Em todo o Brasil, milhões de estudantes retomam às aulas presenciais depois de dois anos no sistema híbrido.
Graças à vacinação e maior segurança oferecida no ambiente escolar, crianças, adolescentes e docentes poderão, enfim, voltar à rotina e convivência, fator que é determinante para a aprendizagem.
Embora
pareça simples, um longo período de mudanças exigirá do cérebro destes
estudantes uma motivação maior para retomar os patamares de desenvolvimento pré
pandemia.
O
cérebro na volta as aulas
Segundo
Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, é através do
espelhamento na convivência com adultos e outras crianças que os pequenos
aprendem as regras sociais que envolvem empatia, respeito, dentre outras
habilidades intra e interpessoais. “E se elas não passaram por esse momento,
precisarão passar ainda, o que vai exigir bastante paciência de pais e
professores. Não podemos simplesmente acusar a criança de não ter se
desenvolvido durante o período em casa, porque ela depende 100% da socialização
para entender como adequar seus comportamentos ao meio e às pessoas”, alertou a
especialista.
Dependendo
de como foi a experiência em casa, o estudante poderá apresentar mais
sensibilidade a estímulos do ambiente e demonstrar medo das coisas com mais
frequência. O fato de o ambiente escolar estar diferente do que ela conhecia
antes (máscaras, espaços controlados etc.) também pode aumentar a ansiedade e
frustração.
Ainda segundo Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, é importante lembrar que neste período as crianças tiveram que lidar com o aprendizado via telas digitais. “As ferramentas digitais estimulam menos os sentidos e exigem mais atenção focada, o que facilita a distração e perda de interesse, fragmentando mais ainda os conteúdos passados pelos professores”, lembrou.
A
importância da rotina para o cérebro
Mais
do que ir para a escola e aprender algo novo, a ausência do ambiente escolar
impactou diretamente a rotina dos estudantes e, consequentemente, sua
capacidade de assimilar informações.
A
rotina tem um papel importantíssimo, principalmente para crianças que estão
entendendo como funciona a organização social. Dentre tantas descobertas dessa
fase da vida, a rotina é como um porto seguro no meio das novidades. “A criança
saber o que vem depois do café da manhã, sentir o apoio do professor nas aulas,
ter a hora do recreio, ter a hora do dever de casa etc. Tudo isso é necessário
para a criação de hábitos e ganho de autoconfiança. O cérebro precisa se sentir
capaz de executar as próximas tarefas para ser autoconfiante, e isso fica
bastante complicado sem uma rotina certa”, alertou.
Diferentes
realidades de aprendizagem
A
disciplina é um ponto importante no processo de retomada, mas identificar os
níveis de aprendizagem é fundamental para recuperar a confiança de crianças e
jovens neste momento. “Em uma mesma turma terão aquelas crianças que avançaram
um pouco mais e aquelas que regrediram na aprendizagem. Lidar com isso exigirá
um maior nível de personalização da atenção e um cuidado extra com a saúde
mental e resiliência das crianças”, lembrou.
Além
de incentivo aos estudantes, é possível aos pais tornarem este processo mais
prazeroso. Confira algumas dicas:
1) Limite
o tempo de uso das telas (seja celular ou TV) neste momento de retomada das
aulas. Procure enriquecer a rotina das crianças com brincadeiras ao ar
livre, já que o movimento e a interação reduzem a ansiedade.
2) Atividades
artísticas e lúdicas são uma boa pedida para ativar as áreas de recompensa no
cérebro que convertem emoções como medo e raiva em emoções mais positivas, como
esperança e confiança.
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