impede que uma imagem enviada seja capturada e depois compartilhada sem o
consentimento de quem está na fotografia.
Dados do ministério
Pelo levantamento do governo federal, crianças e
adolescentes são o quarto grupo com maior incidência de denúncias, atrás apenas
de violência contra pessoas socialmente vulneráveis, pessoas com restrição de
liberdade e idosos. Os dados do ministério analisando o período de confinamento
pelo Covid-19 não segmentam por tipo de denúncia. Mas uma violação
tradicionalmente subnotificada é a violência sexual contra crianças e
adolescentes, que consiste em qualquer atuação que constranja a praticar ou
presenciar ato de natureza sexual, inclusive exposição do corpo em foto ou
vídeo por meio eletrônico.
A violência pode acontecer por meio do abuso
sexual, que não precisa necessariamente ter o contato físico, ou a pela
exploração sexual, quando ocorre relação mediante pagamento ou outro benefício.
As principais vítimas são do sexo feminino, mas o número de meninos vitimizados
tem crescido. E na maioria dos casos, a violação é cometida por uma pessoa
conhecida ou do círculo familiar da vítima.
De acordo com dados
do UNICEF, as taxas de abuso e exploração de crianças cresceram durante
emergências de saúde públicas anteriores. O fechamento das escolas durante o
surto do ebola na África Ocidental, de 2014 a 2016, contribuiu para picos de
trabalho infantil, negligências, abuso sexual e gravidez na adolescência, por
exemplo.
VEJA DICAS DE COMO ENTRETER
CRIANÇAS E ADOLESCENTES DURANTE A QUARENTENA
- Busque assistir programas com conteúdo educativo
e aproveite para melhorar o diálogo com a criança ou adolescente;
- Resgate brincadeiras lúdicas e manuais (desenho, pintura, entre outros)
- Busque jogos de tabuleiro adequados para cada faixa etária;
- Aprenda sobre redes sociais e novos gadgets com as crianças e adolescentes.
Em caso de revelação de violação de direitos
humanos, é importante acolher a criança ou adolescente e ouvi-la atentamente.
Se uma violência sexual for narrada, reforce que a criança/adolescente não tem
culpa pelo que ocorreu. A denúncia pode ser feita pelo Disque 100. A ligação é
gratuita e anônima.
Sobre a Childhood Brasil
A Childhood Brasil é uma organização brasileira que faz parte da World Childhood Foundation, instituição internacional criada em 1999 pela Rainha Silvia da Suécia. O seu foco de atuação é a proteção da infância e adolescência contra o abuso e a exploração sexual. A organização se tornou referência no país por desenvolver e apoiar projetos que vêm transformando a realidade da infância brasileira vulnerável à violência, dando visibilidade e dimensão ao problema, implantando soluções efetivas adotadas por setores empresariais, serviços públicos e educando a sociedade em geral. Para mais informações, acesse o site: www.childhood.org.br.
A Childhood Brasil é uma organização brasileira que faz parte da World Childhood Foundation, instituição internacional criada em 1999 pela Rainha Silvia da Suécia. O seu foco de atuação é a proteção da infância e adolescência contra o abuso e a exploração sexual. A organização se tornou referência no país por desenvolver e apoiar projetos que vêm transformando a realidade da infância brasileira vulnerável à violência, dando visibilidade e dimensão ao problema, implantando soluções efetivas adotadas por setores empresariais, serviços públicos e educando a sociedade em geral. Para mais informações, acesse o site: www.childhood.org.br.
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