A menos
de um mês do fim de 2017, grande parte dos brasileiros já sabe que entrará no
ano novo com algumas dívidas. Indesejável por todos, essa situação é também
inevitável para muitos: segundo pesquisa da empresa
de recuperação de crédito Recovery, divulgada pelo Data Popular no último mês
de julho, o brasileiro inadimplente deve, em média, três vezes o que ganha e,
em alguns casos, acumula até 20 dívidas diferentes.
Mas
o que fazer para se livrar das dívidas aos poucos? Organizar as finanças,
evitar gastos desnecessários e negociar para pagar o menor valor possível aos
credores. Embora não sejam nada fáceis, essas três medidas precisam ser
colocadas em prática – e, importante, ainda neste ano. Para começar, é
fundamental que os endividados não sejam vítimas do bombardeio de ofertas desta
época de festas e adquiram novas dívidas de longo prazo.
Devido
à facilidade oferecida no fim de ano, o consumidor quase sempre opta por
parcelar as compras no cartão crédito. Embora não haja cobrança de juros, a
divisão em valores menores acarreta uma grande quantidade de parcelas. Ou seja,
a compra dos presentes em dezembro será quitada apenas em julho, agosto ou até
depois. Será que isso vale mesmo a pena? Sem contar que, com a “renda extra” do
13º salário, muitos acham que o dinheiro se torna inesgotável. Mas, claro, não
é.
Mesmo
no curto prazo, uma reorganização pode ser feita para que as coisas se ajustem.
Para isso, é importante aprender a diferenciar crédito disponível de poder de
compra dentro do seu orçamento doméstico. Assim, mensure em uma planilha de
gastos quanto do seu rendimento vai para o pagamento de contas básicas (luz,
água, telefone, supermercado); quanto vai para outros gastos constantes
(impostos, prestação do apartamento/carro, combustível, plano de saúde,
cafezinho pós-almoço); e quanto sobra para o “poder de compra”. Apenas tendo
essa diferenciação, é possível saber em qual situação as finanças se encontram
e qual o tamanho do buraco.
A
partir disso, é essencial iniciar o corte de atividades supérfluas – aquela
viagem de fim de ano pode ser adiada; aquela pizza não é tão fundamental assim
durante a semana; seu cachorro pode sobreviver sem aquele brinquedinho; e seu
cabelo, com certeza, não precisa visitar o salão de beleza com tanta
frequência. Se essas medidas ainda não forem suficientes, converse com a
família e cheque se outros gastos podem ser cortados temporariamente do
orçamento. A TV por assinatura, por exemplo, pode ser eliminada até as contas
se acertarem. Já na ida ao supermercado, opte por marcas mais acessíveis, pois
aqueles poucos centavos que nunca foram levados em conta vão fazer sentido
nesse período.
Agora,
se você notou que já está com muitas dívidas, o primeiro passo é relacioná-las,
dedicar um tempo para entrar em contato com todos os credores e tentar negociar
o pagamento. Explique a sua real situação e tente retirar os juros e até
conquistar um desconto para pagamento à vista. Por último, uma alternativa que,
dependendo do planejamento, vale muito a pena, é concentrar todas as dívidas em
uma só, com um empréstimo para quitar todas elas. Assim, é possível ter noção
exata de quanto está pagando, com uma única taxa de juros.
Dora Ramos - orientadora financeira e
diretora responsável pela Fharos Contabilidade & Gestão Empresarial (www.fharos.com.br)