A Associação
Brasileira do Sono faz um alerta sobre a automedicação para tratar insônia e os
riscos à saúdeDivulgação
Na sexta-feira (4), o ator Sidney Sampaio caiu
do 5º andar de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro e precisou ser
hospitalizado. O ator sofreu algumas fraturas com a queda e se
recupera bem em casa. Juliana Gama, ex-companheira de Sidney Sampaio, usou
as redes sociais para explicar o que motivou o surto do ator, que destruiu
um quarto do hotel em Copacabana e se jogou da janela do edifício. "Devido
a privação de sono por conta da rotina pesada de trabalho, tomou medicação para
dormir sem orientação médica. O que muitas pessoas fazem de forma errada",
explicou a psicóloga.
Médicos alertam: 35% das pessoas q
ue têm insônia no
Brasil fazem automedicação
O Zolpidem, por exemplo, um remédio controlado que
trata insônia, está ganhando fama nas redes sociais. O uso indiscriminado, e
sem orientação médica, é um risco à saúde. Pacientes relataram alucinações
depois de tomar a medicação. O Zolpidem só pode ser comprado com receita, que
fica retida na farmácia. A Associação Brasileira do Sono (ABS) emitiu
um alerta sobre as reações adversas que o uso inadequado do medicamento
Zolpidem pode provocar.
Os especialistas da ABS estão a disposição para
falar sobre o assunto.
NOTA OFICIAL DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO SONO
E ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE MEDICINA DO SONO SOBRE O TRATAMENTO DA INSÔNIA COM O ZOLPIDEM
A Associação Brasileira do Sono (ABS) e a
Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) vêm a público se pronunciar
sobre os frequentes e atuais relatos do abuso de zolpidem, efeitos adversos e o
uso sem acompanhamento profissional. A insônia é um transtorno do sono
comum na população mundial e no Brasil. O tratamento da insônia é baseado em
medidas comportamentais, terapia psicológica e o uso de medicação quando
indicado. A insônia crônica não tratada pode promover diversas complicações
sobre a qualidade de vida, memória, complicações metabólicas e
cardiovasculares, etc. Portanto, a ABS e ABMS reconhecem os riscos da insônia e
recomendam o tratamento apropriado.
O tratamento considerado de escolha para a insônia
é a Terapia Cognitivo Comportamental. O tratamento com medicamentos poderá ser
associado à terapia cognitivo comportamental e quando for a primeira escolha, a
associação do tratamento psicológi- co deve ser considerada. Dentre as opções
terapêuticas, o Zolpidem é indicado para o tratamento da insônia inicial e de
manutenção.
O Zolpidem é recomendado para o tratamento da
insônia inicial e de manutenção a curto prazo (recomendação usual da bula:
<4 semanas). No Brasil dispomos de diferentes tipos de apresentação como de
liberação imediata (5 e 10 mg) sendo também disponíveis também para uso
sublingual e de liberação controlada de 6,25 e 12,5 mg. O Zolpidem apresenta
início de ação rápido (até 30 minutos após a ingestão) e meia vida curta
(aproximadamente 2,4 horas para a liberação imediata e até 6 horas para a
liberação controlada). A apresentação sublingual apresenta início do efeito de
ação mais rápido em comparação às apresentações de liberação imediata. As
apresentações de liberação imediata sublingual são utilizadas para o tratamento
da insônia inicial e as apresentações de liberação controlada auxiliam no
início e manutenção do sono.
O Zolpidem foi o primeiro e mais antigo hipnótico
agonista do receptor GABA- A estudado desde 1970 e cuja ação terapêutica é
amplamente conhecida e reconhecida por estudos clínicos e populacionais,
entretanto o tempo prolongado de uso nestes estudos não foram superiores a 12
meses. Os principais efeitos adversos descritos são sonolência, tontura,
cefaléia, sintomas gastrointestinais, tontura, confusão mental, amnésia
anterógrada, alucinações e parassonias. Perante o risco dos possíveis efeitos
adversos, em 2019 o órgão regulatório americano FDA recomendou o uso de
dosagens menores para idosos, mulheres além de alertar sobre o risco de comportamentos
anormais em uso de tais fármacos, o risco da associação com o uso de bebidas
alcoólicas e que este risco deveria ser moni- torado durante o tratamento e
alertado em bula.
