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terça-feira, 13 de agosto de 2024

Dicas de nutricionista destaca cuidados essenciais durante a gestação

 

No dia 15 de agosto, celebramos o Dia da Gestante, um momento especial para destacar a importância dos cuidados durante a gravidez. 

 

A nutrição adequada desempenha um papel crucial para a saúde da mãe e do bebê. A nutricionista Fernanda Larralde, da Bio Mundo, compartilha orientações fundamentais para manter uma alimentação balanceada e saudável durante essa fase.

“A gestação é um período de intensas mudanças e demandas nutricionais. Uma dieta equilibrada é essencial para garantir o desenvolvimento saudável do bebê e o bem-estar da mãe”, explica Fernanda. “Aqui estão algumas dicas importantes para uma alimentação saudável durante a gravidez.”


  1. Priorize Alimentos Ricos em Nutrientes

Fernanda destaca a importância de consumir alimentos ricos em nutrientes. “Opte por alimentos naturais e integrais, como frutas, verduras, legumes, grãos integrais, proteínas magras e laticínios. Esses alimentos fornecem vitaminas e minerais essenciais, como ferro, cálcio, ácido fólico e ômega-3.”


  1. Mantenha-se Hidratada

A hidratação é fundamental durante a gestação. “Beba pelo menos 8 a 10 copos de água por dia. A água é essencial para a formação do líquido amniótico, a circulação sanguínea e a prevenção de constipação.”


  1. Controle o Consumo de Cafeína e Açúcar

Fernanda recomenda limitar o consumo de cafeína e açúcar. “A cafeína em excesso pode afetar o desenvolvimento do bebê, então é importante reduzir a ingestão de café, chá e refrigerantes. Além disso, evite alimentos ricos em açúcar para prevenir o ganho de peso excessivo e o risco de diabetes gestacional.”


  1. Inclua Fontes de Proteína em Todas as Refeições

As proteínas são essenciais para o crescimento e desenvolvimento do bebê. “Inclua fontes de proteína em todas as refeições, como carnes magras, ovos, leguminosas, nozes e laticínios. A proteína ajuda na formação dos tecidos e órgãos do bebê.”


  1. Consuma Suplementos Conforme Orientação Médica

Em todos os casos, a suplementação é necessária. “Siga as orientações do seu médico ou do nutricionista quanto ao uso de suplementos, como ácido fólico, ferro e vitamina D. Esses nutrientes são essenciais para prevenir deficiências e complicações durante a gestação.”


  1. Faça Refeições Pequenas e Frequentes

Para evitar desconfortos, como náuseas e azia, Fernanda sugere fazer refeições menores e mais frequentes. “Coma a cada 3 a 4 horas para manter os níveis de energia estáveis e evitar a sensação de estômago vazio.”


  1. Evite Alimentos Crus ou Mal Cozidos

Para prevenir infecções alimentares, é importante evitar alimentos crus ou mal cozidos. “Evite carnes cruas, ovos crus e peixes crus, como sushi. Esses alimentos podem conter bactérias e parasitas prejudiciais ao desenvolvimento do bebê.”


  1. Monitore o Ganho de Peso

O ganho de peso adequado é importante para a saúde da mãe e do bebê. “Siga as orientações do seu médico sobre o ganho de peso ideal durante a gestação. Um ganho de peso excessivo ou insuficiente pode trazer riscos para a gravidez.”


  1. Pratique Atividade Física Regular

A atividade física moderada é benéfica durante a gestação. “Consulte seu médico sobre a prática de exercícios adequados, como caminhadas, yoga para gestantes e alongamentos. A atividade física ajuda a manter a saúde cardiovascular e o bem-estar mental.”


  1. Procure Apoio Profissional

Fernanda ressalta a importância de contar com o apoio de um nutricionista durante a gestação. “Cada gestante é única, e um profissional pode oferecer orientações personalizadas para garantir uma nutrição adequada e segura.”

Neste Dia da Gestante, Fernanda Larralde lembra que cuidar da alimentação é um ato de amor e cuidado consigo mesma e com o bebê. “Aproveite essa fase especial para adotar hábitos alimentares saudáveis que beneficiarão você e seu filho por toda a vida.”

 

Bio Mundo



"Vacina natural" e economia financeira estão entre as virtudes do aleitamento materno. Conheça outros benefícios

Agosto Dourado é o mês de incentivo à amamentação, ato importante não só para o bebê mas também para a mãe 

 

Alimento ideal para o recém-nascido, o leite materno é o suficiente para o bebê durante os seis primeiros meses de vida. O bebê que mama exclusivamente leite materno tem menos risco de desenvolver alergias, pois o líquido funciona como uma “vacina natural”. Os anticorpos da mãe passam pelo leite, ajudando na proteção contra doenças.

Como não precisa de manipulação no preparo do leite, os riscos de contaminação são baixos. Além disso, os compostos presentes no leite materno propiciam o adequado desenvolvimento do cérebro com influência na inteligência da criança. Outro benefício alcançado com o aleitamento é o aumento do vínculo entre mãe e bebê.

O mês de agosto é conhecido como Agosto Dourado e simboliza o incentivo ao aleitamento materno. Este alimento é considerado padrão ouro por todos os benefícios que proporciona não só para o bebê mas também para a mãe.

A mulher que amamenta logo ao nascimento diminui o risco de hemorragia uterina, pois o ato favorece o retorno do útero ao tamanho normal (que tinha antes da gestação). Isto reduz as chances de ter anemia. A amamentação demanda um gasto de energia por parte da mãe, o que auxilia no retorno mais rápido ao peso que tinha antes da gravidez.

O fator econômico deve ser levado em conta ao incentivar o aleitamento materno, visto que as fórmulas infantis geram um gasto elevado para a família, além de não contarem com todos os nutrientes necessários. A mãe que amamenta seu bebê no seio poupa o trabalho do preparo do alimento e cuidado com utensílios, pois o leite materno está pronto e na temperatura ideal para ser ofertado o tempo todo.

 

Livre demanda

Não precisa haver horário rígido para amamentar, deve ocorrer em livre demanda, ou seja, de acordo com a fome do bebê. A posição ideal para a amamentação é a que for mais confortável para a mãe, sentada ou deitada. Importante salientar que o bebê deve estar de frente para a mãe, barriga com barriga.

