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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Mais de um milhão de pessoas têm indicação para cirurgia bariátrica no Estado de São Paulo


 Maioria dos pacientes ainda não tem acesso ao procedimento

Mais de um milhão de pessoas (1.078.000) têm indicação para fazer cirurgia bariátrica no Estado de São Paulo. Em todo o País, este número chega a 4,9 milhões. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Em 2017, o Brasil realizou 105.642 cirurgias no setor privado, um número 46,7% maior que em 2012 e 5,6% maior que em 2016, quando foram realizadas 100 mil cirurgias.
Para ter indicação para a cirurgia bariátrica, os pacientes precisam preencher uma série de critérios. O procedimento é permitido em pessoas com diabetes mellitus Tipo 2 (DM2), que possuam IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 Kg/m2 a 35 Kg/m2, e ausência de resposta ao tratamento clínico; em pacientes com IMC maior que 35, desde que tenham doenças associadas a obesidade; ou com IMC acima de 40, considerada obesidade mórbida, sem a necessidade de comprovar doenças causadas pela obesidade.
O cirurgião bariátrico Admar Concon Filho, que é membro da SBCBM, explica que, apesar do aumento do número de cirurgias realizadas, muitas pessoas ainda não conseguem fazê-las. “Por falta de acesso a um serviço de saúde, por medo ou até por falta de informação, muita gente não chega a realizar o procedimento. Se levarmos em conta que um milhão de pessoas têm indicação do Estado de São Paulo, se todas as cirurgias do País fossem realizadas apenas aqui (cerca de 100 mil por ano), levaríamos 10 anos apenas para atender esses pacientes. E, paralelamente a isso, temos o crescimento da obesidade que, em dez anos, será muito maior. É uma conta que não fecha”, comenta.

De acordo com ele, a obesidade é um dos grandes problemas de saúde pública. A Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, divulgada recentemente, aponta que 18,9% da população brasileira é obesa. O sobrepeso é uma realidade para 54% dos brasileiros.

“A cirurgia bariátrica deve ser o último recurso para uma pessoa emagrecer. Até para ter indicação, ela precisa comprovar que tentou – sem sucesso – outros métodos convencionais. No entanto, ela é uma opção que precisa ser considerada para reverter quadros de obesidade. O excesso de peso está totalmente ligado a muitos problemas de saúde e, na prática, vemos que o paciente submetido a uma bariátrica consegue melhorar ou curar diversas doenças associadas, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e problemas nas articulações, entre muitas outras. Isso não só melhora sua qualidade de vida, como também aumenta sua expectativa de vida”, explica.

Segundo Concon, a cirurgia bariátrica evoluiu muito nos últimos anos, o que proporciona mais segurança aos pacientes. “Hoje, temos a opção por videolaparoscopia, que é minimamente invasiva. Os riscos de uma cirurgia bariátrica são comparados aos riscos de uma cesárea ou de uma retirada de vesícula. Mas é importante destacar que o paciente precisa mudar seus hábitos e ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, tanto antes quanto após a cirurgia. Isso é muito importante para que os resultados sejam positivos”, reforça.






Admar Concon Fiho - cirurgião bariátrico e do aparelho digestivos, membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além de membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders.


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