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quarta-feira, 2 de julho de 2025

MSD anuncia resultados positivos dos dois primeiros ensaios clínicos de fase 3 do programa CORALreef, que avaliam o decanoato de enlicitida para o tratamento de adultos com hiperlipidemia

O medicamento demonstrou reduções estatisticamente e clinicamente significativas no LDL-C nos ensaios de fase 3 CORALreef HeFH e CORALreef AddOn 

Enlicitida, um novo peptídeo macrocíclico, tem o potencial de ser o primeiro inibidor oral de PCSK9 aprovado 

 

A MSD, conhecida como Merck nos Estados Unidos e Canadá, anunciou os resultados positivos dos dois primeiros de três estudos clínicos de fase 3 que avaliam os perfis de segurança e eficácia do decanoato de enlicitida, um inibidor oral experimental da proproteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9) para o tratamento de adultos com hiperlipidemia que estão em uso de terapias hipolipemiantes, incluindo pelo menos uma estatina. Os ensaios CORALreef HeFH e CORALreef AddOn atingiram com sucesso seus desfechos primários e todos os desfechos secundários principais, demonstrando reduções estatisticamente e clinicamente significativas no colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) para enlicitida em comparação ao placebo (CORALreef HeFH) e em comparação a outras terapias orais sem estatina (CORALreef AddOn). Não houve diferenças clinicamente significativas nas incidências de eventos adversos (EA) e eventos adversos graves (EAG) em nenhum dos estudos. 

Os resultados dos três estudos de fase 3 do programa de desenvolvimento clínico CORALreef serão apresentados em um congresso futuro.

 

Principais conclusões dos estudos CORALreef HeFH e CORALreef AddOn:

  • CORALreef HeFH: reduções estatisticamente e clinicamente significativas no LDL-C para enlicitida versus placebo em adultos com hipercolesterolemia familiar heterozigótica (HFHe) que têm histórico ou estão em risco de doença cardiovascular aterosclerótica e são tratados com estatina.
  • CORALreef AddOn: reduções estatisticamente e clinicamente significativas no LDL-C para enlicitida versus ezetimiba, versus ácido bempedoico e versus ezetimiba e ácido bempedoico em adultos com hiperlipidemia que têm histórico ou estão em risco de doença cardiovascular aterosclerótica e são tratados com estatina.

No Brasil, até o momento em 2025 foram registradas mais de 176 mil mortes por doenças cardiovasculares.1 Essas doenças seguem sendo a principal causa de morte em todo o mundo.2A doença aterosclerótica e seus desfechos mais importantes, como infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), lideram entre os fatores responsáveis por essas mortes2, e o LDL-C é um dos principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento dessas condições. 3 Estima-se que aproximadamente 18% da população adulta viva com LDL-C aumentado3, sendo o controle dos níveis de LDL imprescindível para endereçarmos esse problema", destaca a Dra. Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil. 

Os perfis de eficácia e segurança de enlicitida estão sendo avaliados por meio do abrangente programa de desenvolvimento clínico de fase 3 CORALreef, que visa incluir aproximadamente 17.000 pacientes em vários ensaios, incluindo dois grandes ensaios em andamento, CORALreef Lipids e CORALreef Outcomes. No Brasil, o programa CORALreef envolveu 20 centros de pesquisa, localizados em São Paulo e Ceará.

 

Sobre CORALreef HeFH

CORALreef HeFH (NCT05952869) é um estudo de fase 3, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, multicêntrico, projetado para avaliar os perfis de segurança e eficácia da enlicitida em comparação com placebo em adultos com HFHe que têm histórico ou estavam em risco alto de um evento cardiovascular relacionado à doença aterosclerótica importante e são tratados com uma estatina de intensidade moderada ou alta com ou sem outras terapias hipolipemiantes. Os desfechos primários foram a variação percentual média em relação ao valor basal do LDL-C na semana 24, o número de participantes com um ou mais eventos adversos e o número de participantes que descontinuaram o medicamento do estudo devido a um EA. Os desfechos secundários incluíram a variação percentual média em relação ao valor basal do LDL-C na semana 52, a variação percentual média em relação ao valor basal do não-HDL-C (lipoproteína que não é de alta densidade), ApoB (apolipoproteína B) e a variação percentual na Lp(a) (lipoproteína(a)) na semana 24.

 

Sobre o CORALreef AddOn

CORALreef AddOn (NCT06450366) é um estudo de fase 3, randomizado, duplo-cego e multicêntrico, desenvolvido para avaliar os perfis de eficácia e segurança da enlicitida em comparação com a ezetimiba, o ácido bempedoico e a ezetimiba e o ácido bempedoico, em pacientes com hipercolesterolemia que tinham histórico ou alto risco de desenvolvimento de um evento cardiovascular relacionado à doença aterosclerótica e estavam em tratamento com estatina. O desfecho primário foi a variação percentual média em relação ao valor basal do LDL-C na semana 8. Os desfechos secundários incluíram a variação percentual média em relação ao valor basal do colesterol não-HDL e da ApoB.

 

Sobre enlicitida e PCSK9

Enlicitida é um novo peptídeo macrocíclico oral, em investigação, que se liga à PCSK9 e inibe sua interação com os receptores de LDL. Potencialmente o primeiro inibidor oral da PCSK9, enlicitida foi desenvolvido para reduzir o LDL-C por meio do mesmo mecanismo biológico dos anticorpos monoclonais injetáveis inibidores de PCSK9 atualmente aprovados, mas em forma de comprimido diário.

