Hoje, trago um assunto de extrema importância que,
nesse instante, me parece ser o cerne de um debate essencial. Vamos refletir
juntos sobre os efeitos da ganância?
Decidi abordar esse tema com mais profundidade
porque, bem, os acontecimentos recentes me deixaram verdadeiramente abalada e
reflexiva. Fiquei muito tocada com o rompimento da barragem de Brumadinho (MG)
e com as perdas imensuráveis ocasionadas por mais essa tragédia.
Infelizmente, não nos resta muito a não ser
conversar sobre o que houve. É nossa responsabilidade aprender com nossos
erros. Este é único caminho possível para que se chegue a um novo lugar no qual
acontecimentos tão trágicos não tenham mais espaço ou condições para se
repetir.
Para isso, caberá a cada um de nós encabeçar uma transformação social necessária e urgente. Sim, porque não
são só as companhias, mas, essencialmente, nós mesmos enquanto indivíduos que
temos nos deixado levar e até corromper pelo desejo de termos sempre mais. E a
minha pergunta é: a troco de quê?
Neste artigo, mais uma vez, quero lhe mostrar o
valor do Autoconhecimento. Somente quando desenvolvermos a nossa
autoconsciência é que poderemos, efetivamente, assumir nosso protagonismo para
dar um basta em comportamentos que causam qualquer tipo de destruição (não só a
natural, mas também a emocional). Vamos juntos?
Por que repetimos os velhos erros
Na minha trajetória de Autoconhecimento, tenho me deparado com pessoas que se
relacionam com o dinheiro das maneiras mais diversas possíveis. Mas o que
mais me chama a atenção é o fato de que, para a maioria, a máxima do
"quanto mais, melhor" é ainda prerrogativa. Em suma, são poucos os
que estão satisfeitos com o que têm, possuem ou recebem; por outro lado, são
muitos os que estão absolutamente convictos de que precisam de mais e/ou
merecem mais. E é justamente essa sede o que tem nos cegado de uma maneira
muito perigosa.
Não que isso seja exatamente novo para a
humanidade. Por muitos séculos, nossos antepassados viveram e sobreviveram
apenas com o básico e o essencial. Porém, não demorou para que entrássemos num
longo período marcado por disputas territoriais, acúmulo de riquezas e luta por
poder. Perceba, por exemplo, que todas as guerras já registradas na história
foram movidas por, pelo menos, um desses aspectos.
A questão é que, ainda que neguemos (ou que
queiramos negar), estamos num caminho de franca evolução. O homem tem, hoje,
informações das quais não dispunha no passado. Portanto, os comportamentos do
passado não fazem mais sentido – ou, pelo menos, não deveriam fazer.
Veja um bom exemplo: a sociedade inglesa que
orginalmente poluiu o Rio Tâmisa muito pouco sabia sobre as possíveis
consequências desse comportamento. Por sua vez, já testemunhas das
consequências negativas, os que vieram depois se encarregaram de minimizar os
efeitos colaterais da industrialização e de adotar outras ações preventivas
contra a poluição. Coube, então, às gerações seguintes, o trabalho desenfreado
de promover a despoluição total de suas águas. Entre uma coisa e outra,
passaram-se mais de 200 anos! Dois séculos, aliás, de um trabalho fortíssimo de
conscientização – afinal, foi preciso convencer a população a modificar seus
hábitos em prol da despoluição.
Sabendo disso, por que é, então, que continuamos a
lançar dejetos nos nossos rios? Se agora já temos ciência do efeito devastador
causado por essa ação – e do quão difícil é revertê-la –, por que é que não a
interrompemos?
Bem, na minha visão, são dois os principais fatores
por detrás deste comportamento. O imediatismo, tão inerente à sociedade
moderna, combinado à ganância, tema do meu artigo, são o que sustentam a
repetição de velhos erros. Mas, em essência, assim temos agido porque
permanecemos inconscientes e ignorantes quanto às reais consequências de nossos
atos. E, enquanto não nos tornarmos autoconscientes, permaneceremos inseridos
neste mesmo círculo vicioso.
O que quero dizer com isso é que, bem, há muitas
gerações temos adotado hábitos que causam a destruição ambiental e natural. Mas
não é verdade que o fazemos por mal. Pense, por exemplo, em quantas pessoas
jogam lixo nas ruas sem o menor pudor, apenas por hábito, muitas vezes sem nem
imaginar que estes dejetos poderão contaminar seus rios; pense também em quanto
tempo levamos para implantar e aderir à coleta seletiva (aliás, ainda hoje,
muitas cidades não recolhem o lixo reciclável!); pense, também, em quantas e
quantas vezes tomamos banhos mais demorados do que o necessário só porque,
acreditávamos, era nosso direito.
