Ortopedista
desmistifica polêmica que habita as academias e a timeline de influenciadores
fitness
Treinar descalço
ou com os chamados calçados minimalistas tem aparecido com frequência nas
academias e nas redes sociais dos musos e musas fitness. A prática é defendida
por aqueles que buscam estimular a mente e aumentar a consciência corporal a
partir do contato com o solo. Mas será que o hábito realmente traz algum
benefício para a saúde física? Ortopedista e especialista em Medicina Esportiva
e Trauma do Esporte, Flávio Cruz desmistifica o assunto e aponta três motivos
para você não aposentar o bom e velho tênis.
1.
Estabilidade
“Quando você se
exercita descalço, o suor gerado pelo nosso organismo durante a atividade
física pode diminuir o atrito da planta do pé com o chão e favorecer a
instabilidades e escorregões. O uso de calçado com meia diminui a chance de
isso acontecer pois garante mais atrito entre a borracha do solado e o piso”,
alerta o médico. Além disso, o tênis correto também oferece maior estabilidade
articular. "O calçado reduz as chances de lesão, principalmente nos
tornozelos daqueles com histórico de entorses de repetição".
2.
Absorção de impacto
O impacto é
outro ponto crucial que deve ser considerado pelos adeptos dos pés livres. “O
amortecimento nas articulações do pé, do tornozelo, quadril e da coluna fica
comprometido quando você treina descalço, principalmente em exercícios de
cadeia fechada e que geram carga axial significativa, ou seja, quando os pés
estão apoiados ou presos ao equipamento”, explica. Segundo o ortopedista, a
borracha e o sistema de amortecimento presentes na sola do tênis esportivo
diminuem a sobrecarga nas articulações.
3.
Proteção
O tênis também
faz a diferença na proteção quanto a possíveis acidentes, como um simples
“pisão” ou até a queda de um halter ou anilha sobre os pés. “Descalço, não há
proteção nenhuma contra um trauma direto. A simples queda de um peso no pé pode
fraturar um osso e se houver corte na pele a fratura é considerada exposta e o
tratamento será uma cirurgia de urgência. O tênis protege o atleta nos casos de
acidentes, diminuindo a área da lesão e o dano nas partes moles como pele,
músculos e tendões”.
Exceção:
yoga, pilates e alongamento
Algumas
modalidades de exercícios permitem a execução com os pés livres, como é o caso
da yoga, pilates e alongamento. “São exercícios sem impacto, com menor risco de
lesão para articulações, quando bem orientados. Exercícios ao ar livre, em um jardim
ou na areia da praia, por exemplo, podem gerar uma interação maior entre o
atleta e a natureza, e alguns até relatam uma troca de energia maior com o
ambiente, aumentando a sensação de bem-estar", esclarece Dr. Flávio Cruz.
Pés na
areia
Para quem quer se exercitar sem nada nos pés, a recomendação do
ortopedista é trocar a academia por um dia de treino na praia ou caixa de
areia. “A areia fofa oferece um amortecimento natural. É uma ótima opção para
praticar exercícios funcionais. Porém, esta prática merece uma atenção especial
nas articulações dos membros inferiores. Por ser um terreno instável, aqueles
que não possuem uma boa propriocepção podem aumentar o risco de lesão. A
recomendação é que façam um trabalho preventivo com um fisioterapeuta ou educador
físico antes de se aventurar neste tipo de terreno".
Flávio
Cruz - ortopedista, especialista em Traumatologia, lesões esportivas e mestre em
cirurgia do joelho. Há mais de 15 anos atuando em Medicina do Esporte, tem
passagens pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nas Seleções Feminina e
Masculina, Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Comissão
Atlética Brasileira de MMA (CABMMA) e Clube de Regatas do Flamengo (CRF), entre
outras instituições esportivas, Cruz é cirurgião no Aspetar Hospital,
localizado no Qatar e referência mundial no tratamento de atletas. É membro da
SBRATE, SBCJ, SBOT, SBMEE e certificado pela FIFA em Medicina do Futebol. Já
atuou em mais de 30 países como médico de delegações esportivas em competições
internacionais.
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