O surgimento de ferramentas e soluções criadas para
facilitar e melhorar a vida das pessoas, principalmente aquelas cujos impactos
são realmente significativos no dia a dia de todos nós, sempre trouxe, junto
consigo, as consequências do mau uso dessas inovações.
O avião, por exemplo, criado com a finalidade de
reduzir o tempo de trajetos e viagens longas ou, até então, impossíveis de
serem realizadas, também vieram (e vêm) a ser uma das armas mais poderosas e
destruidoras utilizadas nas guerras.
Isso acontece também com duas das invenções mais
transformadoras da vida em sociedade dos últimos anos: a Internet e as redes
sociais. São tantas e tão obvias as vantagens da internet em nossas vidas que
não vale a pena elencar.
As transformações surgiram em uma velocidade sem
precedentes na história da humanidade. Mas, muitas vezes em velocidade maior,
cresceu o mau uso dessas inovações por pessoas que se aproveitam das mesmas
facilidades para praticar roubos ou outras infrações que costumavam realizar
antes do advento da vida virtual.
Nessa nova realidade, há alguns anos, as moedas
digitais como Bitcoins chegaram como uma revolução descentralizada do dinheiro,
mas ainda pouco usada no cotidiano das pessoas. Mesmo assim, as criptomoedas já
foram usadas de maneira prejudicial à sociedade, como pagamento de sequestros,
sendo apontadas como um problema.
Acontece que todos nós sabemos que sequestros
existem há milhares anos, e sequestradores exigiam bens para libertarem suas
vítimas. Não foi a tecnologia que "criou" esse mecanismo na
sociedade. O que aconteceu foi que o sequestrador, em um passado não muito
distante, substituiu o ouro e itens de valor por dinheiro estatal e, agora em
alguns casos, por bitcoins.
Da mesma forma, as redes sociais e os aplicativos
de mensagens – que modificaram de maneira profunda o modo como as pessoas se comunicam
e se informam – têm sido catalizadores das tão famosas Fake News e, portanto,
são crucificados como responsáveis por possibilitar sua disseminação.
O assunto ganhou muito destaque após os resultados
das eleições presidenciais norte-americanas, onde muito se especulou sobre a
influência das redes sociais na vitória do presidente eleito, Donald Trump. E
voltou com tudo agora no Brasil, no pleito que elegeu o candidato Jair
Bolsonaro como presidente do país.
Não há como negar que essas ferramentas aumentam de
maneira muito significativa a divulgação de notícias falsas. Mas, com a
Internet, todo tipo de informação e conhecimento circulam muito mais
rapidamente, e de modo infinitamente mais abrangente, do que acontecia há cerca
de 15 ou 20 anos.
Podemos ir ainda mais longe. Nos séculos 15, 16 e
17 houve, na Europa, a famosa "caça às bruxas", perseguição que
acontecia devido à crença de que era necessário punir e queimar pessoas que
"supostamente" praticavam rituais. Agora, voltemos para 2018. Em
agosto, quatro pessoas foram queimadas vivas no México por causa de boatos
espalhados por celular sobre supostos roubos de crianças. Épocas totalmente
diferentes em que esse tipo de barbárie não pôde ser contido. E ainda querem
colocar a culpa na Internet, redes sociais e aplicativos de mensagens?
O que seria, sem dúvidas, desastroso acontecer em
relação a qualquer uma dessas inovações é a fiscalização ostensiva pelo Estado
sobre a circulação de informações e até mesmo censura. Isso porque, dessa
maneira, estaríamos ferindo a liberdade de expressão da grande maioria em razão
do mau uso dessas ferramentas por grupos restritos de pessoas que agem de má
fé. Seria o mesmo que abrir mão de todos os benefícios trazidos, punindo todos
os usuários pelo erro de alguns.
Então não haveria alternativas para minimizar os
impactos das fake news? Sim, e elas já existem! E vêm do mercado! Neste caso
específico, temos o exemplo de alguns veículos de imprensa que criaram, durante
as eleições presidenciais, canais de checagem de informações que circularam de
maneiras diversas a respeito dos candidatos e de suas propostas.
E como saber qual a melhor alternativa? Seguramente
uma que seja única e obrigatória por força de lei não será, que é como o Estado
age. Quando aparece um problema, o processo de mercado via empreendedores surge
com diversas soluções, as pessoas adotam aquelas que acham melhores e elas
competem entre si. Além disso, com o passar do tempo, outras iniciativas podem
surgir, de acordo com as transformações pelas quais a tecnologia e a sociedade
passam e com as naturais mudanças de opiniões de cada indivíduo.
Portanto, soluções que venham do mercado são,
ainda, o único caminho ético e o melhor para que qualquer tipo de inovação
cumpra seu papel de melhorar a vida dos indivíduos e para a evolução da
sociedade.
Mateus
Baumer - Sócio da Bluelab e responsável pela Diretoria de
MKT e Vendas. Formado em Administração pela ESPM (SP), com
pós-graduação em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral, Mateus é um dos
sócios da Bluelab, responsável pela diretoria de marketing e vendas da
companhia. Nessa função, desenvolve a estratégia de vendas, sempre com foco na
evolução do modelo de negócios, na experiência do usuário e nas diversas
plataformas tecnológicas. Além disso, faz questão de participar da contratação
de todos os novos profissionais da empresa.
Bluelab
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