A PCSK9 desempenha um papel fundamental na homeostase do colesterol, regulando os níveis do receptor de LDL, responsável pela captação do colesterol pelas células. A inibição da PCSK9 com enlicitida impede a interação da PCSK9 com os receptores de LDL. Isso resulta em um maior número de receptores de LDL disponíveis na superfície celular para remover o colesterol LDL do sangue.

 

Sobre hiperlipidemia

A hiperlipidemia é um distúrbio caracterizado pelo excesso de lipídios ou gorduras no sangue, que afeta aproximadamente 86 milhões de adultos (com 20 anos ou mais) nos EUA. Apesar do ajuste da dieta ou de outros fatores de estilo de vida, alguns indivíduos podem não atingir os níveis de lipídios recomendados e precisarão de medicamentos para tratar e controlar a hiperlipidemia. A hiperlipidemia é um importante fator de risco para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC, que são responsáveis por 85% das mortes cardiovasculares.

 

O foco da MSD nas doenças cardiovasculares

A MSD tem uma longa história no desenvolvimento de tratamentos para doenças cardiovasculares. Há mais de 60 anos, lançamos nossa primeira terapia cardiovascular — e nossos esforços científicos para compreender e tratar distúrbios cardiovasculares continuam. As doenças cardiovasculares continuam sendo um dos desafios de saúde mais sérios do século XXI e a principal causa de morte em todo o mundo. Aproximadamente 18 milhões de pessoas em todo o mundo morrem de doenças cardiovasculares a cada ano; nos Estados Unidos, uma pessoa morre a cada 36 segundos por doença cardiovascular.

Avanços no tratamento de doenças cardiovasculares podem fazer uma diferença crucial para pacientes e sistemas de saúde em todo o mundo. Na MSD, buscamos excelência científica e inovação em todas as etapas da pesquisa, desde a descoberta até a aprovação e o gerenciamento do ciclo de vida. Trabalhamos com especialistas de toda a comunidade cardiovascular e pulmonar para promover pesquisas que possam ajudar a melhorar a vida de pacientes em todo o mundo. 

Informações sobre outros estudos cardiovasculares em andamento podem ser encontradas visitando: Link

   

Referências:

  1. Cardiômetro – Sociedade Brasileira de Cardiologia. Disponível em: Link (acesso: 09/06/2025)
  2. Cardiovascular diseases – World Health Organization (WHO). Disponível em: Link (acesso: 09/06/2025)
  3. Fatores associados ao LDL-Colesterol aumentado na população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde. Disponível em: Link (acesso: 09/06/2025)

 

Suriname vence a Malária: o Brasil vai ficar para trás?

Foto: Prefeitura de Caraguatatuba. 
País vizinho elimina a doença e mostra que o caminho para o fim da malária passa por acesso, prevenção e compromisso político. Uma lição urgente para o Brasil.

 

Enquanto o mundo acompanha avanços em inteligência artificial, terapias genéticas e medicina personalizada, uma velha conhecida da humanidade segue fazendo milhares de vítimas todos os anos: a Malária. Só no Brasil, foram mais de 130 mil casos em 2022. Uma doença que tem cura, tem prevenção, tem tratamento, mas que ainda não tem fim.

Por isso, o anúncio feito no final de junho pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chamou tanta atenção: o Suriname, pequeno país encravado na Amazônia, foi declarado livre da Malária. Um feito histórico. É o primeiro país da região a conseguir esse reconhecimento. E o mais importante: fez isso apesar das mesmas dificuldades que enfrentamos por aqui: floresta densa, comunidades isoladas, fronteiras ativas e desigualdade social.


O que é a Malária, afinal?

Apesar de conhecida, a malária ainda é cercada de desinformação. Trata-se de uma doença infecciosa transmitida por um mosquito específico, o Anopheles, que se prolifera em áreas com água parada e vegetação. Ao picar uma pessoa infectada, o mosquito se torna vetor do parasita e pode transmitir a doença a outras pessoas.

Os sintomas mais comuns são febre alta, calafrios, suor intenso, dor de cabeça e muito cansaço. Sem tratamento, a doença pode evoluir e causar complicações graves no fígado, rins, pulmões e até no cérebro.


Quem mais sofre?

No Brasil, a malária atinge principalmente a região Norte — Amazonas, Acre, Rondônia e Pará. Os mais afetados são os que vivem mais longe do sistema de saúde: populações indígenas, ribeirinhas e trabalhadores de áreas de garimpo. Nesses locais, muitas vezes não há médicos por perto, nem postos de saúde. O diagnóstico e o tratamento demoram a chegar, o que eleva o risco de complicações e de transmissão.


Tem cura? Tem prevenção?

Sim, e ambas são acessíveis. A malária tem cura, com tratamento gratuito oferecido pelo SUS. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações.
Entre as formas de prevenção estão o uso de mosquiteiros, roupas protetoras, repelentes e a eliminação de criadouros ao redor das casas. Campanhas educativas e medidas comunitárias são decisivas nas áreas de risco.


Por que o Suriname conseguiu?

O Suriname apostou no essencial: acesso, prevenção e informação. O país descentralizou o atendimento, levou testes rápidos às áreas mais remotas, capacitou profissionais locais e envolveu as comunidades no combate à doença. Mesmo com a queda no número de casos, o monitoramento continuou firme, estratégia fundamental para evitar novas ondas de transmissão.


“Eliminar a malária exige constância. Não basta agir durante os surtos; é preciso vigilância contínua”, explica a infectologista Dra. Carolina Larocca, professora do InfectoCast.


Foram mais de 20 anos de políticas públicas consistentes e planejamento nacional. O resultado veio agora: o reconhecimento da OMS e, mais importante, a proteção da população.


E o Brasil?

Temos recursos, profissionais e o SUS. Mas ainda enfrentamos barreiras como o desmatamento, o avanço do garimpo ilegal, a precariedade da atenção básica em regiões isoladas e os cortes no orçamento da saúde.


“A malária no Brasil persiste não por falta de tecnologia, mas por falta de prioridade. É uma doença que atinge quem já vive à margem — e, por isso, segue invisível para muitos”, destaca a Dra. Carolina Larocca.


O que podemos aprender?

A lição do Suriname é clara: dá para vencer a malária, mesmo com poucos recursos e grandes desafios. O que faz a diferença é a decisão de agir. Com planejamento, ciência e compromisso social, a doença pode deixar de fazer parte da realidade de milhões de brasileiros. Até lá, é preciso manter o tema vivo. Porque a informação também salva vidas. E a mudança começa quando entendemos o problema, e não aceitamos mais conviver com ele.


Dor ao urinar, ardência e desconforto que ninguém descobre? Pode ser mais do que infecção!

Cistite intersticial: o diagnóstico silencioso que afeta milhares de mulheres e ainda passa despercebido na maioria dos consultórios 

 

Ela sente dor para urinar. Ardência. Pressão na região pélvica. Uma sensação constante de que algo está errado. Vai ao médico, faz exame de urina… mas o resultado vem normal. Toma antibiótico, melhora por alguns dias… e logo os sintomas voltam. 

Essa história, cansativa, frustrante e solitária, se repete todos os dias na vida de milhares de mulheres. E, muitas vezes, o que parece uma infecção urinária que “não cura nunca” pode ser, na verdade, algo completamente diferente: cistite intersticial, também conhecida como síndrome da bexiga dolorosa.

 

O que é a cistite intersticial?

O urologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Alexandre Sallum Bull, explica: “A cistite intersticial é uma condição crônica e ainda pouco reconhecida, que provoca dor pélvica persistente, urgência urinária, aumento da frequência urinária e desconforto durante e após a micção. Diferente da infecção urinária tradicional, ela não tem relação com bactérias, por isso, o exame de urina costuma estar normal.” 

Trata-se de uma inflamação da parede da bexiga, que afeta os nervos e tecidos locais, gerando dor e uma série de sintomas que confundem médicos e pacientes. Por isso, o diagnóstico costuma ser tardio e o sofrimento, prolongado.

 

O ciclo do erro: quando o tratamento vira frustração

Um dos maiores desafios da cistite intersticial é o fato de ela imitar sintomas de infecção urinária. Isso faz com que muitas mulheres passem anos tratando o que acreditam ser uma ITU (infecção do trato urinário), tomando antibióticos repetidamente, sem melhora real. 

Enquanto isso, a inflamação crônica vai se agravando. O revestimento da bexiga fica cada vez mais sensível e vulnerável, a dor se intensifica, e o impacto na qualidade de vida especialmente emocional e sexual, se torna devastador.

 

Como diferenciar da infecção urinária comum?

Embora os sintomas possam parecer semelhantes, existem algumas pistas: 

  • Dor constante e sensação de pressão na bexiga, mesmo sem febre ou sinais claros de infecção;
  • Urgência urinária com urina clara e exames negativos;
  • Sintomas que pioram com determinados alimentos (como café, chocolate, refrigerantes, bebidas cítricas e apimentadas);
  • Histórico de múltiplos tratamentos para infecção sem resultado duradouro. 

Diante desse quadro, o ideal é procurar um urologista que tenha experiência com dor pélvica crônica e que possa investigar com mais profundidade. 

 

O diagnóstico exige paciência e escuta

Infelizmente, a cistite intersticial ainda é subdiagnosticada. Muitas pacientes ouvem que é “coisa da cabeça” ou que “precisam relaxar”. Mas não. A dor é real. O desconforto é verdadeiro. E existe tratamento. O primeiro passo é escutar a paciente com atenção, investigar com exames mais detalhados (como cistoscopia, questionários de sintomas e exclusão de outras causas) e descartar infecção ou alterações ginecológicas.

 

E o tratamento?

A cistite intersticial não tem cura definitiva, mas tem controle. A abordagem é sempre individualizada e pode incluir: 

  • Mudanças alimentares (com exclusão de irritantes vesicais);
  • Medicamentos orais e intravesicais (introduzidos diretamente na bexiga);
  • Sessões de fisioterapia pélvica;
  • Técnicas de relaxamento e manejo da dor;
  • E, em casos específicos, procedimentos mais avançados. 

O mais importante é saber que existe uma luz no fim do túnel. Quando a paciente é diagnosticada corretamente, sua vida muda. A dor deixa de controlar a rotina e ela volta a viver com liberdade, prazer e dignidade. 

Se você ou alguém que conhece sente dor pélvica crônica, desconforto ao urinar, vontade constante de ir ao banheiro e não encontra respostas… não aceite a normalização da dor. Pode não ser só “mais uma infecção”.

O Dr. Alexandre Sallum Bull conclui: “A cistite intersticial é real, séria e tratável, mas precisa ser reconhecida. E quando diagnosticada a tempo, pode ser transformada de uma sentença invisível em uma nova chance de viver sem dor.” 