Como disse, tudo isso é reflexo da falta de
consciência. E não só de consciência ambiental, mas da consciência de nós
mesmos, porque, afinal, a verdade é que nos não escolhemos devastar a natureza
deliberadamente; quem, em sã consciência, destruiria o espaço em que vive? Se
assim o fazemos é porque assim aprendemos. Nossos bisavós muito pouco sabiam
sobre os efeitos do descarte de plástico na natureza, por exemplo, então, não
tinham nem motivos para adotar quaisquer medidas preventivas. Assim,
naturalmente, nossos avós assim aprenderam e também ignoraram o problema. E
então vieram nossos pais e, depois, a gente… Este é o círculo em que
permanecemos enquanto inconscientes: neste lugar, todos são culpados, mas
ninguém tem culpa. A informação é e sempre será a mais valiosa ferramenta em
favor da consciência.
O que é que tem valor?
Para mim, está muito claro que temos vivido uma
importante inversão que nos leva a valorizar mais a moeda do que o indivíduo,
mais o dinheiro do que a vida. E, veja, não quero, com isso, dizer que o dinheiro não tem importância. Ele tem, e tem uma
importância fundamental!
Como sempre digo, nós, humanos, somos seres
gregários e precisamos da relação com o outro para validar nossa existência;
neste sentido, o dinheiro é um dos muitos instrumentos de que dispomos para
construir essa troca. Para além disso, é importante ressaltar que as moedas
caracterizam e organizam sociedades, ainda que mudem de valor conforme as
circunstâncias.
Dito isso, a minha defesa é que, bem, o dinheiro
tem uma função indispensável dentro de uma sociedade: ele é responsável por
ligar, relacionar e estimular as pessoas a fazerem uso de sua capacidade
gregária. Por isso, quando seu uso é feito de maneira saudável e quando seu
valor está disponível de maneira democrática, absolutamente todos saem
ganhando.
No entanto, estamos vivendo e construindo uma
realidade exatamente inversa em que, de uma forma ou de outra, todos saem
perdendo! De volta ao caso de Brumadinho, não há um único vitorioso nesta
tragédia. A ganância, o imediatismo e a falta de consciência de um grupo
prejudicou a todos, inclusive a eles próprios – em última instância porque,
agora, serão suas gerações futuras as responsáveis pelo árduo trabalho de
tentar consertar os seus estragos.
Enfim, o que quero dizer é que, bem, eu reconheço
que será preciso debater e rever os pontos fortes e fracos do nosso atual
sistema econômico para que se possa levar a cabo a transformação que proponho.
Mas, até lá, há passos mais simples, práticos e imediatos que esse, e que estão
acessíveis a todos nós.
E é este o meu convite hoje. Que, juntos,
coloquemos a moeda e seu valor no seu devido lugar, no lugar que de fato lhes
pertence e lhes cabe. E, então, com toda a nossa autoconsciência, inteligência emocional e amor-próprio, olhemos para o lado e reflitamos:
Quais gestos de solidariedade
estão ao nosso alcance?
Quais
ações podemos adotar para privilegiar vidas em detrimento ao dinheiro?
Para dar
mais valor às pessoas do que à matéria?
Para sobrepujar
o amor a sede por riqueza?
Como
podemos trabalhar conscientemente pela preservação (e romper o ciclo
inconsciente de destruição)?
Adote ações práticas, mesmo que lhes pareçam
pequenas.
As moedas sempre mudam de valor. Algumas,
inclusive, desaparecem. A riqueza financeira é efêmera. Mas a humanidade, com
toda sua resiliência e capacidade de adaptação, é o que sempre sobra ao final.
Então, o que é que você pode fazer hoje, agora,
para que sua contribuição tenha real valor?
Com amor e luz,
Heloísa Capelas
Sobre o Centro Hoffman
O
Centro Hoffman é referência mundial em treinamentos de Autoconhecimento.
Fundado há mais de 35 anos, está presente em 14 países com cursos, palestras,
workshops, programas de desenvolvimento individual, assim como outras
atividades e conteúdos que promovem a reeducação e o desenvolvimento das
Inteligências Emocional e Comportamental. No Brasil, a licença para aplicação
do treinamento é da especialista Heloísa Capelas.
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