Levantamento inédito aponta que em onze anos, o
número de notificações de acidentes de transporte relacionados ao trabalho foi
de 43.781, em todo o estado
Os motociclistas de São Paulo são os que mais
morrem por acidentes de transportes relacionados ao trabalho no estado. Os
dados são de um levantamento inédito realizado pelo Ministério da Saúde com os
dados dos Sistemas de Informação de Agravo e Notificações (SINAN) e do de
Mortalidade (SIM). O estudo apontou 428 óbitos dos trabalhadores de duas rodas,
entre os anos de 2007 e 2016. Contando com todos os tipos de transportes, São
Paulo registrou 2.430 mortes no mesmo período. Para chegar a esta constatação,
foram considerados os acidentes ocorridos quando o trabalhador tem uma função
que envolve locomoção ou quando estava indo ou voltando do local de trabalho.
Em onze anos, o número de notificações de acidentes
de transporte relacionados ao trabalho, em São Paulo, foi de 43.781. Os anos de
2015 (5.097) e 2016 (5.438) foram os que apresentaram os maiores números de
notificações para um único ano. Em 2017, os índices caíram 46,6% no estado,
sendo registrados 2.902 acidentes quando comparados ao ano de 2016.
Em toda a região Sudeste, foram registradas 5.562
mortes, sendo 1.208 de motoristas de carros e 957 de caminhoneiros - as maiores
vítimas. Quando falamos em acidentes, a região Sudeste foi a com maior número
de registros. Foram 60.501 acidentes entre os anos de 2007 e 2016, tendo o seu
pico nos de 2015 (7.468) e 2016 (7.880). Em 2017, a região teve redução de 45,3%
nas notificações, com 4.303 registros quando também comprado ao ano anterior.
ACIDENTES DE
TRÂNSITO RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL
No Brasil, o estudo trouxe que, oito em cada 10
acidentes de trânsito relacionados ao trabalho foram sofridos por homens. Por
faixa etária, os jovens com idades entre 18 e 29 anos foram as maiores vítimas
(40,1%) e quase metade desses acidentes ocorreram nos estados da região Sudeste
(47,5%). Quando falamos em lesões, o Sinan registrou que 22,5% delas foram
ocorridas em membros inferiores e 15,7% nos superiores. Desses acidentes, 63%
evoluíram para incapacidade temporária.
O coeficiente de mortalidade, no Brasil, por
acidentes de transporte relacionados ao trabalho foi de 1,5 óbito a cada 100
mil. Entre os estados, destacam-se Rondônia (4,9), Mato Grosso (4,3), Paraná
(3,2) e Santa Catarina (3,1). De acordo com o Ipea, essas regiões possuem
fatores que contribuem para esse destaque como maior produto interno bruto
(PIB), maior concentração de riquezas, de número de veículos motorizados e de
viagens refletem no maior volume de tráfego e de acidentes nesses estados.
AÇÕES DE
VIGILÂNCIA E PREVENÇÃO
A partir de cooperações com a Polícia Rodoviária
Federal (PRF), monitoramento pela Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (Renast) e Desenvolvimento do Projeto-vida-no-trânsito, a partir de
2010, o Ministério da Saúde tem conseguido priorizar a intervenção nos fatores
de risco para acidente de trânsito, como o consumo de bebida alcoólica e
velocidade inadequada para a via, além de priorizar determinados grupos de
vítimas, como os motociclistas, a partir das análises de situação. Importantes
avanços para a prevenção de acidentes de trânsito estão sendo obtidos no país, a
partir da implementação da Política Nacional sobre o álcool, por meio do
Decreto nº 6.117/2007, que contempla, entre suas diretrizes, o tema “associação
álcool e trânsito”, e da alteração do Código de Trânsito Brasileiro, por meio
da Lei nº 11.705 (“Lei Seca”), instituída em 2008.
Outra ação que conta com a participação do
Ministério da Saúde e que tem contribuído para a conscientização da população
no trânsito é o Rodovida. Os trabalhos
começaram em 22 de dezembro de 2017 e foram concluídos em 18 de fevereiro deste
ano, período em que foram contabilizados 2.930 feridos graves, contra 3.012 no
ano anterior.
SAÚDE DO
TRABALHADOR
A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (RENAST) foi criada em
2002, pela Portaria 1.679, com objetivo de disseminar ações de saúde do
trabalhador, articuladas às demais redes do Sistema Único de Saúde. Fazem parte
desta Rede os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), que têm como
objetivo realizar apoio para o desenvolvimento das ações de saúde do
trabalhador em todos os níveis de atenção, bem como executar ações de
fiscalização, investigação e análise de causalidade entre o trabalho e o
adoecimento. No Brasil, atualmente existem 214 centros habilitados, sendo 27
estaduais e 187 regionais.
Em 2012, a fim de fortalecer as ações em saúde do
trabalhador, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 1.823, com ênfase na
Atenção Integral à saúde, na Vigilância, na Promoção e Proteção da saúde do trabalhador
e na Redução da morbimortalidade, a partir da análise dos modelos de
desenvolvimento e processos produtivos.
Victor Maciel
Agência Saúde
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