 

Dr. Alexandre Sallum Bull - CRM 129592 - Médico Urologista. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)


Rock sim, surdez não: especialista alerta para os riscos do volume alto no Dia Mundial do Rock

Otorrinolaringologista da APM Santos explica como fones de ouvido e shows barulhentos podem causar perda auditiva irreversível, especialmente entre os jovens

 

Celebrado em 13 de julho, o Dia Mundial do Rock nasceu em homenagem ao icônico festival beneficente Live Aid, realizado em 1985, que reuniu grandes nomes do rock como Queen, Led Zeppelin e U2 em shows simultâneos transmitidos para o mundo inteiro. A data é uma celebração da cultura do rock, mas também pode ser um momento oportuno para lembrar de um alerta importante: o som alto que embala o gênero musical favorito de muitos pode trazer sérios danos à saúde auditiva — e, muitas vezes, de forma silenciosa.

 

Segundo o otorrinolaringologista Alexandre Wakil Burzichelli, da Associação Paulista de Medicina - Regional Santos (APM Santos), a exposição prolongada a volumes elevados, seja em shows ou com o uso de fones de ouvido, pode comprometer de forma irreversível as células sensoriais do ouvido interno, conhecidas como células ciliadas. “Essas células são responsáveis por captar os sons e, quando danificadas, não se regeneram. O prejuízo pode ser definitivo”, afirma.

 

Os principais problemas auditivos causados por essa exposição excessiva incluem perda auditiva, zumbidos constantes, hipersensibilidade a sons e a clássica sensação de ouvir, mas não entender, especialmente em ambientes ruidosos. “Mesmo sem dor ou incômodo imediato, a audição pode estar sendo afetada. O mais perigoso é que a perda auditiva provocada por sons altos pode ocorrer de forma lenta e só ser percebida anos depois, quando já está em estágio avançado”, alerta Burzichelli.

 

Com o avanço da tecnologia e o uso frequente de fones de ouvido, o problema se intensificou entre os jovens. Para o especialista, é fundamental seguir a chamada regra 60/60: usar os fones com no máximo 60% do volume máximo e por até 60 minutos seguidos, sempre com pausas. “Além disso, é melhor optar por fones que isolam o ruído externo, pois assim o usuário evita aumentar o volume para competir com o barulho ao redor”, orienta.

 

Outro cuidado essencial é com os shows e festivais de música, tão frequentes principalmente entre o público jovem. Nesses ambientes, o médico recomenda o uso de protetores auriculares específicos para música, manter distância das caixas de som e fazer pausas auditivas após longas exposições. “São medidas simples, mas que podem fazer toda a diferença para preservar a audição a longo prazo”, reforça.

 

Entre os sinais de alerta que indicam possível dano à audição estão a dificuldade para entender conversas, sensação de ouvido tapado, zumbidos persistentes e aumento frequente do volume da TV ou celular. Diante de qualquer um desses sintomas, é indicado procurar um otorrinolaringologista.

 

Neste Dia Mundial do Rock, a dica é curtir seus artistas favoritos com consciência. Como diz o próprio especialista: “O rock pode ser eterno, mas a audição não é. E ela merece o mesmo cuidado que temos com a nossa visão ou com o coração”.

 

 

APM Santos - Associação Paulista de Medicina – Regional Santos


Câncer de cabeça e pescoço cresce no Sudeste e reforça importância do diagnóstico precoce

Região é uma das que concentra maior número de casos no país

 

A campanha Julho Verde, mês de conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço, reforça a importância do diagnóstico precoce e da prevenção da doença. A Região Sudeste aparece como uma das áreas com maior número de casos no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), seguida pelas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. 

O INCA estima que, em 2025, o país registre 39.550 novos casos, sendo 15.100 de câncer de boca, 7.790 de laringe e 16.660 de tireoide. A maior parte dos casos afeta homens — especialmente os relacionados à cavidade oral e à laringe — enquanto os tumores de tireoide são predominantes entre as mulheres. 

Apesar da alta incidência, o dado mais preocupante é a forma como esses tumores têm sido diagnosticados. Um estudo publicado na revista científica The Lancet Regional Health - Americas, com base em dados de 2000 a 2017, mostra que cerca de 80% dos casos são identificados em estágio avançado, o que reduz drasticamente as chances de cura. 

“Esse é um dos maiores desafios que enfrentamos hoje: o diagnóstico tardio. Quando o câncer é descoberto em fases iniciais, as possibilidades de tratamento são muito mais eficazes e as chances de cura são significativamente maiores”, alerta o oncologista Diocésio Andrade. 

Ainda segundo o médico, quando identificado precocemente, o câncer de cabeça e pescoço apresenta mais de 70% de chance de cura.
 

Sintomas e prevenção

Os principais sintomas incluem feridas na boca que não cicatrizam em duas semanas, dor de garganta persistente, alterações na voz, nódulos no pescoço, dificuldade para engolir e manchas incomuns na cavidade oral. 

A prevenção, segundo Diocésio, passa por mudanças simples no estilo de vida: abandonar o cigarro, evitar o consumo excessivo de álcool, manter uma boa higiene bucal, usar protetor solar e consultar o médico regularmente. 

“Muitas doenças poderiam ser evitadas com atitudes simples no dia a dia. O câncer de cabeça e pescoço não foge a essa regra. Cuidar da saúde bucal, parar de fumar e prestar atenção aos sinais do corpo são atitudes que fazem toda a diferença”, comenta o oncologista. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, esses tumores podem se desenvolver em áreas como boca, orofaringe, laringe (cordas vocais), nariz, seios paranasais, nasofaringe, pescoço, tireoide, couro cabeludo e pele do rosto e do pescoço. 

“Precisamos encarar esses números como um chamado à ação, especialmente em regiões com maior incidência, como a nossa, que é o Sudeste. Levar informação de qualidade à população e garantir acesso ao diagnóstico precoce são passos essenciais para mudar essa realidade”, concluiu Diocésio Andrade.


