Mudanças no dia a
dia são necessárias nesta etapa, além de uma alimentação rica em vitaminas para
uma rápida recuperação e cicatrização
Seja mãe de primeira viagem ou não, as mulheres
precisam tomar certos cuidados no pós-parto, tanto natural quanto cesárea. Os
cuidados vão de pequenas mudanças no dia-a-dia, novos hábitos e até mesmo na
alimentação, já que certos alimentos podem beneficiar ou prejudicar na
cicatrização da cesárea, assim como a recuperação também pode ser impactada.
Após passar por mudanças extremamente
significativas durante os 9 meses de gestação, o corpo da mulher começa a se
recuperar das alterações nos aspectos físicos, hormonais e mental, momento que
é conhecido como puerpério, que dura entre 45 e 60 dias. No parto normal, é
comum a aparição de dores no períneo, pois é o local em que a cabeça do bebê
pressionou.
“Para ajudar a passar por esta dor, pode ser feito
o uso de compressas geladas no períneo e analgésico que não prejudique a
amamentação, lembrando que a mãe jamais pode se automedicar nesta fase”,
explicou a Dra. Ana Carolina, ginecologista especializada em saúde da mulher na
Clínica Ginelife.
Na fase do puerpério, os vasos sanguíneos costumam
se contrair e comprimir no local onde a placenta se encontrava. Essa ação é
responsável pela formação de alguns coágulos, que recebem o nome de Lóquios.
“Geralmente a loquiação acompanha a mulher até seis semanas após o parto. No
início, o sangramento é de cor avermelhada e intenso, com o passar dos dias
diminui e vai ficando com uma cor mais clara”, comentou a ginecologista.
As mulheres podem sentir um incômodo maior se
realizarem cesárea, por conta do processo de cicatrização, que pode ser um
pouco dolorido. Conforme dados do Ministério da Saúde, o total de cesáreas no
último ano foi de 57,7%. Entre 2 a 4 dias após o parto, a mulher recebe alta e
volta para sua casa, neste momento as atenções devem se redobrar para uma
rápida recuperação, sem complicações. É importante ficar no mínimo 5 dias em
repouso relativo e parar imediatamente qualquer tarefa que gere dor ou
esforço.
“Diferente do que muitas pessoas pensam, a
utilização da cinta pós-parto não é recomendada. Ela não ajuda a recuperação
dos músculos e ainda a retarda, pois evita que eles se contraiam para sustentar
o abdômen, o que aumenta a chance de atrofia”, alertou a Dra. Ana Carolina. “O
conselho é: repouso relativo. A mulher não deve fazer tarefas pesadas, mas pode
andar e está totalmente apta a cuidar do bebê”, finalizou.
A importância da alimentação
no pós-parto
Além das mudanças de hábitos no dia-a-dia e
repouso, as mulheres devem também considerar a alimentação como um fator
importante para a recuperação do pós-parto e cicatrização, no caso de cesárea.
Pois da mesma forma que alguns alimentos trazem benefícios nessa etapa, outros
devem ser evitados.
Para a nutricionista na Clínica Ginelife, Gaby
Esteves, as mulheres devem evitar alimentos industrializados, embutidos,
gordurosos, fritos e com alto nível de açúcar, que não ajudarão na cicatrização
e também na saúde do bebê, por conta da amamentação. “As mamães devem dar preferência
à carboidratos complexos, por exemplo, batata doce, mandioca, mandioquinha,
batata, inhame e cará. Proteínas como carne bovina, frango e peixe, além de
ovos e alimentos naturais como frutas e vegetais, preferencialmente orgânicos,
que atuam como um anti-inflamatório natural para o corpo”, comentou
Mas nem todo tipo de fruta é recomendada, o
abacate, por exemplo, tem uma substância que dificulta o funcionamento da
enzima colagenase, que atrapalha o processo de cicatrização e pode gerar o
aparecimento de queloide. Já alimentos fermentativos, como as leguminosas
(feijão, lentilha, grão-de-bico e soja), devem ser evitados no puerpério, pois
em excesso podem provocar gases e cólicas no bebê.
Como nesse período é normal ficar menos ativa, o
intestino tende a ficar obstipado. Neste caso, o aumento no consumo de
hortaliças cruas como folhas e legumes é indicado, mas tendo cuidado com as
crucíferas (brócolis, couve-flor, couve e repolho), pois podem aumentar gases e
causar desconforto.
“Não devemos esquecer de nos preocupar com o que
bebemos nesse período, não são apenas os alimentos que podem trazer algum tipo
de malefício. Bebidas alcoólicas estão totalmente fora de questão,
principalmente para mães que estão amamentando. Já o café que os brasileiros
tanto gostam, precisa ser consumido com moderação, no máximo duas xícaras por
dia, pois a cafeína pode passar para o leite materno e causar insônia e
agitação no bebê”, explicou a nutricionista. “É importante que a mãe se hidrate
corretamente e beba aproximadamente 3 litros de água por dia”, finalizou.
Dra. Ana Carolina Romanini - ginecologista na Clínica Ginelife. Formada em Medicina, residência em Ginecologia e Obstetrícia e especialização em Videoendoscopia Ginecológica pela Faculdade de Medicina do ABC. Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Título de especialista em Endoscopia Ginecológica pela Associação Médica Brasileira e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Médica preceptora do setor de Videoendoscopia Ginecológica no Hospital Estadual Mário Covas.
Gaby Esteves - nutricionista na Clínica Ginelife. Formada no Centro Universitário São Camilo em 2003. Pós-graduada em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo em 2006. Especialista em Suplementação Nutricional pelo Centro VP em 2008. Atendimento em consultório com ênfase em cirurgia bariátrica, doenças intestinais e cardiologia desde 2004. Atendimento em consultório com ênfase em endometriose, menopausa, gestação e SOP desde 2021. Nutricionista do ambulatório de dor pélvica crônica e endometriose da Ginecologia da Faculdade de Medicina da Fundação ABC. Nutricionista Parceira da TV Gazeta em programas televisivos desde 2003.