Mesmo sem problemas auditivos ao
nascer, após o Teste da Orelhinha, é fundamental que a criança passe por novos
exames ao menor sinal de atraso na fala, pois a perda auditiva pode ser
genética, progressiva ou consequência de remédios ototóxicos
A
perda auditiva pode trazer diversos prejuízos a uma criança e um deles é no
desenvolvimento da fala. É importante que os pais fiquem atentos aos sinais de
atraso na linguagem oral nos primeiros dois anos de vida para que não haja
efeitos negativos no desenvolvimento infantil; efeitos esses que podem
acarretar em problemas por toda a vida.
Muitos
pais só buscam tratamento para a dificuldade auditiva dos filhos quando outros
sintomas começam a surgir. Apesar de o atraso na fala e a falta de diálogo
serem os sinais mais importantes de perda auditiva, eles relacionam esses
problemas, muitas vezes, a outras causas. Diagnósticos equivocados e o costume
de esperar que a criança desenvolva o diálogo naturalmente podem causar danos
irreparáveis na infância e até na vida adulta; além de atrasar o tratamento da
alteração auditiva.
"Quanto
antes for feito o diagnóstico, maiores as chances de a criança ter um bom
desenvolvimento, com melhores resultados no processo da reabilitação auditiva.
Assim, o desempenho comunicativo pode ser alcançado mais rapidamente; muito
próximo ao de crianças com audição dentro do padrão da normalidade",
explica a Fonoaudióloga Rafaella Cardoso, especialista em Audiologia e Vendas
na Telex Soluções Auditivas. Segundo ela, "o diagnóstico pode ser feito
com uma audiometria, exame que detecta a perda auditiva na maioria dos casos,
dependendo da idade e da colaboração da criança".
Com o
passar do anos, por causa da dificuldade de diálogo com outras pessoas, a perda
de audição não tratada afeta a socialização, a autoestima, o desenvolvimento
cognitivo e a alfabetização. Não raro, há pessoas que só identificam a perda
auditiva na universidade e descobrem que a dificuldade de aprendizagem ou até
mesmo o déficit de atenção diagnosticado na infância e adolescência eram
causados, na verdade, por problemas na audição.
"O
processo de maturação do sistema auditivo central ocorre durante os primeiros
anos de vida. Por isso, a estimulação sonora neste período de maior
plasticidade cerebral é imprescindível, já que para haver aprendizado da
linguagem oral e, consequentemente, o desenvolvimento intelectual, emocional e
de habilidades, é preciso que as crianças interajam com seus interlocutores e,
assim, estabeleçam novas conexões neurais. É importante enfatizar também que há
diferenças entre ouvir e escutar. Os sons que entram pelas orelhas precisam
fazer sentido, ter significado", pontua a Fonoaudióloga da Telex.
Mesmo
que ao nascer a criança tenha passado pelo Teste da Orelhinha sem apresentar
alterações, ao menor sinal de atraso na fala é importante que ela seja
examinada por um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo, pois a perda
auditiva pode ser genética ou progressiva, ou mesmo ser causada por
medicamentos ototóxicos, se manifestando, portanto, ao longo da infância.
Exames
como o PEATE frequência específica (Potencial Evocado Auditivo de Tronco
Encefálico), avaliação comportamental, Imitanciometria e PEAEE (Potencial
evocado auditivo de estado estável) serão avaliações importantes, podendo auxiliar
no diagnóstico da perda auditiva, servindo como ponto de partida para que o
otorrino e o fonoaudiólogo, juntos, indiquem o tratamento mais adequado para
cada caso.
Dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 32 milhões de
crianças, no mundo inteiro, têm algum tipo de deficiência auditiva, sendo que
40% dos casos ocorrem devido problemas genéticos e 31% por infecções, como
sarampo, rubéola e meningite.