No mês de conscientização sobre a prevenção
do suicídio, o CISA alerta que o álcool pode estar associado ao risco aumentado
de suicídios e a preocupação é que seu consumo por menores de idade tem
crescido nos últimos anos
Um problema de saúde pública que pode ser evitado em 90% dos casos, mas que, pelo contrário, é responsável por uma morte a cada 40 segundos. O suicídio, que ganhou repercussão mundial com a série “13 reasons why” e com o jogo Baleia Azul, tem crescido entre a população jovem. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a segunda maior causa de morte de pessoas com idades entre 15 e 19 anos no mundo. No Brasil, o Mapa da Violência de 2014 mostra que, entre 2000 e 2012, a taxa de suicídio de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos aumentou em 40%, enquanto que entre jovens de 15 a 19 anos o índice cresceu 33%.
Especialmente para esta parte da população, o uso de álcool torna-se um fator de risco ainda mais significativo. O alerta é do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), uma das principais fontes de informação sobre o tema.
Segundo o estudo “Uso Adolescente de Substância e Comportamento Suicida: Uma Revisão com Implicações para Pesquisa em Tratamento”, o uso de substâncias amplia o risco de comportamentos suicidas, sendo que adolescentes suicidas apresentavam elevadas taxas de uso de álcool e drogas ilícitas.
“Entre os adolescentes a partir de 16 anos, o consumo de álcool e o abuso de substâncias aumentam consideravelmente o risco de suicídio em tempos de sofrimento”, afirma Dr. Arthur Guerra, presidente executivo do CISA.
Ele explica que o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes compromete o sistema nervoso central (SNC), que ainda se encontra em desenvolvimento. Desta maneira, suas vias neuronais podem se tornar mais suscetíveis aos danos causados pelo álcool, podendo levar ao comprometimento de várias funções. Sob os efeitos do álcool, os jovens ficam mais propensos a comportamento de risco – incluindo brigas, sexo desprotegido ou não consensual, acidentes automobilísticos e suicídio.
Bastaria então que o consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade não ocorresse para que nossos jovens estivessem mais protegidos, correto? Correto, mas não é isto que vem acontecendo no Brasil.
Dados da
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que, entre alunos de 13
a 15 anos, a experimentação de álcool subiu de 50,3% em 2012 para 55,5% em
2015. Além disso, 21,4% desses adolescentes relataram já terem sofrido algum
episódio de embriaguez na vida. A pesquisa mostrou também que meninas dessa
faixa etária estão bebendo mais que os meninos, sendo que a taxa de
experimentação de álcool é maior entre elas (56,1% vs. 54,8%) e também o uso de
álcool nos últimos 30 dias (25,1% vs. 22,5%).
Em 2016, o
Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) avaliou 74.589
adolescentes de 1.247 escolas em 124 municípios brasileiros. Cerca de 20% dos
adolescentes consumiram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez nos últimos 30
dias e, desses, aproximadamente 2/3 o fizeram em uma ou duas ocasiões no
período. Entre os adolescentes que consumiam bebidas alcoólicas, 24,1% beberam
pela primeira vez antes de 12 anos de idade.
“Precisamos
colocar essas questões na agenda pública e priorizá-las. O diálogo com a
sociedade a respeito do tema também deve ser ampliado. Não podemos esperar a
repercussão de outra série ou jogos suicidas para falar sobre o assunto, por
isso ações voltadas à conscientização sobre a prevenção, como o Setembro
Amarelo, são importantes para jogar luz sobre o problema”, defende Dr. Arthur
Guerra.
Centro
de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA
https://www.facebook.com/ pages/CISA-Centro-de-
Informações-Sobre-Saúde-e- Álcool/166680883359856), Twitter (@CISA_oficial) e
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