A
incorporação da inteligência feminina no processo decisório das empresas como
fonte de vantagem competitiva tem sido um dos argumentos mais freqüentes quando
se analisam formas de aumentar, nesse momento de crise e incertezas, a
competitividade de produtos, negócios e empresas. Várias empresas no Brasil
começam a adotar uma “Gender Policy”.
Aprisionadas
por uma cultura empresarial na qual predominavam crenças como “você é pago para
fazer e não para pensar” ou pelo célebre “manda quem pode, obedece quem tem
juízo”, as empresas da Era Industrial desperdiçaram o potencial da competência
feminina, confinando-a a tarefas rotineiras e subalternas, na obsessiva busca
da economia de escala.
Acontece que
na Era dos Serviços na qual vivemos, a matéria-prima básica é a imaginação
humana, a criatividade, a inovação. As empresas que desejam sobreviver nesse
novo cenário não podem mais se dar ao luxo de selecionar apenas uns poucos para
pensar enquanto engaiola a maioria da sua força produtiva na execução. Também
não podem mais prescindir do emocional das pessoas e contar apenas com seu lado
racional no dia-a-dia do trabalho.
O
compartilhamento do poder decisório com as mulheres no mundo corporativo passou
a ser questão de sobrevivência das empresas competitivas. Essas empresas
precisam de todos pensando, criando, inovando. E precisam utilizar melhor a
diversidade de seus talentos, verdadeira riqueza que tem sido negligenciada
pelas exigências de padronização de comportamentos até há pouco vigentes.
Talento criativo não tem sexo, cor, nacionalidade, tamanho ou idade.
É importante
ter em mente que o sexo feminino já é maioria na população em 25 dos 27 Estados
brasileiros. As mulheres serão muito mais aptas que ninguém para desenhar
produtos e serviços capazes de realizar o sonho e encantar essa crescente massa
de consumidoras femininas nos grandes centros urbanos. Essa tendência salta aos
olhos nos Estados Unidos, onde cerca de 8 milhões de empresas já são dirigidas
por mulheres.
Não se trata
de defender uma suposta supremacia feminina na liderança dos negócios. Mas, sim,
da heterogeneidade de percepções que a mistura de sexos proporciona. Uma
empresa com homens e mulheres na direção tem uma visão muito mais ampla que
aquelas nas quais apenas os homens comandam.
Não é por
mera coincidência que em todas as recentes listas das “Melhores Empresas para
Trabalhar no Brasil”, parte considerável dos cargos gerenciais esteja sendo
ocupada por mulheres. Provavelmente essa é uma das razões para essas empresas
serem classificadas entre melhores nesse momento em que a caça ao talento virou
um dos esportes favoritos das empresas vencedoras.
Algumas
características do universo feminino que, de forma preconceituosa, eram
consideradas como fraquezas - impulso para acomodar situações, sensibilidade
para a necessidade dos outros, preocupações comunitárias etc. - viraram
vantagens no mundo corporativo atual. Além disso, todos sabemos que as mulheres
valorizam mais o trabalho em equipe; são mais perseverantes e constantes; são
menos imediatistas e mais capazes de raciocinar no longo prazo; sobrevivem
melhor em tempos de aperto; possuem maior abertura e flexibilidade para o
aprendizado constante. Todas essas são características naturais nas mulheres.
Ironicamente,
as empresas têm gasto verdadeiras fortunas tentando desenvolver essas
características entre seus dirigentes predominantemente masculinos. Pense em
apenas duas delas: capacidade de
fazer várias coisas ao mesmo tempo e flexibilidade. Convenceu-se do argumento? O
“poder do batom” está se tornando uma realidade sem a radicalização que
caracterizou os primeiros passos do movimento feminista e as mulheres
competentes têm evitado a tentação de imitação do universo masculino.
Felizmente,
também não se pensa em um “sistema de cotas” para mulheres. O único sistema
válido para promover pessoas é o da meritocracia. Mas precisamos incluir as
mulheres nas avaliações de potencial e de mérito. Não podemos mais nos dar ao
luxo de excluí-las e prescindir da inteligência feminina nas nossas empresas.
As mulheres têm um grande papel a desempenhar nesse momento de crise e de
incertezas, dotando as empresas de vantagem competitiva inquestionável.
César Souza - Consultor, palestrante e CEO do
Grupo Empreenda, autor de “Você é o
Líder da Sua Vida?” (Editora Sextante) e "Você é do Tamanho dos Seus Sonhos" (Editora Ediouro).
Apontado pelo World Economic Forum como um dos "200 Global Leaders for
Tomorrow" www.blogdocesar.com.br
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