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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Olimpíadas: Especialista do Oftalmos chama atenção para os riscos da água aos olhos durante o esporte

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Exercícios realizados na piscina ou mar exigem cuidados específicos, como uso de colírios e óculos de proteção UV, ressalta oftalmologista


Os Jogos Olímpicos de 2024 vão começar e 8 modalidades serão realizadas nas piscinas e no mar e, por tabela, o maior evento esportivo do mundo, gera um aumento significativo pelo interesse das pessoas na prática de esportes. Os competidores desta categoria necessitam de um preparo ocular específico, o médico Dr. Fernando Ramalho, especialista em cirurgia refrativa no Oftalmos - Hospital de Olhos, de Santa Catarina, faz um alerta para os riscos da água aos olhos nessas atividades esportivas. A exposição ao cloro da piscina e ao mar facilita a entrada de microrganismos nos olhos, causando vermelhidão e irritação, comenta o oftalmologista.
 

“Um dos principais desafios enfrentados pelos atletas são os produtos aplicados na água, que facilitam o ressecamento e alergia oculares, quando os olhos são expostos sem proteção. Adotar práticas de higiene diminui as chances de doenças que podem surgir ao decorrer do tempo”, diz Ramalho. Algumas dicas são: uso de óculos de proteção UV, enxaguar os olhos com água limpa para remover quaisquer resíduos ou substâncias químicas após a atividade física na piscina, e também usar colírios lubrificantes, se necessário, para aliviar qualquer irritação, completa Dr. Fernando. 

Além dessas recomendações, é importante lembrar que os olhos são naturalmente hidratados pela lágrima, mas o contato prolongado com água salgada, especialmente no surfe, que será praticado no mar do Taiti, nas Olimpíadas de 2024, pode diluir essa proteção natural, levando a sintomas como olho seco e irritação, complementa Dr. Fernando Ramalho.

 

É importante ressaltar que, mesmo nas olimpíadas, com todo protocolo de higienização, os microrganismos podem estar presentes e prejudicar a saúde ocular do atleta, independentemente da modalidade, quando não realizados os cuidados oculares pré e pós-prática do esporte, finaliza Dr. Fernando Ramalho.

 

Fique sabendo 

Os jogos Olímpicos Paris 2024 acontecerão de 26 de julho a 11 de agosto. Os jogos são um festival popular e multicultural compartilhado por tantas pessoas ao redor do planeta. O evento terá 350.000 horas de transmissão em TV, 35 locais de competição, 10.500 atletas, 20.000 jornalistas credenciados, 31.500 voluntários, 19 dias de competições e muito mais.

 

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Tratamento para pacientes de 6 meses e menores de 18 anos de idade com dermatite atópica grave passa a ter cobertura obrigatória nos planos de saúde

 • ANS anunciou a incorporação de dupilumabe para o tratamento de bebês, crianças e adolescentes entre 6 meses e 18 anos de idade com dermatite atópica grave, que até então estavam desassistidos pelos planos de saúde • Medicamento auxilia na redução de sintomas que impactam a qualidade de vida de crianças, adolescentes e suas famílias, como o isolamento social, depressão e a privação de sono


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anuncia a incorporação da terapia imunobiológica Dupixent® (dupilumabe), da farmacêutica Sanofi, para o tratamento da dermatite atópica grave em pacientes pediátricos entre 6 meses e menores de 18 anos, após participação histórica da sociedade no processo de consulta pública, recebendo quase dez mil contribuições favoráveis à incorporação deste medicamento. A medida, já publicada em Diário Oficial, começa a valer a partir do dia 2 de maio. Até então, essa população não contava com tratamentos disponíveis para dermatite atópica grave na lista de cobertura obrigatória pelos planos de saúde. O tratamento já estava disponível para adultos e essa será uma extensão de cobertura para esse público mais vulnerável.

“Essa inclusão é um verdadeiro divisor de águas para milhares de crianças e familiares que convivem com a DA, pois trata-se de um público que sofre muito com os sintomas. Isso porque os sintomas - coceira intensa e lesões na pele – geralmente causam isolamento social, depressão e privação de sono no paciente e nos cuidadores, impactando a produtividade e qualidade de vida daquela família como um todo e exigindo uma série de cuidados especiais. Com a possibilidade do tratamento adequado, os sintomas podem ser controlados e essas crianças poderão crescer e desenvolver todo o seu potencial”.

Um estudo sobre o impacto da doença no público adolescente entre 14 e 17 anos com DA mostrou que eles perdem, em média, 26 dias de aula por ano[1], o que reflete a importância da ampliação do arsenal terapêutico para o tratamento da dermatite atópica grave na população pediátrica[2].


Sobre a Dermatite Atópica

A dermatite atópica é uma doença de pele inflamatória crônica, cujas características principais são pele seca e coceira intensa, que se tornam lesões inflamatórias (eczemas) que frequentemente evoluem para feridas e infecções[3]. Em alguns pacientes, a coceira é constante e incontrolável, sendo um dos fatores responsáveis pela diminuição da qualidade de vida de pacientes e de seus familiares[4] .

A doença pode estar associada a um atraso no crescimento e no ganho de peso em crianças, o que pode ser ocasionado por vários fatores, como a inflamação crônica, o comprometimento da qualidade do sono, a restrição alimentar decorrente da investigação de alergias associadas, a coceira incessante e o estresse psicológico[5]  [6] .


 Dra. Silvia Soutto Mayor - Médica dermatologista e responsável pela Dermatologia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo


Sanofi   

 

[1] Drucker AM, Wang AR, Li W-Q, Sevetson E, Block JK, Qureshi AA. The burden of atopic dermatitis: summary of a report for the National Eczema Association. J Invest Dermatol. 2017;137(1):26–30. 

[2] Drucker AM, Wang AR, Li W-Q, Sevetson E, Block JK, Qureshi AA. The burden of atopic dermatitis: summary of a report for the National Eczema Association. J Invest Dermatol. 2017;137(1):26–30.

[3] Simpson EL et al. J Am Acad Dermatol 2016;74:491-498

[4] Gonzalez ME, Schaffer JV, Orlow SJ, Gao Z, Li H, Alekseyenko AV, et al. Cutaneous microbiome effects of fluticasone propionate cream and adjunctive bleach baths in childhood atopic dermatitis. J Am Acad Dermatol. 2016;75(3):481-493.e8.

[5] Aljebab F, Choonara I, Conroy S. Systematic review of the toxicity of longcourse oral corticosteroids in children. PLOS ONE 2017; 12:e0170259

[6] Nicholas MN, Keown-Stoneman CDG, Maguire JL, Drucker AM. Association Between Atopic Dermatitis and Height, Body Mass Index, and Weight in Children. JAMA Dermatol. 2022 Jan 1;158(1):26-32. doi: 10.1001/jamadermatol.2021.4529.

 

Câncer de mama: novo tratamento inibe crescimento de tumores em 80% e reduz metástases em 90%, aponta estudo

 

Focada em biotecnologia, a biotech Pannex Therapeutics desenvolveu uma nova classe de tratamentos de câncer em estágio avançado, que mostra que seus medicamentos inibem o crescimento do tumor em até 80% e têm uma redução média de 90% na metástase do tumor inicial.

 

De acordo com a American Cancer Society, o câncer de mama triplo-negativo (TNBC) representa ao redor de 10% a 15% de todos os casos dessa doença. Esse tipo se caracteriza pela ausência de receptores de estrogênio, progesterona e da proteína HER2, o que dificulta o tratamento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de sobrevida em cinco anos para pacientes com TNBC é inferior a 12%. 

Diante desses números alarmantes, a startup Pannex Therapeutics desenvolveu uma nova classe de tratamentos chamados bloqueadores do canal Pannexin1 (Panx1), especificamente para cânceres agressivos como o TNBC. Segundo David Bravo, CEO da empresa que integra o portfólio da aceleradora global The Ganesha Lab e IndieBio em New York, o câncer de mama triplo-negativo é caracterizado por uma alta taxa de recorrência, um potencial metastático significativo e limitadas opções de tratamento. Isso destaca a necessidade crítica de terapias inovadoras e direcionadas, como o bloqueio de Panx1. 

Os estudos da startup demonstraram um excelente impedimento do crescimento do tumor e eficácia superior na inibição da metástase em um modelo animal de câncer de mama triplo-negativo. "Em julho de 2023, iniciamos vários estudos de laboratório in vitro, usando uma linha celular de câncer de mama humano triplo-negativo. Testamos a eficácia dos medicamentos como bloqueadores do canal Panx1 e analisamos várias características do câncer, a fim de selecionar os que apresentaram melhores resultados", explica Bravo. 

Além disso, conforme relatado pelo fundador e CEO da empresa, foram realizados testes com os seis medicamentos mais eficazes, utilizando um modelo animal em estágio IV de câncer de mama triplo-negativo. Os resultados indicaram que os medicamentos da Pannex Therapeutics inibiram o crescimento do tumor em 80% na maioria dos animais tratados, em comparação com aqueles que receberam apenas um placebo, sem causar efeitos colaterais. 

No estudo subsequente, a empresa avaliou a inibição da metástase, isto é, a disseminação do câncer para diferentes órgãos, utilizando um modelo animal de câncer de mama humano triplo-negativo em estágio IV (estágio final). Esse modelo representa um tipo particularmente agressivo de câncer. 

"Ao utilizar um marcador nas células tumorais, conseguimos rastrear a disseminação do câncer pelo corpo dos animais. Cinco dos seis novos candidatos a medicamentos apresentaram uma redução média de 90% na metástase do tumor inicial para os tumores nos pulmões, fígado e cérebro", comenta o executivo. 

Fundada em 2020 pelo brasileiro David Bravo, diretor executivo, Thomas Gerlach, diretor de estratégia, e Gerhard Gross, diretor científico e desenvolvedor de 14 moléculas aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration), a Pannex Therapeutics se destaca no desenvolvimento pioneiro de bloqueadores de primeira classe do canal Pannexin1 (Panx1), além de traduzir essa ciência emergente em novas terapias contra o câncer. 

Após apresentar esses resultados promissores e com o apoio do The Ganesha Lab, aceleradora global especializada em startups biotecnológicas e IndieBio em New York, a startup planeja comercializar seu tratamento na América Latina e nos Estados Unidos, com planos de expansão para outras regiões. "Esses resultados são muito relevantes, considerando que a metástase é responsável por cerca de 90% das mortes por câncer de mama. Nossos medicamentos têm o potencial de interromper o crescimento e a disseminação do tumor por todo o corpo do paciente, salvando inúmeras vidas", finaliza David Bravo.

 

“Mão de pão de queijo”: Entenda sobre a lesão de nome curioso

 

No Brasil, um trauma em especial ficou conhecido no
meio ortopédico como “lesão do pão de queijo”
 
 
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Expressão se refere a um dos vários acidentes domésticos que rondam as cozinhas; Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão explica

 

Quem nunca sofreu algum tipo de corte nas mãos por conta de incidentes com objetos pontiagudos como facas, tesouras, espetos, sem falar em descascadores de legumes, latas com abertura por anéis e embalagens de vidro? Esse tipo de acidente doméstico não é raro e representa um perigo que está sempre rondando a rotina da casa.

 

No Brasil, um trauma em especial ficou conhecido no meio ortopédico como “lesão do pão de queijo”. O ferimento acontece quando a pessoa tenta separar dois ou mais pães de queijo congelados, com ajuda de uma faca. “A ação pode resultar na perfuração da palma da mão ou dos dedos, com o corte afetando nervos periféricos, que dão a sensibilidade nas pontas dos dedos; e os tendões, que dão movimento aos dedos, podendo resultar na necessidade de cirurgia”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Antonio Carlos da Costa.

 

A mão é composta por 29 ossos, 20 tendões e três nervos principais, e o especialista alerta que o cuidado deve ser redobrado não só ao manusear o pão de queijo. “Deve-se evitar separar com a faca qualquer alimento que esteja congelado, pois ele estará duro, gelado e escorregadio, então, a tendência será a faca escorregar e entrar na mão”, pontua.

 

Lesão causada ao manusear outro alimento, o abacate, já foi, inclusive, tema de estudo: em 2020, pesquisadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos, investigaram o aumento de ferimentos causados por faca ao manusear a fruta, o que ficou popularmente conhecido como “mão de abacate”.

 

“Ao segurar o alimento em uma mão e a faca com a outra, a pessoa pode acabar se cortando facilmente se aplicar muita força, já que a polpa do abacate é macia e a casca é facilmente cortada. Normalmente, no caso do abacate, a lesão é simples, mas em certos casos, a faca pode cortar ou danificar nervos e tendões da mão, podendo também exigir cirurgia”, fala o cirurgião de mão.

 

Na cozinha, o presidente da SBCM alerta que a atenção precisa ser total. Em episódio do reality show Masterchef britânico, exibido no dia 23 de abril, uma participante decepou a ponta do dedo enquanto picava ingredientes. “No ato de cozinhar, é preciso estar 100% focado e atento, e evitar fazer as coisas com pressa, pois além de ser inimiga da perfeição, como diz o ditado, pode resultar em sérios acidentes, como cortes profundos, queimaduras e até amputações”, frisa.

 

 

O que fazer em caso de corte?

 

O presidente da SBCM ressalta que ao cortar a mão, a primeira medida é higienizá-la, mas sem aplicar nenhum tipo de produto químico ou substância caseira, como borra de café, pasta de dente e açúcar. “Em seguida, cubra e pressione de leve a área afetada com gaze ou pano seco e limpo antes de ir ao hospital. Elevar a área afetada também ajuda a controlar mais rapidamente o sangramento”, diz.

 

Se observar que o corte é profundo, com exposição de gordura (de coloração amarela), osso ou tendão (estruturas brancas), deve-se procurar atendimento médico imediatamente. “A maioria das áreas com algum corte profundo precisa ser suturada em até 8 horas”, salienta.

 

Já nos casos de amputação, é preciso acondicionar a estrutura amputada e ir imediatamente ao pronto-socorro para que a equipe verifique a possibilidade de fazer um reimplante. Mas para isso, será preciso limpar a parte amputada, protegê-la com um pano bem limpo e colocá-la em um saco plástico, que deve ser colocado dentro de um outro que contenha soro fisiológico para, enfim, inseri-lo no gelo ou sob refrigeração.

 

“É importante lembrar que nenhum corte deve ser desvalorizado, uma vez que o local vira uma porta de entrada para bactérias, ficando propenso a infecções, cicatrizes de má qualidade e, dependendo da gravidade, resultar na perda da sensibilidade de músculos e dos movimentos de tendões. É recomendado procurar um especialista em cirurgia da mão para o diagnóstico e tratamento adequado”, conclui.

  



SBCM - Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão
www.cirurgiadamao.org.br


Gosto ruim na boca, um sintoma típico de sinusite

Achou o sabor da comida estranho? Da bebida, idem? Antes de reclamar com o garçom, pense bem: o problema pode estar com você! Entenda a razão!

 

Se a aquela comida que você tanto adora está com um gostinho estranho, assim como a sobremesa, a bebida, ou até mesmo a água está ingerindo, é bom pensar duas vezes antes de deduzir que há algo de errado com elas. A origem do problema, muito provavelmente, está com você! Ou, mais precisamente, com o seu paladar.

Muita gente não sabe, mas a sensação de gosto ruim ao se alimentar é comum em pessoas que estão com quadro de sinusite – ou seja, com inflamação dos seios paranasais, que são as cavidades ao redor do nariz.

Embora o problema não afete especificamente a língua e a garganta, suas consequências podem, sim, alterar o sabor dos alimentos e bebidas. "Além da congestão nasal, dor facial, dor de cabeça e secreção nasal espessa, que são as características mais notórias da sinusite, muitos pacientes também relatam sentir um gosto metálico, amargo, azedo ou mesmo podre durante a alimentação", confirma o Dr. Fabiano Brandão, otorrinolaringologista do Hospital Paulista – referência em saúde de ouvido, nariz e garganta.

O motivo, segundo o especialista, se dá por conta do acúmulo de secreções nasais que escorrem para a garganta. "Isso, geralmente, ocorre devido à drenagem do muco infectado por bactérias, vírus ou fungos, para a parte de trás da garganta. Quando os seios paranasais estão inflamados e congestionados, essa secreção pode se acumular e não escoar adequadamente, resultando em um líquido espesso e desagradável, que fica alojado na parte de trás da garganta.”

Esse processo, de acordo com o médico, é chamado de gotejamento pós-nasal, que é justamente a causa da alteração que ocorre no nosso paladar. "O gotejamento pós-nasal pode levar a um gosto ruim persistente na boca, pois as secreções nasais infectadas entram em contato com as papilas gustativas na parte de trás da língua, alterando a percepção do sabor. Mesmo após escovar os dentes ou usar enxaguantes bucais, os pacientes relatam que essa sensação ruim tende a persistir e, também, costuma se agravar ao longo do dia ou após períodos deitados, quando o gotejamento pós-nasal é mais perceptível.”

Ainda de acordo com o especialista, essa sensação desagradável pode ocorrer em qualquer estágio da sinusite e, até mesmo, após o tratamento. "Depende de vários fatores, como a gravidade da inflamação dos seios paranasais, a presença de complicações e, sobretudo, a eficácia do tratamento. Por isso, é importante sempre ressaltar que o tratamento domiciliar para sinusite serve mais para aliviar os sintomas temporariamente. Ele jamais substitui a avaliação médica adequada, especialmente se os sintomas persistirem, piorarem ou em casos de sinais de alarme. Portanto, se você sente um gosto ruim na boca que não cessa, especialmente acompanhado por outros sintomas de sinusite, é aconselhável consultar um otorrinolaringologista para um diagnóstico adequado e tratamento", finaliza o Dr. Fabiano.



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


Livro ajuda a elencar prioridades e organizar o dia em uma família neuroatípica

  Em "Além do Autismo", mentora e terapeuta em saúde mental Andreia Silva apresenta ferramentas e dicas para facilitar o cotidiano de extremo cuidado e amor


Insegurança, preocupação com o futuro e dúvidas sobre como lidar com comportamentos desafiadores permeiam o cotidiano de famílias que convivem com o autismo infantil. Essa realidade não faz distinção de renda, estado civil e nível de escolaridade, apontou o estudo “Retratos do Autismo no Brasil em 2023”, realizado pela healthtech Genial Care, rede de cuidado de saúde atípica.

Segundo o levantamento, 68% dos cuidadores relataram dificuldades de encontrar tempo para descanso e para cuidar de si mesmo, entre outras limitações diárias. Para fazer frente a estes desafios, Andreia Silva desenvolve um trabalho de apoio emocional aos familiares, que agora se traduz na publicação do livro Além do Autismo: dicas de uma mãe atípica em busca do equilíbrio.

Com uma ampla bagagem de estudos – atuação como mentora, terapeuta e palestrante de saúde mental, além de mãe –, a autora oferece um guia prático, recheado de ferramentas, técnicas e dicas para auxiliar responsáveis atípicos. Como manter a calma e o equilíbrio para tomar decisões?  Como posso extrair o melhor do meu filho? Seu filho entende o que você fala? Estas e outras questões são abordadas de forma didática para elucidar dúvidas corriqueiras e fundamentais no dia a dia.

Tópicos sobre organização, planejamento e definição de prioridades também são aprofundados de forma a permitir que os cuidadores consigam manter uma rotina viável e, assim, não deixem nada para trás, inclusive o autocuidado. Segundo Andreia, é fundamental que mães e pais de crianças no TEA (Transtorno do Espectro Autista) dediquem um tempo para si dentre as prioridades.

A prática da flexibilidade, da paciência e do autocuidado é essencial para lidar com os desafios cotidianos. Dessa forma, quanto mais minucioso, preciso e verdadeiro formos, mais segurança os filhos terão para seguir seu próprio caminho, seja ele uma criança típica ou atípica. (Além do Autismo, p. 27)

Além do Autismo é um importante recurso facilitador para a tomada de decisões em um cotidiano sabidamente laborioso. Andreia Silva reúne sua experiência de 24 anos em Administração de Empresas e Finanças a uma vivência pessoal como mãe de criança atípica para trazer um conteúdo elucidativo, que auxilia a elencar prioridades e despender todo o cuidado e afeto que um filho merece, sem abrir mãos das necessidades dos demais indivíduos no seio familiar.

 

Divulgação
Andreia Silva

Ficha técnica

Título: Além do Autismo
Subtítulo:
Dicas de uma mãe atípica em busca de equilíbrio
Autor:
Andreia Silva
ISBN: 978-65-5872-694-4
Páginas
: 128
Preço: R$ 42,90 (físico)
Onde encontrar:
Amazon

Sobre a autora: Formada em Administração de Empresas, Andreia Silva é mãe, mentora, palestrante sobre Saúde Mental, terapeuta integrativa e criadora do método IAP — Identificar, Atuar e Praticar. Após saber que sua filha mais nova está no TEA (Transtorno do Espectro Autista), iniciou uma jornada pessoal e profissional para aperfeiçoar as próprias habilidades e se tornar sua melhor versão. Além do Autismo: Dicas de uma mãe atípica em busca de equilíbrio, seu livro de estreia, é um guia com ferramentas, experiências e aprendizados que ela construiu ao longo dos anos para ajudar mães e pais de crianças com TEA a encarar o laudo a partir de um olhar mais positivo, apesar dos desafios.

YouTube: É possível, por Andreia Silva
Instagram: @porandreiasilva


O drama da superlotação das emergências pediátricas: quando levar a criança e o que fazer para amenizar esse cenário?

 

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Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) oferece orientações para cuidados prévios antes de recorrer à emergência pediátrica


A cada ano que passa, o cenário se repete com emergências pediátricas lotadas e uma constante preocupação de pais e responsáveis que precisam buscar atendimento para bebês, crianças e adolescentes. Esse fenômeno é agravado pelo aumento de doenças respiratórias, mas em 2024, ganhou ainda contornos mais críticos por conta do crescimento de casos de dengue no estado. Uma orientação importante do momento é reforçar os cuidados com a dengue que incluem o uso frequente de repente nas crianças e os cuidados em casa para não manter água parada. Em crianças a partir de 4 anos é indicada a vacina. 

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) destaca a importância de medidas preventivas antes de dirigir-se à emergência com os filhos.

"É essencial compreender a distinção entre emergência e urgência em cuidados pediátricos. Um atendimento emergencial é imperativo quando há risco iminente de morte, enquanto a urgência refere-se a casos graves que podem evoluir. Recomenda-se, sempre que possível, o acompanhamento regular com o pediatra, a fim de prevenir situações emergenciais", enfatiza o vice-presidente da SPRS, Marcelo Porto.

Algumas orientações gerais para o cuidado da saúde dos pequenos precisam ser observadas com rigor. Entre elas estão o cuidado permanente com a hidratação e reduzir a exposição a ambientes fechados e aglomerados, minimizando o risco de contágio. Também é indicado manter os ambientes bem ventilados, lavar as mãos da criança frequentemente com água e sabão e não compartilhar objetos pessoais como talheres e copos.

"Um pedido que sempre salientamos é que os pais não enviem as crianças, quando estão doentes, para as escolas. Também cabe a cada um ter o bom senso de não fazer visitas quando perceberem sintomas de alguma doença contagiosa", acrescentou. 

A SPRS ressalta que, em casos de menor gravidade, é aconselhável buscar atendimento primário. Contudo, em situações que apresentem sinais de alarme, como febre alta, dificuldade respiratória e de alimentação, ou em crianças já acometidas por outra enfermidade, é indispensável procurar assistência hospitalar.

 

Marcelo Matusiak

Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul

Aumenta segurança da bariátrica e procedimento por vídeo possibilita alta em até 24 horas

Com o aumento da obesidade, cresce a procura por esse tipo de procedimento no país, que é oferecido pelo SUS

 

Existem mais de 41 milhões de pessoas vivendo com a obesidade no Brasil, um dos índices mais altos do mundo. Longe de ser apenas uma questão estética ou comportamental, a obesidade é vista pela medicina como uma doença crônica, progressiva e recidivante.

“Falar para o obeso parar de comer é como pedir a uma pessoa com depressão para ser mais feliz ou com alguém com asma respirar melhor. A obesidade não é culpa do paciente, mas uma doença que requer tratamento”, alerta o cirurgião bariátrico Felipe Rossi, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. 

De acordo com o médico, a obesidade é uma doença multifatorial com fundo genético que piora com o tempo, levando a sequelas e enfermidades graves, como o diabetes, a hipertensão arterial e o câncer, por exemplo.

“Estamos falando de uma séria questão de saúde pública com impactos negativos na saúde física, mental e qualidade de vida do paciente. Além disso, há também um grande déficit para os cofres públicos, uma vez que a obesidade leva a outras doenças e ainda pode incapacitar as pessoas”, informa. 

Diferentemente do que se acreditava no passado, a medicina reconhece que a reeducação alimentar e a prática regular de exercícios físicos não são a melhor solução para tratar esse tipo de enfermidade. Segundo o Dr. Rossi, estudos mostram que de cada 100 pessoas com obesidade, só 5 terão sucesso recorrendo à mudança de hábitos alimentares e inclusão de atividade física na rotina. E mais: após 3 anos, apenas uma ou duas pessoas conseguem manter o peso perdido em razão da mudança no estilo de vida. 

Atualmente para tratar a obesidade existem opções medicamentosas e a cirurgia bariátrica. Apesar de estar disponível no SUS, apenas 0,2% dos brasileiros com obesidade grave (graus 2 e 3) conseguiram realizar a cirurgia bariátrica via rede pública devido à alta demanda.

Tão seguras quanto uma cesariana ou cirurgia de retirada de vesícula, as cirurgias bariátricas, quando bem indicadas e executadas por uma equipe treinada, são uma excelente opção para o tratamento da obesidade grave e de suas complicações. 

Para esclarecer algumas questões relacionadas à cirurgia bariátrica, o Dr. Felipe Rossi elenca abaixo alguns mitos e verdades sobre esse procedimento minimamente invasivo que transforma a vida dos pacientes com obesidade.
 

Pessoas superobesas e com tratamento prévio podem fazer a cirurgia bariátrica. Mito.

A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com IMC (Índice de Massa Corpórea) entre 35 kg/m2 e 40 kg/m2 desde que apresentem uma comorbidade e já tenham recorrido sem sucesso a outra forma de tratamento. O procedimento também é recomendado para pacientes com IMC acima de 40 kg/m2, independentemente de ter uma comorbidade associada ou não. Já aqueles com IMC acima de 50 kg/m2 não requerem comprovação de tratamento prévio para estarem aptos ao procedimento. Por outro lado, a cirurgia metabólica é liberada para paciente com obesidade grau I e portadores de diabetes.
* O IMC é parâmetro adotado pela Organização Mundial de Saúde para calcular o peso ideal de cada pessoa, e é calculadora dividindo o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em m).
 

Crianças não podem ser submetidas a uma cirurgia bariátrica. Verdade.

No Brasil, o procedimento é autorizado para pacientes entre 16 anos e 65 anos. No entanto, é possível, segundo o Dr. Felipe Rossi, operar pacientes idosos, desde que sejam avaliados de forma criteriosa e com menos de 16 anos, mas com restrições. Isso porque com o envelhecimento da população, as pessoas vivem mais, e a cirurgia bariátrica traz benefícios para a saúde destes indivíduos.
 

A obesidade está relacionada apenas a hábitos inadequados de vida. Mito.

“Esse é um estigma que precisamos combater. Precisamos tirar a culpa do paciente quando falamos de obesidade”, ressalta o cirurgião bariátrico. A obesidade é uma doença crônica que requer tratamento com acompanhamento multidisciplinar por toda vida. “Não é preguiça. Também não se trata de simplesmente fechar a boca como muitos pacientes costumam ouvir”, reitera o especialista.
 

Existem diferentes técnicas para a realização da cirurgia bariátrica. Verdade.

O Bypass Gástrico é uma das técnicas mais usados no país e consiste na redução do tamanho do estômago combinada com um desvio de uma parte do intestino. Além de comer menos, o paciente tem diminuída a absorção de alimentos. O procedimento é minimamente invasivo e feito por videolaparoscopia, por isso quase não deixa marcas.

Já o Sleeve Gástrico, que também pode ser feito de forma minimamente invasiva, por vídeo com pequenas incisões no abdômen, corta o estômago em sentido vertical, tirando todo o fundo e a grande curvatura gástrica.

Por serem minimamente invasivas, com pequenas incisões, ao contrário das cirurgias abertas, ambas as técnicas reduzem a possibilidade de complicações, possibilitam alta hospitalar precoce e causam menos dor aos pacientes.

Ambos os procedimentos também levam a alterações de hormônios gastrointestinais que minimizam a fome, aumenta a saciedade e melhoram as comorbidades.
 

O reganho de peso após a cirurgia bariátrica é comum. Mito.

Como toda doença crônica, a obesidade irá acompanhar o paciente por toda a vida. A bariátrica não é um procedimento mágico, mas exige que o paciente mude seu estilo de vida. É comum o paciente perder bastante peso nos primeiros meses após a intervenção e depois estabilizar. Embora o reganho de peso possa acontecer, ele é incomum, acometendo entre 20% e 30% das pessoas operadas. 
 

Os novos medicamentos para emagrecer irão substituir a cirurgia bariátrica. Mito.

Hoje a medicina reconhece que o uso de determinados medicamentos que levam à perda de peso, como os análogos do GLP-1, podem ser associados à cirurgia bariátrica, como terapias combinadas. “Hoje tratamentos alguns casos de câncer com diferentes abordagens, esse é o futuro do tratamento da obesidade”, pondera o Dr. Rossi.


Menopausa Sem Mistérios: Técnicas comprovadas para gerenciar sintomas

É essencial abordar um tema que impacta a vida de todas as mulheres em algum momento: a menopausa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a menopausa geralmente ocorre entre 45 e 55 anos, mas a idade média mundial é de 51 anos. Estudos indicam que cerca de 1% das mulheres experimentam menopausa antes dos 40 anos, um fenômeno conhecido como menopausa precoce ou falência ovariana prematura. 

A médica nutróloga, Dra. Raquel Menezes, explica que durante a perimenopausa, que precede a menopausa, os níveis de estrogênio e progesterona flutuam significativamente, resultando em sintomas como ondas de calor, suores noturnos, e mudanças de humor. Pesquisas mostram que até 75% das mulheres experimentam ondas de calor durante a menopausa, sendo este um dos sintomas mais comuns e impactantes da transição menopausal. Além disso, muitas mulheres experimentam sintomas urogenitais como secura vaginal e desconforto durante relações sexuais, e sintomas emocionais e cognitivos, incluindo depressão e dificuldades com memória e concentração. 

Um estudo publicado no Journal of Affective Disorders reporta que aproximadamente 20% das mulheres enfrentam depressão durante a perimenopausa, uma taxa significativamente maior do que em mulheres pré-menopausa. 

Neste contexto, a terapia de reposição hormonal (TRH) mostra-se como uma opção fundamental para aliviar esses sintomas. A TRH envolve a administração de hormônios para compensar a diminuição na produção de estrogênio e progesterona. Os benefícios incluem alívio dos sintomas vasomotores, melhora da saúde urogenital e manutenção da densidade óssea, reduzindo o risco de osteoporose. Dados do National Osteoporosis Foundation indicam que mulheres podem perder até 20% da sua densidade óssea nos cinco a sete anos após a menopausa, aumentando significativamente o risco de fraturas. 

A TRH pode ser administrada através de pílulas, adesivos, géis, ou anéis vaginais, dependendo das necessidades e preferências da paciente. 

É importante destacar que a TRH não é indicada para todas. Mulheres com histórico de certos tipos de câncer, doenças cardíacas, trombose ou problemas hepáticos devem discutir alternativas com seu médico. Além disso, a terapia não deve ser vista como uma solução de longo prazo devido aos riscos associados, como um aumento leve no risco de câncer de mama e doenças cardiovasculares após uso prolongado. 

O controle de peso, uma dieta equilibrada rica em cálcio e vitamina D, e exercícios regulares também são fundamentais para gerenciar a menopausa de maneira saudável. Além disso, exames regulares e acompanhamento médico são essenciais para monitorar a saúde geral e ajustar o tratamento conforme necessário. 

“A menopausa é uma fase natural que não precisa ser enfrentada com medo ou desconforto. Com as opções de tratamento disponíveis hoje, mulheres podem continuar vivendo vidas plenas e saudáveis. Consultar regularmente um profissional de saúde, discutir sintomas e tratamentos disponíveis, e manter um estilo de vida saudável são os melhores passos que uma mulher pode tomar durante esta transição significativa em sua vida.”. Conclui a Dra. Raquel Menezes. 



Dra. Raquel Menezes - Médica Nutróloga especialista em endocrinologia
CRM 171264


Transtornos mentais são mais comuns em mulheres, mas elas são minoria em tratamentos psiquiátricos

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 Fatores hormonais, biológicos e até mesmo papéis sociais são fatores que contribuem para aumento significativo de doenças mentais nas mulheres; psiquiatra da SIG - Residência Terapêutica explica


Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que uma em cada quatro pessoas no Brasil sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida. Nesse contexto, alguns estudos também mostram que os transtornos mentais afetam mais mulheres do que homens. Em contraponto, elas ainda são minoria na hora de buscar tratamentos. 

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela National Comorbidity Survey, as mulheres têm até duas vezes mais chances de desenvolverem um quadro de transtorno de ansiedade, tanto por questões hormonais como por pressões sociais, que também contribuem para isso. De maneira biológica, homens e mulheres produzem hormônios diferentes e, além disso, algumas situações podem contribuir para a desencadear esses transtornos, tais como: gravidez, TPM, menopausa, entre outros. 

“É importante abordar essa questão com sensibilidade e reconhecer que a saúde mental é influenciada por uma série de fatores complexos, incluindo biológicos, psicológicos, sociais e culturais”, comenta o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG - Residência Terapêutica. 

Embora as taxas de problemas de saúde mental possam variar entre homens e mulheres em diferentes contextos e culturas, existem algumas razões gerais que podem contribuir para a prevalência de problemas de saúde mental entre as mulheres

 

Papéis sociais 

Não podemos deixar de falar sobre as expectativas e pressões sociais relacionadas a papéis de gênero que elas sofrem. “Cuidar da família, equilibrar trabalho e vida doméstica e lidar com discriminação de gênero são fatores estressantes e que podem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental”, comenta o Dr. 

Além disso, as mulheres têm uma probabilidade maior de experimentar traumas, como abuso, violência doméstica e agressão social. O novo boletim Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver, da Rede de Observatórios da Segurança, divulgado em março deste ano, mostra que a cada 24 horas, ao menos oito mulheres são vítimas de violência. 

“Essas experiências traumáticas estão associadas a um maior risco de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e outros problemas de saúde mental”, explica o Dr. Lipman.

 

Mulheres são mais cuidadoras do que cuidadas 

Podemos notar que os homens são maioria em tratamentos contra transtornos mentais. “Aqui na SIG, em São Paulo, por exemplo, temos 17 pacientes, apenas duas são mulheres e, por outro lado, de todos os nossos funcionários, 95% são mulheres. Isso se estende, é mais comum ver cuidadoras mulheres do que homens”, aponta Solange Tedesco, terapeuta e diretora da SIG em São Paulo. 

Para Solange, isso ocorre porque a mulher, na vida, acaba ocupando mais o lugar de cuidadora e, mesmo sendo maioria quando o assunto é transtorno mental, elas estão do outro lado, cuidando. 

Vale ressaltar que em muitas partes do mundo, as mulheres podem enfrentar barreiras adicionais ao acesso aos serviços de saúde mental, como falta de seguro de saúde, estigma associado à busca de ajuda para problemas de saúde mental e desigualdades econômicas que dificultam o pagamento por tratamento. 

“Esses fatores, no entanto, não são determinantes isolados e podem interagir de maneiras complexas. Além disso, homens também podem enfrentar desafios significativos em relação à saúde mental e todos, independente do gênero, devem ter direito a tratamentos”, finaliza o Dr. Ariel.
 

SIG Residência Terapêutica


É adenomiose ou endometriose?

 

Entenda a diferença das duas doenças e se podem evoluir para câncer
 

Marcos Maia, ginecologista, esclarece que doenças não apenas causam dor e medo, mas também podem resultar em problemas de fertilidade, impactando significativamente a vida reprodutiva das mulheres 


Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo nos casos de endometriose e adenomiose, duas condições ginecológicas que afetam a qualidade de vida de inúmeras mulheres em todo o país. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 10% das brasileiras são afetadas por uma dessas condições, uma estatística refletida em escala global. Embora compartilhem sintomas semelhantes, como cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual e infertilidade, é essencial compreender as distinções entre as condições para um diagnóstico e tratamento adequados. 

Mas antes, é preciso entender a estrutura do útero, que é complexa e composta por três camadas distintas: o endométrio, o miométrio e a serosa. De acordo com o médico ginecologista, Marcos Maia, as três camadas desempenham um papel importante no desenvolvimento dessas condições. “A principal diferença entre elas é o local de crescimento dos tecidos. Enquanto na endometriose o tecido ectópico cresce fora do útero, em órgãos como os ovários, bexiga e intestino, na adenomiose o desenvolvimento do tecido é no próprio útero, na camada do miométrio”, explicou. 

Importante saber: ambas doenças são benignas e apresentam ótimas oportunidades de controle quando diagnosticadas de forma correta e precisa.
 

A relação das doenças com o câncer 

Existe uma dúvida popular de que a adenomiose e a endometriose podem evoluir para alguns tipos de câncer ginecológico. Segundo Marcos Maia, que também é especialista em Ginecologia Oncológica, o diagnóstico das duas doenças não implica necessariamente o desenvolvimento de câncer.
 

Como diferenciar as doenças? 

Para saber, então, como diferenciar entre adenomiose e endometriose, é importante reconhecer os sintomas mais recorrentes de cada uma delas. Mas não é tão simples assim. 

Michele Santos Rodrigues, 35 anos, levou três anos para ter o diagnóstico correto de endometriose. Até lá, os sintomas geraram prejuízos para sua saúde e qualidade de vida. “Eu sentia dores intensas que só passavam com remédio na veia e olhe lá! Foi então que meu médico pediu exames específicos e, três anos depois do primeiro sinal, saiu meu diagnóstico”, conta. 

Os principais sinais foram dores muito intensas durante o ciclo menstrual ao ponto de não conseguir se levantar para ir trabalhar e fazer suas tarefas diárias neste período e ciclos irregulares.


  • Sintomas da Adenomiose

São predominantemente caracterizados pela dor, manifestando-se através de dor durante a relação sexual, cólicas menstruais intensas (sendo o sintoma mais marcante), sangramento uterino anormal e dor pélvica crônica, persistindo ao longo do mês. 

As consequências a longo prazo incluem o agravamento da dor e do fluxo menstrual, podendo resultar em anemia significativa. Além disso, a infertilidade é uma complicação grave, especialmente prevalente em mulheres mais jovens, dificultando a concepção. A gravidade dessa infertilidade pode variar de acordo com a extensão e características da doença endometriótica.


  • Sintomas da Endometriose

O que pouca gente sabe é que em até 20% dos casos, a endometriose é assintomática, ou seja, não apresenta sinais claros. Os principais indícios da doença são dores pélvicas relacionadas ao ciclo menstrual, dores durante o ato sexual e dor ao evacuar ou urinar. A dor pode apresentar piora durante o período menstrual e é uma alerta para a possibilidade de endometriose.
 

Exames essenciais para o diagnóstico correto 

O diagnóstico da endometriose pode ser feito por meio de exames clínicos e laboratoriais. O primeiro é uma avaliação ginecológica minuciosa, conduzida por um profissional especializado, onde o exame de toque vaginal avalia as condições da vagina, ovários, útero, trompas, dentre outros. 

Quando há suspeita da doença, o médico tende a encaminhar a paciente para a coleta de exame de sangue CA 125, que serve para auxiliar no diagnóstico e também no seguimento da paciente, avaliar a quantidade de proteínas CA-125 na corrente sanguínea. Valores aumentados de CA-125 podem indicar a presença de endometriose, de acordo com Marcos Maia. 

Por fim, exames de imagem auxiliam na precisão da doença. Caso da ultrassonografia transvaginal para pesquisa de endometriose (não é o ultrassom transvaginal de rotina) que permite ao médico averiguar se há presença de lesões sugestivas de. Endometriose. E da ressonância magnética, um método eficaz para avaliar e diagnosticar a doença. Por meio de imagens de alta definição de todas as áreas e órgãos, este exame realiza o mapeamento profundo em locais não acessíveis ao ultrassom. 

Os mesmos exames valem para o diagnóstico da adenomiose.

 

Principais tratamentos para cada doença 

Embora os casos de endometriose e adenomiose compartilhem sintomas semelhantes, seus tratamentos nem sempre são iguais por que tudo dependerá das condições individuais de cada paciente. 

No caso da adenomiose, há indicação para dois tipos principais de tratamento: o clínico, que visa inibir a ação do estrogênio, hormônio, responsável pela proliferação celular que estimula o crescimento das células endometriais. E o tratamento cirúrgico, que pode ser feito de duas maneiras: a ressecção das paredes afetadas, que é realizada com precisão para minimizar danos aos tecidos e não gera infertilidade, e a remoção do útero, chamada histerectomia, que impede uma gestação futura. 

Em relação ao tratamento da endometriose, os principais objetivos são proporcionar alívio da dor, viabilizar a gravidez para mulheres que assim o desejam e evitar a recorrência da doença. Segundo Marcos Maia, "o tratamento pode envolver o uso de medicamentos, intervenções cirúrgicas, ou uma combinação de ambos. É fundamental destacar que a condição não possui cura e que a recidiva ocorre comumente após a interrupção do tratamento", esclarece o médico.
 

Terapia hormonal é indicada para os dois casos 

O ginecologista explica que qualquer tratamento para a adenomiose e a endometriose deve incluir a inibição do hormônio estrogênio. Para isso, são utilizados diversos métodos contraceptivos e anticoncepcionais, que atuam de maneira eficaz. Além disso, progestágenos isolados também são empregados com sucesso no tratamento. 

“Dentre essas abordagens, é importante ressaltar o sistema intrauterino de levonorgestrel, popularmente conhecido como DIU medicado. Este método desempenha uma função significativa no alívio das dores e na diminuição do sangramento uterino. É relevante destacar também que o DIU medicado não afeta a ovulação, mas sim reduz a atividade estrogênica na cavidade uterina", esclareceu o médico. 

Infelizmente, não há estudos conclusivos sobre a causa da adenomiose e da endometriose, o que dificulta a definição de uma estratégia de prevenção da doença. 

Também não há a confirmação de fatores de riscos, o que se sabe é que há algumas condições associadas como obesidade, faixa etária correspondente ao período fértil da mulher, mais comumente entre 30 e 40 anos, início precoce das menstruações, cirurgias uterinas como cesariana, remoção de mioma ou dilatação e curetagem e, por fim, histórico familiar. Isso para a adenomiose. 

No caso da endometriose, além dos fatores citados acima, há malformações uterinas, ciclos menstruais curtos, duração do fluxo menstrual aumentada e estenoses cervicais. 

Para mais informações sobre adenomiose, endometriose e opções de tratamento, as pacientes devem consultar seus médicos ginecologistas e obter orientações personalizadas.


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