A baixa produção de leite pode ocorrer por falha do estímulo da sucção do bebê no seio materno, pelo uso de chupeta ou mamadeira, ou baixa ingestão de líquido pela mãe. Estresse também pode influenciar a produção de leite, portanto a mãe deve procurar dormir bem e ter tranquilidade.

Nos primeiros dias após o nascimento é muito importante uma rede de apoio que auxilie nos cuidados com a casa, com outros filhos, e com o preparo de alimentos, até a recuperação da mãe.

Machucados nos mamilos são decorrentes de pega incorreta da boca do bebê no seio materno. Neste caso, é importante ter a ajuda de um profissional habilitado no manejo da amamentação, que pode ser o pediatra ou consultora em amamentação.

A alimentação da mãe deve ser saudável, com ingestão de carne ou ovo, legumes e verduras variados e arroz e feijão no almoço e jantar. Lanche pela manhã, tarde e noite, evitar o excesso de café, e ingerir frutas no decorrer do dia. É fundamental beber ao menos dois litros de água ao dia.

A chegada de um novo integrante é um momento muito especial e peculiar para a família. A mãe precisa agir com bom senso em relação aos hábitos e à nutrição. Se houver dúvidas, não hesitar em procurar um profissional capacitado. Vamos incentivar o aleitamento materno para a boa saúde da mãe e do bebê. 

 

Wilma Lilia de Castro e Souza Silv - pediatra e preceptora de Pediatria e Saúde da Criança da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).


TDAH: como a psicoterapia ajuda no tratamento?

Foto: Wynitow Butenas/Hospital Pequeno Príncipe
A família, a escola e os amigos desempenham papéis fundamentais no suporte ao tratamento de crianças e adolescentes com o transtorno

 

Caracterizado por um comportamento agitado e impulsivo associado a dificuldades em manter o foco nas atividades, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) pode afetar significativamente a vida de crianças e adolescentes. Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza a importância de intervenções não farmacológicas, a exemplo da psicoterapia, como a primeira linha de tratamento. 

A expressão e o enfrentamento dos sintomas relacionados ao TDAH são diferentes para cada indivíduo. Isso acontece devido à influência de vários fatores, como características da personalidade, ambientes em que está inserido e suporte de uma rede de apoio. Por ser uma doença crônica que não tem cura, o tratamento é altamente individualizado e deve ser ajustado às necessidades, que mudam ao longo do tempo, com o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, a qual pode incluir neurologistas, psiquiatras e psicólogos.
 

A psicoterapia no tratamento do TDAH

Embora o diagnóstico seja clínico, estudos indicam que indivíduos com TDAH podem exibir problemas cognitivos em testes psicológicos que avaliam a função executiva. “As funções executivas englobam planejamento, organização, controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho”, detalha a psicóloga Luana Santi Walter, do Hospital Pequeno Príncipe. Tais fatores estão presentes em diversas atividades diárias, desde resolver problemas simples até tomar decisões complexas e lidar com múltiplas demandas simultaneamente. 

A memória não verbal, que se desenvolve primeiro entre as funções executivas, permite reter informações sensoriais, como imagens e sons, sendo crucial para visualizar mentalmente experiências passadas. No entanto, atrasos causados pelo TDAH comprometem essa capacidade. Isso pode fazer com que o comportamento impulsivo pareça que a pessoa está agindo sem pensar, quando na verdade se trata de uma dificuldade em lembrar antes de agir. 

“Em geral, é justamente o sofrimento decorrente dessas questões que leva à busca pela psicoterapia, a qual pode oferecer escuta especializada e orientações parentais aos familiares, que muitas vezes não sabem como agir”, aponta a psicóloga. Além disso, ela complementa que não há uma idade específica para começar a psicoterapia, porém é essencial o envolvimento dos pais e cuidadores no processo terapêutico. 

A psicoterapia no tratamento do TDAH é um processo gradual e individualizado que ajuda a criança a reconhecer e enfrentar suas dificuldades e orienta os pais sobre como agir. Embora os sintomas de hiperatividade motora geralmente diminuam na adolescência e na vida adulta, dificuldades com planejamento, desatenção e impulsividade frequentemente persistem. Mas, em casos de estabilidade, é possível ter alta.
 

Estratégias para ajudar a criança ou adolescente com TDAH

  • Utilizar recursos visuais para auxiliar no dia a dia, como quadros com figuras que ilustram a rotina e os acordos.
  • Reduzir o tempo de tela, pois muitos estudos relacionam a longa exposição a dificuldades de atenção.
  • Fracionar atividades que exigem foco, realizando pausas conforme necessário.
  • Validar os esforços da criança ou adolescente ao concretizar uma tarefa.
  • Incentivar o brincar, especialmente atividades que estimulem a memória e a atenção.
  • Auxiliar a criança ou adolescente a lidar com as emoções e a gerenciar situações do cotidiano.
  • Oferecer um ambiente familiar seguro e acolhedor, no qual a criança ou adolescente se sinta mais confiante para expressar as dificuldades.

Manter uma rotina consistente e previsível, com limites e regras claras, pode ajudar na regulação e segurança emocional.


Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) destaca importância da atividade física infantil no inverno

Exercícios fortalecem o sistema imunológico e combatem o sedentarismo, mesmo nas estações mais frias

 

 

Com a chegada do inverno, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) reforça a importância de manter

 as crianças ativas fisicamente durante os meses mais frios. A prática regular de exercícios fortalece o sistema imunológico, ajuda a combater o sedentarismo e a obesidade infantil, além de promover o bem-estar emocional. Mesmo no inverno, a atividade física é essencial para manter a circulação sanguínea ativa e proporcionar momentos de diversão e socialização.

“A prática regular de exercícios físicos é fundamental para o desenvolvimento físico e mental das crianças. No frio, é comum que elas se sintam menos dispostas, mas é crucial incentivar a continuidade das atividades para garantir uma vida saudável”, afirma o vice-presidente da SPRS, Dr. Marcelo Porto.

A atividade física tem um impacto significativo na prevenção de doenças, especialmente respiratórias. Exercícios regulares ajudam a fortalecer o sistema imunológico, tornando-o mais eficiente na defesa contra infecções. Além disso, a prática de atividades físicas melhora a capacidade pulmonar e a circulação, facilitando a eliminação de muco e impurezas das vias respiratórias. Crianças que se exercitam regularmente têm menos probabilidade de desenvolver infecções respiratórias e, quando as desenvolvem, tendem a se recuperar mais rapidamente.

