Muitas famílias pensam
erroneamente que é caro estudar fora e que esse não é um sonho possível
Estudar fora do Brasil é um sonho de muitos jovens na
atualidade. São inúmeros os motivos que levam ao desejo de realizar uma
graduação no exterior. A oportunidade pode mudar a vida de um estudante para
sempre, sendo um grande diferencial no mercado de trabalho, posicionando a
carreira em alto patamar e permitindo um intercâmbio. “Quem estuda fora sai de
sua zona de conforto e desenvolve habilidades socioemocionais muito importantes.
Diplomas abrem portas para as contratações, mas essas aptidões mantém o aluno
empregado e ajuda na evolução da carreira”, afirma Ana Claudia Gomes, que é
educadora e também faz consultoria para alunos da EDF – Escola do Futuro
Brasil, que querem estudar fora.
Segundo pesquisa Selo Belta 2023, o mercado brasileiro de
educação internacional registrou um crescimento de 18% em 2022 em comparação a
2019, consolidando em 455.480 estudantes. Para a educadora um dos motivos deste
crescimento é que os pais querem dar aos filhos a oportunidade que não tiveram.
“Mas, ainda há famílias que acreditam erroneamente que é caro estudar fora e
que esse não é um sonho possível. Porém, existem muitas universidades na Europa
que dão oportunidade e ainda ministram as aulas em Inglês. Há também muitos
países que precisam de mão de obra jovem e a empregabilidade em alguns deles
está bem alta. Além disso, os custos são mais baixos e algumas nações até
oferecem a nacionalidade para quem faz faculdade e estabelece moradia por cinco
anos, como Holanda e Alemanha”, detalha.
Porém, para realizar o tão sonhado intercâmbio, é muito
importante o estudante se munir de informações, que são fundamentais para a
concretização do plano.
A preparação para estudar fora
Ana Claudia orienta que é preciso ter foco e planejamento
na preparação para estudar fora do Brasil e que a elaboração deve se iniciar no
9ª ano (9th grade), quando começa o Ensino Médio em muitos países. “É preciso
cuidar do GPA (grade point average), que é uma média das médias de cada ano.
Além disso, é importante ter um bom currículo de trabalhos sociais e liderança
na escola; estudar com foco no SAT, que também é aceito para ingresso em muitas
universidades privadas de alto nível brasileiras, como Insper, Mauá e FGV;
demonstrar liderança e ser ativo socialmente nas atividades escolares e na
comunidade. O ideal é ter todos os testes feitos com sucesso até o final do 2º
ano (11th), já que o SAT tem validade de dois anos e pode ser usado também no
Brasil. Ter boas notas no ENEM também ajuda em alguns países da Europa”,
comenta.
Os jovens que estudam numa instituição com educação
bilíngue alinhada com as melhores práticas globais, cujo o foco não é apenas
aprender uma segunda língua, mas integrar Programas Nacionais e Internacionais,
que tragam familiaridade com diferentes culturas e perspectivas, possuem mais
facilidade em intercâmbios. “Quem estuda numa escola, como a EDF, que é
reacreditada internacionalmente pela Cognia, está mais preparado, pois já fazem
trabalhos voluntários, têm preocupação com o GPA, atuam em liderança na escola,
trabalham traços de caráter, recebem o diploma americano e o brasileiro e
possuem fluência em inglês. Esses alunos conseguem ótimas notas no SAT porque
estudam numa escola que os preparam para isso”, explana.
O primeiro movimento, para cursar uma faculdade em outro
país, é aumentar a proficiência na língua inglesa e também na língua do local
escolhido. “O inglês é fundamental! Quem não estuda em escola
internacional e não cursou o Ensino Médio na língua inglesa precisará fazer um
teste de proficiência, que pode ser o TOEFL IBT, o IELTS, ou até o Duolingo.
Cada universidade exige uma pontuação mínima. Se o estudante for estudar na
Espanha, onde o curso será dado em espanhol, por exemplo, precisará ter um
nível mínimo B2 de proficiência no DELE. Cada país e cada idioma tem seu teste
de proficiência”, complementa
Confira mais alguns informações importantes listado por
Ana Claudia Gomes:
Entenda o perfil individual: É muito
importante essa compreensão no começo do processo. O aluno vai se dar bem
morando fora, longe da família? Tem o perfil necessário? Prefere uma escola
mais competitiva ou mais aconchegante, com poucos alunos em sala e mais atenção
dos professores? Quanto pode pagar? Quais são seus pontos fortes para bolsa?
Quer voltar ao Brasil depois de se formar? O curso pode ser validado no Brasil?
Uma boa assessoria e as escolas trabalham com o aluno e a família nesse sentido.
Pesquisar as universidades: Depois
de saber qual curso pretende fazer, é fundamental escolher uma universidade e o
destino. A pesquisa deve englobar desde porcentagem de aceitação; mínimo
exigido em testes; currículo da formação que se almeja; valor da taxa de
aplicação; buscar testemunho de alunos e ex-alunos; conhecer os custos;
empresas parceiras das faculdades; possibilidades extracurriculares; saber o
que as universidades estão fazendo; quais são as bolsas de estudo possíveis
para alunos internacionais; e até fazer um tour virtual do campus. A maioria
das empresas de assessoria faz um levantamento de informações para até 6 opções
de instituições educacionais do exterior. Se a família precisar de muita bolsa,
é recomendado aplicar para mais. Os counselors de escolas aplicam para mais,
dependendo das necessidades de cada família.
Ranking da universidade: Muitas
famílias tomam decisões por esse ranking, mas há muitos fatores que
definem essa avaliação, por isso, não é tão relevante. Depende do curso, e o
mais importante é que a universidade escolhida seja compatível com o aluno.
Alguns alunos querem estudar fora apenas se forem para MIT, Yale ou
Cambridge. Esse processo de admissão pode ser aplicado para essas
instituições, mas há muitas outras, que também são excelentes mesmo não sendo
Ivy Leagues e podem mudar o futuro do estudante para melhor, tanto quanto
essas. Não é uma questão de status, mas de realização, oportunidade de viver
uma experiência única, e aprendizado.
Definir o destino: Depois
de escolher o curso, deve-se escolher o país, pois nem todas as faculdades
oferecem todos os cursos na Europa. Muitas famílias querem a Flórida porque há
voos mais baratos e é mais rápido, outras se preocupam com o custo de vida do
local e até o clima e/ou alimentação. Na Europa, por exemplo, as universidades
são mais baratas, mas a moradia é mais cara. Tudo deve ser avaliado e levado em
consideração para a adaptação do aluno e de sua família.
Atividades extracurriculares:
Isso é importantíssimo para que o currículo seja competitivo. As escolas
internacionais e bilíngues já ajudam muito com isso, pois propiciam essas
atividades.
Pesquisar e fazer os exames necessários:
No site de cada universidade consta todas as informações sobre essas
análises. Por isso, é importante ter uma tabela com as instituições
educacionais prováveis e dedicar-se a uma pesquisa bem ampla e cuidadosa,
principalmente se o estudante e a sua família estão fazendo isso sozinhos. Se
houver uma assessoria, da escola ou contratada, tudo isso será feito por eles
que darão toda a orientação necessária.
Cartas de recomendação: A
carta principal é a recomendação do Counselor da escola, ou se não houver, do
coordenador(a). Algumas faculdades aceitam as cartas de até 5 professores.
Essas mensagens devem ser escolhidas de acordo com o curso, por exemplo, para
Engenharia, deve-se começar escolhendo os professores de física e matemática, e
da mesma forma para outras disciplinas segmentadas. Mas, também é preciso ter
uma recomendação de outra disciplina, como uma eletiva, por exemplo, pois isso
mostra que o aluno é bom como um todo. Lembrando que nem sempre o aluno pode
ver essa recomendação. Muitas são feitas online pelo professor, por meio de
link enviado pela faculdade.
Ter seguro: Depois da matrícula
na universidade o seguro é obrigatório. Não é preciso se preocupar com isso
durante o processo. Só saber que é obrigatório e há esse custo. No site de cada
universidade esse custo e os demais ficam claros, assim como as possibilidades
de bolsa e os requisitos para concorrer às mesmas.
Documentos necessários: No
momento da aplicação, cada faculdade pode solicitar uma documentação diferente,
além de redações, cartas de recomendação, histórico escolar, comprovação de
renda familiar, cópia do diploma, etc. A Universidade de Malta, por
exemplo, exige atestado de idoneidade. Cada faculdade é um caso. Por isso, fazer
as aplicações com tempo e calma é fundamental, pois muitos documentos talvez
precisem de tradução juramentada. Isso, se a escola não for internacional ou
acreditada, pois nesse caso já emite os documentos em Inglês.
Conseguir o visto:
Isso deve ser providenciado depois da matrícula. A escola manda uma carta, que
no caso dos EUA é o I-20, que possibilita o visto de estudante. Apenas com esse
documento é possível solicitar a autorização de estadia no país almejado, por
isso obtê-lo só é possível após a matrícula.
Porém, a educadora salienta que a consultoria da escola
ou contratada externamente por si só não faz milagres. “Cada aluno entra na
faculdade que seu desempenho acadêmico permite. Financeiramente também depende
das condições da família. Há diversas modalidades de bolsas como as acadêmicas,
de esportes e de talento (como dança e música), mas, tudo só é possível depois
do conhecimento do perfil do aluno. A escolha da lista de faculdades certa é
muito importante. Para bolsas esportivas, é preciso contratar uma consultoria
com especialização em seu esporte. Não basta jogar por hobby. Vai muito
além, e nem sempre quem faz a aplicação acadêmica, faz as duas coisas”,
completa a educadora e consultora da EDF – Escola do futuro.