De acordo com o Inside Venture Capital Report, documento do Distrito, os investimentos em startups no Brasil caíram 86% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo o Distrito, essa situação aconteceu devido a um movimento já prolongado de consolidação do mercado, mas também vejo como cautela por parte dos investidores.
De um lado, foi um período de altas apostas e
muitos resultados frustrados. Isso já era de se esperar, pois o investimento em
startups é cercado de grandes incertezas. Diante desta situação, os
investidores aprenderam a calibrar um pouco os aportes depois de exits não tão
bem sucedidos, como os que temos visto com o SoftBank ou resultados da operação
do SVB - Silicon Valley Bank -, cuja falência foi anunciada em março
deste ano, após o banco, criado justamente para financiar startups e
empresas de tecnologia, sofrer um colapso.
O fato é que as startups costumam prometer mundos e
fundos em seus powerpoints em troca de tempo e dinheiro para conseguirem provar
suas teses. O tempo passa, mas o retorno tão esperado não vem. Com isso, pedem
mais dinheiro e também mais tempo. Essa é a lógica que impera. Os investidores
e os founders precisam manter a fé que vai dar certo.
Não estou dizendo que crer seja algo errado,
afinal, precisamos acreditar que o resultado virá. Nunca teremos todas as
informações e todas as certezas para tomar decisões, é assim que funciona a
vida, não tem outro jeito. E se ficarmos esperando demais, outros podem vir e
decidir antes de nós. Então não há uma receita de bolo, mas é possível aprender
ao longo do processo.
Por essa razão, junto aos erros de avaliação nas
startups e o descolamento entre promessa nos powerpoints e realidade, está a
conjuntura macroeconômica de aversão ao risco em função da subida de juros nos
principais mercados, como EUA e Europa. Com os juros mais altos, a remuneração
do capital é mais vantajosa com o menor risco. Aliado as dores dos
investimentos de alto risco, os investidores começam a repensar seu processo de
decisão.
Neste contexto, poderiam ser construídos OKRs -
Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves), direcionados à
preservação de caixa e à melhoria de processos que tragam, no curto prazo,
benefícios que permitam postergar demissões e, quem sabe, até continuar o
desembolso de investimento em uma velocidade menor.
Uma das funções dos OKRs é fazer com que todos se
alinhem em torno das prioridades da organização no momento, que tenham foco e
não desperdicem "energia": esforço humano, dinheiro, tempo em coisas
que não estão condizentes com aquele período. Os OKRs tem este poder de
comunicar claramente e de maneira muito objetiva onde colocar os esforços no
curto prazo para maior geração de valor em curto espaço de tempo.
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