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quarta-feira, 8 de março de 2023

Falta de informação dificulta acesso de pacientes a tratamento adequado para Doenças Raras

 Novas tecnologias podem revolucionar o tratamento das mucopolissacaridoses, trazendo diversos benefícios

 

 

As doenças Raras são condições em geral crônicas, progressivas e incapacitantes, que podem também ser degenerativas e usualmente causam grande impacto na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, muitas vezes reduzindo sua expectativa de vida.

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem de 6 a 8 mil doenças raras no mundo; destas, apenas 4% contam com algum tipo de tratamento, e 30% dos pacientes acabam morrendo antes dos cinco anos de idade. No Brasil, estima-se que até 13 milhões de pessoas possam ter alguma doença rara¹.

 

São muito comuns os casos em que o paciente descobre uma doença rara depois de muitos anos, às vezes décadas, por vezes recebendo diagnósticos equivocados. É o caso da Deise Zanin, presidente do Instituto Atlas Biossocial, uma organização sem fins lucrativos que trabalha no apoio às pessoas com doenças crônicas, graves e raras. O instituto oferece suporte geral aos pacientes e suas famílias, disseminando informações de modo a permitir o diagnóstico precoce e o conhecimento da sociedade em geral sobre estas doenças.

 

Deise só teve conhecimento de que tinha uma doença rara aos 20 anos de idade, quando foi diagnosticada com mucopolissacaridose tipo 1.e iniciou um tratamento no Hospital de Clínicas em Porto Alegre. Trata-se de uma doença genética, ainda sem cura, mas tratável pela reposição periódica da enzima que não funciona nesses pacientes. Isso impede o corpo de degradar substâncias que são normalmente produzidas, mas que, na falta de uma degradação adequada, acabam se acumulando, o que gera consequências em vários tecidos e órgãos.

 

Eu levei 20 anos para ter o diagnóstico, e foi suspeita de um oftalmologista, que me encaminhou para o geneticista”, relata Deise.

 

Na maioria das vezes, o paciente procura médicos especialistas, faz uma série de exames, mas o diagnóstico final demora de 4 a 5 anos em média. Ainda assim, os desafios no tratamento são inúmeros, em muitos casos levando à morte precoce do paciente.

 

Os sintomas às vezes são muito graves, e sem o diagnóstico correto haverá idas recorrentes à unidade de saúde, internações, os pais vão precisar parar de trabalhar para cuidar da criança, deixando de contribuir com a economia. Então é uma série de problemas relacionados que podem ser evitados com mais informação”, completa Deise.

 

Desta forma, é recomendado que, à medida em que a criança cresce, os pais atentem para a existência de diferenças em seu desenvolvimento em comparação a outras crianças. Caso algo diferente seja notado, um médico geneticista deve ser procurado, pois pode ser o caso de uma doença rara.

 

Para Deise, falta conscientização sobre as doenças raras. “O desconhecimento pela população e pelos próprios médicos, e a falta de ações concretas pelo poder público, tudo isso é limitante e muito triste para as famílias. Já ouvi relatos de famílias que alertaram seus médicos pediatras sobre diferenças no desenvolvimento de seus filhos, mas foram ignorados. E isso mudou muito pouco nos últimos anos”.

Mucopolissacaridoses (MPS): tratamentos atuais não são 100% eficazes

 

As mucopolissacaridoses (MPS) são doenças genéticas que fazem parte dos erros inatos do metabolismo. Nas MPS, a produção de enzimas responsáveis pela degradação de alguns compostos é afetada, e o progressivo acúmulo destes compostos no organismo do paciente provoca diversas manifestações.

 

Entre as consequências das MPS, podem estar: limitações articulares, perda auditiva, problemas respiratórios e cardíacos, aumento do fígado e do baço e déficit neurológico.

 

A incidência das mucopolissacaridoses é de cerca de 1 caso para cada 25 mil nascidos vivos. De acordo com a enzima que se encontra deficiente, as mucopolissacaridoses podem ser classificadas em 11 tipos diferentes².

 

No Brasil, o mais prevalente é o tipo II, conhecido como Síndrome de Hunter (causada pela deficiência da enzima iduronato sulfatase) — um caso para cada 70 mil nascidos vivos, com uma média de 13 novos casos ao ano detectados pela Rede MPS Brasil³. Ocorrendo quase exclusivamente em pessoas do sexo masculino, a MPS II, sem o tratamento adequado, pode levar à morte do paciente nas duas primeiras décadas de vida.

 

Já a MPS tipo I é causada por uma deficiência na enzima alfa-L-Iduronidase. Sua forma mais grave é conhecida como Síndrome de Hurler e se manifesta logo nos primeiros meses de vida, na forma de anomalias ósseas, aumento do fígado e do baço, e atraso no desenvolvimento psicomotor do paciente. O aumento do volume da língua, a perda auditiva e a opacidade da córnea também são sintomas frequentes, assim como problemas respiratórios e cardíacos. Por isso, após o diagnóstico, os pacientes precisam de uma rede de apoio multidisciplinar.

 

As MPS I e II, assim como outras enfermidades, poderiam ser facilmente detectadas por meio da expansão do Teste do Pezinho, que foi proposta para ser implementada no SUS pela Lei 14.154 publicada em 27/05/2021⁴.

A realização deste teste é de extrema importância em todas as crianças, uma vez que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem mudar a história dos pacientes com esta doença. Porém, apesar da promulgação da lei, os testes ainda não são implementados. Para a presidente do instituto, este é um problema sério: “A lei do teste do pezinho ampliado foi sancionada, mas ainda não saiu do papel. Queremos que ela saia do papel e vire realidade. E que os profissionais de saúde lembrem das doenças raras no seu dia a dia”, complementa Deise.

 

E mesmo com a detecção precoce da doença, os tratamentos disponíveis atualmente não são completamente eficazes, uma vez que não conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica (BHE), uma membrana permeável que regula a passagem de moléculas para os neurônios. Desta forma, o tratamento não consegue conter os efeitos neurológicos da doença, que podem incluir: hiperatividade, convulsões, epilepsia, perda da audição, ansiedade, depressão, declínio cognitivo e até demência precoce, entre outros⁵.

 

“Nossa esperança é de ter acesso a um novo medicamento que trate esses problemas, e poder usá-lo”, relata a presidente do instituto.


 

Novos medicamentos podem revolucionar o tratamento das MPS I e II


Desde 2018, a JCR Farmacêutica — empresa de origem japonesa fundada em 1975 e focada no tratamento de doenças raras — desenvolve estudos clínicos de um novo medicamento para a MPS I e II no Brasil. O tratamento é aplicado por via intravenosa nos pacientes e, de forma pioneira nessas doenças, consegue atravessar a barreira hematoencefálica, chegando ao sistema nervoso central, além de atuar também em todo o corpo. No Japão, o medicamento indicado para pacientes com MPS II já está disponível há quase dois anos, e mais de 70 pacientes já usufruem de seus benefícios.

Vanessa Tubel, CEO da JCR no Brasil, explica que esta é uma verdadeira revolução para os pacientes, que em pouco tempo começaram a apresentar melhoras nos sintomas e, em alguns casos, até mesmo a reversão de alguns aspectos do quadro clínico.

 

A MPS não tem cura, mas com tratamento adequado e precoce é possível controlar a doença e aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente e dos familiares”, explica Vanessa.

O estudo é liderado pelo geneticista e professor do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dr. Roberto Giugliani, tendo sido também realizado na Universidade Federal de São Paulo, com coordenação da Dra. Ana Maria Martins, geneticista e professora da Unifesp.

 

“Novas tecnologias associadas a enzimas capazes de cruzar a barreira hematoencefálica (sangue-cérebro) permitem tratar as manifestações neurológicas a partir de tratamento administrado na veia. A combinação dessas novas tecnologias de tratamento com o diagnóstico precoce, idealmente através do teste do pezinho, trará um ganho significativo na qualidade de vida dos pacientes com MPS”, explica Dr. Roberto Giugliani ⁶.

 

Para Deise Zanin, o tempo é mais um obstáculo para os pacientes de doenças raras: “Enquanto a aprovação de novos tratamentos no Brasil não acontece, dezenas de pacientes continuam sem acesso a um medicamento eficaz para todos os efeitos das MPS, físicos e neurológicos, sendo que em outra parte do mundo a nova tecnologia já está disponível. Isso afeta seriamente a qualidade de vida do paciente de MPS, que não pode esperar, uma vez que a doença pode tirar sua vida antes do acesso ao medicamento mais moderno disponível no mundo.”

 

 

JCR Farmacêutica

 

Referências

1) Casa Hunter. Disponível em https://casahunter.org.br/o-que-e-doenca-rara/

2) Agência Fio Cruz https://agencia.fiocruz.br/pesquisa-sobre-genetica-medica-e-pauta-de-revista-cientifica e Estudo ‘Updated birth prevalence and relative frequency of mucopolysaccharidoses across Brazilian regions’. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-47572021000100103&script=sci_arttext

3) Artigo ‘Updated birth prevalence and relative frequency of mucopolysaccharidoses across Brazilian regions’. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-47572021000100103&script=sci_arttext

4) Lei do Teste do Pezinho ampliado

https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2021/maio/presidente-sanciona-lei-que-estabelece-rol-minimo-de-doencas-a-serem-rastreadas-pelo-teste-do-pezinho

5) Reunião-satélite do XIII Simpósio Internacional da Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas - DOENÇA NEUROLÓGICA NAS MUCOPOLISSACARIDOSES (MPS). Disponível em: https://www.spdm.org.pt/media/1530/maq06-tripticoa4-biomarin-paginas-individuais.pdf

6) Estudo ‘Updated birth prevalence and relative frequency of mucopolysaccharidoses across Brazilian regions’. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-47572021000100103&script=sci_arttext

 

As mudanças femininas no ambiente corporativo: como o ESG vem sendo um aliado?

Especialista fala sobre a conquista do espaço feminino no mercado e como a prática veio para acelerar o caminho

 

Em pleno Mês da Mulher e apesar do aumento significativo da participação feminina no mercado de trabalho, em pleno século XXI ainda é possível observar casos de desigualdade e preconceito, como evidenciam os dados sobre a renda e empregabilidade das mulheres brasileiras. Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o rendimento médio mensal das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é 21% menor do que o dos homens. 

“Ainda observamos toda uma estrutura cultural enraizada e um forte preconceito nutrido no mundo do trabalho que atravanca qualquer possibilidade de avanços, ocupações de espaços profissionais e de empoderamento feminino. Na minha opinião, os gestores devem estimular e desenvolver pessoas, independente do gênero, raça, cor, religião, etc. As empresas têm que dar valor às pessoas de forma geral e as oportunidades devem ser iguais diante da diversidade”, declara Renata Tavolaro, Head de Psicologia da orienteme, plataforma que oferece saúde psicológica, nutricional e física aos colaboradores de empresas. 

Nesse sentido, a prática ESG vem sendo uma aliada, ao estimular e criar políticas contra a desigualdade, favorecendo sempre a diversidade. Atreladas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organizações das Nações Unidas (ONU), as ações ESG, sigla para Environmental, Social and Governance, destacam cada vez mais a importância da mulher em cargos de liderança devido ao aumento da lucratividade observado nessas organizações. 

Mas esse ainda é um fator a ser destacado na sociedade. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o lucro das corporações comandadas por mulheres é 15% superior ao das empresas lideradas por homens. No entanto, apenas 39,4% das mulheres estão em cargos de chefia atualmente. Para tanto, são necessárias ações mais específicas para garantir que as mulheres sejam promovidas para as áreas de negócio. Uma questão observada pela OIT que impede as mulheres de alcançar posições de tomada de decisão é a responsabilidade doméstica, que vai de encontro com a disponibilidade de horários exigida na cultura empresarial. 

Por sua vez, a ONU elenca que as mulheres também enfrentam formas múltiplas de práticas discriminatórias no local de trabalho, que as impedem de progredir em suas carreiras e reivindicar posições de liderança, como assédio sexual e falta de políticas favoráveis à família. Assim, ganha destaque a necessidade de visão ampliada do setor empresarial às políticas que apoiam a inclusão e ao equilíbrio entre trabalho e a vida pessoal, como horários flexíveis. 

“Diversos estudos comprovam que as mulheres têm obtido melhores índices de desempenho na maioria das competências gerenciais de acordo com diversos estudos científicos. Inspirar e motivar os outros são habilidades que nem todos possuem.”, explica Renata. Ela ainda completa: “um estudo revelou que pessoas lideradas por mulheres são mais engajadas. Analisando dados de pesquisas podemos entender que as mulheres se destacam na posição de liderança pelo seu perfil multitarefas, trabalho em equipe, desenvolvimento de pessoas, entre outros. Ou seja, as mulheres tendem a liderar pela inspiração”, finaliza.


orienteme


Dia das Mulheres: 5 conquistas e leis a favor do universo feminino

Conheça as principais conquistas e leis em prol dos direitos das mulheres e entenda sua importância para a luta por uma sociedade mais justa e igualitária;

 

O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é uma data que celebra a luta das mulheres pela igualdade de direitos e reconhecimento de suas conquistas sociais, políticas e econômicas. Embora a data tenha sido oficializada pela Organização das Nações Unidas apenas em 1975, ela remonta a manifestações que ocorreram no início do século XX. 

Desde lá, muitas lutas e avanços foram conquistados. No entanto, ainda há muito a ser feito para garantir a equidade de gênero, seja no ambiente de trabalho, no acesso à saúde, na educação e na vida em sociedade. Para se ter uma ideia, dados do IBGE relatam que uma mulher negra recebe cerca de 44,4% – menos da metade – da renda média dos homens brancos Ainda assim, é importante destacar as conquistas e leis que protegem o universo feminino. 

Para a advogada com perspectiva de gênero, especialista em Direitos Humanos e Penal, Mayra Cardozo, essas conquistas são importantes, mas ainda há muito a ser feito em termos de igualdade de gênero. "Ainda vivemos em uma sociedade patriarcal e machista, que oprime as mulheres de diversas formas. É preciso continuar lutando por mais direitos e pela valorização das mulheres em todos os setores da sociedade", afirma. 

Abaixo, a especialista destaca 5 conquistas e leis que são marcos na luta pela igualdade de gênero. Essas conquistas foram alcançadas a partir de muita luta, perseverança e representatividade feminina em diversos campos. Confira:

 

1. Direito ao voto: “Em 1932, as mulheres conquistaram o direito ao voto no Brasil. Antes disso, elas eram impedidas de participar das decisões políticas do país. No entanto, apesar desse avanço, a desigualdade política ainda é uma realidade presente no país. As mulheres, por exemplo, representam apenas 13% dos cargos eletivos do país, o que evidencia a necessidade de mais esforços para garantir a participação igualitária de todos os segmentos da sociedade nas decisões políticas”, explica.

 

2. Lei Maria da Penha: “A Lei Maria da Penha representa um importante avanço na proteção dos direitos das mulheres no Brasil. Desde a sua criação, a lei tem sido uma ferramenta fundamental para combater a violência doméstica e garantir a segurança e o bem-estar das vítimas. Além de aumentar as punições para agressores, a lei também estabelece medidas de proteção que podem incluir o afastamento do agressor da casa da vítima, a proibição de se aproximar da vítima ou de seus familiares e a garantia de assistência jurídica e social às vítimas. Embora ainda haja muito a ser feito para erradicar a violência contra as mulheres, a Lei Maria da Penha é um importante passo na direção de uma sociedade mais justa e igualitária”, mostra.

 

3. Igualdade salarial: “A igualdade salarial entre homens e mulheres é um princípio fundamental para garantir a equidade de gênero no mercado de trabalho e na sociedade em geral. A Constituição Federal de 1988 estabelece claramente que homens e mulheres devem receber salários iguais para trabalhos de igual valor, mas, infelizmente, ainda há uma grande disparidade salarial entre os gêneros em muitas empresas. Essa disparidade salarial prejudica as mulheres em termos financeiros e também afeta sua independência econômica. É importante que empresas e governos tomem medidas concretas para garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres, como a realização de auditorias salariais e a promoção de políticas de igualdade de gênero no ambiente de trabalho”, indica Mayra.

 

4. Licença-maternidade: “A licença-maternidade é um direito fundamental para garantir a proteção da saúde da mãe e do bebê e promover o desenvolvimento infantil. As mulheres que trabalham têm direito a 120 dias de licença remunerada após o nascimento do filho, podendo ser prorrogada em casos de adoção ou de complicações de saúde da mãe ou do bebê. Durante a licença-maternidade, a mãe pode se dedicar ao cuidado do filho e à sua própria recuperação, sem prejuízo de seu emprego ou salário. Além disso, a licença-maternidade é importante para incentivar a amamentação e a formação de vínculos afetivos entre mãe e filho”, diz a advogada.

 

5. Lei do Feminicídio: “A Lei do Feminicídio, criada em 2015, é um importante marco na luta contra a violência de gênero no Brasil. Essa lei tornou o assassinato de mulheres em decorrência do gênero um crime hediondo, o que significa que os agressores podem ser punidos de forma mais rigorosa. Além disso, a lei reconhece que o feminicídio é uma forma extrema de violência de gênero e que é preciso adotar medidas específicas para prevenir e combater esse tipo de crime. Embora ainda haja muito a ser feito para erradicar a violência contra as mulheres, a Lei do Feminicídio representa um importante avanço na defesa dos direitos das mulheres e no combate à violência de gênero”, finaliza Mayra Cardozo. 

  

Mayra Martins Cardozo - advogada com perspectiva de gênero, sócia do escritório Martins Cardozo Advogados. Membro permanente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB - CNDH. Educadora, ministra aulas na Escola Paulista de Direito, na Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM e no Centro Universitário de Brasília. É colaboradora executiva da revista suíça Brainz Magazine. Palestrante sobre diversidade e inclusão. É líder de empoderamento feminino, desenvolve sessões 1:1 na sua "Mentoria para Mulheres Mal Comportadas" na qual integra suas pesquisas sobre gênero, sua formação em Feminist Coach e sua perspectiva psicanalítica em um trabalho que visa questionar crenças internalizadas que sustentam a sociedade patriarcal e impedem que mulheres tenham relacionamentos saudáveis, ocupem espaços de poder e tenham uma boa relação com seu corpo.

 

Quem é a mulher brasileira?

Desde 2010, a população feminina brasileira é maior do que a população masculina. Estima-se que, atualmente, exista cerca de quatro milhões a mais de mulheres em relação à quantidade de homens no país. De acordo com o censo do IBGE, em 2010, o percentual de mulheres era 51%, enquanto o de homens era de 49%, do total da população brasileira. Essa desigualdade quantitativa entre os gêneros ocorre principalmente em virtude da maior expectativa de vida feminina e da maior mortalidade de jovens do sexo masculino.

No dia 08 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher. Muitos artigos já foram escritos sobre mulheres de destaque e que contribuíram para os direitos das mulheres no Brasil e no mundo.

Este ano, resolvi escrever sobre quem são as mulheres que representam a sociedade e economia brasileira. São mulheres batalhadoras, em sua grande maioria sem estudo completo, muitas afrodescendentes ou mestiças, grande parte atuando como mãe solo e que criam seus filhos apesar de todas as dificuldades estruturais que o Brasil, tristemente, oferece.

Há alguns anos a expressão “chefe de família” deixou de ter uma conotação masculina. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de mulheres responsáveis por bancar os domicílios brasileiros cresce a cada ano, e atualmente, quase metade dos lares brasileiros é sustentada por mulheres, são mais de 34 milhões de domicílios onde a única, ou maior parte, da renda vem das mulheres.

São estas “chefes de família” que criam seus filhos através do suor do seu trabalho, na maioria das vezes mal remunerado, sofrendo todo o tido de assédio e discriminação, que dependem dos precários transportes públicos para se locomoverem ao trabalho, necessitam da assistência de saúde pública, onde a fila de espera é desumana.

Além disso, a grande maioria vive em áreas periféricas, comunidades, ou áreas de risco, dependendo do apoio que a comunidade oferece para ajudar na criação dos filhos, principalmente, quando as creches públicas estão fechadas nas férias. Afinal, elas não podem arcar com uma creche privada. Então, grupos se organizam para cuidar das crianças enquanto as mães trabalham, com as creches improvisadas, a comunidade se ajuda quando o Estado não faz nada. Afinal, acredito que o Estado ainda não compreendeu seu verdadeiro papel para realmente ajudar e estimular as mulheres brasileiras.

Elas até aceitam os benefícios sociais providos pelo Estado, mas, lá no fundo, gostariam de ter a dignidade de poderem sobreviver sem o assistencialismo. Se as estruturas de escolas, saúde e habitação funcionassem como definido na legislação de fato, creio que elas já se dariam por satisfeitas. Não querem esmola. Querem oportunidade de trabalho e desenvolvimento educacional, seja através de escolas técnicas grátis, que poderia gerar uma profissão mais digna, ou por um ensino público completo. Hoje, muitas destas mulheres atuam no trabalho doméstico, comércio e outras atividades precárias, onde muitas vezes não tem carteira de trabalho assinada e sem direitos trabalhistas e previdenciários que deveriam ser garantidos.

Existe a vontade, existe o sonho de conseguir uma oportunidade melhor, mas a conjunturas estrutural não permite que se realize. Historicamente, as tarefas domésticas são destinadas majoritariamente às figuras femininas da casa. Esse cenário faz com que a maioria das mulheres enfrente uma dupla jornada de trabalho: a profissional e a doméstica. Essa sobrecarga de atividades, além de prejudicar o bem-estar e a saúde mental, também pode interferir na sobrevivência. Ademais, a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher ainda estão presentes no país.

Para se ter uma ideia, estima-se que atualmente o salário médio da população feminina no Brasil corresponda a apenas 85% do salário médio da população masculina. Com relação à violência contra a mulher, de acordo com uma notícia veiculada no Estadão, o Brasil ocupa o 7º lugar em um ranking de 84 países sobre a quantidade de homicídios de mulheres, apresentando cerca de 4,4 assassinatos a cada grupo de 100 mil mulheres.

Outro ponto relevante para ser comentado é que o feminicídio no Brasil é uma realidade triste. No primeiro semestre de 2022, o Brasil bateu recorde de feminicídios, registrando cerca de 700 casos no período. Em 2021, mais de 66 mil mulheres foram vítimas de estupro; mais de 230 mil brasileiras sofreram agressões físicas por violência doméstica. Ou seja, quando resolvem ter um companheiro para poder dividir os ônus do trabalho e das atividades domésticas, ainda correm o risco de serem mortas por seus companheiros e, majoritariamente, de forma brutal.

São estas as mulheres brasileiras que devem ser lembradas e celebradas no dia 08 de março. Temos que enfrentar a dura e triste realidade do que tem acontecido no Brasil nos últimos anos, e buscar políticas que realmente façam sentidos para acolher a população feminina brasileira, que merece toda nossa admiração e homenagem.

  

Patricia Punder - advogada e compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020. Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patricia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil). www.punder.adv.br


Dia da Mulher - O papel da segurança eletrônica no combate à violência contra a mulher

 


A segurança eletrônica nunca esteve distante dos problemas cotidianos, o que vem mudando é a nossa capacidade de intervir. Em 2022, 28,9% (18,6 milhões) das mulheres relataram ter sido vítimas de algum tipo de violência ou agressão, o maior percentual da série histórica do levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são cerca de 35 mulheres por minuto. Este dado assustador ilustra um compromisso que as empresas de sistemas eletrônicos de segurança devem responder: combater a violência contra a mulher.

É fato que este é um problema que deve ser enfrentado por toda sociedade, mas, especificamente do ponto de vista da segurança eletrônica, nós temos uma atuação que precisa ficar mais evidente. São as nossas soluções que estão dentro dos elevadores, garagens de prédios, nas principais áreas dos condomínios e até mesmo dentro de casa, em momentos em que a câmera de segurança pode ser a principal testemunha e a única capaz de intervir.

Em 2021, por exemplo, uma empresa de portaria remota que atuava em um condomínio na Praia Grande, em São Paulo, flagrou a tentativa de invasão do ex-marido de uma das moradoras. Imediatamente, a empresa de portaria remota e videomonitoramento responsável acionou a polícia e avisou a síndica sobre a ocorrência. A rápida resposta das autoridades conseguiu deter o agressor, que foi preso em flagrante por tentativa de homicídio.

A situação demonstra o que estamos falando: a combinação entre tecnologia e treinamento, inovação e comprometimento, como responder com rigor e agilidade neste tipo de situação que, infelizmente, nenhum condomínio ou cidade está imune. Essa não é uma descoberta recente, a Abese vem reiterando este papel da segurança eletrônica através dos equipamentos que estão 24h em operação e que com recursos de Inteligência Artificial (AI) conseguem, inclusive, reconhecer situações de risco e emitir alertas em tempo real.

É claro que os desafios continuam, mas, além da inovação tecnológica, a segurança eletrônica recebe o apoio de cada vez mais profissionais mulheres que entram para impulsionar o setor tecnológico. Da parte da Abese, estamos empenhados em incentivar com que os projetos de segurança eletrônica incluam protocolos nesse sentido e que novas soluções possam ser aplicadas em larga escala. O nosso lema é #JuntosSomosMais e neste caso não seria diferente, faremos parte deste movimento de transformação.

 

Selma Migliori - presidente da ABESE - Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança

 

Trabalho análogo ao escravo: como evitar que esses casos se repitam?

Com as recentes notícias envolvendo a prática de trabalho escravo no país, alguns argumentam, de forma equivocada, que tudo se deu por conta da terceirização, pois, de acordo com o caso acontecido no sul do Brasil, os trabalhadores que foram flagrados na condição análoga à de escravidão eram terceirizados, ou seja, contratados por empresas que recorreram à terceirização.  

Antes de mais nada, defendo que sejam exemplarmente punidos os empregadores que desta lamentável forma procederam. Não há muitas palavras para descrever o sentimento sobre o fato, senão profunda tristeza e solidariedade para com os trabalhadores que estavam submetidos a tamanha desumanidade. 

Mas passemos para outro aspecto da questão: Como evitar que casos semelhantes se repitam? 

Não parece factível revogar as Leis 13.429/17 e 13.467/17, que regulam a terceirização, como medida mais eficaz para resolver o problema. Não parece ser a terceirização a causa da existência do trabalho análogo ao de escravo, até porque, com uma simples leitura destas leis, é possível identificar que não só estão longe do trabalho análogo ao de escravo como concedem direitos que dignificam os trabalhadores. Estes novos benefícios concedidos, diga-se, pela lei da Reforma Trabalhista. Portanto, imputar à terceirização a causa raiz do trabalho escravo por isso, preconizar sua revogação é, no mínimo, ingenuidade. 

Se formos adotar o princípio de que leis “que não pegam” ou que “não atingem seu objetivo” devem ser revogadas, então teríamos que revogar outras leis, como, por exemplo, a Consolidação das Leis do Trabalho, que é “desrespeitada” há 80 anos por parte significativa da sociedade. Também deveria ser revogado o Código Tributário Nacional, visto que a sonegação fiscal no Brasil é endêmica, além do Código de Defesa do Consumidor, já que “muitas empresas não o respeitam”. E, por que não, o Código Civil, nos seus artigos que são solenemente ignorados. Por fim, a própria Constituição Federal, que desde 1988 é desrespeitada em muitos de seus mandamentos. 

Isso seria razoável? Pois, para alguns, sim. Aqueles que entendem que os problemas das relações do trabalho são somente legislativos ignoram a natureza humana, o comportamento, até, por que não, a “cegueira deliberada”, como dito em contundente artigo escrito pelo colega Artur Andreoni Calixto. Tudo isto está no campo do comportamento, e não da lei. E sabemos que comportamento pode ser influenciado pela lei, mas, se não for, não há como deduzir naturalmente que o problema seja a lei, e não o comportamento daquele que a “ignorou”. 

Voltando à questão: Como evitar novos e deploráveis casos como o do trabalho escravo sem nos valermos de soluções simplistas? 

Ao que parece, as empresas que se envolveram no triste evento, na verdade, não fizeram sua lição de casa, qual seja, uma boa vigilância dos contratos com terceiros, que poderia ter ajudado na mitigação destes problemas. Não implementaram, ou implementaram com falhas, um bom programa da conformidade e não se atentaram à governança corporativa. Todas estas medidas são preventivas e muito eficazes na identificação de possíveis desvios no campo trabalhista. E, após identificados, eles poderiam ser corrigidos.

Enquanto não houver efetivamente uma preocupação de evitar, e não simplesmente corrigir, problemas trabalhistas, sua solução reativa pode ser tão cara e pesada que a empresa não suportará pagar. Além das questões psicossociais que atingem os trabalhadores na própria condição de seres humanos, o que é deplorável, as empresas envolvidas talvez nunca mais se recuperem do dano causado ao bem mais valioso e maior que todo o seu patrimônio físico: sua imagem. O dano reputacional, neste caso, é incomensurável.  

Como se vê, a conta da solução reativa para problemas trabalhistas pode ser insuportável. 

Não há como se defender, portanto, que a solução para os problemas trabalhistas, inclusive os desta magnitude, passe pela simples revogação da terceirização, como vemos alguns alardearem.  

No calor do debate, é fácil propor soluções popularescas para algo extremamente grave e que, exatamente por isso, deve ser tratado com muito cuidado.  

 

José Eduardo Gibello Pastore - advogado, consultor de relações trabalhistas e sócio do Pastore Advogados.


Mudanças digitais e centradas nas pessoas para um mundo mais inovador


Vivemos tempos de digitalização e transformação tecnológica intensa das empresas. Mesmo neste momento, as pessoas devem ser o foco das ações e a razão pela qual adotamos novas tecnologias.

 

As contínuas e rápidas mudanças que estão acontecendo no mundo, devido à evolução tecnológica, foram ainda mais intensificadas pela pandemia. Elas estão modificando tudo que conhecemos sobre o mercado e reformulando nossas formas de comprar e vender produtos e serviços.

 

Nesse contexto, a pandemia agilizou o processo, forçando a digitalização das empresas para que pudessem seguir suas operações. Ou se vende, compra e faz relacionamento com clientes e fornecedores de forma online, ou a empresa não funciona. Essa digitalização abriu as portas para oportunidades de surgimento de inovações. Trouxe um momento de antecipação de novas tendências com uso de tecnologia intensiva.

 

A reformatação do mercado e suas consequências

 

Em um curto espaço de tempo o mercado se reformatou, rompendo com modelos tradicionais em nossas vidas pessoais e profissionais. Processos de trabalho, hábitos pessoais, layout de casas, relacionamentos com familiares e amigos. Impactos gigantescos em curtíssimo prazo.

 

Muitas empresas já haviam desaparecido antes da pandemia, por causa de inovações e da revolução 4.0. Diante das novas condições, muitas outras deixarão de existir nos próximos meses e anos: as que não quiserem se adaptar à rápida digitalização. 

 

Quer ver isso acontecendo em seu dia a dia? 

 

Observe seu bairro e perceba que muitas lojas tradicionais fecharam. Mas muitas ficaram ainda mais fortes e outras estão nascendo.

 

Esses estabelecimentos trazem novos conceitos e formas de se relacionar com o mercado e os clientes desde o início da pandemia.

 

São negócios que abriram as portas para a digitalização, inovação e todas as mudanças que vêm a reboque. Uma premissa dos novos tempos é a capacidade de adaptação. Quem não quiser ou não conseguir se adaptar, vai sucumbir.

 

Como devemos nos comportar em um mercado incerto e turbulento como esse?

 

Essa pergunta vem sendo feita por diversos executivos, pois a resposta é a diferença entre o sucesso e o fracasso de muitas empresas. Temos que considerar que a tecnologia muda intensivamente e saber que ela existe para nos servir e agregar valor aos negócios. 

