![]() |
Divulgação / Consultório da fama |
A inflação de
fevereiro veio como um soco no estômago do consumidor. Após um início de ano
relativamente estável, com uma variação de apenas 0,11% em janeiro, o IPCA-15 disparou
para 1,23% no mês seguinte, configurando o pior fevereiro desde 2016. O que
está acontecendo? O governo perdeu as rédeas do controle econômico ou nunca as
teve de fato? O consultor financeiro e mestre em negócios internacionais, Andre
Charone, traz uma visão crítica sobre os impactos e as possíveis soluções para
esse cenário preocupante.
O
efeito cascata: mais do que números, uma realidade amarga
Para o
brasileiro médio, essa alta significa menos dinheiro no bolso, perda de poder
de compra e mais dificuldade para fechar as contas no fim do mês. A inflação
não é apenas um índice estatístico, mas sim um reflexo direto do encarecimento
de itens básicos, como alimentação, energia e educação, impactando todas as
camadas da sociedade, especialmente as mais vulneráveis.
O principal
vilão da vez foi a energia elétrica, que subiu alarmantes 16,33% após o fim do
chamado Bônus Itaipu. Em janeiro, essa redução artificial nas tarifas ajudou a
conter a inflação na média, mas, como era previsível, o benefício foi apenas
temporário. Outro setor que pesou foi a educação, que registrou alta de 4,78%,
refletindo os reajustes escolares do início do ano letivo. Esse efeito cascata
se espalha e afeta toda a economia, com aumento nos custos para empresas e uma
retração no consumo das famílias.
“A população já
sente essa alta no dia a dia. É o comerciante que precisa repassar custos, o
pai de família que vê a fatura da escola dos filhos pesar mais, o consumidor
que percebe que seu salário não acompanha os aumentos. O governo insiste em
medidas de curto prazo, mas sem mudanças estruturais, a inflação continuará
corroendo o poder de compra”, pontua André Charone.
O
impacto na economia e o dilema do Banco Central
O cenário fica
ainda mais preocupante quando olhamos para o acumulado dos últimos 12 meses:
4,96%, já acima do teto da meta do Banco Central. Esse aumento na inflação gera
um dilema para a política monetária. O Banco Central pode ser forçado a
interromper os cortes na taxa Selic, atualmente em tendência de queda. Se isso
acontecer, o impacto será sentido diretamente pelo setor produtivo, com maior
encarecimento do crédito e uma consequente desaceleração econômica.
“O grande risco
é ficarmos presos em um ciclo vicioso: inflação elevada, juros altos e
crescimento travado. O Banco Central pode acabar sem margem de manobra e, mais
uma vez, veremos um embate entre o governo e o mercado, em vez de um plano
econômico eficiente para conter a situação”, alerta Charone.
O crédito mais
caro impacta diretamente a vida do consumidor e das empresas. “O empresário que
pretendia investir ou expandir o negócio pode desistir. O consumidor que
pensava em financiar um imóvel ou veículo pode recuar. No final, essa inflação
persistente trava a economia e gera um efeito dominó de estagnação”, acrescenta
o especialista.
Perspectivas
e as soluções que não aparecem
Com o mercado já
revisando as projeções para cima, prevendo que a inflação pode fechar 2025 em
5,65% ou mais, fica a pergunta: quais serão as ações concretas do governo para
mitigar essa escalada? A política econômica atual parece apostar no consumo
como motor de crescimento, mas sem ajustes estruturais, isso se torna
insustentável no longo prazo.
“A questão
central é: quais medidas serão tomadas para garantir um crescimento sustentável?
Reduzir impostos sobre setores estratégicos, incentivar a produtividade e
melhorar a infraestrutura logística poderiam aliviar custos e conter a escalada
de preços. Mas o que vemos, até agora, são apenas promessas”, critica Charone.
A correção desse
rumo exige mais do que discursos otimistas. É necessário um plano consistente
que ataque os reais vilões da inflação: a falta de produtividade, os gargalos
logísticos, os custos trabalhistas excessivos e a elevada carga tributária.
Enquanto esses problemas não forem enfrentados, a inflação continuará corroendo
o poder de compra da população, e o monstro seguirá solto.
“O governo ainda tem tempo para agir, mas o relógio está correndo. Se nada for feito, o que nos espera em 2025 é mais um ano de crescimento pífio e um custo de vida cada vez mais insustentável para milhões de brasileiros. A conta sempre chega, e quem paga é a população”, finaliza Charone.
André Charone - contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA), possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV (São Paulo – Brasil) e certificação internacional pela Universidade de Harvard (Massachusetts-EUA) e Disney Institute (Flórida-EUA). É sócio do escritório Belconta – Belém Contabilidade e do Portal Neo Ensino, autor de livros e dezenas de artigos na área contábil, empresarial e educacional. André lançou recentemente o livro ‘A Verdade Sobre o Dinheiro: Lições de Finanças para o Seu Dia a Dia’, um guia prático e acessível para quem deseja alcançar a estabilidade financeira sem fórmulas mágicas ou promessas de enriquecimento fácil. O livro está disponível em versão física pela Amazon e versão digital pelo Google Play.
Versão Física (Amazon): https://www.amazon.com.br/dp/6501162408/ref=sr_1_2?m=A2S15SF5QO6JFU
Versão Digital (Google Play): https://play.google.com/store/books/details?id=2y4mEQAAQBAJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário