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quinta-feira, 4 de maio de 2023

Um entre quatro casos de câncer de ovário têm origem hereditária

Cerca de 25% dos casos de câncer de ovário são associados com mutações genéticas, sendo cerca de 15% nos genes BRCA1 e BRCA2. Na ausência de um exame de rastreamento - assim como a colonoscopia ou mamografia em câncer colorretal e de mama - a atenção ao histórico familiar é uma importante medida para se reduzir as taxas de diagnóstico tardio e, consequentemente, de mortalidade por tumores ovarianos. O alerta, alusivo ao 8 de maio, Dia Mundial do Câncer de Ovário, é do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA)


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Todo câncer é genético (ocorre por transformações no DNA ao longo da vida, gerando assim as mutações neste código genético que favorecem o surgimento da doença). Porém, em 5% a 10% dos casos, esta alteração genética é herdada ao nascimento. Esse percentual atribuído a hereditariedade vale para quase todos os cânceres que acometem a maioria dos órgãos humanos. Dentre as exceções, está o câncer de ovário, cuja influência da hereditariedade no número de casos atinge os 25%. Na ausência de um exame de rastreamento – assim como a colonoscopia ou mamografia em câncer colorretal e de mama – a atenção ao histórico familiar é uma importante medida para se reduzir as taxas de diagnóstico tardio e, consequentemente, de mortalidade por tumores ovarianos. O alerta, alusivo ao 8 de maio, Dia Mundial do Câncer de Ovário, é do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA).

A maioria destes casos se enquadra na síndrome de câncer de mama e ovário hereditário, associada com mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2. “Em particular, a mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 é bem conhecida e estudada. A paciente ter esta mutação não significa que ela está com câncer ou que irá, de fato, desenvolver a doença, mas é importante ela saber que o risco é muito aumentado em relação às mulheres em geral”, explica Glauco Baiocchi Neto, cirurgião oncológico e presidente do Grupo EVA.

Portanto, todos os cânceres são o resultado de uma mutação genética. Elas podem ser causadas por vários fatores, como idade, exposição a produtos químicos, radiação, fatores reprodutivos, fatores dietéticos e metabólicos, fatores hormonais, radioterapia anterior, história familiar e hereditariedade. Com o tempo, várias mutações podem surgir em uma célula, permitindo que ela se divida e se transforme em câncer. Geralmente isso acontece com o passar dos anos e isso explica porque os tumores ocorrem em idade avançada.

As características que alertam para a síndrome de câncer de mama e ovário hereditário são:


- Uma ou mais mulheres são diagnosticadas com câncer de mama aos 45 anos ou menos ou toda mulher que recebe o diagnóstico de câncer de ovário, em qualquer idade.

- Uma ou mais mulheres são diagnosticadas com câncer de mama antes dos 50 anos com uma história familiar adicional de câncer, como câncer de próstata e de pâncreas.

- Existem cânceres de mama e/ou ovário em várias gerações no mesmo lado da família, como ter uma avó e uma tia do lado paterno diagnosticadas com esses tipos de câncer.

- Uma mulher é diagnosticada com um segundo câncer de mama na mesma ou na outra mama ou tem câncer de mama e de ovário.

- Um parente do sexo masculino é diagnosticado com câncer de mama.

- Há uma história de câncer de mama, câncer de ovário, câncer de próstata e/ou câncer de pâncreas no mesmo lado da família.

- Ter ascendência judia Asquenazi.

Recomenda-se que essas características sejam analisadas por um serviço de Oncogenética, durante atendimento de Aconselhamento Genético. E, com isso, poderá ser solicitado um teste genético, que consiste em investigar, no sangue da paciente, a presença de uma mutação em gene como o BRCA 1 e 2. Em caso de síndrome hereditária confirmada, as possibilidades são a realização de cirurgia profilática, que consiste em retirar – preventivamente – o ovário e trompas de falópio. “Como não há um método de rastreamento do câncer de ovário, como ocorre com a mama, que têm a mamografia e exames auxiliares, a Salpingooforectomia, procedimento cirúrgico indicado para remover os ovários e trompas, é a melhor escolha”, ressalta Baiocchi.


CÂNCER DE OVÁRIO EM NÚMEROS - Dentre os tumores ginecológicos, o câncer de ovário é o terceiro mais comum no Brasil, atrás apenas do câncer de colo do útero e endométrio.  No triênio de 2023 a 2025, são previstos 7.310 casos novos casos por ano, o que equivale a 6,62 casos novos a cada 100 mil mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 3.920 óbitos por câncer de ovário.

