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terça-feira, 8 de agosto de 2023

O ator Sidney Sampaio tomou medicação para dormir sem orientação médica antes de se jogar do 5º andar de um hotel

Divulgação
A Associação Brasileira do Sono faz um alerta sobre a automedicação para tratar insônia e os riscos à saúde

 

Na sexta-feira (4), o ator Sidney Sampaio caiu do 5º andar de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro e precisou ser hospitalizado. O ator sofreu algumas fraturas com a queda e se recupera bem em casa. Juliana Gama, ex-companheira de Sidney Sampaio, usou as redes sociais para explicar o que motivou o surto do ator, que destruiu um quarto do hotel em Copacabana e se jogou da janela do edifício. "Devido a privação de sono por conta da rotina pesada de trabalho, tomou medicação para dormir sem orientação médica. O que muitas pessoas fazem de forma errada", explicou a psicóloga.

Médicos alertam: 35% das pessoas q

ue têm insônia no Brasil fazem automedicação

O Zolpidem, por exemplo, um remédio controlado que trata insônia, está ganhando fama nas redes sociais. O uso indiscriminado, e sem orientação médica, é um risco à saúde. Pacientes relataram alucinações depois de tomar a medicação. O Zolpidem só pode ser comprado com receita, que fica retida na farmácia. A Associação Brasileira do Sono (ABS) emitiu um alerta sobre as reações adversas que o uso inadequado do medicamento Zolpidem pode provocar.

Os especialistas da ABS estão a disposição para falar sobre o assunto. 

 

NOTA OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO SONO

E ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DO SONO SOBRE O TRATAMENTO DA INSÔNIA COM O ZOLPIDEM


A Associação Brasileira do Sono (ABS) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) vêm a público se pronunciar sobre os frequentes e atuais relatos do abuso de zolpidem, efeitos adversos e o uso sem acompanhamento profissional. A insônia é um transtorno do sono comum na população mundial e no Brasil. O tratamento da insônia é baseado em medidas comportamentais, terapia psicológica e o uso de medicação quando indicado. A insônia crônica não tratada pode promover diversas complicações sobre a qualidade de vida, memória, complicações metabólicas e cardiovasculares, etc. Portanto, a ABS e ABMS reconhecem os riscos da insônia e recomendam o tratamento apropriado.

O tratamento considerado de escolha para a insônia é a Terapia Cognitivo Comportamental. O tratamento com medicamentos poderá ser associado à terapia cognitivo comportamental e quando for a primeira escolha, a associação do tratamento psicológi- co deve ser considerada. Dentre as opções terapêuticas, o Zolpidem é indicado para o tratamento da insônia inicial e de manutenção.

O Zolpidem é recomendado para o tratamento da insônia inicial e de manutenção a curto prazo (recomendação usual da bula: <4 semanas). No Brasil dispomos de diferentes tipos de apresentação como de liberação imediata (5 e 10 mg) sendo também disponíveis também para uso sublingual e de liberação controlada de 6,25 e 12,5 mg. O Zolpidem apresenta início de ação rápido (até 30 minutos após a ingestão) e meia vida curta (aproximadamente 2,4 horas para a liberação imediata e até 6 horas para a liberação controlada). A apresentação sublingual apresenta início do efeito de ação mais rápido em comparação às apresentações de liberação imediata. As apresentações de liberação imediata sublingual são utilizadas para o tratamento da insônia inicial e as apresentações de liberação controlada auxiliam no início e manutenção do sono.

O Zolpidem foi o primeiro e mais antigo hipnótico agonista do receptor GABA- A estudado desde 1970 e cuja ação terapêutica é amplamente conhecida e reconhecida por estudos clínicos e populacionais, entretanto o tempo prolongado de uso nestes estudos não foram superiores a 12 meses. Os principais efeitos adversos descritos são sonolência, tontura, cefaléia, sintomas gastrointestinais, tontura, confusão mental, amnésia anterógrada, alucinações e parassonias. Perante o risco dos possíveis efeitos adversos, em 2019 o órgão regulatório americano FDA recomendou o uso de dosagens menores para idosos, mulheres além de alertar sobre o risco de comportamentos anormais em uso de tais fármacos, o risco da associação com o uso de bebidas alcoólicas e que este risco deveria ser moni- torado durante o tratamento e alertado em bula.

 

A ABS e ABMS listam as recomendações para o uso e controle de tratamento da insônia com o Zolpidem:

1• Ao iniciar o tratamento da insônia com o Zolpidem é fundamental fornecer o adequado esclarecimento ao paciente com insônia e, quando indicado aos seus familiares. São fundamentais as recomendações sobre o horário de uso da medicação Zolpidem, inclusive que a mesma deve ser utilizada imediatamente antes do horário estabelecido para dormir e ao deitar. Hábitos de higiene do sono devem ser reforçados na primeira avaliação e durante as consultas de acompanhamento do tratamento. O paciente deve ser consultado sobre expectativas em relação ao tratamento e informado sobre custos, possíveis efeitos adversos e a importância do acompanhamento durante o período de uso da medicação.

2• Atribui-se ao médico a avaliação detalhada sobre a presença de comorbidades médicas e psiquiátricas. A escolha do tratamento farmacológico também deverá se apoiar no tipo de insônia, na presença de doenças associadas e o uso de fármacos que possam interagir com o Zolpidem e potencializar efeitos adversos entre eles como sedação, quedas e depressão respiratória. As entidades desaconselham o uso de medicamentos para o tratamento da insônia sem a indicação médica e acompanhamento adequado.

3• Atribui-se ao médico prescritor identificar antecedentes psiquiátricos e comportamentais que possam aumentar o risco de abuso de hipnóticos como uso indevido de substâncias psicoativas, dependência química ou de outras substâncias e antecedentes de abuso de medicamentos.

O uso inapropriado da medicação, isto é, doses além das recomendadas assim como o uso fora do período estabelecido para dormir aumentam o risco de dependência, tolerân- cia e conseqüências graves como ferimentos, atividades motoras complexas como dirigir automóveis, uso de celular, alimentação noturna, alucinações causando danos físicos como ferimentos, quedas e acidentes, danos morais, financeiros e risco de vida.

Os riscos dos efeitos indesejáveis graves são potencializados nas dosagens elevadas do Zolpidem, isto é, acima das recomendadas de 5 a 10 mg, nas repetições do uso da medi- cação ao longo da noite assim como na associação do uso do Zolpidem à ingestão de bebida alcoólica e outros sedativos.

Sobre a Associação Brasileira do Sono

Fundada em Agosto de 1985 com o nome Sociedade Brasileira do Sono, a instituição congrega todos os profissionais brasileiros que estudam sono, incluindo desde áreas experimentais básicas, Biólogos, Técnicos de Polissonografia, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Psicólogos, Odontologistas e Médicos. A associação é fundamentalmente desde sua origem multidisciplinar e a lista de especialistas que participam da sociedade não para de crescer.

Com o passar dos anos a sociedade se adaptou aos desafios e, desde 2005, passou a se chamar Associação Brasileira do Sono (ABS). Agrega também sob o mesmo teto e com direção compartilhada as sociedades co-irmãs: Associação Brasileira de Odontologia do Sono (ABROS) e Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS), ambas criadas para atender necessidades específicas de dentistas e médicos.

A ABS é reconhecida mundialmente. A associação promove inúmeras atividades, incluindo cursos, reuniões com a sociedade civil e com os gestores de políticas públicas, além de promover diálogo constante com a sociedade sobre os mais diversos temas relacionados ao sono. A Associação Brasileira do Sono é responsável também pelo periódico cientifico Sleep Science, revista publicada em inglês com reconhecimento mundial, recebendo artigos científicos originais de todas as partes do planeta.

As regionais do sono estão presentes em 22 estados do Brasil.


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