SARS-CoV-2 infecta células dos testículos e usa seus recursos para se multiplicar

Células testiculares infectadas pelo SARS-CoV-2. A)  Proteína Spike viral
(em amarelo); B) Citoplasma repleto de lipídios contendo colesterol.
C e D) Partículas virais (setas) no lipídio e no interior de vesícula da célula
 (
imagem: Salmo Azambuja De Oliveira et al.
Frontiers in Cellular and Infection Microbiology
)

Pesquisa realizada com camundongos revelou que o vírus da COVID-19 utiliza células responsáveis pela produção de testosterona para se replicar, interferindo no metabolismo lipídico. Achado ajuda a explicar a queda do hormônio e, possivelmente, de colesterol em pacientes com quadros graves da doença

 

O vírus da COVID-19 sequestra a maquinaria de células testiculares que produzem o hormônio testosterona para conseguir se replicar. Além disso, se apropria das vias metabólicas dessas células e do colesterol – precursor da testosterona – alterando o metabolismo lipídico para sua formação. Foi o que pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de São Paulo (FOAr-Unesp), em parceria com a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), verificaram em testículos de camundongos transgênicos.

O estudo apoiado pela FAPESP revelou, pela primeira vez, a presença de partículas do SARS-CoV-2 nas inclusões lipídicas e organelas responsáveis pela produção de testosterona nas células de Leydig. Além disso, os pesquisadores descreveram o mecanismo pelo qual o vírus interfere no funcionamento dessas células testiculares. A descoberta ajuda a esclarecer por que pacientes do sexo masculino com quadros graves de COVID-19 apresentam redução nos níveis de testosterona e, possivelmente, de colesterol.

“Após infectar as células de Leydig, presentes nos testículos, o vírus usa as vias do metabolismo lipídico e a estrutura celular para se replicar, o que prejudica a produção de testosterona. Isso acontece porque essas células, responsáveis por produzir testosterona, expressam altas concentrações do receptor ACE2, facilitando a entrada do vírus”, explica Estela Sasso-Cerri, professora da FOAr-Unesp, em Araraquara, que coordenou o estudo publicado na Frontiers in Cellular and Infection Microbiology. “Além disso, as células são responsáveis por armazenar colesterol – essenciais para a síntese de testosterona – e contêm uma maquinaria celular especializada na produção de hormônios esteroides, tornando-se um alvo favorável para a infecção.”

A pesquisa foi realizada com camundongos transgênicos, desenvolvidos em laboratório, que expressam o receptor viral ACE2. Ao serem infectados, desenvolvem a COVID-19 de maneira semelhante aos humanos, permitindo uma melhor compreensão do mecanismo utilizado pelo vírus.

“Observamos que tanto no testículo do camundongo transgênico como no testículo humano havia uma intensa concentração de ACE2 nos mesmos tipos celulares. O resultado valida, portanto, o modelo usado no estudo e confirma que o testículo é um órgão alvo do SARS-CoV-2", afirma a pesquisadora.

No experimento, os pesquisadores constataram que o SARS-CoV-2 é capaz de alterar o metabolismo lipídico das células de Leydig. Isso acontece porque o colesterol que a célula armazena para a produção de testosterona passa a ser usado pelo vírus para a sua replicação. Dessa forma, apesar da baixa presença de testosterona nas células de Leydig infectadas, elas estavam repletas de lipídios, pois o vírus também induziu um aumento na internalização de colesterol para sua própria replicação e formação.


Caráter imunológico

No estudo também foram observadas mudanças no perfil funcional das células de Leydig. Após serem infectadas pelo vírus, elas cessaram a produção de hormônios esteroides a partir do colesterol e passaram a assumir um perfil imunológico. “A infecção pelo SARS-CoV-2 também induziu as células de Leydig a produzir citocinas pró-inflamatórias em grande quantidade, um processo que normalmente não desempenham. Esse aumento de citocinas, certamente, pode também ter interferido na produção de testosterona, prejudicando essa função principal”, detalha Salmo Azambuja de Oliveira, aluno do Programa de Biologia Estrutural e Funcional (BEF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), bolsista da FAPESP e primeiro autor do estudo.

Com os achados, o trabalho avança na compreensão dos processos celulares e moleculares associados à disfunção endócrina testicular causada pela infecção viral. “Os resultados corroboram os baixos níveis de colesterol verificados clinicamente em pacientes com COVID-19 grave, podendo esclarecer a vulnerabilidade de homens à COVID-19 bem como a alta taxa de mortalidade masculina, em comparação com a das mulheres. O estudo também abre caminho para a elaboração de marcadores que indicam a severidade da COVID-19, bem como de terapias para o tratamento da doença com base em drogas [hipolipemiantes] que interferem no metabolismo lipídico e inibem a ação viral”, afirma Sasso-Cerri.

O artigo SARS-CoV-2 exploits steroidogenic machinery, triggers lipid metabolism for viral replication and induces immune response in Leydig cells of K18-hACE2 mice pode ser lido em: www.frontiersin.org/journals/cellular-and-infection-microbiology/articles/10.3389/fcimb.2025.1538461/full.

 

Maria Fernanda Ziegler

Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/sars-cov-2-infecta-celulas-dos-testiculos-e-usa-seus-recursos-para-se-multiplicar/55214


Obesidade infantil: como prevenir e quais são os sinais de alerta?

