Os indicadores podem ser desânimo, apatia, tristeza
profunda e sentimento de culpa
Após
a chegada do bebê, muitas mães sentem que algo não está como antes.
Não apenas
a rotina da família que muda com a chegada da criança, o lado emocional e até
mesmo as condições físicas da mulher se modificam com o início da maternidade.
De acordo com a psicóloga e professora do curso de Psicologia da Universidade
UNIVERITAS/UNG, Silvia Sueli de Souza Maia, essas características podem ser
indício de depressão pós-parto, que é uma doença como outra qualquer, exige
tratamento com terapia e muitas vezes, com medicamentos. Saiba mais sobre essa
patologia e as dúvidas mais frequentes acerca do assunto.
O
que é depressão pós-parto?
A
depressão pós-parto (DPP) é um transtorno de humor que pode afetar as mulheres
após o nascimento do bebê. Não tem uma causa única e, provavelmente, resulta de
uma combinação de fatores biológicos, emocionais e sociais. Esta patologia
desencadeia sentimentos de tristeza, ansiedade e exaustão, que podem ser
extremos e interferir na capacidade de cuidar de si mesma ou do filho.
Geralmente, se manifesta por um conjunto de sintomas como irritabilidade, choro
frequente, sensação de desamparo e desesperança, diminuição da energia e
motivação, desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono, ansiedade,
sentimentos de incapacidade de lidar com situações novas. É importante conhecer
estes aspectos que demarcam consequências prejudiciais ao desenvolvimento cognitivo,
social e emocional das crianças. Na depressão pós-parto, há um aumento na
intensidade e na constância da apatia, sentimento de rejeição, falta de prazer,
que intensificam o sofrimento psíquico. Os custos emocionais ligados à doença
fazem com que a mãe interaja menos com a criança.
Com isso, os filhos de mães
que tiveram depressão pós-parto podem apresentar problemas de ajustamento
social na adolescência, com maior propensão à depressão, apatia e abuso de
substâncias psicoativas.
A
depressão pós-parto é uma condição comum?
É
relativamente comum a incidência do transtorno da depressão pós-parto. Um
levantamento mundial estima que cerca de 60% das mães passam por uma forte
melancolia após esse momento, conhecida como baby blues. No Brasil, cerca de 40%
das puérperas desenvolvem depressão, sendo que 10% apresentem a sua forma mais
severa, denominada depressão pós-parto. Recomenda-se que psicoterapia e
acompanhamento médico sejam realizados por mulheres que vivenciam esse tipo de
transtorno. Aquelas que desenvolvem depressão pós-parto possuem maior risco de
desenvolver depressão em outro momento da vida. Se não for tratada, a doença
pode durar vários meses.
A
depressão pós-parto costuma gerar muita culpa na mulher. Da mesma forma, o
julgamento das pessoas ao redor também pode agravar o quadro. Como podemos
explicar que a depressão pós-parto não é culpa da mãe?
Embora
sem culpa alguma, as mulheres costumam se sentir responsáveis pelo inevitável
afastamento de seus filhos que a depressão pós-parto gera, com descompensações
psíquicas e tentativas frustrantes de atenuar as ações do
transtorno.
Quanto
tempo após o parto a depressão costuma aparecer?
Esse
transtorno tem seu início em algum momento durante o primeiro ano do pós-parto,
havendo maior incidência entre a quarta e oitava semana após o nascimento da
criança e podem durar meses, se não tratado de maneira devida.
Por
que a depressão pós-parto acontece?
A
depressão pós-parto, via de regra, ocorre quando a mulher e mãe já possui
histórico de depressão durante a gravidez ou em outros momentos da vida, possui
um diagnóstico de transtorno bipolar ou teve depressão pós-parto após uma
gravidez anterior. Ainda é possível se justificar pelo fato de ter membros da
família que tiveram depressão ou ainda outros problemas de estabilidade do
humor; se experimentou eventos estressantes durante o período da gravidez, como
complicações, doença ou perda de emprego, se o bebê nasceu com problemas de
saúde ou alguma deficiência; tem dificuldade em amamentar; está experimentando
problemas em seu relacionamento com seu cônjuge ou outro significativo; possui
um sistema de apoio fraco, quer do cônjuge ou de familiares ausentes; possui ou
está com problemas financeiros ou ainda se a gravidez não foi planejada ou foi
indesejada. Os fatores podem ser os mais diversos.
É
possível tomar medicamentos para tratar a depressão mesmo durante o período de
amamentação?
É
possível tomar medicamentos durante a depressão pós-parto no período da
amamentação desde que seguindo rigorosamente a orientação de um especialista.
O
tratamento médico da depressão pós-parto deve envolver, no mínimo, três tipos
de cuidados: ginecológico, psiquiátrico e psicológico. Além da preocupação dos
profissionais de saúde com o problema, são muito relevantes os cuidados
sociais, comumente envolvidos com o desenvolvimento da depressão no período
puerperal. Enfatiza-se a necessidade para o tratamento da depressão pós-parto
para preservar uma vida adaptada da mãe, bem como para prevenir distúrbios no
desenvolvimento do bebê e um bom relacionamento conjugal e familiar. Para
tratamentos, a Psicologia de pacientes com quadro de depressão pós-parto tem-se
destacado com o sucesso a abordagem cognitivo-comportamental.
A
depressão pós-parto é mais comum no primeiro filho ou pode acontecer em
qualquer gravidez?
Não
há registro de a incidência da depressão pós-parto ser mais comum após o
nascimento do primeiro filho. Pode se desenvolver após o nascimento de qualquer
criança.
Como
os parentes podem ajudar uma pessoa que tem depressão pós-parto?
Muitos
maridos e familiares pensam que algumas mulheres, após o parto, ficam
desanimadas, tristes e choram o tempo todo por estarem cansadas, porém pode ser
indício de depressão pós-parto. Temos que ficar atentos à falta de apoio da
família em alguns momentos complicados, para evitar a ocorrência do transtorno.
Os indicadores de depressão pós-parto podem ser desânimo, apatia, tristeza
profunda e sentimento de culpa. Em alguns casos, a mãe rejeita a criança por se
sentir incapaz de cuidar do bebê e por não se considerar uma boa mãe. Esse
transtorno leva a mudança de humor, que pode ser de grau moderado a
grave.
Existe
alguma maneira de prevenir a depressão pós-parto?
A
depressão pós-parto pode ser evitada. Recomenda-se que sejam criados
projetos de apoio à gestante. Faz-se necessário criar programas preventivos de
saúde pública com a finalidade de identificar a sintomatologia do quadro. A
sugestão do psicólogo Manoel José Pereira Simão, é que se ofereçam às grávidas
terapias, grupos de discussão e orientação médica. Ele sugere que sejam criados
programas alternativos de tratamento como acupuntura, massagem e relaxamento.
Essas práticas são apontadas por pesquisadores como minimizadoras do sofrimento
causado pela depressão pós-parto. Para prevenir esse transtorno é necessário
identificar fatores de risco como depressão anterior, conflitos conjugais,
ausência de suporte social, ou seja, falta de apoio do pai da criança ou de
familiares durante a gestação tendo sido ela planejada ou não.
O
que pode acontecer se a depressão pós-parto não for tratada?
São graves e, por vezes,
irreversíveis, as consequências do não tratamento da depressão pós-parto. O seu
não tratamento pode incluir: suicídio e/ou infanticídio, este em proporção
menor, negligências na alimentação do bebê, bebê irritável, vômitos do bebê,
morte súbita do bebê, machucados "acidentais" no bebê, depressão do
cônjuge e divórcio; já as tardias seriam: criança maltratada, desenvolvimento
cognitivo inferior, retardo na aquisição da linguagem, distúrbio do
comportamento e psicopatologias no futuro adulto.
Desta forma, as repercussões
de uma depressão pós-parto são múltiplas. A mulher que está sofrendo da
síndrome corre o risco de suicídio, como em qualquer outra situação depressiva;
as relações interpessoais são perturbadas; o casal - se for o caso - também
sofre, o que pode provocar uma ruptura e, por fim, as interações precoces
mãe-bebê são alteradas, comprometendo o prognóstico cognitivo-comportamental do
bebê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário