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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Guerra comercial EUAxChina aumentará pressão no governo brasileiro eleito em outubro, aponta pesquisa da AMCHAM BRASIL


Pesquisa da maior Câmara Americana, entre 114 existentes fora dos EUA, ouviu 130 executivos de empresas brasileiras e multinacionais de múltiplos países, durante o seminário “As Novas Dimensões do Comércio Global” 


A tensão comercial global e o cenário de guerra entre os Estados Unidos trazem uma pressão extra para o novo governo brasileiro eleito em outubro. A Câmara Americana de Comércio (Amcham) entrevistou 130 executivos de empresas com operação no Brasil e identificou que 66% deles já trabalham com cenário de risco e impacto econômico e comercial nos negócios do País.  “Precisamos escolher um líder que priorize uma politica internacional com estratégia para o médio e longo prazo e, além da desburocratização do comércio. Observamos que, apesar dos riscos evidentes e crescentes, esses temas ainda aparecem de forma tímida nas discussões da nossa politica interna”, comenta Deborah Vieitas, CEO da Amcham Brasil, a maior Câmara Americana entre 114 existentes no mundo.  

De acordo com 53%, o cenário internacional traz um desafio adicional para o governo a ser eleito em outubro – a necessidade de dar maior prioridade ao comércio exterior como plataforma de transformação econômica do País. Na lista de prioridades, do novo presidente eleito, devem entrar o diálogo bilateral com os seus principais parceiros comerciais, em especial, os EUA e China. Outras ações prioritárias foram a simplificação e desburocratização das operações essenciais de comércio exterior (51%), identificação e eliminação de barreiras comerciais para o acesso aos mercados (20%) e políticas públicas para ampliar investimentos de empresas brasileiras no exterior (4%).

Países que deram prioridade ao comércio exterior tiveram crescimento expressivo nas últimas décadas. “Nos últimos 70 anos, todos os países que realmente conseguiram mudar de patamar econômico tiveram entre 40% e 50% do seu PIB como resultado da soma de exportações e importações”, contextualiza Deborah Vieitas, CEO da Amcham da Brasil.  Foi o caso de países como Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Cingapura, Hong Kong, Chile e Espanha. No mesmo período de tempo, o Brasil cresceu bem menos. “Se retirarmos da nossa avaliação histórica os períodos da monocultura da exportação, é muito difícil encontrar momentos da economia brasileira em que tenhamos tido mais do que 25% do nosso PIB como resultante da soma de importações e exportações”, complementa Vieitas.

Na visão da Amcham, a eleição de outubro é a chance de reverter este cenário de baixa participação brasileira no comércio internacional. A entidade vem realizando um trabalho de influência na agenda dos principais pré-candidato à presidência. Até o momento, os presidenciáveis Geraldo Alckmin (24/6), Álvaro Dias (18/6), João Amoêdo (14/5), Henrique Meirelles (23/4) e Ciro Gomes (14/3), já assinaram o compromisso de estudar as propostas da Amcham para inclusão no seu programa de governo. As propostas assinadas pelos candidatos foram dividas em quatro pilares de atuação: Segurança Jurídica e Atração de Investimentos, Modernização do Sistema Tributário, Integração do Brasil nas Cadeias Globais de Valor e Fortalecimento da Relação Bilateral Brasil – Estados Unidos. A Amcham está no aguardo da confirmação de agenda com os demais pré-candidatos. 


Inserção nas cadeias globais de valor

Para o trabalho de influência nas agendas dos presidenciáveis, a Amcham questionou os 130 executivos sobre a principal barreira à integração e inserção do Brasil nas cadeias globais de valor, 31% apontaram a insegurança jurídica e normativa para investimentos. Em seguida, vieram os custos poucos competitivos (27%), falta de acordos comerciais ou de investimento (25%), ausência de estímulos à internacionalização de empresas e financiamento e garantia às exportações (13%).

No que tange as negociações Brasil-Estados Unidos, 56% dos empresários gostariam de observar um governo brasileiro com uma postura mais ativa de diálogo na relação bilateral, se comprometendo com um horizonte de negociação mais concreto. Para 33%, o diálogo já deveria ser intensificado no curto prazo, de forma a evitar possíveis novas sobretaxas.

Sobre a Reforma Tributária americana no Brasil, a maioria ainda não sentiu efeitos negativos. Para 62%, a queda do IDP (Investimento Direto no País), está mais relacionado ao contexto de incerteza eleitoral. Dado do BC (Banco Central) mostra que o desempenho das aquisições e empréstimos de matrizes no exterior a suas filiais brasileiras teve queda de 30% nos primeiros quatro meses do ano em relação à 2017. Só 25% dos respondentes atribui esta diminuição a redução dos impostos nos EUA, visando atrair e manter recursos no país. 


Negociação via Mercosul

Apesar do cenário turbulento no comércio internacional, a maioria acredita que o risco de desglobalização aceleraria a concretização do tão discutido acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Para 58%, as chances de ser confirmado aumentaram em médio prazo devido ao esgotamento de um ciclo nacional-populismo(kirchnerismo e lulopetismo) nos dois principais sócios do Mercosul, mas dependeria da confirmação de um novo governo brasileiro pró-integração nas cadeias globais de valor. Outros 22% acreditam que o acordo será concretizado em curto prazo, independente do cenário eleitoral deste ano, e 18% não veem um desfecho positivo. “O certo é que hoje, o Mercosul é destino de apenas 14% das exportações brasileiras e existe um concreto potencial para aumentar essa fatia, se compararmos, por exemplo, com a União Européia que realiza 63% de suas exportações para os países que pertencem a esse bloco econômico”, diz Vieitas.

Além da União Europeia, 53% responderam que uma aproximação com a Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile) seria a opção de maior impacto comercial. Outros 35% optaram pela China, seguidas de Canadá (4%) e Japão (2%).





A PESQUISA 

A Amcham Brasil ouviu 130 executivos de empresas brasileiras e multinacionais de múltiplos países, durante o seminário “As Novas Dimensões do Comércio Global”, realizado nesta quarta-feira (25/7), em São Paulo. A Câmara Americana reúne no Brasil cerca de 5 mil empresas associadas, sendo 85% delas brasileiras, sendo a maior Amcham entre 114 existentes fora dos EUA. 


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