  

A obesidade infantil é um dos desafios mais urgentes da saúde pública no Brasil. Dados recentes do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) mostram que cerca de 14,2% das crianças brasileiras com menos de cinco anos já apresentam excesso de peso ou obesidade — número quase três vezes superior à média global, que é de 5,6%. Entre os adolescentes, a situação é ainda mais alarmante: um em cada três jovens de 5 a 19 anos está com sobrepeso ou obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2024. As projeções indicam que, se nada for feito, metade das crianças e adolescentes brasileiros poderá estar acima do peso até 2035.


Para a pediatra Mariana Bolonhezi, CEO do Instituto Macabi, a prevenção deve começar desde cedo, ainda na introdução alimentar. Segundo ela, é essencial conscientizar as famílias sobre a diferença entre alimentos in natura, minimamente processados e os ultraprocessados, que são contraindicados. Mariana destaca que muitos dos alimentos rotulados como “infantis”, como iogurtes adoçados e lanches prontos, têm pouco valor nutricional e apenas estimulam o chamado apetite hedônico — aquele impulso de comer por prazer, não por necessidade. “Comer saudável não é comer caro. É comer o trivial, aquilo que vem da terra, é acessível e nutritivo”, explica.


Outro ponto importante na prevenção é o respeito à saciedade da criança. Forçar a alimentação ou recorrer a distrações para que a criança aceite a comida pode comprometer a relação saudável com os alimentos. Mariana reforça que se alimentar é um comportamento aprendido e que precisa ser tratado com cuidado e orientação.


A atividade física também é um pilar fundamental na prevenção da obesidade. Para isso, é necessário reduzir o tempo de tela e incentivar o movimento livre, ao ar livre e em contato com a natureza. O aumento do sedentarismo e o excesso de tempo em frente a celulares, tablets e televisões são sinais de alerta que não devem ser ignorados. Uma dieta rica em ultraprocessados, pobre em alimentos naturais e o hábito de substituir refeições por itens “preferidos” da criança também indicam que algo precisa mudar.


Mariana enfatiza que a obesidade é uma doença multifatorial. Não se trata apenas de comer bem ou mal, mas sim de um conjunto de fatores emocionais, sociais e comportamentais que impactam diretamente na saúde da criança. Apesar disso, muitas dessas causas podem ser prevenidas com orientação adequada. Ela reforça que a informação é a principal aliada de famílias, educadores e profissionais de saúde. Prevenir a obesidade infantil é garantir um futuro mais saudável, com menos riscos de doenças crônicas como hipertensão, diabetes tipo 2 e complicações cardiovasculares já na fase adulta. 


“Obesidade infantil não é apenas uma questão estética ou passageira. É uma condição séria, com impactos duradouros. E quanto mais cedo a gente agir, maiores são as chances de reverter esse quadro”, conclui Mariana.



Meningite: atualização no esquema vacinal amplia proteção contra a doença

Foto: Wynitow Butenas
Hospital Pequeno Príncipe
Hospital pediátrico alerta para a importância da vacinação para evitar quadros graves e fatais da enfermidade 

 

O Brasil já registrou mais de 4.400 casos de meningite em 2025, segundo dados do Ministério da Saúde. Diante do avanço da doença e da circulação dos diferentes sorogrupos da bactéria meningococo (Neisseria meningitidis), o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou, desde a última terça-feira, dia 1.º, a vacina meningocócica ACWY como dose de reforço para crianças de 12 meses. A atualização acompanha as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, que busca o controle global das meningites meningocócicas até 2030. 

A meningite é uma inflamação das meninges — membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal — e pode ser causada principalmente por vírus e bactérias. A infecção meningocócica, causada por bactérias, é uma das mais graves e de rápida progressão, principalmente em crianças menores de 5 anos. Por isso, o Pequeno Príncipe, que é o maior e mais completo hospital pediátrico do país, reforça a importância de manter o calendário vacinal atualizado como principal forma de prevenção contra a doença.
 

Sinais e sintomas

Os sinais clínicos da doença variam conforme sua apresentação. “Na meningite meningocócica, os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça intensa e vômito. Já na doença meningococcemia, a criança apresenta febre associada a sinais de choque, como manchas vermelhas ou roxas na pele, conhecidas como petéquias — que indicam pequenos sangramentos. Há ainda casos em que a criança desenvolve simultaneamente os dois quadros, o que agrava ainda mais o estado clínico”, explica o infectologista Victor Horácio de Souza, do Hospital Pequeno Príncipe. 

Segundo o especialista, a doença pode causar complicações graves, como convulsões, insuficiência renal e lesões de pele com risco de infecção secundária. “É uma doença de alta mortalidade, por isso a vacinação é tão essencial”, reforça.
 

Novo esquema vacinal amplia cobertura contra a meningite

A vacina ACWY era aplicada pelo Sistema Único de Saúde apenas em adolescentes com idades entre 11 e 14 anos. Agora, crianças de 12 meses até 4 anos, 11 meses e 29 dias que ainda não tenham tomado o reforço ou que estejam com o calendário vacinal atrasado também vão receber. Com a nova diretriz do Ministério da Saúde, o esquema vacinal contra a meningite passa a ser:

  • primeira dose da vacina meningocócica C aos 3 meses;
  • segunda dose aos 5 meses;
  • reforço com a vacina meningocócica ACWY aos 12 meses.

“A inclusão da vacina ACWY no calendário nacional amplia significativamente a proteção das crianças. Antes, vacinávamos apenas contra o meningococo tipo C. Agora, passamos a proteger também contra os tipos A, W e Y. Também é importante destacar que a vacina é segura e bem tolerada”, destaca a pediatra Heloísa Giamberardino, do Centro de Vacinas Pequeno Príncipe. 

