Especialistas orientam população a redobrar cuidados
ao identificar placas que indicam o transporte de produtos perigosos
Em sua maioria, os
veículos que transportam produtos perigosos trafegam despercebidos pelas ruas e
rodovias do país em meio ao trânsito cotidiano. Não raro, eles ganham holofotes
somente quando protagonizam alguma catástrofe. Foi o caso de um caminhão
carregado de combustível, que explodiu em
julho deste ano na BR-277, no Litoral do Paraná, envolveu treze veículos e
resultou em três óbitos. A maneira correta de transportar produtos tais como
líquidos inflamáveis, explosivos, corrosivos, gases, materiais radioativos e
muitos outros, desperta dúvida e revela uma combinação alarmante de
desinteresse e desconhecimento da sociedade. Afinal, quais os perigos que esta
prática guarda à população e por que deve ser vista com mais atenção? A Perkons
ouviu especialistas no transporte de produtos perigosos para responder estas e
outras questões.
Entre
janeiro e setembro de 2015, foram registrados 249 acidentes de trânsito com
envolvimento de veículos que transportam substâncias perigosas - definidas em
nove classes pela
Organização das Nações Unidas (ONU). No mesmo período de 2016, foram 187
ocorrências, redução de 25%. Ainda comparando os mesmos intervalos de tempo, o
número de autuações aplicadas a este tipo de transporte teve uma queda de 55%.
Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável por fiscalizar o
transporte de substâncias perigosas no país. Apesar dessa diminuição nos
números, o instrutor na fiscalização rodoviária de produtos perigosos, Nilson
Restanho, lembra que a maioria dos acidentes com veículos que transportam este
teor é resultado de falha humana. “Falta conscientização dos motoristas em
saber os riscos da carga transportada e, em alguns casos, há exigência das
empresas quanto ao horário de entrega destes produtos, o que leva muitos
motoristas a agirem com imprudência, extrapolando as horas de trabalho ou
dirigindo com sono ou sob efeito de álcool”, elenca.
Ainda
que em um primeiro momento sejam associados a um cenário trágico, estas
substâncias estão presentes no dia a dia por meio de tintas, perfumes e
cosméticos, e participam significativamente da economia do país. Para se ter
ideia desta dimensão, estimativa da
Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim) de 2015 aponta que os
produtos químicos tenham a quarta maior participação no PIB (Produto Interno
Bruto) industrial no Brasil.
Assim,
o transporte delas acontece rotineiramente Brasil afora e, para proteger a
população e o meio ambiente de possíveis danos causados por um translado
inadequado, há normas específicas que regulamentam a prática. Uma delas, por
exemplo, proíbe o
transporte conjunto de produtos perigosos com animais, alimentos, medicamentos,
embalagens de mercadorias ou objetos destinados ao uso humano ou animal.
Para transportar produtos químicos, condutor deve atender
requisitos específicos
Os condutores que
transportam produtos perigosos devem ser habilitados nas categorias D ou E, e,
para tanto, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) elenca algumas
exigências. São elas: ter mais de 21 anos; não ter cometido infração grave ou
gravíssima nem ser reincidente em infrações médias nos últimos 12 meses; para
se habilitar à categoria D deve ser habilitado no mínimo há dois anos na B ou
há um na C, e para habilitar-se na categoria E deve ser habilitado no mínimo há
um ano na C; e passar pelo Curso MOPP (Movimentação Operacional de Produtos
Perigosos), conforme normatização do Contran.
Para
que informações importantes sobre a substância transportada - como a classe da
qual faz parte e os riscos que pode gerar - sejam comunicadas à população, os
veículos contam com painéis de segurança e rótulos de risco, conforme define a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A fixação e a quantidade desta
simbologia são estabelecidas pela
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Conforme explica o
especialista em Medicina de Tráfego, Henrique Shimabukuro, a leitura e o
entendimento destes sinais ajuda os demais usuários da via numa atitude
preventiva. “Ao identificar que o veículo transporta produtos perigosos, o motorista
deve redobrar os cuidados que já são comuns em qualquer circunstância, como
manter distância adequada e ter cautela para fazer ultrapassagens”, orienta.
Para
o gerente de gestão empresarial da Abiquim, Luiz Harayashiki, o transporte de
produtos perigosos deve ser encarado como prioridade, tanto por quem fabrica as
substâncias como pelos que a transportam. “O que se recomenda é a realização de
uma análise de riscos antes do transporte, com a implantação de medidas
profiláticas que atendam à legislação pertinente”, orienta. Entre as
iniciativas da entidade para conferir segurança à prática estão os programas
SASSMAQ (Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade),
com atenção às transportadoras, e o Olho Vivo na Estrada, que busca reduzir a ocorrência de
acidentes graves por meio da prevenção de atitudes inseguras dos motoristas
durante a distribuição de produtos químicos.
Outra
proposta é o sistema de informações Pró-Química que
fornece, gratuitamente pelo 0800 11 8270, orientações técnicas no caso de
emergências com produtos químicos. Aos que se depararem com situações de risco,
como acidente na estrada, o gerente instrui não entrar em contato com o produto
e comunicar o fato imediatamente às autoridades (polícia, bombeiro e
concessionária). “Caso seja possível, contribuirá muito se o indivíduo passar
as informações que estiverem legíveis nas placas de sinalização do veículo”,
completa.
Beatriz
Souza
Assessoria de Imprensa Perkons
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