Amanhã (4 de abril), comemora-se o Dia Nacional do
Parkinsoniano e a psicóloga do Hospital Santa Casa de Mauá, Valéria Xavier faz
alguns alertas sobre os cuidados que se deve ter com os portadores da Doença de
Parkinson
Segundo Valéria Xavier, essa doença é neurodegenerativa
com maior índice entre os indivíduos da terceira idade, provocando tremor,
rigidez e instabilidade postural. Não existe etiologia que defina a ocorrência
da degeneração, no entanto, sabe-se que ocorre uma diminuição na produção da
dopamina.
Sintomas como tremor, lentidão de movimentos, fala
sussurrada e baixa, perda de expressão facial, dificuldades para andar, entre
outros podem causar um grande impacto psicológico em um indivíduo com
Parkinson. Quando o tremor é o sintoma predominante, esconder é a tendência
usual dos parkinsonianos, possivelmente devido aos olhares curiosos das outras
pessoas. Dificuldades no movimento também é um agravante. Por causa disso,
muitos se excluem e se isolam da convivência de outras pessoas.
Se a fala está comprometida, o paciente tende a ficar
mais calado, passando a impressão de ignorar ou de não entender a conversa e a
fala dos outros. Quando há perda de expressão facial, as pessoas acreditam que
o portador da doença não tem emoção. Outro grande causador de problemas
psicológicos é a dificuldade na marcha. Esse sintoma compromete e muito a interação
do parkinsoniano com o mundo, pois tende a se isolar e se recusar a sair de
casa. Cerca de 40% dos portadores da doença apresentam depressão antes do
diagnóstico, devido ao impacto na vida (pessoal, profissional e social)
causados por esses e outros sintomas. Após o diagnóstico, a tendência é que o
estado psicológico do paciente fique mais comprometido.
Geralmente, o comportamento inicial da pessoa que
descobre que é portadora de Parkinson é de negar a doença. Às vezes, nem a
própria família sabe que a pessoa tem a doença. Já outros pacientes não tentam
encobrir os sintomas da doença, mas apenas aceitam a doença sem dar muita
importância ao tratamento, o que a médio e longo prazo poderá ser crítico e
prejudicial para sua saúde e qualidade de vida.
Importância do apoio familiar e psicológico
Ninguém está preparado para adoecer e a possibilidade de
adoecimento de um familiar gera grande expectativa, sobretudo quando se trata de
uma doença crônica e incapacitante. A repercussão da doença envolve aspectos
biopsicossociais, sendo necessário elaborar as mudanças e as consequências do
processo de adoecer, principalmente no que diz respeito à forma como a família,
o trabalho e as relações sociais são afetados.
A família é a fonte mais importante de apoio social,
exercendo grande influência na saúde e na doença, uma vez que o suporte social
compreende a forma de relacionamento interpessoal que dá ao indivíduo um
sentimento de proteção e apoio capaz de propiciar redução de estresse e
bem-estar psicológico. Um sistema de apoio social deve envolver o aspecto
emocional, onde a pessoa se sinta amada, protegida e cuidada, o aspecto
valorativo, que implica um sentimento de autoestima, consideração e respeito e
ainda um aspecto não menos importante que é a comunicação, que gera o
sentimento de pertencer a uma rede onde o acesso às informações são
compartilhadas por todos.
Desta forma, a família, como apoio social, deve favorecer
trocas afetivas, cuidados mútuos e uma comunicação franca e precisa entre
familiares, paciente e equipe médica. Esta dinâmica favorece no indivíduo a
sensação de acolhimento e apoio que lhe dá força para enfrentar o estresse e
elevar a autoestima.
A participação da família no processo de adoecimento do
indivíduo acontece desde a percepção dos primeiros sintomas como em todo o
processo de aceitação e convivência com a doença. É preciso que a família se
coloque no lugar daquele que necessita de cuidados. Compreender que a
frustração pela incapacidade e redução de autonomia de um familiar é um
sentimento comum entre os membros da família, embora cada um possa reagir de
uma forma. Vale sempre lembrar que a afetividade, o respeito e a comunicação
clara e eficaz devem sempre ser a base para um bom sistema de suporte social,
onde não só o aquele que está doente precisa de apoio, mas todos os membros da
família. Viver com a doença de Parkinson pode ser menos complicado quando
pacientes e familiares compreendem o que está acontecendo.
Oacompanhamento psicológico é fundamental e importante
para melhorar a qualidade de vida. Autoconhecimento e reconhecimento da
necessidade de ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem para enfrentar
um problema, seja qual for. Além da psicoterapia, a intervenção farmacológica
com medicamentos ansiolíticos e/ou antidepressivos pode ser um grande auxilio
para melhorar o estado emocional do paciente.
Sentimentos como raiva e frustração podem ser indicativos
da importância de entendimento e cooperação para ajudar os pacientes e
familiares a se adaptarem às mudanças necessárias. Relatar para seu médico e/ou
terapeuta para obter informações sobre qualquer sintoma que seja confuso,
frustrante e, até mesmo, assustador, permitirá que os pacientes e seus
familiares tenham melhores condições de entendê-los e conhecer as perspectivas,
trazendo maior confiança para lidar com eles.
O tratamento psicológico é de longa duração, envolve não
só o paciente, mas os que com ele convivem. Todos, em conjunto, devem oferecer
recursos físicos e, principalmente, afetivos através dos anos, para que o
tratamento seja conduzido com tolerância, cautela e compreensão e muita
autoestima. É comum pacientes relatarem ter medo, depressão, estresse,
ansiedade, às vezes, decorrentes da medicação utilizada para suprir a escassez
da dopamina no cérebro, como também, decorrente dos sintomas e sua evolução.
O papel do psicólogo no acompanhamento de pessoas com
Doença de Parkinson é de grande eficácia, pois o seu papel neste processo de
intervenção pode garantir um controle no uso da medicação e promover melhoria
no cotidiano tanto do portador da doença como nos seus cuidadores, mas é
preciso que haja um trabalho interdisciplinar com auxílio de profissionais como
fisioterapeutas, nutricionistas, médicos, enfermeiros e outros, para que juntos
possam proporcionar uma melhora significativa na vida do paciente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário