Especialistas explicam a
importância da alimentação saudável e listam os alimentos que devemos consumir
para prevenção.
O dia 8 de agosto celebra o Dia
Nacional de Combate ao Colesterol, e a dislipidemia é uma doença relacionada
com o índice alto de colesterol. Você sabia que é possível preveni-la com uma
dieta saudável? Neste texto explicamos para você, confira:
O que é
Dislipidemia?
Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do
Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), explica que a
dislipidemia refere-se a níveis em desordem, de um ou mais tipos de lipídios
(gordura) no sangue.
Aposto que já deve ter escutado algo
sobre “colesterol alto”, mas sabe o que isso significa?
Seu sangue contém três tipos principais
de lipídios:
·
Lipoproteína de alta densidade (HDL);
·
Lipoproteína de baixa densidade (LDL);
·
Triglicerídeos.
Se você tem
dislipidemia, geralmente significa que seus níveis de LDL ou triglicerídeos
estão muito altos. Também pode significar que seus níveis de HDL estão
muito baixos.
Talvez você nunca
tenha escutado algo sobre HDL e LDL, mas certamente já ouviu sobre colesterol
“bom” e colesterol “ruim”.
O colesterol
LDL é considerado o tipo “ruim” de colesterol. Isso porque ele pode
se acumular e formar aglomerados ou placas nas paredes de suas
artérias. Demasiada placa nas artérias do seu coração pode causar um
ataque cardíaco.
O HDL é o
colesterol “bom” porque ajuda a remover o LDL do sangue.
Os triglicerídeos
vêm das calorias que você come, mas não queimam imediatamente. Os
triglicerídeos são armazenados nas células de gordura, eles são liberados como
energia quando você precisa deles. No entanto, se você comer mais calorias
do que queima, poderá obter um acúmulo de triglicerídeos.
Níveis elevados de
LDL e triglicerídeos colocam você em maior risco de ataque cardíaco e
derrame. Baixos níveis de colesterol HDL estão ligados a maiores riscos de
doenças cardíacas.
Existe
dislipidemia genética?
Alexandre
Lucidi (@alucidi) - Médico Geneticista, com especialização em
neurologia, explica que
existem formas familiares: a chamada hipercolesterolemia familiar.
A hipercolesterolemia
familiar é uma doença autossômica dominante caracterizada pelo aumento de de
lipoproteínas de cadeias leves (LDL) colesterol e ocorre com uma prevalência de
1 em 250 indivíduos no mundo.
Entretanto,
apesar de ser uma doença comum, são encontradas referências que relatam
diagnóstico que varia de 1 a 10%. Os motivos associados a estes números podem
estar associados a necessidade de mais políticas para o diagnóstico e
limitações no diagnóstico clínico e molecular.
Internacionalmente,
não há critérios diagnósticos para a dislipidemia familiar e são utilizados sets ou
grupos de critérios: Simon Broome criteria, Dutch Lipid
Clinic Network, and Make Early Diagnosis to Prevent Early Death e o diagnóstico
é realizado utilizando, por exemplo as concentrações de colesterol plasmáticas,
xantomas tendinosos, o diagnóstico molecular e a história familiar.
A maior parte
dos pacientes com hipercolesterolemia familiar possuem uma variante nos genes
LDLR, APOB ou PCSK9. Nem todos os pacientes com diagnóstico clínico possuem
possuem variantes associadas a hipercolesterolemia familiar, entretanto os
pacientes identificados com variantes patogênicas apresentam maior chance de
desenvolver doença coronariana quando comparados os sem a variante.
Portanto, o diagnóstico
molecular é útil para a confirmação diagnóstica, para informação quanto ao
risco de doença coronariana e aconselhamento genético familiar.
O aconselhamento
genético deve ocorrer pré e pós teste e todo paciente com suspeita de hipercolesterolemia
familiar deve ser referenciado ao médico geneticista. Nesta consulta também
poderão ser avaliadas outras possibilidades diagnósticas formas familiares mais
raras como, as relacionadas ao gene LDLRAP1.
No mundo
aproximadamente 200 mil pessoas vão ao óbito por causas cardíacas relacionadas
à doença, os quais poderiam ser evitados com tratamentos apropriados.
Caso a
hipercolesterolemia familiar não for tratada, os heterozigotos desenvolvem
doença ateroesclerótica antes dos 55 anos e homozigotos muito cedo, com óbito
que pode ocorrer antes dos 20 anos de idade.
No entanto,
quando o diagnóstico é realizado e o tratamento realizado, a história natural
da doença pode ser modificada.
Sintomas
A
cardiologista Mariana James, do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), explica que na
maior parte dos casos, as dislipidemias são assintomáticas, só sendo
diagnosticadas já em estágio avançado. Por essa razão, pessoas que se encontram
em grupos de risco, como os citados nos tipos primário e secundário, devem
realizar os exames de rotina.
Em um nível
avançado, a dislipidemia pode se manifestar como acidente vascular cerebral,
infarto do miocárdio, insuficiência vascular periférica, arteriosclerose,
angina, entre outros problemas do sistema cardiovascular.
No entanto, a dislipidemia
pode levar a doenças cardiovasculares, que podem ser sintomáticas. Níveis
elevados de colesterol LDL estão associados à doença arterial coronariana
(CAD), que é o bloqueio nas artérias do coração, e à doença arterial
periférica (DAP), que é o bloqueio nas artérias das pernas. CAD pode levar
a dor no peito e, eventualmente, um ataque cardíaco. O principal sintoma
da DAP é a dor nas pernas ao caminhar.
Vários
comportamentos podem levar à dislipidemia, eles incluem:
·
Fumar cigarro;
·
Obesidade e estilo de vida sedentário;
·
Consumo de alimentos ricos em gordura saturada e gordura trans.
O consumo
excessivo de álcool também pode contribuir para níveis mais elevados de
triglicérides.
A
importância da alimentação saudável para o controle da dislipidemia
De acordo com a nutricionista
Fabiana Albuquerque da equipe Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), mudanças no estilo de vida podem
ajudá-lo a controlar seus níveis de colesterol e triglicerídeos. O
primeiro passo é mudar sua dieta. As mudanças devem incluir consumir menos
gordura saturada, açúcar refinado, farinhas refinadas e álcool. Adicionar
mais frutas, vegetais, proteínas magras, grãos integrais e gorduras insaturadas
(consideradas gorduras boas) à sua dieta pode ajudar a diminuir em 10%.
Sendo assim, a alimentação
saudável e atividade física regular favorecem o aumento de HDL. Quando a
alimentação é rica em gordura de origem animal, o LDL fica
acumulado no sangue, podendo depositar-se no interior dos vasos sanguíneos,
prejudicando a circulação e aumentando o risco de doenças
cardiovasculares.
Lista
de alimentos que devem ser consumidos para a prevenção
Fabiana argumenta que a nutrição funcional pode ser uma grande
aliada no combate, na prevenção das dislipidemias e na promoção da saúde e do
bem-estar. Uma dieta equilibrada, variada, saudável com adição de alimentos
funcionais torna-se fundamental para pessoas com perfil lipídico
alterado.
Estes
são alguns dos alimentos que auxiliam na prevenção e no combate à
dislipidemia:
Frutas vermelhas e
uva - ricos em antocianinas e compostos fenólicos que são altamente
antioxidantes;
Abacate e azeite
extra-virgem - ricos em gorduras monoinsaturadas, importantes para saúde
cardiovascular;
Aveia - rica em
fibras solúveis (beta glucanas), que, por não serem absorvíveis, ajudam a
"varrer" o colesterol para fora do corpo;
Linhaça - fibra
rica em ômega 3;
Peixes como
salmão, atum, sardinha e anchova - ricos em ômega 3;
Chocolate amargo
(cuidado com quantidade, ideal 20g ao dia) - ricos em flavonóides, especialmente
a epicatequina;
Podemos também
incluir alguns chás antioxidantes, como por exemplo, o chá verde, que é
riquíssimo em polifenóis, incluindo grandes quantidades de uma catequina
chamada EGCG (antioxidante natural que ajuda a prevenir danos nas células).
FONTES:
Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais). O médico endocrinologista e sócio da Nutrindo Ideais, maior clínica multidisciplinar do Brasil, Dr. Francisco Tostes (@doutortostes) é graduado há mais de 14 anos em medicina pela Faculdade Souza Marques e tem como foco de atuação a melhora na qualidade de vida de seus pacientes, seja através da prevenção ou empregando o que há de melhor no tratamento de doenças e outros problemas.
Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, com especialização em neurologia. Com atuação em Neurogenética e Neuroimunologia, é graduado em Medicina pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), tem Residência Médica em Genética Médica pelo Instituto Nacional da Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, Fiocruz (IFF/Fiocruz) e Especialização em Neurologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É mestrando do Programa de Pós Graduação em Neurologia da UNIRIO/HUGG e participa de estudos fase 3 na mesma instituição. É integrante da equipe de Neurologistas do Hospital Copa D’Or/ Rede D’Or São Luiz e voluntário em ações de conscientização sobre a esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro.
Mariana James - cardiologista do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais). Graduada em Medicina pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Cardiologista com residência médica no Hospital Naval Marcílio Dias e pós-graduação em Cardiologia pelo Instituto de Pós-Graduação Médica do Rio de Janeiro, serviço do Prof Stans Murad. Ecocardiografista pelo Ecor, serviço do Prof Morcef. Formação em Medicina Integrativa pela FAPES. CRM 5266901-6.
Fabiana Albuquerque - nutricionista da equipe Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) e especialista em nutrição esportiva e funcional pela Vp. CRN 13101170.
REFERÊNCIAS:
INSEGURANÇA ALIMENTAR (FIS) E DISLIPIDEMIA -
https://www.physiciansweekly.com/food-insecurity-fis-and-dyslipidemia
13 ALIMENTOS PARA BAIXAR O COLESTEROL PARA ADICIONAR À SUA DIETA -
https://www.healthline.com/nutrition/13-foods-that-lower-cholesterol-levels
O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE HIPERLIPIDEMIA COMBINADA FAMILIAR - https://www.healthline.com/health/mixed-hyperlipidemia
AJUFO, Ezimamaka et al. A randomized controlled trial of genetic testing and cascade screening in familial hypercholesterolemia. Genetics in Medicine, 26 May 2021. Available from: https://doi.org/10.1038/s41436-021-01192-z. Accessed: 15 Sept. 2022.
BALDRY, Emma et al. Outcomes from a pilot genetic counseling intervention using motivational interviewing and the extended parallel process model to increase cascade cholesterol screening. Journal of Genetic Counseling, 14 July 2021. Available from: https://doi.org/10.1002/jgc4.1466. Accessed: 15 Sept. 2022.
BALDRY, Emma et al. Outcomes from a pilot genetic counseling intervention using motivational interviewing and the extended parallel process model to increase cascade cholesterol screening. Journal of Genetic Counseling, 14 July 2021. Available from: https://doi.org/10.1002/jgc4.1466. Accessed: 15 Sept. 2022.
IZAR, Maria Cristina de Oliveira et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar – 2021. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 27 Sept. 2021. Available from: https://doi.org/10.36660/abc.20210788. Accessed: 15 Sept. 2022.
POLANSKI, Amanda. A scoping review of interventions increasing screening and diagnosis of familial hypercholesterolemia. Genetics in Medicine, vol. 24, no. 09, 17 June 2022. Available from: https://doi.org/10.1016/j.gim.2022.05.012. Accessed: 15 Sept. 2022.