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sábado, 17 de setembro de 2022

Setembro Verde: depois de queda de até 30% na pandemia, transplantes são retomados com desafio da conscientização

Com taxa de 72% de entrevistas convertidas em doações, hospital SUS reúne histórias de pacientes - muitos idosos - que tiveram vida mudada depois de receberem novo rim


Gratidão. É assim que Nelson Nadalin Filho, de 66 anos, define o seu sentimento após receber um novo rim no Hospital Universitário Cajuru (HUC), de Curitiba (PR). Ele convive há uma década com a diabetes, uma das principais doenças que pode levar uma pessoa à insuficiência renal. Do diagnóstico até o tratamento, foi preciso passar pela hemodiálise e entrar duas vezes na fila para fazer o transplante. Isso porque seu sistema imunológico não reconheceu o primeiro órgão transplantado em 2019, rejeição que pode acontecer com alguns pacientes. Finalmente, em outubro de 2021, ele recebeu mais uma ligação que mudaria sua vida. "Todos os dias, agradeço e rezo pelas famílias dos meus doadores, para transmitir meu muito obrigado", declara Nelson, emocionado. 

De médico, para paciente. José Michel Gantus, de 68 anos, também recebeu uma nova chance de vida com um transplante renal. Assim como Nelson, ele precisou entrar na fila por um rim, junto de outras 26,2 mil pessoas, exatamente quando o mundo enfrentava a pandemia. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), registrou-se queda de 30% nas cirurgias desse tipo nos momentos mais críticos da crise sanitária, em decorrência da mobilização da rede hospitalar para priorizar o combate à covid-19. Apesar disso, em novembro de 2021, meses depois de ser inscrito na lista de espera, um telefonema trouxe a feliz notícia: um rim compatível, de um doador falecido. "Ter a oportunidade de receber um novo rim foi como nascer uma segunda vez", afirma José.

Histórias como as desses dois receptores se repetem no hospital paranaense que tem atendimento 100% via Sistema Único de Saúde (SUS) e já realizou mais de mil transplantes renais desde 2001. Os profissionais da unidade sabem que agilidade e precisão são essenciais para garantir que os transplantes renais sejam bem sucedidos. Também, porque conhecem o tamanho da fila de espera por um doador com compatibilidade. Para isso, os programas de pré e pós-transplantes são compostos por enfermeiros e técnicos de enfermagem que fazem o gerenciamento dessa lista, avaliações dos pacientes e acompanhamentos pós-cirúrgicos, pois o procedimento não se resume ao transplante. Além disso, antes de ser incluído como paciente à espera do órgão, existe o preparo com uma equipe multidisciplinar.


Da insuficiência renal ao transplante

Que os rins têm a missão de filtrar o sangue, muita gente sabe. Graças a eles, saem de circulação todas as impurezas que correm pela artéria renal até o destino final: a urina. Só que, se essa dupla de órgãos não funciona direito, é preciso recorrer à hemodiálise ou diálise peritoneal, ou seja, a filtragem artificial do sangue. No Brasil, mais de 150 mil pessoas dependem desse processo para viver. A doença renal crônica afeta mais de 850 milhões de indivíduos no mundo, destes, cerca de 10 milhões são brasileiros, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

Mas quando um órgão como o rim não funciona mais nem se recupera com tratamentos convencionais, a única solução é o transplante. Um procedimento de alta complexidade, que exige muita competência médica, estrutura hospitalar e solidariedade humana. “Quando se trata dos idosos, um terço deles apresenta algum grau de lesão renal e muitos necessitam esperar por um novo órgão", explica o médico nefrologista Alexandre Tortoza Bignelli, coordenador do Serviço de Transplante Renal do HUC.

Entre janeiro e junho de 2022, foram realizados mais de 12 mil transplantes de órgãos, tecidos e medula óssea no Brasil, o que representa um crescimento de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesse sentido, o Brasil conta com um dos maiores sistemas públicos de transplantes do planeta, com cerca de 95% dos procedimentos financiados pelo SUS. Em números absolutos, o Brasil é o terceiro maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.

Dentro dessa operação, o Hospital Universitário Cajuru é referência em transplantes renais. Há mais de duas décadas atuando com pacientes renais crônicos, Bignelli explica que a instituição é destaque não só no Paraná, no Brasil, como também no mundo. Isso em razão dos altos índices de sobrevida do enxerto transplantado e dos pacientes, chegando a 95% dos casos no hospital paranaense. “Olhando para trás, não trocaria por nada o que escolhi para a minha vida, uma vez que eu e minha equipe permitimos que pacientes deixem a condição de dependência de uma máquina para a condição de liberdade”, reforça. No entanto, o especialista revela que enfrentam dificuldades diante de um elemento vital para o transplante: o doador. 


Ato de amor que salva vidas

Manifestar o desejo de se tornar doador, deixando pais, filhos, irmãos e demais familiares cientes dessa decisão, dá segurança e tranquilidade para quem será consultado pelas equipes responsáveis pelo transplante. É no que acredita Maykon José de Freitas, coordenador da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), do Hospital Universitário Cajuru. Ele lida dia após dia com o fim e o recomeço de vidas, somando mais de 270 famílias que disseram “sim" para a doação de órgãos, durante os dez anos que atua na comissão. “Nosso objetivo é fazer com que as pessoas da fila sejam beneficiadas com o que há de mais importante: a qualidade de vida. No final, o sentimento é de dever cumprido”, conta. 

Envolvidos na rede de esperança, solidariedade e amor, os profissionais que atuam na captação de órgãos junto de Maykon carregam a missão de conversar com famílias e garantir o entendimento de todo o processo a partir dali. O trabalho deles começa após a confirmação da morte encefálica de um paciente, um momento delicado e que não permite nenhuma falha. Hoje, o hospital de Curitiba se destaca na captação de órgãos, com 72% de entrevistas com as famílias convertidas em doações. Uma média considerada boa ao comparar com os 28% de doações efetivadas em todo o Brasil.

O debate pela doação de órgãos é sempre urgente, principalmente ao se considerar que a cada milhão de pessoas, menos de 20 são doadoras de órgãos - de acordo com a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE). Contudo, uma única conversa declarando-se doador pode mudar esse cenário. "É emocionante saber que, de repente, você pode ter de volta uma vida quase normal. Eu, mesmo, choro quando lembro. Por isso, bato sempre na mesma tecla: por favor, sejam doadores de órgãos", confidencia Nelson, transplantado renal. Da mesma forma, José também faz um pedido: "Espero que todos reflitam com calma sobre a questão da doação de órgãos, tão importante para toda a sociedade".


Setembro azul

 Cada vez mais conectados, modernos aparelhos auditivos vêm ajudando a derrubar o tabu sobre a surdez 

 

No mês em que se comemora a luta das pessoas surdas em busca de uma sociedade com menos preconceito e mais inclusão, por que tantos ainda têm vergonha de usar aparelho auditivo? O que mais vemos nas ruas são indivíduos usando óculos de grau sem nenhum constrangimento, inclusive com armações modernas e coloridas. E o que muitos não sabem é que estilo e elegância também já fazem parte do mercado de próteses auditivas. Os avanços tecnológicos vêm permitindo a criação de aparelhos cada vez mais bonitos e discretos, que mal aparecem no ouvido. No entanto, falta informação para quebrar esse tabu. 

Trazer à tona a discussão sobre o tema é importante porque a deficiência auditiva, em geral, se agrava com o avançar da idade. O Brasil passa por um processo de envelhecimento da população e o número de idosos só tende a crescer. Com o passar dos anos, as células ciliadas da orelha interna começam a morrer. Porém, algumas pessoas perdem a audição mais cedo e mais rápido do que outras. Mas a vergonha de usar aparelho auditivo ainda faz com que a maioria demore mais de cinco anos para buscar ajuda especializada. 

"Não há demérito algum em usar aparelho auditivo. Hoje em dia já existem aparelhos minúsculos, com tecnologia digital. E, a cada ano, são criadas soluções auditivas cada vez mais sofisticadas. É o caso do aparelho Opn™, que permite conexão sem fios com TV, smartphone, laptop e outros dispositivos eletrônicos inteligentes. Por que não fazer uso dessa tecnologia para voltar a ouvir e ter mais confiança para conversar com familiares, amigos e colegas de trabalho? O aparelho auditivo contribui para melhorar a autoestima", afirma a fonoaudióloga Rafaella Cardoso, especialista em Audiologia na Telex Soluções Auditivas. 

Pesquisa realizada no Canadá mostrou que a cada 10 decibéis de perda auditiva há um aumento de mais de 50% no risco de isolamento social, principalmente no caso de pessoas que já passaram dos 60 anos. Mas este ainda é um assunto delicado porque é envolto de preconceito. Os próprios familiares e amigos sentem-se intimidados em abordar a questão porque o deficiente auditivo, na maioria das vezes, não reage bem. "Falar sobre deficiência auditiva nunca é fácil, por causa da resistência que as pessoas têm em admitir que já não ouvem bem. Mas isso é necessário. Familiares e amigos podem oferecer um apoio importante. O uso de próteses auditivas, quando indicado, resulta em melhoras significativas na qualidade de vida", pontua Cardoso. 

É importante lembrar que a perda auditiva adquirida na idade adulta, quando não tratada, pode acarretar também uma perda psicológica e social, com insegurança, medo, dificuldades no convívio em sociedade e até mesmo prejuízos na ascensão profissional. "Com o dia a dia agitado e cada vez mais conectado, a quebra do preconceito em relação ao uso de aparelhos de audição é fator primordial para que o indivíduo aceite sua limitação auditiva, procure tratamento e, assim, possa continuar a ter uma vida ativa e produtiva", conclui a fonoaudióloga da Telex. 

Ao sentir alguma dificuldade para ouvir, o primeiro passo é consultar um médico otorrinolaringologista, que irá avaliar a causa, o tipo e o grau da perda auditiva. A partir do resultado de exames como o de audiometria, que é realizado por fonoaudiólogos, será indicado o tratamento mais adequado. Muitas vezes, o uso de aparelho auditivo é a melhor opção para devolver a audição.

 

Pesquisa revela que Brasil tem 10,7 milhões de surdos

Há 500 milhões de surdos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, são 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa. A predominância é na faixa de 60 anos de idade ou mais (57%). Vinte por cento dos idosos com deficiência auditiva não conseguem sair sozinhos, só 37% estão no mercado de trabalho e 87% não usam aparelhos auditivos. A surdez atinge 54% de homens e 46% de mulheres. Os dados constam de estudo feito em setembro de 2019 com brasileiros surdos e ouvintes, pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda. 

Ainda segundo a pesquisa, 9% das pessoas com deficiência auditiva nasceram com essa condição. Os outros 91% a adquiriram ao longo da vida, sendo que metade teve perda auditiva antes dos 50 anos. E entre os que apresentavam deficiência auditiva severa, 15% já nasceram surdos. 

O levantamento revelou ainda que indivíduos com deficiência auditiva severa têm três vezes mais risco de sofrer discriminação em serviços de saúde do que pessoas ouvintes. Além disso, 40% disseram não se sentir à vontade para falar sobre quase tudo com os amigos; e 14% sentem o mesmo em relação à família.

 

Por que Setembro Azul?

O mês em homenagem às pessoas com deficiência auditiva é conhecido como Setembro Azul porque nele se comemora o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21/9) e o Dia Nacional do Surdo (26/9). A cor remonta à Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas identificavam todos os deficientes com uma faixa azul no braço.


Vacina previne câncer do colo do útero, orienta oncologista

Um dos tipos de HPV responde por cerca de 70% desse tumor oncológico

 

Uma geração de mulheres pode reduzir os riscos de câncer do colo do útero com uma medida simples, a vacinação contra o Papilomavírus Humano, também conhecido como HPV. "Aproximadamente 70% dos casos desse câncer são oriundos de um dos tipos desse vírus. Portanto, pode ser evitado adotando as medidas preventivas", ressalta o médico Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal. 

Desde 2014, o Ministério da Saúde implementou o calendário de vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 12 anos. A partir de 2017, o órgão estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. "Não há contraindicação para a vacina. Muito pelo contrário. Podemos reduzir a incidência de alguns tumores oncológicos com a imunização dessa geração", afirma o pesquisador. 

O câncer do colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e excetuando-se o câncer de pele não melanoma, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Ele é ainda a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. 

O especialista ressalta a importância do exame preventivo periódico como forma de diagnosticar precocemente a doença e iniciar o tratamento o quanto antes: "As infecções causadas pelo HPV são facilmente diagnosticadas. As mulheres entre 25 e 64 anos de idade devem fazer o exame a cada três anos". 

Por ser uma doença que se desenvolve lentamente, o câncer do colo do útero pode não apresentar sintomas inicialmente. O médico esclarece que, nos casos mais avançados, o tumor pode provocar sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual: "Encontramos ainda sintomas como secreção vaginal anormal e dor abdominal relacionadas a queixas urinárias ou intestinas". 

 

Dr. Ramon de Mello - oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.

https://ramondemello.com.br/


Mau Hálito Vem do Estômago? Entenda de Uma Vez Por Todas Por Que Não

A pessoa com mau hálito pode não perceber e pode não saber realmente o que está acontecendo, gerando situações constrangedoras, que podem afetar negativamente as relações pessoais, as atividades profissionais e gerar problemas conjugais. 

O principal mito relacionado a causas de halitose, é sem dúvidas, “o mau hálito vir do estômago”. Porém, estudos afirmam que a halitose estomacal é extremamente rara ou nunca vem do estômago. “Quase todas as causas de halitose são encontradas na boca do paciente!” comenta a cirurgiã-dentista e especialista em halitose Dra. Bruna Conde. 

Quando alguém tem mau hálito ao falar ou respirar, fica ainda mais claro que o problema não está vindo do estômago, pois quando falamos e respiramos, o ar vem dos pulmões. 

Além disso, entre o estômago e o esôfago existe um músculo em forma de anel, que impede a volta do conteúdo estomacal para a boca. O ar só vem do estômago quando temos uma eructação gástrica, conhecida como o famoso “arroto”. Nessa situação, o ar escapa do estômago para o esôfago, o qual, é normalmente fechado quando não estamos nos alimentando. 

Ainda assim, o arroto tem um odor ácido, dura poucos segundos e difere do cheiro característico do mau hálito bucal, o qual é de enxofre, ou do odor causado por jejum ou hipoglicemia (hálito cetônico que pode ter cheiro de acetona ou maçã estragada). 

O mesmo ocorre em casos de hérnia de hiato ou refluxo gastroesofágico. Nesse caso, o músculo em forma de anel não fecha adequadamente a passagem do esôfago para o estômago. 

Quando o conteúdo do estômago, eventualmente, volta até a boca, seu odor também é ácido, assim como no arroto, muito diferente do cheiro característico do mau hálito, e dura poucos segundos, ao contrário ao odor da halitose, que pode persistir por períodos muito mais prolongados ou até mesmo ser constante. 

Conforme a Dra. Bruna Conde a cavidade oral é responsável por 90% dos casos de halitose, o trato respiratório é responsável por 8%, o trato gastrointestinal e outras causas diversas são responsáveis por apenas 2%. Como a boca é a principal fonte de halitose, torna-se essencial uma investigação especializada da cavidade oral. Infelizmente, nem todo dentista dá atenção a boca por completo, não realizando avaliação precisa e necessária para detectar todas as possíveis causas da halitose. 


Então, quais são as causas possíveis do mau hálito?

A Dra. Bruna Conde destaca que, no dorso da língua existem pequenas criptas que são os espaços entre as papilas e que proporcionam as condições ideais para que um grande número de bactérias se aloje facilmente. Restos de células descamadas do próprio epitélio da língua e restos de comida também se acumulam ali. 

A halitose pode ser causada por placas bacterianas, má preservação dos dentes e restaurações dentárias, gengivite, má higienização bucal. Além disso, a fermentação de alimentos e detritos celulares por bactérias promove substâncias voláteis que cheiram mal, causando mau hálito. Essa situação é chamada de saburra lingual, popularmente conhecida como língua branca ou esbranquiçada e isso também acontece com alimentos que ficam retidos entre os dentes. 

“Quando o profissional não avalia cada parte da cavidade oral, algumas informações importantes podem ser perdidas. Como, por exemplo, a saburra lingual e/ou pouca qualidade, ou quantidade salivar podem não ser avaliadas e são uma das principais causas do mau hálito crônico. Não hesite em buscar ajuda profissional e especializada no assunto, halitose é um problema que se não tratada pode ocasionar diversas complicações para a saúde geral, comportamental e relacionamentos.” finaliza a especialista em halitose Bruna Conde.

 

 

Dra. Bruna Conde - Cirurgiã Dentista.

CRO SP 102038

 

Setembro Amarelo e a importância de falar sobre prevenção ao suicídio

Especialista indica os principais indícios de ideação suicida e reforça a importância da persistência no tratamento e do incentivo da rede de apoio 

No mês da prevenção ao suicídio, dando continuidade à sua missão de conscientizar sobre a depressão e todas as suas consequências, o Movimento Falar Inspira Vida lança a campanha “Mensagens de Transformação” que se inspira nos maiores discursos da história para criar um Manifesto em incentivo ao tratamento da depressão. A depressão é o transtorno psiquiátrico mais frequentemente associado ao suicídio[1] -- por isso a urgência da obtenção do diagnóstico correto, além do tratamento adequado. São estes dois fatores que podem contribuir para remissão dos sintomas, aumento da qualidade de vida dos pacientes e, potencialmente, uma redução nos casos de suicídio[2]-[3]. Ainda pouco conhecida, a depressão resistente ao tratamento afeta 40%[4] dos brasileiros já diagnosticados com a doença e aumenta em 7 vezes o risco de suicídio[5]-[6], por isso ampliar a disseminação de informações de conscientização é tão importante. 

“Esse ano o Falar Inspira Vida quer mostrar que a persistência no tratamento e o incentivo da rede de apoio são fundamentais para um processo bem-sucedido. Só a mudança de comportamento frente a depressão pode evitar um desfecho grave como o suicídio”, explica Fábio Lawson, psiquiatra e Diretor Médico da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson que lidera o movimento. 

De acordo com Elson Asevedo, psiquiatra e diretor do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o suicídio não é uma resposta normal ao estresse. “É preciso estar atento para pensamentos e comportamentos suicidas, pois são manifestações decorrentes de extrema angústia, quando a pessoa já não enxerga outras saídas possíveis para aplacar o sofrimento e a dor que está sentindo”, ressalta. Segundo o especialista, é possível perceber alguns sinais de ideação suicida e prevenir tentativas. Os indícios mais comuns são: falas frequentes sobre vontade de morrer ou estar morto; falta de esperança, autoestima e ânimo, afastamento do convívio social; falta de planejamento futuro e desapego das coisas que costumavam trazer prazer, entre outros.[7], [8] “Muitas vezes essas reações podem ser sutis, por isso é importante observar de perto, acolher e oferecer ajuda logo no primeiro sinal de alerta”, reforça. 

Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo -- o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Já no Brasil esse número fica em torno de 11 mil.[9] Por volta de 97% dos suicídios têm ligação com transtornos mentais, especialmente a depressão.[10] Estimativas indicam que, em uma sala com 30 pessoas, cinco delas já pensaram em suicídio[11]. São números que preocupam, mas, segundo Asevedo, é possível evitar que esses pensamentos evoluam para ação por meio do conhecimento, do diálogo e da busca por ajuda especializada9.

“O primeiro passo para prevenir o suicídio é a educação e a disponibilidade para conversar abertamente e entender o ponto de vista do paciente. Muito tem sido feito nesse sentido, com destaque para a bem-sucedida campanha Setembro Amarelo, iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria, que tem contribuído bastante para que as barreiras do desconhecimento e do estigma possam ser superadas. São pontos importantíssimos para que as pessoas possam ter mais acesso à prevenção”, conclui Asevedo.

 

Campanha Mensagens de Transformação

A campanha Mensagens de Transformação tem o objetivo de estabelecer um diálogo empático sobre a compreensão da depressão como doença e a confiança no tratamento e na recuperação. Por meio de pesquisa nas redes sociais e ferramentas de coletas de dados, os membros do Movimento Falar Inspira Vida usaram discursos históricos marcantes como inspiração para criar um manifesto direcionado aos pacientes de depressão e expandido à sua rede de apoio. “O objetivo é incentivar a busca por ajuda especializada, tratamento adequado e, mais do que isso, mostrar a importância de persistir na jornada para reconquistar uma qualidade de vida plena”, declara Lawson.

Para assistir ao vídeo manifesto da campanha, acesse: Link 

 

Movimento Falar Inspira Vida

Criado em 2020, o Movimento Falar Inspira Vida, tem o objetivo de requalificar a conversa sobre Depressão e Suicídio, por meio do conhecimento, contribuindo para uma sociedade mais preparada e acolhedora. É uma iniciativa liderada pela Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, em parceria com SESI, Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), Centro de Valorização da Vida (CVV), Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq -- HCFMUSP), Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, Associação Crônicos do Dia a Dia (CDD), Instituto Vita Alere, HubRH+, revista VEJA Saúde e Editora Abril. 

Por meio do site Falar Inspira a Vida é possível baixar três guias práticos sobre depressão produzidos pelo movimento, cada um focado em um público diferente:

  1. Depressão: quando conhecimento e diálogo inspiram a vida -- para o público geral, traz exemplos e dá sugestões de como mudar a forma de falar sobre depressão, acolher quem precisa de ajuda e engajar na busca por ajuda médica.
  2. Papo reto sobre saúde mental -- focado em adolescentes e jovens
  3. Depressão: como acolher no ambiente de trabalho -- direcionado a todos os agentes do ambiente corporativo, de líderes a colaboradores, conscientizando sobre a responsabilidade de todos para a preservação da saúde mental no trabalho.

Além disso, o internauta também tem acesso ao game Jornada do Acolhimento, jogo online que aborda os desafios que fazem parte da realidade dos milhões de brasileiros com depressão. E ainda pode assistir ao documentário “Existir e Resistir: o Desafio da Depressão”, produzido em parceria com o Discovery Channel, que tem o objetivo de requalificar a conversa sobre a depressão por meio das histórias de seis pacientes que aprenderam a lidar com a doença.

 

 

Janssen

https://www.janssen.com/brasil/

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Carreiras J&J Brasil

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[1] Lee S, Fung SC, Tsang A, Liu ZR, Huang YQ, He YL, Zhang MY, Shen YC, Nock MK, Kessler RC. Lifetime prevalence of suicide ideation, plan, and attempt in metropolitan China. Acta Psychiatr Scand 2007;116(6):429-37. 

[2] World Health Organization. Depression and other common disorders. Acesso em 05/08/2020. Disponível em: Link 

[3] Associação Brasileira de Psiquiatria. Cartilha "Suicídio: informando para prevenir”. Acesso em 06/08/2020. Disponível em: Link 

[4] The TRAL Study: Treatment-Resistant Depression in America Latina. Interim analysis of the cross-sectional phase of a multicenter, observational study. Bernardo G.O. Soares, Janssen United Kingdom; AciolyL.T. Lacerda, Department of Psychiatry, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brazil; Lina M. Agudelo-Baena, Centro De Investigaciones E.S.E Hospital Mental De Antioquia, Antioquia, Colombia; Gerardo García-Bonetto, Psychiatrist, Hospital Neuropsiquiatrico Provincial, Córdoba, Argentina; Juan L. Vázquez, Department of Psychiatry, Hospital Aranda de la Parra SA de CV, León, Gto. Mexico; Patricia Cabrera, Janssen Latin America, Bogota, Colombia. American Psychiatry Association (APA). 2019, San Francisco, CA. 


[5] Fava M, et al. Psychiatr Clin N Am. 2003 ; 26 : 457 -- 94 

[6] European Medicines Agency. Guideline on clinical investigation of medicinal products in the treatment of depression. 2013. Disponível em: Link. 

[7] U.S. Department of Health and Human Services, National Institute of Mental Health (EUA). Suicide Prevention [Internet]. [Citado em 2020 ago. 15]. Disponível aqui  

[8] Ministério da Saúde (Brasil), Centro de Valorização da Vida. Suicídio. Saber, agir e prevenir [Internet]. [Citado em 2020 ago. 15]. Disponível em: Link 

[9] Figueiredo P. Na contramão da tendência mundial, taxa de suicídio aumenta 7% no Brasil em seis anos. G1 [Internet]. Ciência e Saúde, 2019 set. 10 [citado em 2020 ago. 15]. Disponível em: G1  

[10] Müller V. Transtornos mentais e suicídio em jovens: ansiedade, frustração e insegurança [Internet]. Blog VTM Neurodiagnóstico. 2018 ago. 27 [citado em 2020 ago. 13]. Disponível em: Link 

[11] Centro de Valorização da Vida, Programa de Prevenção do Suicídio e Apoio Emocional. Falando abertamente sobre suicídio [Internet]. [Citado em 2020 ago. 14]. Disponível em: Link.

Acesso em: ago. 2022

Odontofobia: como driblar o medo de ir ao dentista?

Entenda as possíveis causas e sintomas da fobia

 

Certas pessoas só de escutarem o barulho do “motorzinho” já ficam inquietas. Parece algo engraçado, mas é muito sério e comum, pois impede que o paciente cuide da saúde bucal e tenha sintomas como ansiedade, tremedeira e suor. A fobia de ir ao dentista tem nome e é conhecida como odontofobia. Segundo uma pesquisa realizada pela British Dental Health Foundation, 36% dos entrevistados afirmam que não se consultam com um dentista regularmente porque têm medo. 

De acordo com a dentista Ilana Marques, da clínica IGM Odontopediatria, esse medo está relacionado algumas vezes a experiências pregressas ruim, que o paciente possa ter tido, onde algum tratamento possa ter sido feito sem a utilização de anestesia e por isto associam o barulhinho do motor a dor. Quando o paciente é bem anestesiado, ele pode ter uma experiência mais tranquila. O tipo de técnica anestésica e aparelho a ser usado para anestesiar também pode influenciar. A anestesia convencional requer do operador uma destreza e uma experiência grande para que seja realizada de forma indolor. E infelizmente nem todos profissionais possuem estas características. Uma outra possibilidade de uma anestesia sem dor é quando o profissional possui um aparelho chamado Morpheus que propicia uma anestesia computadorizada indolor e muito segura. Mas que poucos profissionais têm acesso.  

Em caso de crianças que nunca tiveram qualquer experiência, pode existir a princípio, o medo do desconhecido. Porém, hoje em dia, os odontopediatras são extremamente preparados para conseguirem fazer um excelente condicionamento psicológico, propiciando uma entrada com o pé direito da criança na rotina odontológica.  

“Hoje, a odontologia mudou e está cada vez mais moderna e avançada. E assim, para casos mais extremos de ansiedade que alguns pacientes possam ter, existe a possibilidade da sedação leve inalatória com óxido nitroso. Ela é amplamente usada nos países de primeiro mundo e está começando a ter seu uso  ampliado no Brasil. 

Alguns profissionais oferecem fones de ouvido e programas na tv para que o paciente possa se distrair e não ficar atento aos barulhos externos. Sendo o barulho e a dor um dos maiores culpados desse trauma, principalmente entre as crianças”, explica 

Para evitar a odontofobia, a dentista aconselha que tudo que for realizado no paciente seja explicado, pois o medo do desconhecido, é um dos principais fatores entre os pacientes.  No entanto, ela alerta que, em alguns casos de síndrome do pânico ou fobia aguda, é preciso que a pessoa concilie o tratamento odontológico com a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. “Até que o paciente supere esse medo, ele não conseguirá se submeter aos procedimentos bucais”, ressalta. Porém se necessária uma intervenção urgente, existe a possibilidade de se realizar o procedimento por meio de uma sedação moderada por meio de medicamentos que deixarão o paciente inconsciente e sem memória do que ocorreu.  

Na odontopediatria, a especialista reforça que a melhor maneira de trabalhar com as crianças é de forma lúdica. “Todo esse cuidado tem formado uma geração de adultos que não tem nenhum receio de ir ao dentista.”  Ilana também afirma que hoje a odontologia é uma área com enfoque preventivo, ou seja, à medida que o tempo passa, menos as pessoas terão necessidade de realizar procedimentos dolorosos e demorados.

 

IGM Odontopediatria 

Endereço: Ed Life Center, conjunto O, salas 201, 203, 207, 209, 210 e 211 - Asa Norte

Horário de funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 18h; e sábado das 8h às 13h. 

Siga: @igmodontopediatri


Saúde mental é o que interessa

Divulgação FreePik

Com a retomada da vida pós-Covid, o novo normal não nos parece assim tão normal. A questão sobre o que é voltarmos ao que era antes é muito subjetiva e depende do significado que a pandemia teve para cada um. Se por um lado conseguimos entender melhor alguns sentimentos, por outro o isolamento social nos trouxe problemas e emoções mal digeridas.

A pandemia foi um estressor crônico que desarranjou o sistema nervoso. No lado profissional, altas demandas e carga horária sem limites. No pessoal, ela nos forçou a olhar para dentro e perceber quais são as áreas da vida que estão em desequilíbrio. Com funções diversas acumuladas e com as cobranças internas e externas, a adaptação nos trouxe exaustão, angústia e cansaço. Por conta destas situações, alguns transtornos mentais surgiram e outros pré-existentes ficaram mais intensos.

Segundo pesquisa do Instituto Ipsos (2021), encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros declararam que o bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmam que o Brasil tem a maior prevalência de transtornos de ansiedade nas Américas, com 9,3% da população, bem como a ansiedade, relatada por 5,8% dos brasileiros. Os dados ainda mostram que a cada ano cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida. No Brasil, ocorrem cerca de 32 mortes diárias por suicídio. 

Com estes dados percebemos que a piora na saúde mental da população brasileira é um fato. Um problema real, não uma ‘frescura’. No meu livro “E agora? Como ficam nossas emoções após a pandemia” trato os temas citados acima. Junto com um time de especialistas, como Maryana com Y, Izabella Camargo, Joel Jota, Camila Magalhães, Daiana Garbin, Thiago Godoy, Cinthia Alves e Cláudia Tenório, falamos ainda sobre o transtorno ligado ao esgotamento profissional, ansiedade alimentar e até mesmo a ansiedade financeira.

No próximo mês, a campanha Setembro Amarelo irá abordar questões relacionadas à saúde mental, especialmente o suicídio. Os temas discutidos ainda são considerados tabus pela sociedade, mas a ideia é conscientizar as pessoas de que elas não estão sozinhas, podem procurar apoio e ajuda médica para um tratamento eficaz.

Este movimento é de fundamental importância, pois reforça não somente o debate em torno do problema, mas também alertar a população para as devidas soluções. Como resultado, a campanha colabora para o desenvolvimento de uma sociedade mais sadia e civilizada.

Como a grande maioria dos transtornos é de controle, com os que são crônicos, precisamos ter um enfoque de cuidado. É importante deixar claro e difundir a ideia de que recuperar o equilíbrio interno é possível com a ajuda de especialistas, medicamentos e técnicas comprovadas cientificamente, como a psicoterapia, a meditação, os exercícios físicos, a gratidão e, porque não, o bom humor.

Temos à disposição dois elementos transformadores, a resiliência – a habilidade para superar adversidades nos momentos difíceis – e a empatia para se colocar no lugar do outro. Com eles, podemos melhorar nossas relações e, diante de toda a complexidade do mundo, nos tornar aptos a criar uma vida melhor. 

 

Ana Paula Peña Dias - neurologista, palestrante e autora do livro “E agora? Como ficam nossas emoções após a pandemia”.


Aprenda a identificar se sua dor pode ser indício de endometriose

Especialista reforça a importância da realização de exames preventivos para evitar o desenvolvimento da doença em sua forma grave 

 

A endometriose atinge cerca de 10% da população feminina em idade reprodutiva, impactando a qualidade de vida e a produtividade da mulher. O diagnóstico precoce é um dos maiores desafios da doença, já que seus sintomas se confundem com reações comuns do período menstrual. Sem tratamento, ela pode atingir formas graves, como a chamada endometriose profunda, que tem sintomas mais severos e deixam a mulher incapacitada para uma rotina normal. 

“Nem sempre o diagnóstico é realizado da melhor forma e logo de início, podendo levar até 10 anos para ser feito. Essa é a maior dificuldade, já que as dores da endometriose podem ser confundidas com dores rotineiras do ciclo menstrual. Por isso a importância de promover a informação e conscientização sobre a doença, dando visibilidade ao assunto, conscientizando profissionais de saúde e orientando cada vez mais mulheres a perceberem os sinais do corpo e buscarem ajuda médica quando necessário. Quando as dores começam a afetar a qualidade de vida, é preciso investigar a fundo o possível desenvolvimento da doença”, explica o ginecologista Patrick Bellelis, especialista em endometriose.
 

Como identificar sinais de alerta

Entre os principais sintomas da endometriose que afetam a vida da mulher, destacam-se as cólicas de forte intensidade e a dificuldade em engravidar. No segundo caso, é natural que as mulheres busquem ajuda profissional, quando desejam ter um filho. Mas no caso das cólicas, isso nem sempre acontece. Observar essas dores é importante para identificar se é o caso de recorrer a um médico. “Cólicas de maior intensidade, que afetam a rotina, ou com características diferentes das habituais devem ser encaradas como sinal de alerta”, frisa Bellelis. 

Outros sinais que não devem ser ignorados durante o ciclo menstrual são dor durante a relação sexual, dor e sangramento ao urinar ou evacuar e dores nas costas. Sintomas fora do período menstrual também merecem atenção. A indicação do especialista é que, ao sentir qualquer coisa fora do normal, durante o ciclo ou fora dele, a mulher procure um ginecologista para que o quadro seja investigado e se dê início a um tratamento o quanto antes, se necessário. 

“É comum que as pacientes procurem ajuda médica apenas porque estão com dificuldades de engravidar, assim como há casos, infelizmente, de mulheres que procuram diversos profissionais até conseguirem um diagnóstico correto. As mulheres precisam observar seu corpo, estar atentas aos sinais e investigar qualquer sintoma, porque o diagnóstico precoce é capaz de prevenir sequelas e permitir um tratamento que pode garantir o controle da endometriose e a qualidade de vida”.
 

O que é a endometriose

A endometriose acontece quando células do endométrio, a camada interna do útero que é expelida na menstruação, acabam se depositando fora da cavidade uterina, causando reações inflamatórias e lesões. Elas podem se acumular nos ovários, na cavidade abdominal, na região da bexiga, intestinos, entre outros locais, podendo até mesmo formar nódulos que afetam o funcionamento de órgãos do corpo.


PATRICK BELLELIS -- GINECOLOGISTA, graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia -- FEBRASGO. Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Faz parte da diretoria da SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva) desde a sua fundação. Médico Assistente do Setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo desde 2010. Professor do Curso de Especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva -- Pós- Graduação Latu Senso, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês desde 2011. Professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica -- IRCAD -- do Hospital de Câncer de Barretos, desde 2012. 


Novos tratamentos trazem esperança de cura ao câncer de ovário

Setembro é o mês da conscientização do câncer de ovário. Doença é considerada a mais letal na ginecologia em todo o mundo 

 

Setembro tem a missão de sensibilizar as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de ovário, uma doença que atinge mais de 300.000 mulheres em todo o mundo e mata mais de 207.000 pacientes por ano. O câncer de ovário é um dos mais letais, já que costuma ser descoberto em estágio avançado. No entanto, mais do que reforçar a importância da rotina ginecológica e da realização de exames preventivos, é preciso também trazer esperança às mulheres que foram diagnosticadas com a doença. Isso porque, novos tratamentos vêm acenando para uma possibilidade de cura desse tipo de câncer ou até mesmo para a sua remissão a longo prazo, transformando uma doença letal em crônica, oferecendo qualidade de vida às pacientes.

 O câncer de ovário é tratado com cirurgia e quimioterapia. Embora a quimio apresente uma boa resposta à doença, a recorrência do câncer de ovário é frequente, o que pode provocar a resistência à quimioterapia futura. Para o médico oncologista do Grupo SOnHe Leonardo Silva, os tempos mudaram e apesar deste cenário, os últimos 10 anos foram marcados pela introdução de novos tratamentos ao câncer de ovário, trazendo uma nova era no atendimento às pacientes. “Por meio de muita pesquisa, vem sendo possível testar um medicamento que bloqueia a ação de uma proteína que tem papel fundamental no crescimento do tumor. Associado à quimioterapia, o medicamento é capaz de diminuir ou interromper a velocidade de crescimento do câncer. Por meio de outro medicamento, também vem sendo possível corrigir defeitos no DNA, garantindo sobrevida às células atingidas pelo câncer e fazendo com que as pacientes respondam melhor ao tratamento, mantendo a doença estagnada por mais tempo. Um destes medicamentos, inclusive, acaba de ser incorporado aos rol de medicamentos cobertos pelos planos de saúde no Brasil (veja mais informações abaixo)”, explica o médico. Além da introdução de novos tratamentos para o câncer de ovário, outros procedimentos vêm sendo testados, tais como imunoterapia, vacinas, conjugados anticorpo-quimioterápico, terapia gênica, entre outros.

Apesar do cenário ser positivo e esperançoso no tratamento da doença, é importante alertar as mulheres para o crescimento da incidência do câncer de ovário. Pesquisadores do Observatório Global do Câncer (GLOBOCAN) estimam um aumento de 42% no número anual de casos de câncer de ovário até 2040, chegando a um total de 445.721 novos casos. No Brasil, o câncer de ovário é a sétima neoplasia maligna mais diagnosticada nas mulheres. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 6.650 novos casos serão diagnosticados a cada ano entre 2020 e 2022, o que representa 3% de todos os cânceres detectados nas mulheres brasileiras. Em 2017, o câncer de ovário foi a causa da morte de 3.879 mulheres no Brasil. Comparado a outros tipos de câncer, como o de mama por exemplo, as taxas de cura e sobrevivência a longo prazo são muito inferiores para as pacientes com câncer de ovário. A alta letalidade do câncer de ovário está associada à falta de diagnóstico precoce. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, o diagnóstico inicial é feito em apenas 15% dos casos. Embora o diagnóstico precoce seja fundamental, a ausência de exames específicos de rastreamento do câncer de ovário acaba fazendo com que muitas pacientes procurem os especialistas quando percebem sintomas como aumento no volume do abdome; dor abdominal/pélvica; dificuldade para se alimentar, sensação de empachamento; sintomas urinários e fadiga. “Por isso, é fundamental que as mulheres mantenham a rotina ginecológica com a realização de todos os exames solicitados pelo especialista. O monitoramento correto de eventuais alterações pode ajudar no diagnóstico e, principalmente, no tratamento”, reforça o oncologista.


Novo tratamento incluído no rol da ANS:

Em 30 de agosto de 2022, a Agência Nacional de Saúde (ANS), por meio da Resolução Normativa número 542, incluiu como obrigatória a cobertura pelos planos de saúde do tratamento com Olaparibe para mulheres com câncer de ovário. Trata-se de um medicamento da classe dos inibidores de PARP, ou seja, funciona como uma quimioterapia oral e que é recomendado para mulheres com câncer de ovário que apresentem mutação nos genes BRCA1 e/ou BRCA2, o que ocorre em cerca de um quinto dos casos. Além do câncer de ovário, o medicamento também é utilizado no tratamento de outros tipos de câncer, como mama e próstata. A Anvisa já havia aprovado seu uso para tratamento do câncer de ovário no Brasil, porém ainda não estava incluído na lista de medicamentos de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, o que limitava enormemente o acesso a esse tratamento. “Agora, a luta é em busca da inclusão do remédio para pacientes do SUS”, aponta Dr. Leonardo Silva.

 

 

Leonardo Roberto da Silva - formado em Oncologia Clínica pela Universidade Federal Minas Gerais, é oncologista do Caism/Unicamp, com função docente junto aos residentes em Oncologia Clínica da Unicamp. É mestre em Oncologia Mamária pela Unicamp e doutorando na área de Oncologia Mamária pela FCM-Unicamp, com extensão na Baylor College of Medicine – Houston/Texas, EUA.  É membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO). Leonardo faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Radium Instituto de Oncologia, no Hospital e Maternidade Madre Theodora e no Hospital Santa Tereza.

  

Grupo SOnHe

www.sonhe.med.br 


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