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terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Estudo mostra eficácia de planta aquática para recuperar ambiente impactado por minério de ferro

Vista geral da ilha onde os rejeitos de mineração de ferro foram depositados e a taboa (Typha domingensis) se estabeleceu após o desastre. Foto tirada durante a maré baixa em agosto de 2019 (crédito: acervo dos pesquisadores)         

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Pesquisadores brasileiros destrincharam os mecanismos de absorção de ferro por vegetação estuarina e, com esse resultado, apontam um caminho promissor para a recuperação de água e de solo afetados por desastres ambientais, como o provocado pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG).

Estudo publicado em janeiro no Journal of Hazardous Materials concluiu que a taboa (Typha domingensis), uma planta aquática comum em várias regiões, é eficaz no processo de mitigação de impactos em ambientes afetados por rejeitos de minério de ferro.

O trabalho de campo foi realizado no estuário do Rio Doce, distrito de Regência (ES), que recebeu parte dos 50 milhões de metros cúbicos (m3<sup3< sup="" style="margin: 0px; padding: 0px; border: none;">) de rejeitos de minério de ferro liberados após o maior desastre ambiental registrado no Brasil. Os cientistas avaliaram o papel da Typha domingensis (planta com cerca de 2,5 metros de altura e espigas cor café) e do Hibiscus tiliaceus (que mede de 4 a 10 metros e tem flores amarelas) na biogeoquímica do ferro e seu potencial para programas de fitorremediação, como são chamados os processos de recuperação ambiental utilizando plantas como agentes de purificação.</sup3<>

A Barragem do Fundão, construída para acomodar resíduos provenientes da extração de minério de ferro na região de Mariana, rompeu em 5 de novembro de 2015, chegando ao estuário duas semanas depois. Afetou 41 cidades em Minas Gerais e Espírito Santo e provocou a morte de 19 pessoas. Estima-se que a degradação ambiental atingiu 240,8 hectares de Mata Atlântica e resultou em 14 toneladas de peixes mortos. Várias ações vêm sendo adotadas desde então para tentar reduzir os danos.

“A pesquisa concluiu que a Typha, em comparação ao hibisco, é mais eficiente devido a características de seu sistema radicular [raízes], capacidade de acidificação muito maior, além de acumular mais ferro na parte aérea. Esse resultado é importante para pensarmos em estratégias de fitorremediação no futuro”, avalia Tiago Osório Ferreira, professor do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), e orientador do estudo.

O trabalho é parte do doutorado de Amanda Duim Ferreira, primeira autora do artigo, e recebeu apoio da FAPESP por meio de outros quatro projetos (18/04259-219/02855-019/19987-618/08408-2).

“A acumulação de ferro pela taboa e sua possibilidade de remediação são novidades. Além da vantagem da Typha em relação ao hibisco, por acumular maior quantidade de ferro na parte aérea e possibilitar o manejo de maneira mais fácil, essa planta tem crescimento rápido”, explica Duim Ferreira à Agência FAPESP.

Já o professor ressalta que o trabalho do grupo avança em relação a outros estudos realizados porque faz uma ligação entre as áreas geoquímica dos solos e biológica, com resultados consistentes, tendo o ferro como foco. Nos últimos anos, os alvos de pesquisa têm sido os chamados elementos-traço, ou seja, elementos químicos que mesmo em baixas concentrações no ambiente podem vir a ser uma fonte potencial para a poluição ambiental, como níquel, cromo, cobre e chumbo.

O ferro, por sua abundância e papel de micronutriente para as plantas, raramente é visto como um contaminante. No entanto, em solos alagados, com baixa oxigenação, como no caso do estuário, os microrganismos podem usar a matéria orgânica e óxidos de ferro para obter energia. Esse processo leva à dissolução dos óxidos (oxirredução) e à liberação de elementos potencialmente tóxicos associados a eles. Assim, os contaminantes chegam a água, animais, plantas e solo, afetando o ecossistema e representando um risco ambiental.


Como funciona

As plantas adaptadas a ambientes alagados precisam oxigenar seu sistema radicular (responsável pela fixação, além da absorção de água e de sais minerais). Para isso, capturam o oxigênio da atmosfera por meio da parte aérea, levando-o até a raiz por espaços porosos, chamados aerênquimas. Quando o oxigênio entra em contato com o ferro, oxida e o metal se deposita como placas na superfície radicular, formando uma barreira.

Na Typha, além de o volume radicular ser grande, sua porosidade radicular (espaço vazio para passar oxigênio) e volume de aerênquima são maiores, proporcionando oxigenação e fazendo com que tenha mais placas de ferro. Essas placas atuam como um tampão, regulando a quantidade de ferro que entra na planta. Já no hibisco, elas agem como uma barreira contra a acumulação aérea.

Com isso, a taboa apresentou concentrações de ferro na parte aérea (3.874 miligramas de ferro por quilo de matéria seca de planta) até dez vezes maiores do que o hibisco.

“Quando fizemos os primeiros trabalhos de campo no estuário do Rio Doce, em 2015, ainda havia ilhas sem vegetação, extremamente arenosas. Com os rejeitos trazidos após o desastre de Mariana, muitas delas foram colonizadas por plantas, em boa parte por taboa, que veio depois”, afirma o professor, ao lembrar que o grupo de pesquisa atua no local há mais de seis anos.

Coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Geoquímica de Solos da Esalq-USP, ele cita outras pesquisas realizadas no local que já foram publicadas. Uma delas foi a do pesquisador Hermano Queiroz, também realizada com apoio da FAPESP, que mostrou que, mesmo após dois anos da chegada dos rejeitos, ainda havia uma liberação constante de manganês dos solos do estuário para a água. Com isso, duas espécies de peixe comumente consumidas pela população local apresentavam altas concentrações do minério (leia mais agencia.fapesp.br/35505/).

“Depois desses anos de pesquisa, conseguimos traçar estratégias de fitorremediação com mais segurança e consistência”, completa Osório Ferreira.

Agora, o trabalho da doutoranda entrou em nova etapa em que ela está realizando mais dois experimentos em campo. Em um deles vem testando fertilizantes para aumentar a produção de biomassa e a quantidade de metais absorvidos pela taboa.

A proposta é avaliar uma combinação com o uso de ácidos orgânicos, bactérias redutoras de ferro e práticas agronômicas (como frequência ideal de corte, densidade de plantio e fertilização). O objetivo é manejar a planta para reduzir o tempo necessário para a fitorremediação.

O artigo Iron hazard in an impacted estuary: Contrasting controls of plants and implications to phytoremediation, dos pesquisadores Amanda Duim Ferreira, Hermano Melo Queiroz, Xosé Luis Otero, Diego Barcellos, Angelo Fraga Bernardino e Tiago Osório Ferreira, pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304389422000048?via%3Dihub#!.

 

 

Luciana Constantino

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/estudo-mostra-eficacia-de-planta-aquatica-para-recuperar-ambiente-impactado-por-minerio-de-ferro/37877/


Conexões que transformam: chegou a vez da Saúde ter ALMA digital

A transformação digital tem sido assunto recorrente nos últimos tempos, tendo em vista principalmente a aceleração desse processo causada pela pandemia. Inúmeras empresas, de diversos segmentos do mercado, tiveram que rapidamente tirar suas operações do papel e implementar soluções e tecnologias que dessem continuidade aos seus negócios. Esse mesmo processo também foi vivido pela Saúde, o setor que sentiu na pele os duros impactos da pandemia e precisou ressignificar relações e processos, se conectando de fato à sua “alma digital”. No segmento que viu de perto que números não são só números - mas sim pessoas, vidas e histórias -, a tecnologia viabilizou relações ainda mais humanizadas no enfrentamento à essa difícil crise. 

A evolução tecnológica na área da saúde é tão real e efetiva que vai seguir com ainda mais força: um estudo da IDC indica que, até 2022, serão investidos US1,931 bilhões no setor -- o equivalente a quase R10 bilhões -- apenas na América Latina. Nesse contexto, a parceria de hospitais, redes clínicas e operadoras de saúde com provedores de tecnologia é uma combinação de forças poderosa para desenvolver ferramentas para aumentar a produtividade, incrementar a atuação médica e proporcionar uma melhor experiência ao paciente em toda a sua jornada.

Nesse processo de conexão entre as partes, diferentes áreas das empresas envolvidas se unem, pensam, debatem e refletem sobre quais caminhos irão percorrer, quais são suas limitações e implicações para atingirem determinado objetivo. Não existe fórmula pronta, pois nessas horas é fundamental olhar para dentro, avaliar e reavaliar processos e aplicar os métodos adequados. É preciso compreender o funcionamento e as dores de todos os envolvidos - instituições de saúde, profissionais e, claro, pacientes - de maneira a encontrar soluções que amparem os negócios e sanem a “dor” que vinha se estendendo.

As mudanças e evoluções que permeiam a área da saúde esbarram, evidentemente, em aspectos e relações humanas. Nesse sentido, e principalmente ao se tratar de informações sensíveis e sigilosas, uma série de limites éticos, morais e legais precisam ser respeitados não só quando analisados aspectos humanos, mas também na relação entre tecnologia e tratamento ao paciente. Por isso, o setor possui órgãos e agências reguladoras que estipulam determinações, a fim de manter a ordem e organização na jornada de um paciente.

Em situações delicadas, como as que envolvem consultas médicas, tratamentos, internações, reclamações sobre experiências ou vivências negativas, negligências médicas ou intercorrências podem ser levados aos responsáveis, que repassam as informações e fiscalizam os retornos das operadoras de saúde, hospitais e clínicas médicas. A tecnologia, aqui, entra como um meio para agilizar respostas e, principalmente, soluções.

Fato é que, a conexão entre grupos multidisciplinares, com a troca de experiências e ideias e aplicações tecnológicas são capazes de gerar verdadeiras mudanças nas relações existentes no segmento da saúde - médico, paciente, hospital, clínica, operadora de saúde, e por aí vai. Todo esse movimento, se suportado por metodologias de desenvolvimento, como Business Agility, aplicadas de maneira humana e não mecânica, encontra caminhos que de fato levam à transformação do setor de dentro para fora, construindo a verdadeira alma digital. Depois de tantos desafios enfrentados pela saúde nos últimos dois anos, a valorização à vida precisa assumir sua devida posição de protagonismo, mantendo-se no centro de qualquer transformação. E a tecnologia está aqui para isso.

 

Valdemir Marques - diretor executivo de Large Enterprise da TOTVS 


Saiba como atender às novas expectativas do consumidor

Pixabay
Plano B, idosos digitais, propósito, saúde e segurança, compras 'peer-to-peer'... Baseado no novo estilo de vida acelerado pela pandemia, relatório anual da Euromonitor aponta as 10 principais tendências globais de consumo para 2022

 

"Simplesmente voltar a adotar práticas anteriores à pandemia não deve gerar os mesmos resultados daqui para frente”. A frase de Alison Angus, líder de lifestyles da Euromonitor International, sintetiza os insights do recém-lançado relatório anual "10 principais tendências globais de consumo 2022", que cobre 100 países. 

Como ninguém é mais o mesmo do período pré-covid, e isso inclui o consumidor, as alterações radicais no estilo de vida levaram as pessoas a tomarem decisões intencionais, conscientes e ambiciosas, de modo a se adaptarem ao cenário e procurarem satisfazer da melhor forma suas necessidades, imediatas ou não. 

Mas agora, dois anos depois, enquanto o mundo começa a se recuperar, esses mesmos consumidores colocam seus planos em ação, e arriscam-se para aproveitar o atual momento, na expectativa de voltar à normalidade. 

“As empresas precisam se transformar para acompanhar as preferências em rápida evolução dos consumidores”, diz a executiva.

A seguir, conheça as transformações que desafiarão estratégias de negócio no terceiro ano de convivência com a covid: 

SEMPRE COM UM PLANO B - Os consumidores encontraram soluções criativas para comprar os produtos desejados ou pesquisar as próximas opções diante da escassez causada por interrupções das cadeias de abastecimento. Para driblar o problema, 28% deles passaram a comprar produtos e serviços locais.  

De acordo com o relatório, esse tipo de consumidor está sempre um passo à frente da multidão, assumindo o controle e usando a tecnologia para ir para a frente da fila quando o abastecimento é ameaçado. 

Alguns contam com serviços de assinatura ou compras em grupo para garantir as entregas. E quando frustrados, se voltam para a segunda melhor opção, buscando alternativas e, em alguns casos, adiando ou mudando hábitos de compra. 

Quem já faz: A chinesa Pinduoduo passou a facilitar as vendas diretas entre pequenos agricultores e consumidores, enquanto a PepsiCo. lançou, em 2020, dois sites de venda direta ao consumidor final. 

 

AGENTES DO CLIMA - A 'ecoansiedade' e a emergência climática promoveram o ativismo ambiental para uma economia “net zero” (ou neutra em carbono). Em 2021, 35% dos consumidores reduziram suas emissões de carbono, e outros 67% tentaram causar impacto positivo por meio de ações cotidianas no meio ambiente. 

Esses consumidores fazem escolhas mais sustentáveis, ao mesmo tempo que exigem ação e transparência das marcas. Não existe lacuna entre a consciência sobre o clima e a intenção de agir. Com isso, 39% das empresas indicaram que investirão em inovação de produtos de baixo carbono e no desenvolvimento desses produtos.

Quem já faz: A fintech Klarna lançou um rastreador de emissões de Co2 com informações para 90 milhões de consumidores globais, e a fabricante de cosméticos Izzy desenvolveu a primeira máscara com desperdício zero. 

 

IDOSOS DIGITAIS - Os consumidores mais velhos se tornam usuários mais aptos da tecnologia. Portanto, soluções virtuais devem ser personalizadas, para atender às necessidades desse público on-line mais amplo.   

A princípio forçados a ficar on-line enquanto o mundo se fechava, eles acabaram conquistando autonomia para fazer compras e  utilizar os serviços por meio desse canal.

Se 82% deles tinham smartphones em 2021, 45% passaram a usar serviços bancários em apps no celular pelo menos uma vez por semana, 60% a visitar pelos menos uma rede social e 21% a jogar on-line.  

A população global com mais de 60 anos aumentará 65% de 2021 a 2040, chegando a mais de 2 bilhões de pessoas. Esse grupo relativamente rico ganhou experiência e confiança e adota soluções de tecnologia para auxiliar na vida diária não só em compras, mas em socialização, exames de saúde, finanças e aprendizagem.

Quem já faz: A startup Rendever criou experiências de realidade virtual compartilhadas para diminuir o isolamento social. Já o Evering é um anel de pagamento para pagar produtos nas lojas com Visa. E a JD.com lançou um smartphone para idosos marcarem consultas médicas por vídeo e receberem receitas em casa. 

 

AFICIONADOS FINANCEIROS - A gestão democratizada do dinheiro possibilita que os consumidores ampliem seus conhecimentos e segurança em matéria financeira, e 51% dos consumidores no mundo acredita que estará melhor financeiramente nos próximos cinco anos. 

Os consumidores estão ganhando confiança para investir e ficando experientes em poupar para fortalecer a segurança financeira. Isso porque a pandemia trouxe volatilidade ao mercado de trabalho e colocou as pessoas em risco.

Incerteza, instabilidade e lockdowns fizeram com que muitos consumidores gastassem menos e economizassem mais. Também passaram a recorrer a aplicativos para lidar com o dinheiro de forma inteligente. Agora, a oportunidade é ampliar o acesso aos ainda desbancarizados e novatos em finanças.

Quem já faz: A Robinhood é uma plataforma de negociação acessível voltada para o investidor habitual. Já o brasileiro Nubank oferece serviços virtuais mais simples para ampliar o acesso à bancarização. 

 

O MOVIMENTO METAVERSO - Ecossistemas digitais imersivos e tridimensionais começam a transformar as conexões sociais. As vendas globais de headsets de realidade aumentada e realidade virtual cresceram 56% de 2017 a 2021, atingindo a cifra de US$ 2,6 bilhões no último ano.  

O mundo digital está evoluindo de reuniões virtuais para realidades 3D imersivas. Os consumidores já adotam espaços digitais para socializar, e marcas no centro desse movimento promoverão equidade. Esses ambientes devem impulsionar o e-commerce e vendas de produtos virtuais à medida que o acesso se expande.

Quem já faz: A Gucci criou uma experiência virtual multimídia no jogo Roblox, em que os avatares dos usuários eram manequins. O Facebook virou Meta em 2021 para intensificar o foco no metaverso. Já o grupo de k-pop BTS organizou um concerto virtual recorde transmitido para 1 milhão de pagantes no mundo. 

 

ANTIGOS PRODUTOS, NOVOS DONOS - Mercados de compras peer-to-peer e venda reversa (ou recommerce), de produtos de segunda mão, crescem à medida que os consumidores buscam itens únicos, acessíveis e sustentáveis, e 33% têm comprado com frequência itens usados com intervalo de poucos meses.  

Economizar é a tendência. Os consumidores estão mudando sua mentalidade de possuir algo para uma mentalidade de ter experiências. Sustentabilidade e individualidade estão removendo o estigma associado às compras de segunda mão e impulsionando os marketplaces pessoa a pessoa (peer-to-peer).  

As vendas reversas (recommerce) se tornarão predominantes e englobarão mais categorias. Os consumidores continuarão a considerar a compra de itens de segunda mão, especialmente bens duráveis. Além disso, as empresas precisam reutilizar ou reciclar materiais para desenvolver novos produtos e reduzir desperdícios.

Quem já faz: A Ikea atualizou seu "Cantinho da Barganha' da loja para um 'Circular Hub', que apresenta móveis usados como parte de um programa de recompra. Aqui no Brasil, o Enjoei, espécie de brechó on-line, ganhou força e ampliou sua exposição em 2021 com suas soluções de consumo colaborativo. 

 

A GRANDE RENOVAÇÃO DA VIDA - Abalados e reflexivos, os consumidores se concentram agora em bem-estar e desenvolvimento pessoal, fazendo drásticas mudanças que refletem valores, paixões e propósitos. 

Crises podem fazer com que pessoas analisem e mudem seus valores. No ano passado, os consumidores que fizeram um inventário de suas vidas agora estão ativamente tentando traçar um novo caminho a seguir. 

Enquanto em 2015 apenas 12% dos consumidores priorizaram o tempo para si mesmos, isso dobrou para 24% em 2021: entre julho e agosto, oito milhões de americanos pediram demissão para buscar novos objetivos. 

Quem já faz: A marca de moda Zara criou uma coleção de roupas 'business casual' para ambientes de trabalho remotos ou escritórios. Já a rede hoteleira Hyatt oferece pacotes 'Work from Hyatt' para trabalhadores remotos que desejam mudar de cenário.

 

URBANOS RURAIS - Os consumidores estão mudando para áreas mais seguras, limpas e verdes na cidade, no subúrbio ou no campo. Os moradores urbanos também querem que esses benefícios sejam trazidos a seus bairros, e pelo menos 37% esperam trabalhar de casa num futuro próximo. 

Comunidades espaçosas e sustentáveis ditarão onde eles escolherão viver. Independentemente da localização, marcas e empresas precisarão ajustar estratégias para reter esses clientes.

Expandir pontos de venda e serviços tradicionais, e ao mesmo tempo investir em e-commerce ajudará empresas a atingirem um público mais amplo.

Quem já faz: Singapura está construindo uma cidade verde em uma antiga área industrial para criar alternativas habitacionais urbanas sustentáveis, inteligentes e menos poluídas. 

 

EM BUSCA DO AMOR PRÓPRIO - Autenticidade, aceitação e inclusão são as prioridades de escolhas de estilo de vida e hábitos de gastos à medida que os consumidores adotam sua verdadeira essência. No relatório, 56% dos consumidores declararam que devem ser mais felizes nos próximos cinco anos por esses motivos.

As inovações de produtos de indulgência estão crescendo globalmente em todos os setores. As marcas de beleza oferecem produtos com qualidade de salão em casa. Fabricantes de alimentos e bebidas investem em ingredientes funcionais e bebidas com pouco ou sem álcool, à medida que os consumidores buscam opções mais saudáveis.

Muitas empresas estão investindo em tecnologia para oferecer cuidado personalizado. Essa personalização avançará em direção à aceitação em massa em todos os setores, como beleza, cuidados pessoais e saúde do consumidor. Além disso, o marketing e as ofertas precisam ser inclusivos.

Quem já faz: A Interflora lançou uma coleção de arranjos florais autocombinados, com notas de amor próprio baseadas em um questionário respondido pelo consumidor. Já a War Paint criou a primeira loja de maquiagem para pele masculina no mun.do, além de colaborar com a Calm, uma ONG de saúde mental.

 

O PARADOXO DA SOCIALIZAÇÃO -  Níveis de conforto variáveis criam um retorno conflituoso para a vida pré-pandemia. Em 2021, 76% dos consumidores adotaram precauções de saúde e segurança ao sair de casa. 

Essa é uma fase comportamental que influencia seus hábitos. Eles querem socializar, mas exigem abordagem flexível, e as empresas devem ser receptivas e fornecer experiências integradas com soluções adaptáveis. 

O trabalho remoto e os eventos virtuais vão coexistir com compromissos presenciais, mas é preciso oferecer a opção de escolha. As empresas devem levar em consideração os oscilantes níveis de conforto. Modelos de negócios híbridos vão colocar os consumidores no controle de sua experiência desejada.

Quem já faz: O Carrefour City, nos Emirados Árabes, é a primeira loja a usar inteligência artificial para compras e pagamentos sem contato. Já a Framery lançou cabines e cápsulas para escritórios voltadas à realização de videochamadas com melhor qualidade e sem interferências 

 

 Redação DC 

Equipe de jornalistas do Diário do Comércio

Fonte: https://dcomercio.com.br/categoria/negocios/saiba-como-atender-as-novas-expectativas-do-consumidor


Brasil recebe a primeira certificação de cafeicultura regenerativa do mundo

 

Fernando Beloni

Localizada em Patrocínio/MG, a empresa de multicultivos AgroBeloni está no café há apenas oito anos e acaba de receber o reconhecimento internacional inédito no país pelas boas práticas na fazenda 

 

Ao se falar em produção de café no Brasil devemos citar Minas Gerais. O estado mantém o título de maior produtor nacional do grão. De acordo com dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), no último ano foram colhidas 21,45 milhões de sacas, o equivalente a 46% da safra em todo o país.

Entre os protagonistas da região, está o município de Patrocínio. Com localização privilegiada no Alto Paranaíba, a cidade tem clima ameno, boa distribuição da água, grande número de riachos e uma precipitação anual considerada ideal para o café - cerca de 1.600 mililitros. Foi com a soma de todos estes elementos, aliada ao investimento em tecnologia e inovação, que a AgroBeloni, uma empresa familiar empreendedora, acabou de conseguir um marco inédito global.

A fazenda Santa Cruz da Vargem Grande é a primeira produtora de café no mundo a receber a certificação de agricultura regenerativa Regenagri® – programa internacional de agricultura regenerativa, que visa garantir a saúde da terra e o cuidado com quem nela vive. “Essa primeira certificação mundial é um orgulho para a AgroBeloni. É o compromisso de avançar ainda mais no caminho da sustentabilidade e da produção consciente pela preservação e equilíbrio da agricultura com o meio ambiente”, diz Fernando Nogues Beloni, diretor da produção cafeeira.

Concedido pela empresa britânica Control Union, presente em mais de 70 países, o certificado reconhece as boas práticas e o uso da tecnologia, aliada às ações sustentáveis com foco na agricultura regenerativa. Em maior integração e harmonia com a natureza, a agricultura regenerativa emprega a restauração do solo degradado, melhoramento da biodiversidade entre os polinizadores (especialmente abelhas e borboletas) e aumento da captura de carbono no solo para criar benefícios ambientais duradouros.

As vantagens da agricultura regenerativa são muitas, destacando-se a redução do uso de insumos químicos, produção de alimentos com melhor qualidade, diminuição dos custos produtivos, equilíbrio do bioma e redução das emissões de carbono. “Inicialmente diminuímos a utilização dos defensivos químicos para possibilitarmos a regeneração da vida biológica do solo e plantas na fazenda, mas ao perceber os benefícios gerais na lavoura, resolvemos profissionalizar os trabalhos voltados para agricultura regenerativa e contratar uma consultoria para então obter a certificação”, destaca Fernando.

Já o diretor agrícola da empresa, Carmelo Beloni, complementa que a conquista representa as ações conscientes da empresa ao longo dos últimos anos. “Ser sustentável é algo inerente aos nossos valores, por isso as mudanças são perenes. Tratamos isso como uma consciência coletiva interna e, com isso, sabemos que o certificado também representa uma mudança das pessoas que fazem a AgroBeloni em todos os seus setores”, reforça.


Processo natural

Embora a relação da família Beloni com a cafeicultura seja recente, de cerca de oito anos, o conhecimento em agricultura é de mais de cinco décadas que atravessa gerações. As fazendas AgroBeloni têm sistemas de cultivo de 80% irrigados e bem diversificados. Além do café, que ocupa hoje uma área de 420 hectares da variedade arábica, ainda há outros 5.000 hectares destinados aos multicultivos, como: soja, milho, cebola, sorgo, cevada, batata, trigo, eucalipto e feijão.

De acordo com Fernando, o interesse pela agricultura regenerativa aconteceu de forma natural e a certificação foi instigada a partir da comercialização do seu café pela Expocaccer (Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado) a uma empresa francesa que externou o interesse pela certificação.

“Os franceses me perguntaram se eu tinha algo voltado para agricultura regenerativa. A substituição dos fertilizantes e defensivos químicos por orgânicos, dentre outras práticas sustentáveis, já era uma realidade nas fazendas e, com o questionamento deles, resolvi buscar uma certificação internacionalmente reconhecida que confirmasse o que nós já estávamos fazendo. O resultado foi melhor do que o esperado”, ressaltou Fernando Beloni.


Consumidores conscientes

Para quem produz, a agricultura regenerativa permite um aumento na produção de cafés e na rentabilidade do negócio, com a valorização dos grãos. Por outro lado, para os consumidores, cada vez mais atentos à origem e qualidade dos alimentos que chegam às mesas de suas casas, os cafés originados de uma produção regenerativa oferecem um produto mais saudável, além de conectá-los a um conjunto de valores e processos que envolvem um produto ético e ambientalmente responsável.

 

42% dos brasileiros entrevistados têm a intenção de pedir empréstimo no primeiro trimestre

Pesquisa aponta também que o desejo de tomar crédito para investimento e compras atingem os maiores patamares dos últimos seis meses

 

Em todo começo de ano é comum que os brasileiros tracem metas pessoais e financeiras para o ano que está por vir. Em 2022, não foi diferente. Quitar a dívida, adquirir um negócio próprio, cuidar da saúde e até mesmo fazer algum tipo de investimento está na lista de objetivos para os próximos meses. Após quase dois anos em pandemia, a população ainda procura formas de se adaptar à realidade e traçar novos caminhos para suas vidas e negócios.

A última edição do Índice FinanZero de Empréstimo (IFE), que, no último dezembro, entrevistou 500 pessoas com acesso a internet em todo o Brasil, revelou que 42% dos entrevistados disseram ter a intenção de solicitar empréstimo no primeiro trimestre de 2022. Destes, 44% afirmaram que o principal motivo é a quitação de dívidas, um aumento de mais de 5% em relação a novembro do ano passado.

Com novas perspectivas, uma parcela dos brasileiros entrevistados disse que tem a intenção de tomar crédito para realizar vontades que haviam sido adiadas, como a renovação da casa, com 26,17%. Depois de meses tendo que fazer uso do próprio lar como local de trabalho ou de estudos, muitos queriam renovar e trocar as mobílias para ter a sensação de algo novo, assim como o ano que se inicia.

Em seguida, aparece a solicitação de empréstimo para abertura de um negócio próprio, com 24,77%, pois há também quem passou os últimos meses analisando o mercado, procurando uma oportunidade para investir, seja em um negócio próprio ou não, pretendendo pedir empréstimo para dar início ao empreendimento.


Intenções de empréstimo direcionam para um novo caminho

Além da preocupação com o pagamento de dívidas e as outras razões mencionadas, outro dado chama atenção: entre as intenções de tomada de empréstimo para os próximos três meses, destacam-se investimento (22,43%) e compras (21,03%), que atingiram a maior alta desde julho de 2021. De olho na organização e com o objetivo de fugir do endividamento, muitos optam pelo pedido de empréstimo para investir e estruturar as finanças. Com os investimentos em alta, os empréstimos para esta modalidade também tendem a crescer nos próximos meses, visto as novas perspectivas no mercado e o aumento no fluxo de investimentos externos no país, que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), atingiu US$ 58 bilhões no ano passado, uma alta de 104% se comparado a 2020.

O crescimento dessa porcentagem de investimento ainda em 2021 explica o fato de novas intenções de empréstimo estarem surgindo frente a quase 24 meses de incertezas econômicas. “Agora com a vacinação em massa e a reestruturação da economia, os brasileiros estão enxergando oportunidades para tirar as metas do papel e investir em novos negócios. Vamos conseguir observar o aumento e as consequências positivas desse movimento nos próximos meses”, comenta Cadu Guidi, sócio-diretor de marketing da FinanZero.




Pesquisas por empréstimo aumentam 24% nas buscas do Google


Ainda segundo o Índice FinanZero, em dezembro de 2021, as buscas por empréstimo no Google cresceram 24% em relação ao mesmo período do ano anterior e acumulou alta de 26,6% no ano passado, ante 2020. Após pesquisas e mudanças de hábitos por parte da população, a participação das buscas por empréstimos em fintechs teve aumento de 25%, em relação à média verificada no mesmo período de 2020.

Mesmo com o crescimento, os bancos tradicionais continuam como a principal opção, mas isso tende a mudar. 67,8% dos brasileiros preferem solicitar crédito de maneira totalmente digital, enquanto 42% preferem fazê-lo em uma agência bancária física. Isso resulta em uma nova porta de possibilidades para os serviços prestados pelas fintechs.



Volta as aulas: 3 dicas para ajudar seu filho a recuperar o interesse pela escola

Em todo o Brasil, milhões de estudantes retomam às aulas presenciais depois de dois anos no sistema híbrido. 

Graças à vacinação e maior segurança oferecida no ambiente escolar, crianças, adolescentes e docentes poderão, enfim, voltar à rotina e convivência, fator que é determinante para a aprendizagem.

 

Embora pareça simples, um longo período de mudanças exigirá do cérebro destes estudantes uma motivação maior para retomar os patamares de desenvolvimento pré pandemia.

 

 

O cérebro na volta as aulas

 

Segundo Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, é através do espelhamento na convivência com adultos e outras crianças que os pequenos aprendem as regras sociais que envolvem empatia, respeito, dentre outras habilidades intra e interpessoais. “E se elas não passaram por esse momento, precisarão passar ainda, o que vai exigir bastante paciência de pais e professores. Não podemos simplesmente acusar a criança de não ter se desenvolvido durante o período em casa, porque ela depende 100% da socialização para entender como adequar seus comportamentos ao meio e às pessoas”, alertou a especialista.

 

Dependendo de como foi a experiência em casa, o estudante poderá apresentar mais sensibilidade a estímulos do ambiente e demonstrar medo das coisas com mais frequência. O fato de o ambiente escolar estar diferente do que ela conhecia antes (máscaras, espaços controlados etc.) também pode aumentar a ansiedade e frustração.

 

Ainda segundo Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, é importante lembrar que neste período as crianças tiveram que lidar com o aprendizado via telas digitais. “As ferramentas digitais estimulam menos os sentidos e exigem mais atenção focada, o que facilita a distração e perda de interesse, fragmentando mais ainda os conteúdos passados pelos professores”, lembrou. 

 

 

A importância da rotina para o cérebro

 

Mais do que ir para a escola e aprender algo novo, a ausência do ambiente escolar impactou diretamente a rotina dos estudantes e, consequentemente, sua capacidade de assimilar informações.

 

A rotina tem um papel importantíssimo, principalmente para crianças que estão entendendo como funciona a organização social. Dentre tantas descobertas dessa fase da vida, a rotina é como um porto seguro no meio das novidades. “A criança saber o que vem depois do café da manhã, sentir o apoio do professor nas aulas, ter a hora do recreio, ter a hora do dever de casa etc. Tudo isso é necessário para a criação de hábitos e ganho de autoconfiança. O cérebro precisa se sentir capaz de executar as próximas tarefas para ser autoconfiante, e isso fica bastante complicado sem uma rotina certa”, alertou.

 

 

Diferentes realidades de aprendizagem

 

A disciplina é um ponto importante no processo de retomada, mas identificar os níveis de aprendizagem é fundamental para recuperar a confiança de crianças e jovens neste momento. “Em uma mesma turma terão aquelas crianças que avançaram um pouco mais e aquelas que regrediram na aprendizagem. Lidar com isso exigirá um maior nível de personalização da atenção e um cuidado extra com a saúde mental e resiliência das crianças”, lembrou.

 

Além de incentivo aos estudantes, é possível aos pais tornarem este processo mais prazeroso. Confira algumas dicas:

 

1)     Limite o tempo de uso das telas (seja celular ou TV) neste momento de retomada das aulas. Procure enriquecer a rotina das crianças com brincadeiras ao ar livre, já que o movimento e a interação reduzem a ansiedade.

 

2)     Atividades artísticas e lúdicas são uma boa pedida para ativar as áreas de recompensa no cérebro que convertem emoções como medo e raiva em emoções mais positivas, como esperança e confiança.

 

3)     Incluir os assuntos da escola nas conversas de casa pode aumentar a percepção de utilidade para a criança. Por exemplo, contar uma história que envolva algum tipo de linguagem ou conta matemática vai estimular que a criança recorde do assunto e participe da conversa, se sentindo mais confiante.


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