A ABS e ABMS listam as recomendações para o uso e
controle de tratamento da insônia com o Zolpidem:
1• Ao iniciar o tratamento da insônia com o
Zolpidem é fundamental fornecer o adequado esclarecimento ao paciente com
insônia e, quando indicado aos seus familiares. São fundamentais as
recomendações sobre o horário de uso da medicação Zolpidem, inclusive que a
mesma deve ser utilizada imediatamente antes do horário estabelecido para
dormir e ao deitar. Hábitos de higiene do sono devem ser reforçados na primeira
avaliação e durante as consultas de acompanhamento do tratamento. O paciente
deve ser consultado sobre expectativas em relação ao tratamento e informado
sobre custos, possíveis efeitos adversos e a importância do acompanhamento
durante o período de uso da medicação.
2• Atribui-se ao médico a avaliação detalhada
sobre a presença de comorbidades médicas e psiquiátricas. A escolha do
tratamento farmacológico também deverá se apoiar no tipo de insônia, na
presença de doenças associadas e o uso de fármacos que possam interagir com o
Zolpidem e potencializar efeitos adversos entre eles como sedação, quedas e
depressão respiratória. As entidades desaconselham o uso de medicamentos para o
tratamento da insônia sem a indicação médica e acompanhamento adequado.
3• Atribui-se ao médico prescritor identificar
antecedentes psiquiátricos e comportamentais que possam aumentar o risco de
abuso de hipnóticos como uso indevido de substâncias psicoativas, dependência
química ou de outras substâncias e antecedentes de abuso de medicamentos.
O uso inapropriado da medicação, isto é, doses além
das recomendadas assim como o uso fora do período estabelecido para dormir
aumentam o risco de dependência, tolerân- cia e conseqüências graves como
ferimentos, atividades motoras complexas como dirigir automóveis, uso de
celular, alimentação noturna, alucinações causando danos físicos como
ferimentos, quedas e acidentes, danos morais, financeiros e risco de vida.
Os riscos dos efeitos indesejáveis graves são
potencializados nas dosagens elevadas do Zolpidem, isto é, acima das
recomendadas de 5 a 10 mg, nas repetições do uso da medi- cação ao longo da
noite assim como na associação do uso do Zolpidem à ingestão de bebida
alcoólica e outros sedativos.
Sobre a Associação Brasileira do Sono
Fundada em Agosto de 1985 com o nome Sociedade
Brasileira do Sono, a instituição congrega todos os profissionais
brasileiros que estudam sono, incluindo desde áreas experimentais
básicas, Biólogos, Técnicos de
Polissonografia, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Psicólogos, Odontologistas e Médicos. A
associação é fundamentalmente desde sua origem multidisciplinar e a lista de
especialistas que participam da sociedade não para de crescer.
Com o passar dos anos a sociedade se adaptou aos
desafios e, desde 2005, passou a se chamar Associação Brasileira do
Sono (ABS). Agrega também sob o mesmo teto e com direção compartilhada as
sociedades co-irmãs: Associação Brasileira de Odontologia do Sono
(ABROS) e Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS), ambas criadas
para atender necessidades específicas de dentistas e médicos.
A ABS é reconhecida mundialmente. A
associação promove inúmeras atividades, incluindo cursos, reuniões com a
sociedade civil e com os gestores de políticas públicas, além de promover
diálogo constante com a sociedade sobre os mais diversos temas relacionados
ao sono. A Associação Brasileira do Sono é responsável também
pelo periódico cientifico Sleep
Science, revista publicada em inglês com reconhecimento mundial, recebendo
artigos científicos originais de todas as partes do planeta.
As regionais do sono estão presentes em 22
estados do Brasil.
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