 

A tecnologia não é um fim, mas, sim o valor que entregamos a nossos clientes. Portanto, o que também precisa mudar são as pessoas, não apenas as tecnologias. Os profissionais que escolhem as ferramentas que serão usadas para inovar e as formas de inovar também são essenciais.

 

Aí também está a diferença entre as empresas que sobreviveram e as que fecharam as portas. Muitos negócios certamente escolheram as mesmas ferramentas para, por exemplo, fazer entregas por delivery. 

O uso das tecnologias de forma inteligente

 

Mas alguns usaram essas tecnologias de forma inteligente, e outras não, pois não tiveram um direcionamento correto por parte dos profissionais ou não souberam inovar.

 

Por exemplo, um restaurante bastante tradicional em meu bairro passou a usar os garçons para atender seus clientes tradicionais e fazer o delivery. Dessa forma, manteve-se a relação de atendimento aos clientes e a proximidade com os garçons queridos, agora via WhatsApp. Outros negócios também tentaram usar o WhatsApp, mas faliram, porque não conseguiram agregar valor ao cliente apenas com a tecnologia.

 

Então, para tomar decisões assertivas, devemos mudar nossos olhares, mirando nas pessoas que vão ser impactadas pelas tecnologias. 

 

Elas vão “patrocinar” as mudanças, pois serão clientes e, indiretamente, gestores da mudança, definindo as direções do sucesso do negócio.

As tecnologias devem ser utilizadas com foco nas pessoas e buscando servi-las. A criatividade no uso da tecnologia é o diferencial, e não sua mera adoção. Quanto mais avançamos na digitalização do mercado, mais vamos embarcar em tecnologia em nossos processos. Dessa forma, a tecnologia será “commoditizada”.

 

É preciso atender às expectativas do mercado.

 

Quanto mais trabalharmos com as pessoas, olharmos para os nossos clientes e entendermos como eles desejam ser atendidos, usando nossas tecnologias, é claro, mais atenderemos às suas expectativas e mais digitais seremos. Este será o grande diferencial.

 

Mais barato do que criar novas ferramentas digitais é aprender a usar as ferramentas já existentes de forma inovadora e centrada em pessoas. Como vimos ao longo da pandemia, as empresas que nos surpreenderam não necessariamente criaram tecnologias com inovações radicais, mas as que usaram as tecnologias existentes de forma criativa.

 

O poder de mudança e adaptação dessa nova realidade está nas pessoas que fazem parte de nossas equipes. 

 

Elas conhecem o que vendemos e oferecemos, assim como conhecem também os nossos clientes. Elas vivem o mesmo processo como consumidores e podem usar suas experiências e conhecimento para nos ajudar a inovar nesses momentos de mudança. 

 

As nossas equipes são os nossos maiores recursos para inovar e ter empresas digitais de forma criativa e de baixo custo. 

 

Para crescer em tempos de disrupção, pandemia e digitalização, temos que colocar as pessoas no centro. Não importa se são colaboradores ou clientes. 

 

Elas são o caminho para nos manter e crescer em tempos de incertezas. 

 

Fernando Arbache - fundador da Arbache Innovations, uma HR Tech brasileira premiada e enabler de Inovação no Brasil e América Latina. Com vasta experiência acadêmica e mais de 4 livros publicados, desenvolve pesquisas na área de mapeamento de competências comportamentais por meio de gamificação com uso de Inteligência Artificial. Independent Education Consultant Currently working with MIT Professional Education, Fernando atuou como professor FGV, nas cadeiras de Logística, Estatística, Gestão de Riscos e Sistemas de Informação.


Seis tendências para a transformação digital em 2023


Inovações em Inteligência Artificial e Aprendizado da Máquina, nuvem e “Tudo como Serviço” (XaaS), trabalho híbrido, automação, Customer Data Platform (CDP) e cibersegurança. Pode apostar: estas são as tendências para a transformação digital, algo que vai diferenciar as organizações que estão no mercado “a passeio” daquelas que querem realmente competir e agregar.

Vou falar um pouco mais sobre cada uma delas.


1. Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado da Máquina (ML) no dia a dia

Um sistema de IA brilha quando usado para tarefas repetitivas, tarefas manuais ou para obter informações relevantes a qualquer momento, liberando o tempo dos colaboradores de modo que eles direcionem o negócio para ter o maior impacto positivo possível. Além disso, a tecnologia pode trabalhar 24x7 (24 horas por dia, sete dias por semana), sem nenhum limite de horário. A IA deve ser complementada pelo ML (Aprendizado da Máquina), isto é, com o uso de dados para que a tecnologia aprenda cada vez mais, melhorando sua performance continuamente.


2. De nuvem a “Tudo como Serviço” (XaaS)

O caminho “está aberto para um salto, um próximo nível da tecnologia na nuvem”. A tendência “é de surpreendentes inovações nesse item”. É intenso o movimento das organizações em migrar para a nuvem as informações, para acesso “de qualquer lugar, em qualquer hora”.

Esse aumento da demanda tem levado ao desenvolvimento de soluções com melhor escalabilidade e melhores resultados. Refletindo esse desenvolvimento, muitas empresas também estão começando a mudar para o XaaS — o “Tudo como Serviço”. Ou seja, todos os produtos e serviços disponíveis como serviços de assinatura baseados na nuvem. Em vez de uma oferta fragmentada, tudo, desde armazenamento, segurança, até comunicações, se torna digitalizado.


3. Trabalho híbrido veio para ficar

O ano de 2023 marca a consolidação do trabalho híbrido como regra em muitas organizações. A fase mais crítica da pandemia da Covid-19 intensificou o trabalho remoto e, à medida que a situação foi melhorando, um híbrido entre remoto e presencial foi se construindo. Isso tende a se consolidar depois do período de adaptação experimentado por empresas e colaboradores.


4. Automação acelera-se

Para as empresas que ainda não aderiram a esse processo, ou que se encontram em estágio incipiente, há maneiras acessíveis e econômicas de implementar a automação. Entre elas, o uso de softwares robôs, ou RPA (Robotic Process Automation, ou Processos de Automação Robóticos). Ou seja, uso de robôs para tarefas repetitivas, como entrada de dados, admissão ou processamento da folha de pagamento. Cito, ainda, o recurso de desenvolvimento de baixo código ou sem código (no-code/low-code), com interfaces intuitivas de arrastar e soltar.


5. Cibersegurança

São recorrentes as notícias sobre ataques cibernéticos, ou tentativas. Assim, a preocupação será ainda maior com a cibersegurança. A tendência é a de soluções e investimentos cada vez mais robustos, e acessíveis, em segurança de dados.


