Pode parecer motivo de orgulho, mas o avanço do Brasil no ranking do Índice Global de Inovação (IGI) não é algo tão positivo como muitos acreditam. Mesmo tendo ganho cinco posições na lista em relação a 2022 e liderando os países da América Latina, temos muito potencial inexplorado que poderia nos colocar como verdadeiras referências no assunto. Algo que, se não for criteriosamente analisado, impedirá que possamos alavancar nosso mercado em prol da adoção de boas práticas inovadoras internacionais.
Divulgado na última semana pelo WIPO (World
Intellectual Property Organization), o Brasil passou a ocupar a 49ª
posição entre 132 países participantes no ranking, além de se tornar o 1º
colocado da América Latina e Caribe. À frente, podemos notar nações como Suíça,
Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha,
Dinamarca e Coreia do Sul – muitos dos quais, poderíamos ultrapassar em diversos
dos pontos levando em consideração as categorias avaliadas.
Sete indicadores são verificados ao estabelecer
essa colocação: instituições do país; capital humano e de pesquisa;
infraestrutura; sofisticação do mercado; dos negócios; conhecimento de tecnologias
e criatividade, em âmbito geral. Apesar da média destas notas ser a responsável
por determinar a classificação no índice, é importante desdobrarmos um olhar
mais cauteloso sobre cada uma delas, uma vez que refletem uma realidade
preocupante que, caso compreendida e revertida, poderá trazer o resultado que
realmente temos capacidade de conquistar.
De todos, o ambiente regulatório empresarial foi o
mais severo. Isso é, considerando a facilidade em se fazer negócios frente à
legislação nacional, políticas e cultura, foi considerado demasiadamente
complexo, nos levando à 99ª posição. Um ponto extremamente negativo e crucial
de ser aperfeiçoado para que tenhamos a base necessária para fomentar a
inovação em nossos empreendimentos.
O mesmo vale para a questão de conhecimento e
difusão da inovação no mercado (termo utilizado para a adoção de uma nova
inovação em uma sociedade), no qual ocupamos o 67º lugar. Nosso mercado é vasto
e em expansão, e temos muitas mentes brilhantes capazes de destravar esse ambiente
inovador, mas, ainda falhamos fortemente nesse aspecto. Principalmente, se
levarmos em consideração que países que estão à nossa frente, como Portugal,
Irlanda e Singapura, não dispõem do mesmo preparo que o nosso.
Em regiões inspiradoras neste assunto, como o Vale
do Silício, muito desse fomento vem de iniciativas que integram o ambiente
corporativo às instituições de ensino, o que permite a troca de conhecimentos,
insights e, com isso, um local propício para o desenvolvimento de iniciativas
inovadoras. Por aqui, também temos universidades excelentes e renomadas, mas
além de não serem inteiramente acessíveis à população, falta essa integração
entre as partes e um trabalho unido em prol desses resultados – o que nos levou
ao 78º lugar nesse item.
Mesmo que tenhamos avançado cinco posições, ainda
estamos muito longe de sermos verdadeiramente parabenizados pelo nosso
potencial inovador. Afinal, em alguns dos aspectos mais importantes para
estruturar e difundir esse mindset, os resultados permanecem bem abaixo
do ideal para que essa mudança se inicie – em um cenário realmente grave,
considerando que temos dispositivos extremamente eficazes para alterar essa
realidade.
A ISO de inovação, como exemplo, é uma metodologia
de gestão da inovação reconhecida internacionalmente, e que vem sendo cada vez
mais adotada pelas empresas brasileiras. Já temos grandes cases de sucesso no
território, demonstrando os benefícios que ela traz para o crescimento e
destaque inovador frente aos concorrentes, e sua importância em ser adotada
para revolucionar esse cenário.
Por mais que ela ainda não seja um fator analisado
nos países participantes do ranking, seu amplo crescimento nos últimos anos
demonstra uma forte probabilidade de que se torne um parâmetro mensurado em
breve – já que outras normas como a ISO 9001 (relacionada ao desenvolvimento de
sistemas de gestão) e a ISO 14001 (responsável por estabelecer diretrizes para
sistemas de gestão ambiental) já são citadas nos critérios verificados para a
classificação.
O ranking divulgado evidencia o quanto os órgãos
responsáveis estão de olho nessa aderência às boas práticas internacionais, e o
quão longe ainda estamos de atingir essa meta. Temos um potencial enorme para
explorar positivamente e alcançarmos posições cada vez melhores nessa área, mas
que precisa iniciar imediatamente. A jornada é longa, mas cada pequeno passo
será importante para que tenhamos uma verdadeira mentalidade inovadora em nosso
país.
ISO de inovação
www.isodeinovacao.com.br