Maioria dos pacientes ainda não tem acesso ao procedimento
Mais de um
milhão de pessoas (1.078.000) têm indicação para fazer cirurgia bariátrica no
Estado de São Paulo. Em todo o País, este número chega a 4,9 milhões. Os dados
fazem parte de uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Em 2017, o Brasil realizou 105.642 cirurgias no
setor privado, um número 46,7% maior que em 2012 e 5,6% maior que em 2016,
quando foram realizadas 100 mil cirurgias.
Para ter
indicação para a cirurgia bariátrica, os pacientes precisam preencher uma série
de critérios. O procedimento é permitido em pessoas com diabetes mellitus Tipo
2 (DM2), que possuam IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 Kg/m2 a 35 Kg/m2,
e ausência de resposta ao tratamento clínico; em pacientes com IMC maior que
35, desde que tenham doenças associadas a obesidade; ou com IMC acima de 40,
considerada obesidade mórbida, sem a necessidade de comprovar doenças causadas
pela obesidade.
O cirurgião bariátrico Admar Concon
Filho, que é membro da SBCBM, explica que, apesar do aumento do número de
cirurgias realizadas, muitas pessoas ainda não conseguem fazê-las. “Por falta
de acesso a um serviço de saúde, por medo ou até por falta de informação, muita
gente não chega a realizar o procedimento. Se levarmos em conta que um milhão
de pessoas têm indicação do Estado de São Paulo, se todas as cirurgias do País
fossem realizadas apenas aqui (cerca de 100 mil por ano), levaríamos 10 anos
apenas para atender esses pacientes. E, paralelamente a isso, temos o
crescimento da obesidade que, em dez anos, será muito maior. É uma conta que
não fecha”, comenta.
De acordo com ele, a obesidade é um
dos grandes problemas de saúde pública. A Pesquisa de Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do
Ministério da Saúde, divulgada recentemente, aponta que 18,9% da população
brasileira é obesa. O sobrepeso é uma realidade para 54% dos brasileiros.
“A cirurgia bariátrica deve ser o
último recurso para uma pessoa emagrecer. Até para ter indicação, ela precisa
comprovar que tentou – sem sucesso – outros métodos convencionais. No entanto,
ela é uma opção que precisa ser considerada para reverter quadros de obesidade.
O excesso de peso está totalmente ligado a muitos problemas de saúde e, na
prática, vemos que o paciente submetido a uma bariátrica consegue melhorar ou
curar diversas doenças associadas, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e
problemas nas articulações, entre muitas outras. Isso não só melhora sua
qualidade de vida, como também aumenta sua expectativa de vida”, explica.
Segundo Concon, a cirurgia bariátrica
evoluiu muito nos últimos anos, o que proporciona mais segurança aos pacientes.
“Hoje, temos a opção por videolaparoscopia, que é minimamente invasiva. Os
riscos de uma cirurgia bariátrica são comparados aos riscos de uma cesárea ou
de uma retirada de vesícula. Mas é importante destacar que o paciente precisa
mudar seus hábitos e ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, tanto
antes quanto após a cirurgia. Isso é muito importante para que os resultados
sejam positivos”, reforça.
Admar Concon Fiho - cirurgião bariátrico e do aparelho digestivos,
membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva,
Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva,
além de membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica e membro da International Federation for the Surgery of Obesity and
Metabolic Disorders.
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