De acordo com levantamento da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), cerca de 70% a 80% das mulheres diagnosticadas com câncer de ovário no Brasil morrem, por causa direta desta doença, em menos de cinco anos após o diagnóstico. Esse dado é reflexo, principalmente, da alta taxa de diagnóstico tardio. Cerca de 80% dos casos de câncer de ovário são descobertos já em fase avançada da doença. 


SINTOMAS DE ALERTA - Embora inespecíficos (podendo ser confundidos com outras doenças) e silenciosos na maioria dos casos, há sintomas que são importantes sinais de alerta de câncer de ovário.

  • Inchaço frequente;
  • Dor abdominal e pélvica;
  • Cólicas;
  • Pressão pélvica;
  • Falta de apetite;
  • Aumento da necessidade de urinar;
  • Indigestão;
  • Náusea;
  • Dor nas costas;
  • Constipação;
  • Fadiga;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Alterações no ciclo menstrual, como sangramento após a menopausa.

Esses sintomas ocorrem frequentemente em um grande número de mulheres com câncer de ovário. No entanto, é possível que sejam causados por outra condição. Para isso, é importante a avaliação com o seu médico.


FATORES PARA O DESENVOLVIMENTO - Embora a hereditariedade seja um fator de risco, existem outros que podem aumentar o risco da doença. Infertilidade e questões associadas com maior frequência de ciclos menstruais mensais como menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade (nunca ter tido filhos), dentre outras, assim como obesidade, são os principais fatores de risco.

Dentre os efeitos protetores estão o controle do peso, alimentação equilibrada e prática de atividade física, assim como o uso de contraceptivos por pelo menos cinco anos. Ter filhos, assim como a amamentação, também colabora na diminuição do risco de desenvolver câncer nos ovários. 


TRATAMENTO PARA PACIENTES COM CÂNCER DE OVÁRIO – A indicação do tratamento depende se o câncer está confinado ao ovário ou se espalhou para tecidos próximos ou para outras partes do abdômen ou do corpo. A cirurgia e a quimioterapia – os tratamentos mais usados para o câncer de ovário – podem ser eficazes mesmo depois que a doença se espalhou.

Recentemente, novas opções de tratamento foram adicionadas, como terapias direcionadas ou biológicas. Por vezes, a cirurgia não é possível, noutras - como no caso de doença limitada ao ovário com bom prognóstico em doentes jovens - a cirurgia, sem posterior quimioterapia e a preservação do útero e do outro ovário podem ser suficientes e seguros. O tipo de tumor diagnosticado também pode determinar o tratamento.

Em casos de câncer de ovário avançado, a indicação mais comum é de histerectomia (remoção cirúrgica do útero e do colo do útero) e a remoção de outro tumor que possa ter se espalhado para fora do ovário. Uma vez que o útero é removido, a mulher não pode mais engravidar.


Terapias mais recentes - Ao longo dos anos, mesmo para o câncer de ovário, medicamentos-alvo, como antiangiogênicos e inibidores de PARP, tornaram-se disponíveis. Estes últimos, especialmente para pacientes com mutações no gene BRCA, têm se mostrado muito eficazes como terapias de manutenção ao final da quimioterapia.


Atenção aos exames ginecológicos - Como dito, até o momento, não existem exames confiáveis para diagnosticar o câncer de ovário em seus estágios iniciais, antes do início dos sintomas da paciente. Quando há suspeita, temos os seguintes exames diagnósticos:


Ultrassom: uma pequena sonda pode ser inserida na vagina ou acima do abdômen, dando assim a possibilidade de ver perfeitamente se existe algum tipo de anomalia.


Tomografia computadorizada e ressonância magnética: capta imagens do abdome e pelve e revela com mais precisão se há alguma anormalidade nessa área.

Laparoscopia: é inserido uma câmera dentro do abdome onde o médico consegue avaliar a presença da doença e sua extensão.


Exames de sangue: além dos exames anteriores, é importante fazer exames de sangue. Há alguns marcadores tumorais que podem ser mensurados no sangue. No caso do câncer de ovário o principal é o Ca125. Porém medir o Ca125 não é suficiente para fazer diagnóstico de câncer de ovário já que pode estar aumentado em doenças benignas como endometriose e não estar aumentado no câncer de ovário em estágios iniciais.

A detecção precoce e o tratamento imediato são importantes, portanto, fazer exames de saúde regulares e conhecer os sintomas são boas maneiras de se proteger. Infelizmente, não há um bom teste de triagem para câncer de ovário, especialmente para aqueles sem fatores de alto risco.

Dar visibilidade a esse câncer e informar sobre seus sintomas e abordagem para que a população em geral conheça e possa obter diagnósticos precoces é, hoje, a melhor prevenção. Por isso, é importante não esquecer de avisar o ginecologista se houve algum tipo de câncer ginecológico ou de mama em sua família, levar um estilo de vida e alimentação saudáveis, controlar o estresse no dia a dia, manter-se ativo e evitar a obesidade.

 

Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) 

 

Referência

INCA, Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2023: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2023. 162 p. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimativa-2023.pdf>.



Os perigos do uso indiscriminado de remédios para a disfunção erétil

Para lembrar o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, dia 5 de maio, o urologista João Brunhara alerta que, para surtir o efeito desejado, remédios como Viagra devem ser prescritos somente após um diagnóstico do paciente

 

        A famosa pílula azul, como ficou conhecido o Viagra, sem dúvida promoveu uma revolução na forma como a disfunção erétil é tratada, ajudando a melhorar a vida sexual de milhões de homens. Tanto que, atualmente, o “azulzinho” é um dos medicamentos mais conhecidos no mundo: desde 1998, mais de 128 milhões de comprimidos de Viagra foram comercializados apenas no Brasil. 

 

O problema é que, em busca de um “efeito milagroso” na hora H, muitos homens têm usado remédios para disfunção erétil de forma indiscriminada, sem consultar um especialista. Aproveitando o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, no próximo dia 5 de maio, o urologista João Brunhara, co-fundador da Omens - plataforma de saúde e bem-estar masculino, criada para diminuir o abismo entre homens e autocuidado – alerta para o perigo de fazer uso desse tipo de medicamento sem orientação médica.

 

“O diagnóstico da disfunção erétil geralmente é feito com base na história clínica do paciente, incluindo sintomas, histórico médico, sexual, exames físicos e laboratoriais. Portanto, para que o tratamento surta efeito e não prejudique a saúde geral do paciente, é fundamental que um profissional qualificado, como um urologista, seja consultado para avaliar e identificar a causa subjacente da disfunção erétil”, explica ele.

 

        Mesmo assim, de acordo com uma pesquisa realizada pela Omens em parceria com o Datafolha, entre os homens com problemas de ereção, 60% nunca procuraram nenhuma ajuda profissional para tratar a condição. “Isso acontece porque muitos homens ainda têm vergonha de buscar ajuda ou não sabem que o problema tem solução”, diz Brunhara.

 

        Entre os efeitos colaterais a longo prazo, provocados pelo uso constante do remédio sem prescrição médica, estão especialmente o comprometimento da visão, além de problemas cardíacos e até mesmo perda da audição. Pesquisadores da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, descobriram que o uso contínuo e prolongado de remédios para disfunção erétil pode aumentar em até 85% o risco de contrair doenças como descolamento de retina, oclusão venosa da retina (OVR), neuropatia óptica isquêmica (NOI), entre outras. 

 

        O urologista ressalta que medicamentos como o Viagra não são indicados para quem quer ter um desempenho sexual mais duradouro e nem para jovens como forma de controlar a insegurança e a ansiedade. “O tratamento é indicado para o homem que tem dificuldade em obter ou manter uma ereção suficiente para a atividade sexual, melhorando sua qualidade de vida, autoestima e bem-estar emocional”, explica. “É mito que os remédios para disfunção erétil aumentam o desejo sexual e são afrodisíacos. Eles ajudam a melhorar a capacidade de um homem em obter e manter uma ereção aumentando o fluxo sanguíneo na região peniana, mas não curam o problema da disfunção”, ressalta Brunhara.

 


João Brunhara - Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), onde também fez Residência em Cirurgia Geral e Urologia. João dedicou também um ano de estudos na Universidade de Harvard, onde teve a oportunidade de se aprofundar em cirurgia robótica e pesquisa científica. O urologista é diretor médico e co-fundador da Omens, healthtech que visa destruir o abismo entre homens e autocuidado, negócio inspirado em modelos similares da França e dos Estados Unidos.



Omens -plataforma dedicada à saúde e bem-estar dos homens.

Terapia hormonal para fins terapêuticos é procedimento consolidado no Brasil e no mundo.


Como médico ginecologista que atua na especialidade da endocrinologia ginecológica e reprodutiva há mais de 40 anos, dos quais 25 com prescrição de terapia hormonal por meio do uso de implantes subcutâneos para administração de substâncias formuladas em concentrações específicas para atender pacientes em tratamentos de contracepção, doenças hormônio dependentes como endometriose, miomatose e outras, terapia de reposição hormonal e infertilidade considero que a Resolução CFM Nº 2.333, de 30 de março último, é  uma iniciativa importante devido ao que tem ocorrido nos últimos tempos.