A especialista também alerta para a gravidade e velocidade de evolução da doença. “A meningite meningocócica é uma infecção que evolui de forma muito rápida, levando a quadros de choque e necessidade de tratamento em UTI. Por isso, manter o calendário vacinal em dia é essencial, especialmente no outono e inverno, quando a circulação do meningococo é maior”, ressalta. 

Os pais ou responsáveis devem procurar a unidade de saúde mais próxima para verificar a situação vacinal e garantir a proteção de meninos e meninas.


Quais frutas podem fazer parte da dieta de quem tem diabetes?

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Frutas têm um tipo de açúcar natural e devem ser consumidas com moderação; maçã, pera, morango e kiwi são opções mais recomendadas

 

Apesar de serem fontes de fibras, vitaminas e minerais, as frutas contêm frutose — um açúcar natural que pode interferir no controle da glicemia. Por isso, pessoas com diabetes devem planejar o consumo e ajustar as porções para garantir os benefícios nutricionais sem prejudicar a saúde. 

Para quem convive com diabetes tipo 1 ou tipo 2, as frutas não estão proibidas, mas seu consumo deve ser controlado. A nutricionista Martha Amodio, diretora da health tech G7med, explica que todas as frutas possuem carboidratos e podem elevar a glicemia dependendo da quantidade e do tipo escolhido. “Não existe fruta liberada de forma irrestrita para quem tem diabetes. É importante ajustar porções e horários de consumo”, orienta. 

Frutas como maçã, pera, morango, abacate, kiwi, ameixa e laranja costumam ter um índice glicêmico mais baixo, ou seja, elevam a glicose no sangue de forma mais gradual. Já frutas como banana madura, uva, manga, figo, caqui e melancia têm índice ou carga glicêmica mais elevados e, por isso, a quantidade ingerida precisa ser ajustada, especialmente em pessoas com diabetes ou resistência à insulina. 

Por exemplo, 80 gramas de uva têm uma quantidade de carboidrato semelhante a 160 gramas de abacate, o que mostra que o tamanho da porção ideal pode variar bastante de uma fruta para outra. Uma dica prática é associar as frutas a alimentos ricos em fibras, gorduras boas (como castanhas ou chia) ou proteínas, o que ajuda a reduzir o impacto na glicemia. E, sempre que possível, preferir a fruta inteira (com casca, se for o caso) ao invés de sucos. 

O diabetes se caracteriza por níveis elevados de glicose no sangue devido à resistência à insulina ou à produção insuficiente do hormônio. Dados da Federação Internacional de Diabetes apontam que 16 milhões de brasileiros convivem com a doença. 

De acordo com a especialista, a frutose presente naturalmente nas frutas não é a mesma coisa que a frutose usada pela indústria alimentícia. 

As frutas contêm frutose, mas também são fontes ricas de fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes, que ajudam a equilibrar a absorção do açúcar no corpo. Já a frutose industrial, usada em alimentos ultraprocessados (como refrigerantes, doces, molhos e produtos de panificação), é concentrada e isolada, e pode, em excesso, sobrecarregar o fígado e contribuir para o acúmulo de gordura no órgão. 

Planejar as frutas dentro do cardápio também ajuda a manter o equilíbrio nutricional. O fracionamento ao longo do dia e a variação de frutas garantem diferentes nutrientes e mantêm a glicemia mais estável, conforme orienta a Sociedade Brasileira de Diabetes. 

Vale lembrar ainda que mudanças no estilo de vida, incluindo atividade física regular, alimentação balanceada e redução de alimentos ultraprocessados, podem minimizar o risco de complicações e favorecer o controle do diabetes. O Atlas Mundial de Diabetes 2025 aponta que a cada 10 adultos no Brasil, pelo menos 1 tem diabetes tipo 2, frequentemente associada ao sedentarismo, ao excesso de peso e a hábitos alimentares desbalanceados.
 

Martha Amodio - Nutricionista com 27 anos de experiência, especializada em Nutrição Clínica e Funcional. Atua em consultório com foco em diabetes, doenças autoimunes, intestino e microbiota, e já palestrou em mais de 20 congressos nacionais e internacionais.


Butantan recebe aprovação da Anvisa para início de testes clínicos de vacina desenvolvida pelo Instituto contra gripe aviária

Primeira fase do ensaio clínico convidará voluntários adultos que receberão duas doses do candidato a imunizante; segundo momento da pesquisa deve incluir mais velhos


O Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, recebeu nesta terça (1º) a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início dos ensaios em humanos, da sua candidata à vacina contra a gripe aviária A (H5N8). Para isso, o Instituto pretende recrutar 700 adultos e idosos voluntários que participarão das fases 1/2 do estudo em cinco centros de pesquisa brasileiros. 

A vacina influenza monovalente A (H5N8) (inativada, fragmentada e adjuvada) será testada em duas doses com intervalo de 21 dias, primeiramente em adultos de 18 anos até 59 anos e 11 meses e depois em pessoas com 60 ou mais. O Instituto Butantan concluiu os estudos pré-clínicos com resultados favoráveis de segurança e imunogenicidade. 

“Estamos em conversas com o Ministério da Saúde, que se mostrou sensível ao avanço dessa discussão. Com a plataforma aprovada, o Instituto pode produzir um contingente de 30 milhões de doses após os resultados iniciais. Este contingente estratégico pode ser utilizado caso o vírus comece a se disseminar entre humanos e tenha antígenos semelhantes aos representados pela vacina candidata do Instituto Butantan”, afirma o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás. 

O Ministério da Saúde publicou em dezembro de 2024 um Plano de Contingência Nacional do Setor Saúde para Influenza Aviária no qual define as estratégias que deve adotar em caso de situação de emergência relacionada à doença. Uma delas é prover estoques estratégicos de medicamentos e insumos que possam combater a disseminação da doença.