Vestir a criança adequadamente para exercícios no frio é crucial para garantir conforto e segurança. Uma solução é vestir a criança em camadas. Começar com uma camada base de tecido que absorva o suor, para manter a pele seca. Em casos extremos de frio, pode ser usada uma segunda camada que deve ser isolante. Por fim, uma camada externa deve ser à prova de vento e resistente à água. Ajustar a quantidade de camadas conforme a intensidade da atividade física também é necessário para evitar que a criança sue excessivamente, o que pode causar desconforto e resfriamento. 

 

Marcelo Matusiak

 

Calçado inadequado: uso pode interferir no desenvolvimento da criança

Ortopedista e traumatologista do Espaço Zune, Dra. Ingrid Araújo, explica prejuízos decorrentes do calçado inapropriado e explica como pais podem escolher modelo certo

 

O calçado inadequado pode causar muito mais do que desconforto ou dor nos pés após algumas horas. Especialmente em crianças, a escolha de sapatos do inapropriados pode interferir tanto na marcha quanto no formato do pé. 

Ainda que a decisão muitas vezes seja estética, especialmente no caso da compra de um novo item para o guarda-roupa dos filhos, a ortopedista e traumatologista do Espaço Zune, Dra. Ingrid Araújo, explica que o uso prolongado pode ter efeitos negativos. “O uso de calçado pode alterar a forma de caminhar do paciente. Em crianças menores, que estão aprendendo a andar, pode não permitir a boa evolução do desenvolvimento do caminhar”, alerta.

 

Andar calçado ou descalço? 

A especialista ressalta que andar descalço é fundamental para o desenvolvimento infantil. “Esse caminhar é importante para fazer fortalecimento da musculatura do pé, por isso é recomendado que a criança fique com pés descalços o maior tempo que for possível”, recomenda. 

Da mesma forma, o hábito de usar sandálias e sapatos também tem reflexo nesse desenvolvimento, impactando na musculatura do pé e no desenvolvimento neurossensorial da criança, responsável pela construção de funções cognitivas e sensoriais. Para todos os efeitos, a ortopedista reforça que o uso ocasional não é um problema. “É evidente que ao sair de casa, quando for passear, a criança pode usar sapatos”, esclarece.

 

A escolha do calçado adequado 

Como a Dra. Ingrid Araújo destaca, o uso prolongado de calçados inadequados pode influenciar no caminhar da criança, especialmente naquelas que estão aprendendo a andar, e, consequentemente, interferir no equilíbrio e torna-las mais suscetíveis a quedas. 

Por isso, escolher o calçado correto é tão importante. “O tipo mais adequado é o calçado anatômico, que acompanha do formato do pé da criança, não realizando pressão nos dedos. Cabe salientar que, ao longo do tempo, essa pressão pode provocar a deformidade dos pés”, completa a especialista. Justamente por isso, marcas têm pesquisado formas de produzirem sapatos que se adequem aos pés dos pequenos e até sejam capazes de “crescer” juntos com eles já que a numeração tende a mudar em períodos curtos. 

No entanto, a ortopedista e traumatologista dá uma dica bastante prática para ajudar os pais a terem certeza de que estão fazendo a escolha certa quando decidem comprar aquele sapatinho novo que os encantou na vitrine de uma loja. “Os pais podem fazer um desenho dos pés das crianças, se atentando ao formato de cada pé”, finaliza.


Colesterol elevado pode ser perigoso e exige atenção

Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) dá dicas sobre como identificar o problema, quais os seus efeitos, como é o diagnóstico e os tratamentos

 

Apesar da fama de fazer mal à saúde, o colesterol é um nutriente essencial ao organismo. Ele está presente na estrutura das células, forma ácidos biliares, que atuam na digestão, faz parte da composição dos hormônios e da vitamina D. Como tem a textura e a aparência de uma cera e, por ser solúvel apenas em gordura, transportado e armazenado com ela, as pessoas costumam se referir ao colesterol como mais um tipo de gordura (ou lipídio). Mas a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) alerta: em excesso, ele pode fazer mal. 

Apesar de ouvirmos dizer que existe o colesterol "bom" e o "ruim", na verdade ele é um só, o que muda é o seu meio de transporte. Esse transporte e o destino dependem das lipoproteínas, que são conglomerados de proteínas, gorduras e outras substâncias. Elas podem ser de alta ou de baixa densidade, dependendo de sua composição, com funções diferentes. O colesterol presente nas lipoproteínas de baixa densidade é chamado de LDL (do inglês low density lipoprotein). O LDL leva o colesterol para todas as nossas células e, quando há excesso, ele pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que aumentam o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Esse processo é conhecido como aterosclerose. Daí o LDL ser chamado de colesterol ruim. 

As lipoproteínas de alta densidade, ou HDL (do inglês high density lipoprotein), por usa vez, tiram o colesterol das células para que seja eliminado. Com isso, evita o entupimento das artérias e é chamado de colesterol bom. 

O colesterol não advém apenas dos alimentos ingeridos, como muitos pensam. Cerca de 70% são produzidos pelo próprio fígado, enquanto apenas 30% advêm da alimentação. Os compostos lipídicos que têm origem na alimentação são absorvidos na mucosa intestinal, após um processo de emulsificação - diluição em solução aquosa, para que sejam mais facilmente digeridos, processo desempenhado pelos ácidos biliares. 

Apesar de boa parte do colesterol ter origem endógena, aquele advindo da dieta, especialmente via consumo de gorduras saturadas, também afeta o funcionamento digestivo e as funções hepáticas para o processamento do colesterol e produção da biliar. “Por isso é importante limitar o consumo de gorduras saturadas (como carnes vermelhas, queijos, manteiga, óleo de coco), substituindo, quando possível, por gorduras insaturadas (azeite de oliva, abacate, amêndoas, peixes e sementes) e equilibrando com o consumo de alimentos saudáveis e prática de exercícios físicos”, alerta o médico Américo Silverio, da FBG.

 

Sintomas

No mês em que celebramos o Dia Nacional de Combate ao Colesterol (8 de agosto), a FBG lembra que mesmo pessoas magras podem ter colesterol alto. Isso porque os níveis dele dependem muito mais da taxa de remoção do colesterol pelo fígado, que é uma característica genética, por exemplo, se a pessoa tiver um parente de primeiro grau (pai, mãe, irmãos) com colesterol alto, a chance de ela ter colesterol alto é maior. 

O colesterol elevado não costuma provocar sintomas. Porém, quando os valores estão extremamente elevados, é possível que haja alguns sinais clínicos, como o  Arco Córneo, um halo esbranquiçado nos olhos que aparece em indivíduos abaixo de 45 anos; Xantelasmas, que são placas amarelas de gordura ao redor dos olhos; Xantomas, ou seja, depósitos de gordura amarelada na pele, em articulações ou tendões, como no calcanhar. 

“Quando a aterosclerose está bem avançada, o paciente pode ter angina (dor no peito) ou infarto e o acidente vascular cerebral (derrame)”, alerta dr. Américo Silverio.

O diagnóstico é feito por meio de um simples exame de sangue. É recomendado que todas as pessoas acima de 10 anos de idade tenham o seu perfil de colesterol avaliado pelo menos uma vez por ano. Quando os pais tiveram infarto ou doenças arteriais antes dos 55 anos, a avaliação deve ser feita em crianças a partir de 2 anos.

 

Tratamento

Com o diagnóstico, o tratamento do colesterol elevado deve ser iniciado e inclui mudanças no estilo de vida e, se necessário, o uso de medicamentos. 

Na alimentação, por exemplo, é preciso evitar consumir alimentos gordurosos em excesso, particularmente os de origem animal, como leite integral e derivados, gema de ovo, carnes gordas, miúdos (moela, coração, fígado etc), frutos do mar (camarão, lagosta, mariscos, polvo, lula, caviar). Devem fazer parte do cardápio grãos integrais (como farelo de aveia e farinha de linhaça); peixes ricos em ômega 3 assados, como salmão, sardinha e arenque; alho; azeite e uva. 

A atividade física também é importante. A recomendação é praticar pelo menos 30 minutos de exercício aeróbico leve (como caminhada, corrida, natação e bicicleta) cinco vezes por semana; ou 20 a 60 minutos de atividade física vigorosa três vezes. É importante consultar o médico para saber qual a intensidade e a frequência semanal mais indicada para cada um.


Posso tomar o "suco"? Especialista alerta para riscos do uso indiscriminado de anabolizantes

Professor do CEUB explica perigos dos sintéticos para aumento de massa muscular. Substâncias causam alta incidência de mortes entre fisiculturistas brasileiros

 

O uso indiscriminado de anabolizantes para acelerar o ganho de massa muscular é considerado um grave problema de saúde pública mundial. Mesmo após o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibir a prescrição e o uso de esteroides androgênicos e anabolizantes com fins estéticos, as substâncias sintéticas continuam sendo amplamente utilizadas no fisiculturismo com alto risco de óbitos. Tácio Santos, professor de Educação Física do Centro Universitário de Brasília (CEUB), discute os impactos do uso de anabolizantes, os riscos envolvidos e a importância do acompanhamento médico e educacional na prática esportiva.

 

Confira a entrevista, na íntegra: 

*Como avalia a incidência de óbitos de atletas do fisiculturismo atualmente?*

TS: A incidência de óbitos entre atletas do fisiculturismo é preocupante. Estudos recentes indicam que a taxa de mortalidade prematura entre fisiculturistas é mais elevada do que em outros esportes e na população geral. Essa taxa não se deve exclusivamente ao uso de esteroides anabolizantes, mas a outros fatores associados, como dietas extremamente restritivas e o uso de múltiplas substâncias para melhorar o desempenho. Os efeitos psicológicos do uso de algumas destas substâncias também pode contribuir para o aumento da mortalidade.

 

*Quais são os principais riscos associados ao uso indiscriminado de anabolizantes e substâncias para melhorar o desempenho e a aparência física?*

TS: O uso indiscriminado dessas substâncias apresenta riscos graves para a saúde dos atletas. Os esteroides anabolizantes androgênicos, que são versões ou variações sintéticas da testosterona, podem causar alterações significativas no coração, como hipertrofia do miocárdio e alterações nas artérias coronárias, aumentando o risco de doenças cardíacas. Outros tipos de anabolizantes podem afetar o sistema nervoso autônomo, alterar o perfil lipídico e aumentar a agressividade. Além disso, o uso de substâncias como hormônio do crescimento e insulina pode levar a problemas graves, como tumores e alterações físicas indesejadas.

 

*Esses produtos são legalizados? Como a cultura do fisiculturismo dissemina essas informações?*

TS: Esteroides anabolizantes e substâncias relacionadas são legais quando utilizados para tratamentos médicos específicos, como caquexia e alguns tipos de câncer. Contudo, seu uso para fins estéticos ou de desempenho é ilegal e perigoso. No mundo do fisiculturismo, a disseminação de informações sobre o uso dessas substâncias varia. Embora alguns atletas e influenciadores promovam seu uso, há quem ofereça orientações sobre os riscos e advogue por práticas saudáveis. A realidade é que o esporte é diversificado, as práticas e informações podem diferir entre indivíduos.

 

*Quais substâncias utilizadas por atletas de fisiculturismo podem representar riscos graves à saúde?*

TS: Além dos esteroides, alguns fisiculturistas utilizam estimulantes e diuréticos. Estimulantes são usados para reduzir a gordura corporal e melhorar a energia, mas podem sobrecarregar o sistema nervoso simpático, resultando em aumento da frequência cardíaca e pressão arterial. Os diuréticos, por sua vez, são utilizados para reduzir a retenção de líquidos e melhorar a definição muscular, mas podem causar desidratação, quedas de pressão arterial e perda de eletrólitos essenciais. Esses problemas podem levar a câimbras musculares, arritmias cardíacas e até parada cardíaca. 

*Muitos atletas recorrem a essas substâncias em busca de resultados rápidos, muitas vezes sem orientação médica adequada. Qual é a importância de um acompanhamento médico e de um educador físico durante a preparação para competições?*

TS: O acompanhamento médico é essencial para monitorar a saúde dos atletas e ajustar os limites seguros para os programas de treinamento conforme suas necessidades individuais. O profissional de educação física também orienta a execução correta dos exercícios, ajusta o volume de treino e garante que os atletas estejam preparados de forma segura para as competições. Juntos, médicos e educadores físicos ajudam a minimizar possíveis riscos associados ao fisiculturismo e promovem práticas saudáveis.