Ao ratificar a Resolução CFM nº 1999, de 2012, o novo dispositivo possibilita colocar os pingos nos “is”, de forma decisiva sobre a terapia hormonal, a começar da sua concepção. A administração externa dessas substâncias só se justifica pela carência ou excesso no organismo, o que pode ser detectado durante a consulta clínica e demonstrado pelos resultados de exames laboratoriais específicos. Em suma, não são os hormônios que fazem mal, mas a sua prescrição equivocada e/ou excessiva.

Vivemos hoje um momento em que as pessoas, independente da idade, buscam a juventude e a beleza eternas. E há quem se disponha a aventuras e perigos inimagináveis para encontrá-las. Assim, é com preocupação que acompanho um número crescente de mulheres que chegam ao consultório com sequelas físicas e mentais das terapias hormonais de viés estético, conduzidas sem os devidos cuidados pelos profissionais.

Nesse sentido, a Resolução CFM Nº 2333 também é uma iniciativa louvável já que trata da ética, algo que não pode ser dissociado da formação profissional. Circulam no meio médico, propagandas de cursos inconsistentes a peso de ouro, que prometem conhecimentos não apenas para a prescrição do tratamento hormonal, como para a formulação de substâncias para manipulação em farmácia magistral.

Reforço então o alerta. Por mais rentável que seja um procedimento, é imprescindível que os candidatos estejam atentos para os riscos que correm de perder suas promissoras carreiras, visto que os problemas do desequilíbrio hormonal causados pelo uso incorreto ou exagerado das substâncias, podem se traduzir em efeitos colaterais graves e variados.

Entre os cardiovasculares, há quadros de hipertrofia cardíaca, hipertensão arterial sistêmica, acidentes vasculares, aterosclerose, estado de hipercoagulação, aumento da trombogênese e vasoespasmo. Há também o risco de doenças hepáticas como hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda e carcinoma hepatocelular, bem como de transtornos mentais e de comportamento, com diagnósticos de depressão e dependência. A lista de distúrbios endócrinos inclui infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.


A mentira do “chip da beleza”

O momento também é propício para esclarecimentos. Em primeiro lugar, não existe o tal chip da beleza. Essa expressão infeliz criada pelo marketing para fins mercadológicos é uma mentira na forma e no conteúdo.

O que se tem de concreto na Medicina são implantes subcutâneos que funcionam como uma via para administrar medicamentos, e também dosagens específicas de hormônios manipulados em concentrações personalizadas pela farmácia magistral, para fins terapêuticos. Fora disso, o que se tem praticado são promessas de procedência duvidosa e alto risco para a saúde.

Lembro que o uso dos implantes subcutâneos para a terapia hormonal foi introduzido há mais de 40 anos pelo médico ginecologista e endocrinologista, cientista e professor Dr. Elsimar Coutinho, que revolucionou a Medicina mundial ao questionar a necessidade da menstruação e ao popularizar diversos tratamentos hormonais, entre os quais o uso de contraceptivos duração prolongada, além de outros feitos notáveis.

Dessa forma, não se pode simplesmente deixar de lado uma solução médica que tem efeitos comprovados para o controle de diversos problemas de saúde, entre os quais as doenças hormônio dependentes, terapia de reposição hormonal e contracepção. Como discípulo fiel desse importante Mestre, não posso deixar que isso aconteça, por melhores que sejam as intenções das sociedades médicas que endossam a Resolução.

Reafirmo, ainda, que nem todas as pacientes se adaptam às dosagens da indústria farmacêutica, o que pede uma abordagem individual, para a obtenção dos melhores resultados que, em sua origem, são bastante específicos já que tratam do indivíduo.

 

Walter Pace - ginecologista, Titular da Academia Mineira de Medicina, Professor Doutor em Ginecologia e Coordenador Geral da Pós-Graduação em Ginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas, Mestre em Reprodução Humana pela Universidade de Paris e Doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Psiquiatra Antônio Geraldo alerta para a soltura de criminosos que estão em hospitais de custódia a partir de 15 de maio

A Resolução no 487/2023 do CNJ autoriza o fechamento de Hospitais Psiquiátricos de Custódia.


Na última quarta-feira, dia 03 de maio, Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP participou, no Congresso Nacional, de audiência pública organizada pela Comissão de Segurança Pública que debateu sobre o tema “Política antimanicomial no processo penal - Resolução no 487/2023 - CNJ".  

Além do psiquiatra, estiveram presentes representantes da Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB, da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - CONAMP e da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Conselho Federal da OAB, representando a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB que, em conjunto, criticaram a determinação imposta pela resolução. 

Em sua apresentação, Antônio Geraldo informou aos presentes que o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal soltou naquela tarde uma nota em relação a resolução do CNJ mostrando o quão grave essa resolução significa para a sociedade como um todo, e o quão absurdo os médicos entendem que ela seja. “Não há razoabilidade, não dá para entender como essa resolução foi aprovada e como entre 15 de maio de 2023 e 15 de maio de 2024 acabarão com todos os hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico no Brasil.” Todas essas pessoas (criminosos) voltariam para a sociedade e fariam tratamento junto com a comunidade, se assim, essas pessoas quiserem" complementou o Dr. Antônio Geraldo durante a audiência.  

De acordo com o Conselho Nacional do Ministério Público, no relatório Sistema Prisional em Números, atualmente são 30 hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico no Brasil com mais de 5800 criminosos cumprindo pena.  

A resolução determina o fechamento de Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, para onde são encaminhados criminosos que foram avaliados clinicamente e detectados com algum tipo de deficiência ou doença mental, que estejam sob investigação ou medida de segurança.  

Diante desta situação calamitosa infringida à sociedade, a psiquiatria brasileira está lutando, através de seus representantes, para que seja revogada tal decisão que coloca em perigo a população brasileira com a soltura de pessoas que cometeram crimes graves como estupro, pedofilia, assassinato, latrocínio, dentre outros.

 

Antônio Geraldo - Psiquiatra 


5 livros para os jovens perderem o medo de ler clássicos da literatura brasileira

No Dia Mundial da Língua Portuguesa, a Somos Literatura selecionou obras nacionais que vão motivar o público mais jovem a conhecer os clássicos da nossa literatura



Dia 5 de maio é o Dia Mundial da Língua Portuguesa, uma oportunidade para incentivar a leitura de obras clássicas da nossa língua entre os mais jovens. A data foi estabelecida oficialmente em 2009 pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) durante a 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO.

 

Idioma com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, o português é a língua mais falada no hemisfério sul. Nesse contexto, a efeméride tem o objetivo de desenvolver atividades que valorizem a língua portuguesa e a leitura de clássicos nacionais é uma das formas de celebrar essa diversidade.

 

É comum que o público mais jovem, quando não é incentivado adequadamente, tenha receio de se aventurar na leitura de obras clássicas, mesmo que escritas em seu idioma materno. Porém, essa é uma fase interessante para ter o primeiro contato com livros que marcaram a história da literatura, que podem ser revisitados em uma idade mais madura, posteriormente.

 

Em seu texto “Por que ler os clássicos?”, Italo Calvino, um dos mais importantes escritores italianos do século XX, afirma que as leituras realizadas na juventude dão forma às experiências futuras. Segundo Calvino, elas “fornecem modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de valores e paradigmas de beleza”.

 

Pensando em aproximar jovens dos grandes clássicos neste Dia Mundial da Língua Portuguesa, a SOMOS Literatura selecionou 5 livros nacionais para incentivar a formação de novos leitores.

 

1. Aluísio Azevedo e O Cortiço, de Ivan Jaf – Editora Saraiva

Uma narrativa que recria os eventos biográficos e históricos do clássico de Aluísio Azevedo, O cortiço, combinando dados factuais com criação ficcional. O livro remonta a a vida do autor maranhense até o momento de escrita de sua obra-prima, em uma viagem literária à cidade do Rio de Janeiro do século XIX, onde Aluísio Azevedo viveu durante mais de quinze anos. Escrito por Ivan Jaf, o livro mostra como O Cortiço nos ajuda a entender melhor nossa formação literária, política e social, propiciando um olhar crítico em relação ao presente.

 

Preço: R$ 53 (Link para compra)

Autor: Ivan Jaf

Segmento: Literatura Juvenil

Páginas: 88

 

 

2. Dom Casmurro, de Machado De Assis – Editora Saraiva

No Rio de Janeiro do século XIX, Dom Casmurro traz um relacionamento regado de amor e ciúmes, narrado a partir do ponto de vista do rabugento narrador Bentinho, que acredita ter sido traído por sua esposa, Capitu, “dona de olhos de ressaca”. O romance é um marco do Realismo brasileiro, caracterizado pelo uso de ironias no estilo inconfundível de Machado de Assis, autor sensível e observador.

 

Preço: R$ 53 (Link para compra)

Autor: Machado De Assis

Segmento: Literatura Juvenil

Páginas: 280

 

 

3. O Guarani, de José de Alencar – Editora Ática

Um amor conturbado entre Peri, indígena goitacá, e Ceci, filha do fidalgo português D. Antônio de Mariz. Após a morte acidental de uma índigena aimoré, a tribo se revolta contra os brancos colonizadores, levando o protagonista a enfrentar muitos perigos para proteger sua amada. Considerado o grande épico de José de Alencar, O Guarani é um livro temperado por amor, aventura, vingança e planos de traição, que se desenrolam em cenários cinematográficos.

 

Preço: R$ 67 (Link para compra)

Autor: José de Alencar

Segmento: Literatura Juvenil

Páginas: 344

 

4. Os Sertões, de Euclides da Cunha – Editora Ática

Os Sertões narra episódios da descomunal guerra de Canudos, revelando um território desconhecido e esquecido pela República recém-instaurada no Brasil. Além de ser reconhecida pelas excelentes descrições da paisagem, a obra de Euclides da Cunha se consagrou como uma importante denúncia social, reforçada pelo elemento humano. A edição publicada pela editora Ática apresenta mapas estilizados da região e um texto reduzido para atrair os leitores mais jovens sem perder a excelência e o tom clássico do original.

 

Preço: R$ 85 (Link para compra)

Autor: Euclides da Cunha

Segmento: Literatura Juvenil

Páginas: 152

 

 

5. A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães – Editora Scipione

O clássico de Bernardo Guimarães traz como protagonista a jovem Isaura, uma escrava branca que foi educada como uma dama da corte. Isso porque é filha de um português com uma negra e, após a morte de sua mãe quando Isaura ainda era criança, foi adotada pela esposa do comendador. Em seguida, com a morte de sua benfeitora, seu sonho de liberdade parece cada vez mais distante ao cruzar com as maldades de Leôncio, dono da fazenda onde ela vive.

 

Preço: R$ 67 (Link para compra)

Autor: Bernardo Guimarães

Segmento: Literatura Juvenil

Páginas: 88

 

 

Literatura da SOMOS Educação


A seca dos investimentos em startups

De acordo com o Inside Venture Capital Report, documento do Distrito, os investimentos em startups no Brasil caíram 86% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo o Distrito, essa situação aconteceu devido a um movimento já prolongado de consolidação do mercado, mas também vejo como cautela por parte dos investidores.

De um lado, foi um período de altas apostas e muitos resultados frustrados. Isso já era de se esperar, pois o investimento em startups é cercado de grandes incertezas. Diante desta situação, os investidores aprenderam a calibrar um pouco os aportes depois de exits não tão bem sucedidos, como os que temos visto com o SoftBank ou resultados da operação do SVB - Silicon Valley Bank -, cuja falência foi anunciada em março deste ano, após o banco, criado justamente para financiar startups e empresas de tecnologia, sofrer um colapso. 

O fato é que as startups costumam prometer mundos e fundos em seus powerpoints em troca de tempo e dinheiro para conseguirem provar suas teses. O tempo passa, mas o retorno tão esperado não vem. Com isso, pedem mais dinheiro e também mais tempo. Essa é a lógica que impera. Os investidores e os founders precisam manter a fé que vai dar certo.

Não estou dizendo que crer seja algo errado, afinal, precisamos acreditar que o resultado virá. Nunca teremos todas as informações e todas as certezas para tomar decisões, é assim que funciona a vida, não tem outro jeito. E se ficarmos esperando demais, outros podem vir e decidir antes de nós. Então não há uma receita de bolo, mas é possível aprender ao longo do processo.

Por essa razão, junto aos erros de avaliação nas startups e o descolamento entre promessa nos powerpoints e realidade, está a conjuntura macroeconômica de aversão ao risco em função da subida de juros nos principais mercados, como EUA e Europa. Com os juros mais altos, a remuneração do capital é mais vantajosa com o menor risco. Aliado as dores dos investimentos de alto risco, os investidores começam a repensar seu processo de decisão.

Neste contexto, poderiam ser construídos OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves), direcionados à preservação de caixa e à melhoria de processos que tragam, no curto prazo, benefícios que permitam postergar demissões e, quem sabe, até continuar o desembolso de investimento em uma velocidade menor.

Uma das funções dos OKRs é fazer com que todos se alinhem em torno das prioridades da organização no momento, que tenham foco e não desperdicem "energia": esforço humano, dinheiro, tempo em coisas que não estão condizentes com aquele período. Os OKRs tem este poder de comunicar claramente e de maneira muito objetiva onde colocar os esforços no curto prazo para maior geração de valor em curto espaço de tempo.

 

Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/

 

Campanha de doação vai levar alimentos nutritivos a cães e gatos de rua, às vésperas do inverno

As marcas do segmento pet Tudo de Bicho e Adimax acabam de lançar a campanha “Cada grão importa”, que vai doar 1kg de ração para cada 10kg vendidos na loja-online.

 

No intuito de cuidar da saúde e do bem-estar de animais resgatados por ONGS, a marca pet Tudo de Bicho está realizando uma campanha de doação de alimentos nutritivos às vésperas do inverno, em parceria com a fabricante de rações Adimax.


A iniciativa consiste em doar 1kg de ração para cada 10kgs de rações vendidos no e-commerce a entidades que resgatam cães e gatos nas ruas. Além disso, a campanha prevê conscientizar a população sobre a importância da alimentação adequada para a saúde e o bem-estar dos pets.


“Os cães e gatos recolhidos das ruas geralmente estão desnutridos. Eles são expostos ao calor, à poluição, violência, chuva e ao frio, por isso ficam fracos, cansados, magros e apáticos. Com a chegada do inverno, eles precisam de mais energia para se manterem aquecidos, ou seja, precisam estar nutridos para sobreviver ao frio”, afirma a Dra. Mariana Fragoso, veterinária e analista técnica da Adimax.


Para nutrir bem os animais, segundo ela, é preciso levar em consideração a espécie, fase de vida e mudanças fisiológicas. A cada fase - infância, gestação, velhice, etc. -  identificamos características que exigem particularidades na formulação do alimento.


“Um cão sênior é mais sedentário e tende a ganhar peso. Sendo assim, é importante consumir um alimento com calorias moderadas e quantidades certas de nutrientes. Outro exemplo é a castração. Após a castração, o animal passa por alterações no seu metabolismo e comportamento, portanto precisam de um alimento que atenda a essas necessidades”, exemplifica a veterinária da Adimax.

Os alimentos dos humanos não suprem as necessidades dos pets e ainda podem causar desbalanços nutricionais, afetando o metabolismo animal. Dra. Mariana Fragoso explica que alimentar é diferente de nutrir. Carne e arroz podem até aliviar a fome, mas não têm vitaminas e minerais. Além disso, alguns alimentos são perigosos para os animais de estimação, como chocolate, cebola, alho, uva e abacate.


Os restos de comida caseira podem até alimentar, mas a ração é que vai preparar o organismo para enfrentar doenças. Neste ponto, é válido ressaltar que é possível, sim, elaborar um alimento completo com comida caseira, mas isso geralmente é feito por um especialista no assunto.


Animais que apresentam distúrbios fisiológicos e metabólicos também podem se beneficiar de uma alimentação própria, que auxilia no tratamento de doenças como hipersensibilidade alimentar, doença renal crônica, obesidade e osteoartrite.

“O objetivo desta campanha, portanto, é fazer nossa ração chegar ao maior número possível de pets, nutrindo animais em situação de vulnerabilidade. Com a qualidade das rações completas e balanceadas da Adimax e a popularidade da Tudo de Bicho, estamos incentivando tutores de maior poder aquisitivo a fazerem doações para ONGs”, afirma Dra. Mariana Fragoso.



 

Cada grão importa: como participar

Acesse: https://www.tudodebicho.com.br/

Período da campanha: 06/04 até 06/05

ONGs beneficiadas: Soul Animal (Extrema-MG) / Adota Pet / Aubrigo da Tia Dany / CAV / Cão Coragem

Rações incluídas: Fórmula Natural: tem carne fresca na composição, grain free (livre de transgênicos) e não tem antioxidantes artificiais somente naturais


CPI das pirâmides de criptomoedas: passo necessário para frear a onda de golpes financeiros no Brasil

Recentemente, um grupo de deputados federais, de variados partidos, intensificou a pressão dentro da Câmara para dar força na tentativa de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) especialmente dedicada a apurar e investigar um dos golpes financeiros que mais vem fazendo vítimas no Brasil: as pirâmides de criptomoedas. 

Entende-se o esforço multipartidário ao se observar rapidamente os números dessa verdadeira indústria de vítimas. Somente em 2021, de acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 13,9% dos internautas brasileiros tinham perdido dinheiro em algum investimento fraudulento, o que representa um contingente de 1,3 milhão de pessoas no período.  

Num outro estudo realizado pelo escritório Calazans e Vieira Dias Advogados, foram identificadas mais de 1300 empresas de investimentos fraudulentas no Brasil. Entre os investidores que já perderam dinheiro em investimentos fraudulentos no Brasil, 40% entraram em esquema de Pirâmide/Ponzi, o que mostra o potencial de estrago que causa esse tipo de golpe. 

O campo fértil para números tão volumosos e preocupantes é, justamente, a impunidade, uma vez que os responsáveis não são punidos de forma efetiva. Além disso, a demora na conclusão dos processos judiciais e a falta de efetividade na recuperação dos valores perdidos pelos investidores são questões que propiciam o avanço dessa prática criminosa pelo país. 

De acordo com o texto que acompanha a assinatura dos parlamentares, o  objetivo da criação da CPI é investigar indícios de operações fraudulentas sofisticadas na gestão de diversas empresas de serviços financeiros que prometem gerar patrimônio por meio de gestão de criptomoedas, com divulgação de informações falsas sobre projetos ou serviços e promessa de rentabilidade anormalmente alta ou garantida e inexistência de taxas, mas constituindo-se em sistema de remuneração alimentado pela entrada de novos participantes, o que tem trazido prejuízos vultuosos aos investidores e para toda a sociedade. 

Trata-se, assim, de mais um importante passo para o país de fato iniciar um processo de reversão desse cenário, muito favorável aos golpistas. Vale lembrar que, ao final de 2022, tivemos a aprovação do Projeto de Lei 4.401/2021, conhecido como o Marco Legal das Criptomoedas, com uma regulamentação sobre o tema. Se somadas, a nova regulamentação, com investigações mais intensas e punições mais pesadas – quem sabe frutos a serem colhidos nessa CPI – certamente encontraremos como resultado um espaço muito menor para os golpistas que aproveitam esse mercado de criptos Brasil afora para atrair vítimas com a promessa de retornos expressivos de dinheiro.  

É preciso fechar o cerco contra esse tipo de fraude. Movimentos como esses que fazem os deputados federais são fundamentais, assim como também deve ser o trabalho da polícia e da Justiça, inclusive na diminuição do prazo para que investidores lesados por golpistas possam reaver seus recursos investidos.

 

Jorge Calazans - advogado criminalista, sócio do escritório Calazans e Vieira Dias Advogados e especialista na defesa de investidores vítimas de fraudes financeiras

 

Falta de educação

É consenso entre estudiosos do processo de aprendizado que o desempenho de um aluno não depende apenas de seu próprio esforço. Uma escola que garante condições básicas de segurança, bem-estar e higiene também contribui de forma relevante para bons resultados no ensino. Foi com essa premissa que os Tribunais de Contas uniram esforços para realizar entre 24 e 26 de abril uma auditoria inédita na infraestrutura de 1.082 escolas.

Lixo em local de atividades escolares recreativas no Maranhão. 
Foto: TCE-MA/Reprodução

Nesses três dias, um total de 785 servidores trabalharam na fiscalização in loco de unidades de ensino estaduais e municipais de todo o Brasil que apresentaram problemas no Censo Escolar de 2022. As instalações físicas, que atendem alunos desde a pré-escola até o ensino médio, tiveram 190 pontos analisados pela "Operação Educação", organizada pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), em parceria com o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP).

Os resultados, consolidados automaticamente graças a um sistema desenvolvido e utilizado pelo TCESP desde 2016, atestam que 57% das salas de aula visitadas não são adequadas. Elas apresentam móveis quebrados, iluminação insuficiente, vidros vandalizados, ambiente sem ventilação, goteiras, entre outros problemas.

Em quase um terço das unidades de ensino, não há coleta de esgoto. Nos banheiros, falta sabão em mais da metade das escolas, não há papel higiênico em 38% delas e a descarga não funciona em 10% dos casos.

As condições para que a merenda dos alunos seja preparada são precárias no universo fiscalizado. Não existe alvará da vigilância sanitária em 82% das cozinhas e foram encontrados casos de salas de aula improvisadas ao lado de fogões, geladeiras e panelas. Houve registro ainda de alimentos vencidos, paredes mofadas e infiltrações nos refeitórios.

Também preocupa o fato de 58% dessas escolas não serem adaptadas para pessoas com deficiências. Só 37% possuem biblioteca, e 12% têm sala de informática.

Esse diagnóstico tem de ser lido em conjunto com outro dado preocupante. Números preliminares indicam que, em 2021, ano em que as atividades escolares foram prejudicadas pela pandemia de Covid-19, grande parte dos municípios brasileiros deixou de aplicar o percentual mínimo de 25% de seus orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino.

Por força da Emenda Constitucional nº 119, de 27 de abril de 2022, os gestores que estiveram à frente do Executivo na época não poderão ser penalizados, em razão das circunstâncias extraordinárias, mas "a diferença a menor" terá de ser investida, obrigatoriamente, até o fim deste ano.

Os números trazidos pela "Operação Educação" e a certeza de que esses investimentos influenciarão na formação e na qualidade de vida dos alunos de forma imediata e, principalmente, no futuro, tornam ainda maior a responsabilidade dos Tribunais de Contas em fiscalizar o cumprimento do Artigo 212 da Constituição da República e em cobrar a compensação dos déficits verificados no financiamento da educação em anos recentes.


Dimas Ramalho - Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo


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