 

Como será o estudo?

Inicialmente serão recrutados 70 adultos, que receberão as doses por via intramuscular, em um Centro de pesquisa no Recife (PE) e, posteriormente, em quatro centros de pesquisa localizados em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), São José do Rio Preto (SP) e em Ribeirão Preto (SP). 

O estudo vai avaliar a segurança e a capacidade de gerar resposta imune contra a gripe aviária (imunogenicidade) de duas formulações da vacina, em comparação com placebo. O estudo permitirá a escolha da dose da vacina.

Um comitê independente de monitoramento de dados e segurança vai fazer a análise de segurança do estudo que inclui, entre outras ações, a avaliação preliminar dos dados de segurança dos 70 primeiros adultos recrutados, após a aplicação da primeira dose. Caso a avaliação seja positiva, abre-se uma nova etapa de recrutamento para incluir mais 280 adultos na pesquisa. 

Se o perfil de segurança for favorável na população adulta testada, inicia-se a segunda fase do estudo, na qual haverá o recrutamento de 70 pessoas com 60 anos ou mais. Novamente, se a avaliação de segurança da candidata vacinal for favorável, segue com o recrutamento de voluntários com 60 anos ou mais até completar 350 voluntários. O objetivo é terminar o acompanhamento destes participantes em 2026 e ter um pacote regulatório que contempla uma faixa etária ampla para ser submetido à Anvisa. 

“Se durante o ensaio clínico for decretada uma epidemia, o Butantan fica à disposição da Anvisa para ver o que pode ser feito para encurtar prazos e adaptar a vacina para contemplar uma diferente variante do vírus da influenza aviária”, afirma a diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos. “Se isso não ocorrer, o estudo permanece sendo referente ao desenvolvimento de uma vacina pré-pandêmica, tornando o Butantan pioneiro em seu desenvolvimento no Brasil e com capacidade de fornecer o produto em caso de necessidade”, reforça a diretora.

 

Lote reserva

O Instituto começou a estudar a possibilidade de fazer uma vacina contra a gripe aviária ainda em 2023. O processo está sendo desenvolvido com a cepa do vírus influenza tipo A (H5N8), fornecida ao Instituto Butantan pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). 

Durante o desenvolvimento da vacina contra gripe aviária - incluindo os ensaios pré-clínicos - foi incluída na vacina uma cepa H5 de importância epidemiológica atual, por se tratar de uma variante altamente patogênica que mais se aproxima da cepa circulante nas Américas. Com isso, o Butantan já tem disponível um lote reserva de vacinas pronto para ser usado na pesquisa clínica. 

Em 2018, o Instituto chegou a fazer estudo fase 1 com uma outra vacina pandêmica de gripe aviária A (H7N9), em parceria com Organização Mundial de Saúde (OMS), com a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (BARDA), e com o Instituto de Pesquisa em Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (IDRI). Na lógica da preparação para pandemia, houve mudança de rota, devido ao avanço dos casos de gripe A (H5N1). 

“Fomos testando lotes, cada um com três candidatas vacinais, para avaliar o rendimento e a produtividade de cada cepa. Com base na melhor escolha, avançou-se para os estudos pré-clínicos coordenados pela equipe da diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi”, afirma o diretor do Centro Bioindustrial do Butantan, Ricardo Oliveira.

 

Risco de pandemia preocupa

A transmissão da gripe aviária em humanos, considerada esporádica, ocorre após contato próximo com uma ave infectada e/ou suas fezes. A forma de transmissão mais plausível é o contato com as penas, pele, mucosas e aerossóis, isto é, pela manipulação do animal infectado vivo ou morto – este último na manipulação em frigoríficos, por exemplo – e depois de encostar a mão contaminada nos olhos, nariz ou boca, segundo a OMS. 

Não há, até o momento, comprovação da transmissão do vírus de humano para humano, embora um artigo da revista Science relata a possibilidade cada vez mais próxima de isso ocorrer devido às mutações do vírus – se antes ele só atingia aves, agora já infecta vacas e humanos que têm contato com os bovinos. 

A possível disseminação entre pessoas preocupa cientistas pela alta mortalidade do vírus em humanos (próxima de 50%), e pela gravidade dos sintomas, que podem variar de uma conjuntivite com sintomas leves de gripe a uma doença respiratória aguda grave, levando à morte. 

“O vírus de influenza A(H5N1) está sendo transmitido de aves para aves, de aves para mamíferos, de mamíferos para mamíferos, de aves para humanos e mamíferos para humanos. Só não vimos ainda a transmissão de pessoa para pessoa, mas existe um potencial do vírus adquirir essa capacidade, o que é muito perigoso porque aumenta o risco de uma pandemia”, afirma o pesquisador científico e gerente de Desenvolvimento e Inovação de Produtos do Butantan, Paulo Lee Ho. 

No Brasil não há casos registrados da doença em pessoas, embora este ano tenha sido notificado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) a infecção em aves comerciais de uma granja no município de Montenegro (RS) e de outros estados do país, que estão sob investigação. A pasta esclarece que está rastreando as granjas com atuais focos e adotando medidas sanitárias nos locais, nas proximidades e entre pessoas que trabalham nas granjas. 

O país já havia notificado um foco de infecção em aves silvestres em 2023. “Ter uma vacina pronta, com uma plataforma já testada, que mostra que produz anticorpos contra o vírus, é o objetivo do Butantan. Não é para já comercializar, mas para propor um estoque estratégico”, afirma o diretor do Butantan, Esper Kallás.

 

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