 

*Quais sinais de alerta indicam que o uso de anabolizantes ou outras substâncias está prejudicando a saúde do atleta?*

TS: Sinais de que o uso de anabolizantes pode estar prejudicando a saúde incluem alterações na função cardíaca, identificadas por eletrocardiogramas e exames de imagem, e alterações no perfil lipídico e nas enzimas hepáticas, detectadas por exames de sangue. Problemas nos tendões podem ser monitorados através de exames de urina e testes ortopédicos. Mudanças no comportamento e no estado psicológico dos atletas também podem indicar efeitos adversos dos anabolizantes. 

*O fisiculturismo é um esporte altamente competitivo. Como você avalia o impacto psicológico dessa competição intensa sobre os atletas?*


TS: A competição intensa no fisiculturismo pode criar uma pressão psicológica significativa devido ao rigoroso treinamento físico e à exigência de uma apresentação impecável. Dietas restritivas e a alta pressão para obter resultados podem levar a estresse significativo. É recomendável que os atletas busquem apoio psicológico para desenvolver estratégias de enfrentamento e minimizar o impacto negativo sobre a saúde mental.

 

*Para atletas e entusiastas que desejam melhorar seu desempenho e aparência física de forma saudável, quais são as práticas recomendadas?*

TS: Melhorar o desempenho e a aparência física de forma saudável requer uma abordagem equilibrada que inclua um treinamento estruturado, uma alimentação adequada e uma recuperação eficaz. Seguir um plano de treinamento elaborado por um profissional de educação física e monitorar a dieta com a ajuda de um nutricionista são fundamentais. É possível competir sem recorrer a anabolizantes, especialmente em ligas de fisiculturismo natural, que proíbem o uso dessas substâncias.

 

*Quais alternativas seguras e naturais sugere para o desenvolvimento muscular e a redução de gordura corporal, sem recorrer ao uso de substâncias nocivas?*

TS: Para o desenvolvimento muscular e a redução da gordura corporal, é preciso ter um treinamento bem estruturado e periodizado, com plano de médio a longo prazo, em vez de improvisar diariamente. É importante focar na alimentação e na recuperação, pois não há substâncias milagrosas que proporcionem resultados sem riscos. É imprescindível ter paciência e alinhar bem os três pilares: treinamento, alimentação e recuperação, para alcançar resultados consistentes ao longo do tempo.

 

*Considerando os perigos associados ao uso de anabolizantes e outras substâncias, qual é o papel da educação e da conscientização no combate ao uso indiscriminado desses produtos no meio esportivo?*

TS: A educação e a conscientização são fundamentais para prevenir o uso de esteroides anabolizantes e outras substâncias dopantes. A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) realiza campanhas de conscientização para informar atletas sobre os riscos associados a essas substâncias. A divulgação de informações corretas e a implementação de políticas rigorosas são essenciais para proteger os atletas e promover práticas esportivas saudáveis.

 

*O que pode ser feito, em termos de políticas esportivas e de saúde, para prevenir o uso indiscriminado de substâncias perigosas e proteger os atletas?*

TS: Prevenir o uso indiscriminado de substâncias perigosas exige uma abordagem abrangente que inclua a promoção de iniciativas educativas e de conscientização, como as realizadas pela ABCD e pelo Comitê Olímpico Brasileiro para atletas. O Conselho Federal de Medicina tem um papel importante na restrição da prescrição de esteroides para fins não médicos, e o Conselho Federal de Educação Física, na orientação de treinadores. A implementação dessas políticas e a divulgação das ações são cruciais para proteger os atletas e a população em geral.

 

*Que mensagem deixaria para os jovens que estão ingressando no mundo do fisiculturismo e podem estar tentados a utilizar anabolizantes ou outras substâncias perigosas?*

TS: Eu diria aos jovens que, embora seja comum ter um comportamento imediatista, é importante começar a considerar o impacto a longo prazo de nossas ações. Pensar nas consequências futuras pode ajudar a resistir a tentações momentâneas, como o uso de esteroides anabolizantes. Refletir sobre como as escolhas atuais afetarão nossa saúde e bem-estar no futuro torna mais fácil tomar decisões mais saudáveis e responsáveis.


Agosto Branco: biópsia líquida traz avanços para pesquisa em câncer de pulmão

Técnica não invasiva permite análise do perfil genômico de tumores sólidos utilizando amostras de sangue

 

Agosto é o mês de conscientização do câncer de pulmão – o tumor que mais causa mortes no mundo[i]. Nos últimos anos, ocorreram transformações na oncologia e, hoje, há novas perspectivas para o tratamento da doença. Dentre as inovações que têm impactado consideravelmente a pesquisa na área, está a biópsia líquida – uma técnica não invasiva que permite a análise do perfil genômico de tumores sólidos utilizando amostras de sangue. 

Ao contrário de uma biópsia de tecido que fornece informações de apenas uma fração do tumor, a biópsia líquida fornece informações sobre a heterogeneidade intra e intertumoral em todo o corpo. Ela possibilita uma avaliação detalhada do DNA tumoral circulante (ctDNA) presente no DNA livre de células (cfDNA) encontrado no plasma sanguíneo. Conforme o Country Manager da Illumina, líder global em sequenciamento de DNA, a biópsia líquida está revolucionando a forma como o diagnóstico e o tratamento do câncer são abordados. 

"Ela não só permite uma análise abrangente do DNA tumoral circulante, mas também oferece uma visão mais completa da heterogeneidade do tumor, possibilitando decisões terapêuticas mais informadas e personalizadas”, destaca Simões. 

Em julho de 2024 a Illumina deu novos passos no avanço da tecnologia, realizando a compatibilidade do TruSight Oncology 500 ctDNA para biópsia líquida no NovaSeq X, o sequenciador mais poderoso que existe no mundo em termos de capacidade de gerar dados e custo-efetividade. 

A tecnologia permite uma análise abrangente do ctDNA a partir de amostras de sangue minimamente invasivas. Ela permite a detecção de mais de 500 genes e assinaturas imuno-oncológicas.

“Os principais centros de câncer estão adotando cada vez mais o uso da a profilagem genômica abrangente não invasiva (CGP) baseada em biópsia líquida, e com o ensaio TSO 500 ctDNA v2, pretendemos tornar mais fácil a integração e a obtenção de informações valiosas para pesquisas do câncer”, destaca Simões. 

