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terça-feira, 25 de abril de 2017

Pesquisas sobre acidentes de trânsito em SP não refletem a realidade



Para especialista da Abramet, dados contabilizam apenas as vítimas “in loco”


Para Dirceu Rodrigues Alves Júnior, especialista em medicina de tráfego e diretor de comunicação da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), os dados divulgados semana passada pelo Infosiga (banco de dados do governo do Estado), que revelou aumento de 7% no número de mortos em acidentes de trânsito na capital paulista, não refletem a realidade, pois não mostram as mortes tardias, aquelas que ocorrem nos hospitais após o socorro no local. “Os dados do Infosiga contabilizam apenas as mortes ocorridas no local e não somam as mortes tardias, nos hospitais, decorrentes dos acidentes”, explica Rodrigues Alves.

Para o médico, o retrato real desta pesquisa deveria ser bem mais amplo e mostrar também as incapacidades temporárias e definitivas que resultam dos acidentes de trânsito. “Não podemos esquecer que estes acidentes de trânsito têm custos, os chamados custos médicos, que são cada vez mais elevados”, alerta o diretor da Abramet. “Muitos acham que o quadro se fecha no local da ocorrência, com o socorro in loco das vitimas, e não consideram as etapas posteriores. Às vezes, temos UTI’s lotadas com vítimas de acidentes de trânsito, não raro por ocorrências que poderiam muito bem ser evitadas”, acrescenta. 

Rodrigues Alves recorre aos estudos científicos para mostrar que, dentre as causas de acidentes de trânsito, a velocidade é dominante. “O cidadão não tem como hábito o respeito às regras de trânsito e as autoridades, por sua vez, passam ao achismo e deliberam absurdos”, afirma. Segundo ele, a velocidade precisa ser reduzida porque a cinemática do trauma mostra que, quanto maior a velocidade, mais grave são as lesões dos ocupantes. “A chegada de um politraumatizado do trânsito num pronto socorro tem custo elevado, que inclui a interrupção do trânsito, assistência pré-hospitalar, transporte terrestre ou aéreo, policiamento e ações dos agentes de trânsito”, revela. 

Estudo realizado na Inglaterra pela Transport Traffic Britânico mostra as consequências da velocidade no trânsito:

  • Acidente com veículo a 32 Km/h produz 5% de óbitos, 65% de lesionados e 30% de ilesos; 
  • Acidente com veículo a 48 km/h produz 45% de óbitos, 50% de lesionados e 5% de ilesos;
  • Acidente com veículo a 64 km/h leva 85% a óbito e 15% lesionados.

Na opinião do médico especialista da Abramet, é incompatível a relação do desenvolvimento humano, urbano, automotivo e mobilidade nos grandes centros. “Vias comprometidas por falta de manutenção, construções antigas e mal planejadas, que hoje não atendem à demanda. As calçadas e guias deixam os mais frágeis expostos a máquinas extremamente perigosas. São estreitas e irregulares, com desníveis e buracos. Tudo isso compromete aquele que se desloca a pé e que muitas vezes é obrigado a caminhar pelo asfalto”, afirma Rodrigues Alves. “Necessitamos de atitudes drásticas para atingirmos a mobilidade segura”, finaliza.




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