Seis passos para que você se respeite e seja
respeitada
Mesmo
ainda não sendo maioria nos cargos de direção e chefia no Brasil, é cada vez
mais comum vermos mulheres se destacando como líderes de grandes empresas e
corporações.
Entretanto,
a chegada até altos postos de comando não significa que as dificuldades
terminaram. Pelo contrário, muitas dessas mulheres continuam sofrendo
preconceito e algumas delas até mudam seu jeito de ser para se imporem e
adquirirem respeito em ambientes dominados pelos homens.
Basicamente,
na experiência profissional experimentei 3 tipos de preconceitos. O primeiro
foi a discriminação de gênero. Uma visão machista de que as mulheres não
conseguiam realizar tarefas consideradas especificamente do mundo masculino.
Outro obstáculo foi a necessidade de posicionamento de não conivência com o
assédio sexual que permeava o ambiente corporativo de uma forma invisível e
nociva, e que na minha opinião uma das piores violências contra a mulher no
ambiente corporativo. Se traduz em relações sexuais com superiores ou até com
pares como moeda de troca para promoções ou manutenção de seus cargos.
Por
fim, outro obstáculo a ser superado era a disponibilidade integral para a
corporação em detrimento de tempo disponível para a convivência familiar.
Mulheres com filhos e compromissos familiares eram consideradas inaptas para os
altos cargos de comando.
O
contexto organizacional que experienciei entre 1990 até 2011 privilegiava o
comportamento masculino para cargos de gerência para cima, realidade essa ainda
relatada pelas clientes de processo de coaching. Essa
"masculinização" a que me refiro se traduz em comportamentos
específicos, tais como: objetividade, raciocínio lógico, frieza emocional, estratégias
e decisões precisas, capacidade de gerar pressão na equipe, efetividade e foco
exclusivo em resultados.
Em
certo momento da minha carreira tomei consciência de que fiquei habilidosa na
expressão desses comportamentos e consequentemente criei uma identificação (uma
personagem) totalmente encaixada nos padrões do executivo que o mercado exigia.
Usava terninhos de segunda a sexta-feira, cabelos e unhas impecáveis e um
endurecimento emocional. Descobri na prática que ficamos bons naquilo que treinamos
mais e adquirimos um certo poder que nos faz manter esses status quo. Em
determinado momento, percebi que toda essa trajetória e sucesso tão almejado já
não me satisfazia mais. Minhas decisões muitas vezes eram mais frias do que as
dos próprios homens em cargos similares. As dificuldades para expressar
sentimentos e comportamentos de acolhimento, afetividade e leveza
(comportamentos de um feminino equilibrado) já se refletiam inclusive no
ambiente familiar. No dia que acordei e senti que não queria mais fazer aquilo
com a minha vida, foi o começo do fim.
Penso
que somos livres e podemos criar a realidade que sonhamos para as nossas
carreiras. A minha dica é que façamos escolhas conscientes assumindo todos os
prós e contras. Se o sonho é construir uma carreira como uma grande gestora no
mundo corporativo siga em frente e atente-se para algumas dicas:
1. Valorize-se: Não tenha
nenhuma dúvida de que a mulher pode fazer a mesma coisa que qualquer homem.
2.
Princípios e valores:
Tenha clareza dos seus princípios e valores. Questione-se sempre: O que não me
corrompe?
3.
Valide seus talentos:
Potencialize os seus talentos, pois é isso, que te possibilita a entrega de um
diferencial e desenvolva e faça gestão dos pontos fracos.
4.
Prepare-se tecnicamente:
Invista tecnicamente para atuar na profissão/cargo/função que escolher.
5.
Prepare-se emocionalmente:
Esteja sempre focada no amadurecimento emocional e aprenda sobre as
inter-relações, no nível intrapessoal e interpessoal.
6.
Atreva-se: Assuma
quem você é! Não se permita corromper-se por modelos estereotipados.
Nelma
Sá - administradora de empresas, educadora, coach e vice-presidente da Unipaz
São Paulo. A executiva já passou por esses desafios e hoje ajuda mulheres nessa
transição.
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