A evidência crescente sobre a eficácia da CGP por meio de biópsia líquida está resultando em sua inclusão nas diretrizes profissionais de oncologia. Os testes, especialmente no câncer de pulmão de células não pequenas, têm se mostrado valiosos quando os resultados das biópsias de tecido não estão disponíveis ou estão atrasados. Essa tendência deve se expandir para outras malignidades de tumores sólidos, o que reforça a importância de se considerar a profilagem tumoral abrangente a partir do DNA circulante livre no sangue, antes mesmo da análise do tecido. 

"Análises baseadas em tecido tradicionais ainda podem ser limitadas pela disponibilidade de tecido, demandando procedimentos de biópsia caros e invasivos", reforça o Country Manager. "O ‘Agosto Branco’ é um momento importante para destacar os avanços no tratamento do câncer de pulmão, estamos orgulhosos em poder contribuir com o TruSight Oncology 500 ctDNA”, finaliza. 



Illumina
www.illumina.com
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Referências

[1] Carga global de câncer aumenta em meio à crescente necessidade de serviços - Link

2 TruSightTM Oncology 500 ctDNA- Link

2 Illumina launches advanced liquid biopsy assay to enable comprehensive genomic profiling of solid tumors- Link


Posso ter endometriose e adenomiose ao mesmo tempo?

Sabemos que é muito comum que o diagnóstico de endometriose e adenomiose esteja relacionado — em alguns estudos, inclusive, essa associação chegou a 80% dos casos. Essas duas condições ginecológicas, apesar de serem doenças diferentes, compartilham algumas semelhanças em termos de sintomas, como cólicas menstruais intensas, fluxo menstrual prolongado, dor pélvica e dor durante a relação sexual. Neste sentido, o diagnóstico e o tratamento podem se tornar ainda mais desafiadores e, por isso, é muito importante que as mulheres estejam cientes dessa possibilidade e busquem orientação médica adequada.

Todos os anos, a endometriose e a adenomiose afetam milhões de mulheres ao redor de todo o mundo, causando um desconforto significativo e, consequentemente, impactando profundamente a qualidade de vida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a endometriose afeta, aproximadamente, 190 milhões de mulheres em idade reprodutiva em todo o planeta, e 1 em cada 10 podem ter adenomiose no período reprodutivo.

A endometriose ocorre quando o tecido semelhante ao revestimento uterino, conhecido como endométrio, cresce fora do útero, muitas vezes nas regiões pélvicas e abdominais. Já a adenomiose é caracterizada pelo crescimento anormal do endométrio nas paredes musculares do útero, o que leva a uma condição onde o órgão se torna “inflamado” e aumenta de tamanho.

Muitas mulheres, às vezes até os próprios profissionais, tratam esses sintomas como algo normal da menstruação, e isso pode causar problemas maiores no futuro e, por isso, precisamos urgentemente criar uma cultura de priorizar a saúde. Para finalizar o tema, é essencial que, ao sentir qualquer sintoma, a mulher procure um médico especialista, para que o diagnóstico seja rápido, preciso e o tratamento eficaz.

 

Dr. Thiers Soares - médico ginecologista especialista em mioma, endometriose e adenomiose


Prometer pouco e cumprir muito pode transformar o país

A proximidade das eleições municipais é um momento propício para uma reflexão necessária dos brasileiros. Porque em todas as esferas – federal, estadual e municipal - o Brasil vive uma tradição muito nefasta dos candidatos: prometer muito e cumprir pouco.

Tomemos como exemplo as promessas e propostas dos candidatos à Presidência da República nas últimas eleições. Em geral, prometeu-se unir o povo brasileiro – portanto um governo de unidade nacional -, governar para todos, não aumentar impostos, reduzir as desigualdades regionais e sociais, melhorar a educação (pois sem ela não há salvação), e combater a corrupção. Chegou-se a falar que os corruptos seriam sumariamente afastados de seus cargos e seus malfeitos encaminhados ao Ministério Público e à Justiça. Prometeu-se, ainda, ampliar os programas sociais, especialmente o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continua (BCP), e respeitar as conquistas das aposentadorias e pensões.

Tudo soou maravilhoso, no entanto o que se vê na prática são comportamentos iguais, promessas iguais e com data de vencimento: a data da eleição. Nossos políticos levam ao pé da letra o que escreveu o austríaco Sigmund Freud (1856-1939), criador da psicanálise: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e não vivem sem elas”.

Fechadas as urnas, apurados os votos e empossados os eleitos, tudo muda. Não se vê nenhuma ação efetiva no sentido de unir a classe política e o povo brasileiro. Pelo contrário: a prática comum é eleger vilões, imputando a eles todas as dificuldades do governo. A “herança maldita” é a desculpa recorrente.

Quem está no cargo jamais admite qualquer parcela de responsabilidade pelo insucesso da gestão ou pelo não cumprimento do que foi distribuído por sua fábrica de ilusões. Não quer enxergar que não se une um país retirando os direitos de muitos para manter – e, se possível, ampliar – os privilégios de poucos.

O governo federal atual, por exemplo, escolheu como primeiro vilão o presidente do Banco Central – que possui autonomia – e os banqueiros controladores dos maiores conglomerados do sistema financeiro nacional, acusados de serem os grandes responsáveis pelas elevadíssimas taxas de juros, responsáveis por tirar do caixa do governo cerca de R$ 800 bilhões por ano. São apontados como inimigos do povo.

O governo também elegeu dentre os vilões preferidos os cidadãos ricos e super-ricos que não gostam e nem querem pagar tributos. São tratados como egoístas e insensíveis às necessidades da população, apesar de o governo ter aumentado tributos em mais de 50% nos últimos 35 anos, elevando a carga tributária de 22,3%  para o patamar de 33,5% e 34,0% do Produto Interno Bruto (PIB), o que dá ao Brasil a 14ª posição dentre os maiores cobradores de impostos do mundo.

Porém não bastou. São igualmente vilanizados os empresários que vivem reclamando do governo, mas gozam dos benefícios fiscais concedidos pelo mesmo governo que criticam. São personalidades sempre muito ativas no Congresso Nacional e frequentadores de gabinetes de ministros, buscando por mais privilégios e reclamando novas renúncias fiscais – benefícios que retiram recursos do governo na ordem de 4,8% do PIB, o correspondente a R$ 550 bilhões por ano.

O Brasil precisa, urgentemente, aprender a desmitificar as mentiras propagadas amiúde pelos maus governantes.  Não é real que o presidente do Banco Central, o Comitê de Política Econômica (Copom) e os grandes banqueiros são os responsáveis pelas elevadas taxas básicas de juros (Selic).  

Essa situação é consequência da má gestão dos governos dos últimos 25 anos, que optaram pela farra de financiar o gigantismo do Estado nacional com privilégios insuportáveis, e com gastos superiores às receitas, gerando déficits nominais da ordem de 8,89% do PIB, ou R$ 967 bilhões/ano, conforme dados de 2023 do Banco Central do Brasil. Vale lembrar que um ano antes, em 2022, o déficit foi de R$ 480 bilhões. Ou seja, o governo atual dobrou o déficit nominal, revelando pouca preocupação com o tamanho do rombo e ignorando suas consequências. Nem é necessário ser um prêmio Nobel de Economia para saber que todo déficit precisa ser coberto por meio de refinanciamento junto ao sistema bancário e que a simples incorporação dos juros ao estoque da dívida implicará em mais dívida e mais juros a serem pagos.

Também fica claro que gigantesco déficit não foi originado do crescimento de investimentos públicos, tampouco em melhor remuneração dos professores, dos profissionais da saúde, e dos membros da segurança pública, merecedores de proventos mais dignos. A origem, sem dúvida, está na gastança com os privilégios dos donos do poder.

Há outro aspecto a ser considerado. Hoje a taxa básica de juros da Selic é de 10,50% ao ano (em reais). Já a taxa de juros preferenciais dos títulos do tesouro norte-americano está no patamar de 5,50% ao ano (em dólar).


A taxa de juros no Brasil também é agravada pela taxa do risco Brasil, estabelecida pelos credores e investidores internacionais. No caso brasileiro, essa taxa flutua entre 1,35 p.p. e 1,45 p.p.. E ainda existe um terceiro componente considerado na fixação da taxa de juros: a inflação interna, de 3,8% a 4,0% ao ano.

Fácil concluir, portanto, que não existe nenhum ato hostil, nem do Bacen, nem dos bancos. Existe, sim, um descontrole dos gastos do governo que tem superado em muito as receitas. Isso gera um aumento do endividamento, com a colaboração das expectativas futuras em relação ao país e ao cenário mundial, ambas avaliadas como não favoráveis.


Sobre o falso argumento de ricos e super-ricos não gostam e não querem pagar tributos, é necessário ponderação. É fato que esses não gostam, porém pagam tudo o que a legislação estabelece. Não há no Brasil desobediência fiscal.


Questão mais grave está nos governos que tributam muito e preferem cobrar mais do consumo e do emprego do que dos rendimentos do trabalho e do capital, bem como dos dividendos recebidos pelos investidores.


A reforma tributária, em fase de regulamentação no Congresso, apesar de aplaudida por muitos, repete parcialmente os mesmos vícios do passado. O tempo mostrará que teremos uma das duas maiores alíquotas do mundo em tributos sobre consumo - o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) – que devem ficar na faixa de 26% a 28% do bem ou produto. Uma aberração para um país com população majoritariamente de baixa renda (60 % da população tem renda inferior a 1 salário mínimo).


Olhando para trás, vemos que, até a Constituição Federal de 1988, a carga tributária brasileira era da ordem de 22% a 23% do PIB, depois majorada para 27,28% em 2001 e hoje já próxima de 34% do PIB. Ou seja, em apenas 35 anos os tributos foram elevados em mais de 50%.


Conclui-se, portanto, que os verdadeiros culpados são os governos, porque cobram muito (34% do PIB) e cobram mal (tributos regressivos sobre consumo de 25% a 28% do valor do produto comercializado) e sobre o emprego, uma vez que o Brasil tem encargos previdenciários e trabalhistas entre os mais elevados do mundo. Cobram muito para manter privilégios absolutamente condenáveis e para assegurar o gigantismo da ineficiente máquina pública.


Sobre a terceira inverdade citada, vemos que empresários com presença atuante no Congresso Nacional e nos gabinetes dos Ministros de Estado - alguns até no gabinete do Palácio do Planalto – têm conseguido obter do governo central benefícios fiscais e renúncias fiscais (hoje chamados de gastos tributários da União) concedidos sem nenhuma correlação com a redução das desigualdades regionais e sociais, que é seu verdadeiro papel constitucional (arts 43 e 151 da CF/88).


Recentemente, o presidente da República disse em pronunciamento estar chocado com o tamanho da renúncia fiscal da União, cujo valor supera R$ 520 bilhões (em valores de 2023) e sufoca o caixa do governo. É, de fato, motivo de choque para qualquer gestor público que se preze. É inadmissível o governo federal renunciar a cerca de 4,80% do PIB, retirando, com isso, recursos que poderiam ser direcionados para a redução do déficit público anual e para a melhoria dos serviços públicos essenciais à população.


Esse erro não é novo, mas segue se agravando. Em 2002 (último ano de governo de FHC), a renúncia fiscal era de 1,47% do PIB. No ano seguinte, mais que dobrou, atingindo 3,60% em 2015, no final do governo Dilma Roussef, já chegava a 4,33% do PIB. Hoje, está perto de 4,80% do PIB. O governo federal tem, portanto, motivos de sobra para se espantar com esses números. No entanto, se fizesse o mea-culpa partidário concluiria que os governos Lula e Dilma muito contribuíram para a inadmissível ampliação das renúncias que, se cortadas pela metade, dariam ao governo uma folga superior a R$ 260 bilhões/ano.

 

Parte dessa renúncia, aliás, é ilegítima e contrária a comando constitucional estatuído nos artigos 3º, 43, 151 e 165 (parágrafos 6º e 7º). Isso porque de 60% a 65% do valor renunciado anualmente tem como favorecidos os contribuintes-empresários estabelecidos nas duas regiões mais desenvolvidas do país, contribuindo para aumentar o fosso existente entre as regiões Sul e Sudeste e as regiões Norte e Nordeste.

 

Isso também não tem contribuído em nada para melhorar a distribuição de renda no país, vez que o Coeficiente Gini em 2023 mostrou o Brasil ocupando apenas a 30ª colocação entre os 30 países com maior carga tributária no planeta, o lanterna.


Também não encontra respaldo na realidade o discurso de que o governo está melhorando a qualidade de vida e aumentando a renda das classes menos favorecidas, exceto, nesse caso, pela concessão de benefícios sociais de caráter efêmero. Da mesma forma, não se pode dizer que há atuação para a redução da disparidade absurda na renda dos cidadãos do Norte e Nordeste comparados com os brasileiros do Sul e Sudeste.


Diferentemente das promessas, até agora não se vê nenhuma ação governamental concreta na direção prometida. Assim, permanece a dura realidade da renda média dos trabalhadores das regiões Norte e Nordeste ser de 30% a 36% menor que a média nacional, segundo dados oficiais.


O Brasil continua sendo um país de cidadãos pobres. Mais de 60% das pessoas vivem com renda média mensal inferior a um salário-mínimo (R$ 1.412,00, brutos) e cerca de 92% a 94% dos brasileiros têm renda média mensal bruta inferior a três salários-mínimos, ou R$ 4.236,00.


Em outra questão nevrálgica a população, a violência urbana, os recursos financeiros e as ações anunciadas desde 2023 ainda não produziram resultado prático. Segundo estudo do IEP – Institute for Economic and Peace (em português, Instituto para Economia e Paz), mesmo não estando em guerra com outros países, é visto como uma das nações mais perigosas do mundo. Isso porque vivemos uma guerra civil, graças à criminalidade acentuada pelo tráfico de drogas e armas e por cerca de 70 organizações criminosas que o Estado não consegue combater.


O IEP analisou dados de 163 países e colocou o Brasil na indesejável posição nº 131 no ranking de segurança pública. Na América do Sul, somente Venezuela e Colômbia são vistos como menos seguros que o Brasil, recordista mundial em números absolutos de homicídios (dados de 2023).


Isso é um grande obstáculo para o desenvolvimento do país. Recente estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) revela que se a taxa nacional de homicídios convergisse para a média global, a economia brasileira poderia experimentar crescimento adicional de 0,6% do PIB, equivalente a R$70 bilhões.


O mito da competitividade alardeada pelo vice-presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda não se concretizou. Nada se verificou de ações eficazes em relação a programas de melhoria de competitividade nos setores produtivos nacionais.


Há cinco anos consecutivos o Brasil permanece entre os 10 países menos competitivos no ranking global. Matéria da revista Exame mostrou que, segundo o I.M.D. – Instituto for Management and Development (em português Instituto de Gestão e Desenvolvimento), sediado na Suíça, em 2024 o Brasil caiu duas posições em relação à colocação de 2023.


Nesse ranking, o país ocupa apenas a 62ª posição, seguido de Gana (65º), Argentina (66º) e Venezuela (67º). Definitivamente, não temos do que nos orgulhar.


As promessas de campanha vão se acumulando sem serem cumpridas. Enquanto isso, o Brasil vai somando derrotas mundiais em indicadores importantes. Apesar disso, é preciso ser otimista porque não faltam recursos financeiros e a honestidade ainda é o maior legado que um pai pode deixar para sua família e um governante, ao seu país. Foi o que ensinou o dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616): “Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade”.


Para transformar o país nossos governantes precisam, antes de tudo, mudar o comportamento. Os brasileiros terão um país muito melhor se os governos aprenderem a prometer pouco e cumprir muito. Que saudade de Juscelino que cumpriu mais de 82% do seu plano de metas. 

 

Samuel Hanan - engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br

 

Para Anadem, crescente cancelamento dos planos de saúde pelos mais jovens deve gerar impacto no SUS

 Além de aumentar a demanda no Sistema Único de Saúde, há o risco de a qualidade dos serviços oferecidos pelos planos decair de forma significativa, avalia entidade


O “choque” entre gerações vem sendo discutido há bastante tempo. Se antigamente o desejo da maioria das pessoas, no campo profissional, por exemplo, era conquistar um emprego e fazer carreira até chegar a um cargo de diretoria, hoje os profissionais estão priorizando outros aspectos, principalmente a qualidade de vida. Embora haja uma conexão entre esse fator e a manutenção da saúde, jovens entre 20 e 29 anos de idade estão cancelando os seus planos de saúde. 

Números da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que mais de 12 milhões de pedidos de cancelamento de planos de saúde foram solicitados por usuários nessa faixa etária. Para se ter ideia, entre janeiro e abril deste ano, mais de 540 mil jovens, entre 25 e 29 anos, cancelaram seus planos, o que acende um sinal de alerta, já que nos anos anteriores esses números se mantiveram estáveis. Entre 2021 e 2023, foram 1,64 milhão de cancelamentos e, em 2020, durante a pandemia, foram 1,38 milhão. 

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Raul Canal, esse é um caso que merece atenção, uma vez que 2024 já conta com um número substancial de cancelamentos, e que tende a aumentar, o que pode sobrecarregar ainda mais o Sistema Único de Saúde (SUS): “Em um número hipotético, o SUS absorverá mais dois milhões de pessoas nos atendimentos diários, uma vez que, ao cancelar o plano de saúde, o cidadão recorre a hospitais e postos de saúde públicos quando precisa”.

 

Fatores cruciais 

A avaliação sobre o que é custo e investimento pesa na decisão do usuário, assim como a possibilidade de contar com alternativas de atendimento, como planos sazonais ou o custeio de consultas e exames sem vínculos fixos. Para os mais jovens, o plano de saúde não é prioritário e o recurso investido pode ser otimizado em outra frente. O pensamento diverge daquele das gerações anteriores, para quem vale investir em um plano para, na hipótese de precisar, receber uma assistência mais completa e confortável em unidade particular. 

Segundo o especialista em Direito Médico, os planos de saúde também precisam fazer sua parte para tentar conter esse alto número de cancelamentos. “Isso passa pela melhoria dos serviços oferecidos e por transmitir mais confiança aos segurados, que a qualquer momento vêm sendo excluídos dos convênios sem explicação, principalmente aqueles com idade mais avançada. Esses cancelamentos podem colocar todo o ciclo em risco, já que o impacto gerado pela ausência desse dinheiro pode afetar diretamente a qualidade do que é oferecido pelas seguradoras”, afirma Raul Canal.



Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética – Anadem
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