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Não só a reforma da lei, mas também das instalações permitiu a entrada das mulheres no ensino superior ainda nos tempos do Império. A Reforma do Ensino de 1879 reconhecia o direito das mulheres de se inscreverem em cursos superiores, mas cabia às instituições fazer as adaptações necessárias para recebê-las, inclusive garantindo banheiros e lugares separados nas aulas.
100 anos depois, a presença feminina nas universidades se tornaria cada
vez mais comum, com as oportunidades de trabalho se expandindo além do
magistério, da enfermagem e do secretariado.
Em 1980, as mulheres já eram responsáveis por 45% dos diplomas de nível
superior. Embora ainda concentradas em atividades de pedagogia, saúde, letras e
artes, elas já começavam a se aventurar pela administração e pelo direito. Logo
estariam galgando postos no mundo corporativo.
Contudo, ao penetrarem nesse ambiente, que para elas era novo, muitas
mimetizavam o comportamento e a aparência de seus colegas masculinos. Quem se
lembra da moda das ombreiras? Combinadas com a saia lápis e o escarpim,
impunham uma presença de poder e glamour.
Impactante, a imagem da “mulher empoderada” provocava emoções variadas.
Admiração, medo e inveja predominavam. Raramente gerava simpatia, confiança e
empatia. Daí o estereótipo da mulher executiva mandona e sem coração, como a
personagem de Meryl Streep em O Diabo
Veste Prada. Essas mulheres haviam ido muito além do modelo
masculino de liderança. Haviam se tornado “poderosas chefonas”.
O custo desse tipo de empoderamento – que reproduzia o pior do modo de
gerir dos homens – foi o surgimento de uma geração de mulheres solitárias e
monofocadas na carreira. E qual foi o benefício para o ambiente de trabalho?
Questionável...
Hoje, 60% das pessoas com nível superior no Brasil são mulheres. Elas,
inclusive, já superaram o número de homens com diplomas em negócios,
administração e direito. Enquanto isso, o mundo do trabalho se transforma.
“Assédio moral” e “burnout” viraram expressões corriqueiras.
A maioria dos jovens diz não querer cargos de liderança. Grande parte
deles nem estuda nem trabalha e, pior, quase 5 milhões sequer gostariam de
trabalhar.
Onde foi parar o glamour do poder? Há uma percepção entre os jovens de
que o salário não garante mais a independência. Da mesma forma, cargos de
liderança não garantem status. Parece que flexibilidade e senso de propósito
motivam mais do que título e recompensa financeira.
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É necessária uma nova forma de gerir, em que a confiança e a autonomia
superem o medo e a hierarquia. Vale notar que a palavra “gerir” tem origem no
latim gerere, que também está na raiz de
“gerar” e de “gestação”.
Essas são capacidades ancestrais femininas. Não seria o caso, nesse
momento crítico, de nós – homens e mulheres – nos despirmos de nossas ombreiras e
aprendermos a gerir como uma mulher?
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