6. Customer Data Platform (CDP) com máquina e personalização

Do primeiro clique de um cliente em seus canais de mídia social até a verificação do pedido no site, cada interação é uma fonte valiosa de informação. Organizar e traduzir milhares de pontos de dados ao longo do caminho do cliente em insights úteis demanda um CDP. Ele unifica todos os dados do cliente em uma única visão, conectando esses dados à pessoa real por meio de um perfil em tempo real, o que permite a tomadores de decisão facilmente analisar os insights e agir rapidamente para motivar conversões. É uma tendência que não pode ser ignorada.

Cabe a cada gestor olhar para sua organização e obter um diagnóstico sobre o grau de transformação digital em que se encontra, a fim de avaliar as soluções e os caminhos mais adequados.

 

Filipe Bento - fundador e CEO da Br24


Cirurgia plástica pós-bariátrica devolve autoestima a ex-obesos

Médica explica que procedimento deve ser realizado 18 meses após a redução de estômago, quando perda de peso começa a se estabilizar

 

Segundo o IBGE, a obesidade atinge 41 milhões de brasileiros o que compromete a saúde e o bem-estar dessas pessoas e torna o aumento de peso uma pandemia que precisa ser controlada por conta das doenças associadas e risco de morte. O tratamento da obesidade dever ser sempre multidisciplinar e a cirurgia bariátrica é uma possibilidade que não deve ser descartada. O ponto-chave é que este procedimento demanda outros, reparadores, para devolver a autoestima e até a funcionalidade do paciente. 

A médica cirurgiã plástica pela USP Dra. Tatiana Moura, conta que o excesso de pele costuma ser uma das principais consequências da perda maciça de peso pós bariátrica: “há pacientes que perdem mais de 40% do peso que tinham antes da cirurgia. Por isso, é preciso estabilizar o peso -- o que leva cerca de 18 meses -- para poder fazer as cirurgias plásticas reparadoras no paciente”, explica. 

A remoção do excesso de pele pode ser feita em diferentes partes do corpo, como rosto, braços, tórax, mama, dorso, abdômen, púbis e coxas. Também é possível associar a cirurgia a outros procedimentos, mas isso é bem raro de acontecer, dependendo do tempo de operação e condição de saúde do paciente.

 

Dentre os procedimentos mais usuais, Dra. Tatiana lista: 

- Abdominoplastia: remoção do excesso de pele do abdômen. Pode ser clássica, com cicatriz horizontal na região da cesárea, estendida para a lateral, ou em âncora, quando a pele é removida nos dois sentidos.

- Braquioplastia: para dar jeito na flacidez dos braços. A cicatriz pode ser no sulco do bíceps ou um pouco mais posterior.

- Gluteoplastia: para corrigir a flacidez no bumbum. O procedimento pode vir com inserção de prótese de silicone ou não.

- Lifting Crural: é a retirada da pele flácida das coxas. “Segue o mesmo raciocínio do abdômen: a pele pode ser removida nos dois sentidos, gerando cicatriz na virilha ou em T ao longo da face interna do membro.”

- Mamoplastia: a cirurgia redutora que remove excesso de pele e glândulas. “Também pode ser de aumento, quando a aréola está bem posicionada”, diz.

- Mastopexia: remoção do excesso de pele nas mamas, com ou sem a inserção de prótese de silicone.

- Ritdoplastia: a correção na face, que pode ser associada a um procedimento para remover o excesso de flacidez também nas pálpebras. 

“A indicação da técnica mais adequada a ser usada no procedimento é do cirurgião. O paciente deve entender que precisa escolher o formato da sua cicatriz. O ajuste da pele excedente sempre vai deixar cicatrizes proporcionais, mas também vai facilitar sua vida e devolver a autoestima”, conclui a cirurgiã plástica.

 

Dra. Tatiana Moura - Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Título de Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Residência Médica em Cirurgia Geral no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina USP. Residência Médica em Cirurgia Plástica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina USP. Mestrado em Cirurgia Plástica pela Faculdade de Medicina USP. Médica Colaboradora voluntária na equipe de Cirurgia Plástica Infantil no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Estrutura "coringa" para redação do Enem ajuda, mas é preciso ir além

Professores do Ensino Médio de colégio da Grande Curitiba destacam as melhores técnicas para alcançar boas notas na prova e conquistar vaga na faculdade

Divulgação

Preparação começa agora: treino e rotina ajudam


As boas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda são o caminho principal para a entrada dos estudantes de todo o Brasil nas faculdades. E, embora a prova seja aplicada apenas no fim do ano, a preparação para ela deve começar muito antes, segundo os professores. A disputa é acirrada, e todo esforço vale a pena: apenas na última edição, foram 3,4 milhões de inscritos, segundo o Ministério da Educação.

A prova é longa, abrange as principais disciplinas, mas é a Redação a etapa mais temida pelos estudantes. Ela é formada por uma frase-tema, normalmente citando algum problema atual da sociedade, e exige uma devolutiva: o texto precisa ter até 30 linhas e uma estrutura de dissertação argumentativa.

“Muitos dizem sobre uma ‘estrutura coringa’, esqueletos de redação, entre outras dicas. Porém, o processo de escrita só traz resultados a partir do momento que o colocamos em prática”, sublinha Gustavo Gueno, professor do Ensino Médio do Colégio COC Beraldo de Campina Grande do Sul/PR. “O professor é um avaliador e apontará o que pode ser melhorado. Reescrever a redação é crucial para que você melhore seu desempenho de acordo com o que foi pontuado”, completa.

Treinar muito, ler mais ainda e contar com o suporte da família e da escola endossa as dicas do profissional. Combinadas, as técnicas não trazem soluções mágicas, mas maior tranquilidade e chance de acerto. “O ideal no processo de preparação para o Enem é ter foco e organização em relação aos momentos de estudos, que não se resumem às aulas regulares. Os alunos devem estudar também no contraturno, revisando conceitos e resolvendo exercícios”, afirma o coordenador do COC Beraldo, Edi Rotini. Ele destaca, ainda, que, para ajudar na redação clara, com ideias que fluem, é interessante ficar atento aos assuntos que estarão em alta na mídia durante o ano. “Não existe método revolucionário, mas sim persistência e muito treino”.


Como não surtar?

Embora a ansiedade faça parte do ser humano e naturalmente fique mais latente diante de avaliações, controlá-la pode ter um efeito positivo no desempenho do Enem. Além do preparo que precisa acompanhar o aluno do último ano do Ensino Médio ao longo de todo o período letivo, o dia da prova merece especial atenção.

Para o professor Gustavo, esse controle se torna mais fácil quando a lição de casa é feita por todos os agentes envolvidos no cuidado e na preparação do estudante. “O apoio familiar é essencial no processo, porém, tudo em excesso faz mal, assim como as cobranças. Uma dica é buscar eventos culturais, como ir ao cinema: dessa forma, você pode diminuir a tensão e adquirir repertório sociocultural que pode ser usado em sua redação. Mas não devemos esquecer a saúde mental. É importante. Buscar apoio profissional para direcionar corretamente seus pensamentos é uma forma de preparo que pode o deixar à frente de muita coisa”, exorta.

Para o coordenador Edi, a ansiedade não tratada atrapalha, “principalmente chegando perto da data de realização do Enem. Integrar aos estudos atividades físicas, momentos de descanso e de descontração para a mente pode ajudar”, diz.

Neste sentido, o Colégio COC Beraldo, que acaba de completar 25 anos, tem um manejo especial. Parceria com institutos que tratam da inteligência emocional tem garantido alunos mais calmos, com resultados melhores de aprendizagem, menos indisciplina e mais adeptos às relações interpessoais.

“Nosso foco, além do ensino, é orientar os alunos a serem os protagonistas da própria vida, dominando suas emoções em diversos momentos de alegrias e adversidades. Prepará-los para se saírem bem no Enem, mas com tranquilidade, faz parte da proposta”, assinala Elton Beraldo, diretor da instituição.


Prazos

Vale anotar na agenda para não perder a data: as inscrições para o Enem vão de 8 a 19 de maio; o exame acontece nos dias 5 e 12 de novembro, dois domingos consecutivos. Com a nota, os estudantes podem acessar às universidades privadas e públicas, no âmbito federal e estadual, como método de inscrição e conquista de bolsas. Dá para estudar fora do Brasil também: mais de 50 instituições de Ensino Superior em Portugal consideram o desempenho na prova como porta de entrada.



COC
http://cocberaldo.com.br/


38,7% das mulheres relatam já ter sofrido assédio moral no trabalho, segundo pesquisa da Catho

Levantamento revela os desafios das profissionais no mercado de trabalho

 

No dia 08 de Março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, data que promove uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. Pensando nisso, a Catho, marketplace de tecnologia que conecta empresas e candidatos, realizou uma pesquisa para dar voz ao desafio enfrentado pelas mulheres no mercado de trabalho. De acordo com o levantamento, 38,7% das respondentes, afirmam ter sofrido assédio moral dentro das empresas. 

 

A pesquisa contou com a participação de 2.300 mulheres. Quando questionadas sobre qual posição o assediador ocupava, 33,2% dizem ter sofrido o ato por algum líder direto, 30,2% por gerência ou posições acima, 20,3% por colegas de trabalho e 10,2% por líder indireto/de outra equipe. 

“Estes dados são preocupantes. A pesquisa mostra o quanto temos um grande desafio pela frente para reverter este quadro e oferecer, para nós mulheres, um caminho melhor e mais seguro”, comenta Patricia Suzuki, CHRO da Catho.  


Em relação às iniciativas para inclusão e desenvolvimento das mulheres, 52,5% afirmam que as empresas em que atuam não têm projetos direcionados ao tema. Já 21,4% não sabem dizer.   

Para rever este cenário, a Catho lançou em 2020, o movimento “Essa Cadeira É Minha”,  criado com o intuito de oferecer debates sobre a equidade de gênero e o respeito no mercado de trabalho. Além disso, a empresa apoia a inserção de mulheres em tecnologia e em posições de liderança, com a missão de impulsionar o protagonismo feminino.


Terminou o ensino médio, e agora?


Já se foi o tempo em que bastava concluir o ensino médio para se ter uma chance de um bom emprego. Antigamente, a classificação escolar era dividida entre primário, ginásio e científico. Hoje, temos o denominado ensino fundamental, com 9 anos de duração, e o ensino médio, com mais 3 anos de duração. 

Ao concluir os 12 anos de estudo, o aluno está, no mínimo, em plena adolescência e ainda não sabe qual é a profissão que deseja seguir. Caso não tenha feito um curso técnico, simultaneamente ao ensino médio, o estudante não tem nenhuma profissão definida. Em consequência disso, sua inserção no mercado de trabalho não será fácil, principalmente se desejar uma boa remuneração. Nesse momento, surge o questionamento do que fazer: uma faculdade ou um curso técnico? 

No Brasil, há 38 Institutos Federais que, além de atuar na educação básica, possuem também os cursos técnicos, visando uma qualificação profissional aos seus alunos. Há também 22 escolas técnicas vinculadas às universidades federais. A vantagem, nesses casos, é o ensino gratuito e de qualidade.  

Temos dois importantes fatores a considerar: com apenas 60 escolas técnicas federais, como atender os cerca de 5.570 municípios brasileiros? E nessas 60 escolas, como atender à demanda existente que precisa trabalhar nos horários em que as aulas são ministradas, geralmente, presencialmente? A partir desse panorama, as instituições privadas que oferecem cursos técnicos na modalidade a distância podem ser uma solução. Porque além dessa modalidade permitir o acesso de qualquer cidadão residente em qualquer município brasileiro - tendo em vista que as aulas poderão ser assistidas via internet - ainda é possível assistir às aulas no horário de maior conveniência do aluno. É a democratização do ensino que, a partir de cursos técnicos ofertados com qualidade, permite diminuir o abismo existente entre as escolas do ensino médio tradicionais e as empresas que oferecem vagas a quem tem determinada qualificação.  

Os cursos ofertados pertencem a inúmeras áreas da economia e as suas durações são curtas, se comparada ao ensino médio ou a um curso superior. A demanda por técnicos do ensino médio é crescente, em face da inexistência de cursos que atendam às crescentes necessidades das empresas. Mesmo em instituições de educação privadas, o acesso é fácil devido aos baixos valores praticados nas mensalidades, bem como, caso o aluno opte pela modalidade a distância, poderá estudar nos horários que tiver disponível. Fator que também parece ser uma possível solução para a educação continuada, uma vez que, atuando em atividade remunerada, o estudante pode progredir com mais segurança ao ensino superior, posteriormente. A partir dessas opções, fica mais fácil a decisão que influenciará no planejamento da carreira e no ingresso ao mercado de trabalho.  

 

Neliva Terezinha Tessaro - mestre em Desenvolvimento de Tecnologia e coordenadora de Cursos Técnicos no Centro Universitário Internacional Uninter. 


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