De que forma você se comporta no seu ambiente
de trabalho?
a) Às vezes, falo
muito. Às vezes, falo pouco. Depende do meu humor.
b) Falo o
estritamente necessário.
c) Falar é
essencial na minha rotina. Não há como ser diferente!
Se você, escolheu
a alternativa C, sem pensar duas vezes, muito provavelmente está entre os
profissionais que usam a voz como principal instrumento de trabalho. São várias
as categorias que se encaixam nesta situação. Quer alguns exemplos?
Professores, radialistas, músicos, repórteres, palestrantes, atores, dubladores
e por aí vai.
No caso deles, o
velho ditado “entrar mudo e sair calado” não combina nem um pouco. E detalhe:
não importa qual seja a jornada de trabalho. Enquanto estão na labuta não podem
se calar nem um minuto. Com isso, são mais vulneráveis aos problemas vocais.
A Otonorte, uma
das clínicas de Otorrinolaringologia mais tradicionais do Distrito Federal,
preparou uma série de curiosidades, dicas e esclarecimentos para quem escolheu
uma profissão que exige “soltar a voz”.
Você sabia...
·
que o processo de fonação é um mecanismo desenvolvido
ao longo de milhares de anos na natureza? Ele ocorre sobre uma estrutura que
inicialmente não era prevista para essa função - a laringe, onde há a exalação
do ar que vem dos pulmões e faz vibrar os músculos do trato vocal. Isso resulta
na fonação. Em resumo: o ar que inspiramos percorre um caminho em direção aos
pulmões. No trajeto de volta, ele passa pela laringe, onde ficam as cordas
vocais. Com a passagem do ar, elas (cordas vocais) vibram. Rapidamente, se
afastam e se aproximam. Aí, surge o som.
·
que profissionais da voz têm mais lesões do
que a população em geral? Isso não significa que os casos são mais graves, mas
a chance de ter é bem maior.
·
que levantamentos feitos por institutos e
sindicatos apontam que os problemas dessa natureza estão entre as principais
causas de afastamento do trabalho? Um deles foi feito, em 2010, pelo Centro de
Estudos da Voz, em parceria com o Sindicato dos Professores e a Universidade de
Utah, nos Estados Unidos. De acordo com o resultado, 35% dos entrevistados
relataram a existência de cinco ou mais incômodos. Os principais: rouquidão,
cansaço vocal, desconforto para falar, esforço para falar, garganta seca,
dificuldade para projetar a voz, instabilidade ou tremor na voz e dor na
garganta.
·
que a rouquidão é também chamada de disfonia?
Ela ocorre quando, por algum motivo, uma inflamação ou mesmo uma lesão se dá
sobre o músculo vocal.
·
que outro motivador da rouquidão é o mau uso
da voz? Não há um número exato de quantas pessoas sofrem com isso. Mas, sem
sombra de dúvidas, profissionais que falam exaustivamente são as principais
vítimas.
·
que um fator complicador da vida do professor
é o ambiente de trabalho? Quanto mais a turma está agitada e fala alto, mais
ele aumenta o volume da voz para ser ouvido. Isso sem falar que algumas escolas
mantêm o velho quadro negro, e o pó do giz ainda é um verdadeiro inimigo.
·
que o ideal, nesse caso, é usar um microfone
para não impactar tanto nas cordas vocais?
·
que a postura faz diferença? Ficar em pé
ajuda na respiração.
·
que cantores fazem um grande esforço para que
o canto saia de forma perfeita? Basta prestar atenção: a voz deles funciona
como uma espécie de instrumento musical. Eles precisam passar emoção e
expressão em cada verso e, por isso, a movimentação das cordas vocais, nesse
caso, é mais intensa.
·
que são comuns os casos de interrupção das
atividades por conta de doenças? Um exemplo disso é a cantora britânica Adele.
Em 2011, ela precisou ser operada para conter uma hemorragia nas cordas vocais.
Na década de 80, o comunicador Sílvio Santos também se ausentou durante um
tempo da TV por problemas na mesma área.
·
que todo profissional que usa muito a voz
deve ir com frequência ao otorrinolaringologista? Há quem defenda ser preciso
esperar algum sintoma, mas esse pensamento é errado. A visita periódica é uma
forma de prevenir. Se não houver nada errado, o especialista vai orientar. Caso
haja suspeita de problema, a investigação permitirá um diagnóstico precoce e um
tratamento imediato para evitar maiores danos.
·
que existe um exame chamado
videolaringoscopia? Trata-se de um instrumento indispensável, porque o exame
físico comum (oroscopia) não permite a visualização completa da laringe. Ele
identifica desde simples inflamações até diversos tipos de câncer. A vídeo é um
procedimento rápido, não dói e dispensa sedação. É feito em pessoas de qualquer
idade, no próprio consultório.
·
que a água é uma grande aliada? A hidratação
é fundamental para todas as pessoas. O ideal é ingerir 2 litros, em pequenas
doses, ao longo do dia.
·
que a maçã também é muito benéfica para a
laringe? Ela faz uma verdadeira limpeza na região. Estudos comprovam isso.
·
que uma alimentação balanceada faz bem?
Inclua na rotina alimentar fibras e proteínas.
·
que estão entre os vilões: café, chá preto e
diuréticos e nicotina? Eles causam secura nas mucosas e estimulam pigarros e
tosses. Isso sem falar que alteram o tom da voz.
·
que a poluição também compromete? Ela provoca
irritações e fragiliza a mucosa nasal.
·
que balinhas refrescantes e sprays não são
soluções? Eles apenas dão um “falso” alívio. Com isso, a tendência é achar que
está tudo resolvido e não perceber uma possível situação mais séria.
·
que é preciso evitar excessos vocais? Nada de
gritar. Procure falar pausadamente.
·
que fazer um repouso da voz, o máximo de tempo
possível, após a jornada, garante um alívio? Ou seja, fora do ambiente de
trabalho tente ficar um tempo em silêncio. Isso fará toda a diferença com o
tempo.
Dr. Diego Silva Wanderley - Formou-se em Medicina em 2008. Logo em seguida veio o título de
Especialista em otorrinolaringologia pela Associação Médica Brasileira e
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. O
currículo traz também especialização em Cirurgia Plástica de Face pelo
Instituto Brasileiro de Pós Graduação, em São Paulo. Dr. Diego atualmente
integra o corpo médico da Clínica de Otorrinolaringologia Otonorte, no Distrito
Federal. A carreira inclui o magistério. Ele é professor da disciplina de
Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina do Planalto Central/Faculdades
Integradas da União Educacional do Planalto Central.
Otonorte
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